Capítulo 7
Era uma vez, um lindo lugar no interior do Rio de Janeiro quase na divisa com o estado de São Paulo. Era uma pequena vila formada por casas antigas, com pequenos prédios modernos que disputavam espaço com a arquitetura tipicamente portuguesa, era cercada de cinco quedas d' água, uma mais linda que a outra. Todas as cachoeiras tinham nomes que pareciam terem sido dados por crianças. Era um lugar doce de se morar. Não era uma surpresa que a cidade se chamasse Cachoeiras. Que original!
Uma combi branca com o desenho de uma menina com uma colher de pau e uma tigela com olhar de travessura, rodeada de bolos, doces, tortas e uma variedade de outras guloseimas, acima do desenho estava escrito: Padaria e Confeitaria da Anika, entregamos em domicílio. A Combe passou correndo por. Esse era o motivo da pressa. O motorista bem jovem ultrapassou um carro após o outro. Três em sequência. Um Aírton Senna da vida. Em outros tempos isso teria incomodado Andre, mas simplesmente deu de ombros.
Meses se passaram após aquele terrível encontro. Estava exausto de tanta injustiça. Durante todos os seus anos de serviço dera tudo de si, mas aos poucos sua fé no sistema foi morrendo e com a morte de Estevão...
Andre viu morrer também sua fé em Deus. Só aceitara a sugestão da tia de ir passar um tempo na cidade natal dela, e por sua vez presta uma ajuda a seu pai que queria consertar e reformar algumas coisas na velha casa, por no Rio se sentia sufocado. Perdeu a conta das noites em que acordou com uma forte pressão no peito, suando frio quase em pânico. Então não viu problema algum, mudar de ares, era uma excelente ideia.
Anika, já ouvira falar nesse nome. Andre percebeu que de alguma forma aquele nome lhe chamou a atenção. Mas não tinha como saber o por que, pois não conhecia ninguém com esse nome ou apelido. Seria mais fácil ligar o nome a pessoa, se a tivesse visto ao menos uma vez. Então, por que o nome parecia familiar? E por que se ocupar disso?
D. Alda havia insistido tanto que ele fosse passar um tempo em sua cidade natal. Passou algumas horas dirigindo sem pressa, não era tão longe assim, mesmo assim não queria chegar tão cedo a um lugar com pessoas amistosas que lhe exerciam de perguntas. Não que tivesse hora marcada. Hum, chegaria quando chegasse!
Olhou o relógio eram quase oito horas. Deveria estar com fome, mas não. Olhou se no espelho retrovisor do carro, seus olhos cor de mel estavam acentuados no rosto pálido e com olheiras profundas, a barba cheia o fazia mais velho e de aparência um tanto rude. Tinha os músculos do corpo todo doidos e tensos. Precisava dormir por dez anos, só para começar a relaxar, o pensamento bobo o fez sorrir para ele mesmo.
Breve mas sorriu.
****************
Após três horas Andre estacionou a velha caminhonete no posto de gasolina da cidade de Cachoeiras, antes de descer desligou o celular.
Um frentista veio atende - lo.
- Ei, amigo você conhece um senhor que se chama Tônico, ele era marceneiro, mora num casarão velho com um pequeno pomar. Sabe dizer se to longe? - Andre perguntou depois de abastecer.
Os olhos do moço se iluminaram divertidos.
- Mas é claro! Você é o neto dele que vem passar uns dias aqui, certo?
- Neto? - André piscou confuso. - Ora essa aparentemente toda a família de sua tia o adotara também.
- É, o velho Nico só fala de você a dias. Olha só, segue a diante cerca de três quilômetros, que depois você vai ver uma estrada de terra a esquerda, você vai mais um pouco, daí tem uma porteira azul é só abrir. Tem erro não, moco.
- Certo. Obrigado.
Andre se foi meio sem jeito. Neto, mais essa. Não que se importasse, nunca foi neto de ninguém e sorriu de novo. Dessa vez por causa de sua curiosidade.
Fez como o frentista lhe disse, e logo viu a porteira. Parando o carro, lembrou se do celular. Depois de re ligado ligou para a tia Alda.
- Oi tia.
- Oi, querido. Já chegou? - sua voz era preocupada.
- Já, tia to em frente a porteira azul.
- Pode entrar, meu pai ta te esperando.
- Tia Alda. Hum, fiquei sabendo que seu pai espera pelo neto. É isso mesmo?
- Sim, meu pai te conhece desde sempre. Por fotos, videos, historias em fim. Você é como um filho pra mim logo é como o neto dele. Problemas com isso?
- Não, nenhum. Por que não disse nada?
- Querido, não quis que mudasse de ideia. Sei lá, bobagem.
Houve um breve breve silêncio.
- Bobagem, sim. - Disse Andre suavemente. - Só fico surpreso de ver como sua família é acolhedora.
As palavras da tia eram cheias de satisfação.
- Somos mesmo, meu pai o espera. Vai almoçar e descansar, amanhã o velho vai pegar no seu pé.
- Acho que cai numa cilada.
Tia Alda gargalhou.
- Você me liga amanha no final do dia menino, dai me conta tudo. Tchau!
Ainda rindo da tia, André desceu do carro abriu a porteira, entrou no carro andou com ele até mais a frente, desceu e voltou para fechar a porteira.
Era um casarão velho que parecia saido de uma novela de época, ficava uns trezentos metros de distancia da porteira. Tinha uma varanda enorme que a cercava por todos lados e com plantas de varios os tipos. Redes estavam estendidas, uma cadeira de balanço e uma mesa com cadeiras ricamente detalhadas. As paredes brancas com portas e janelas de verniz escuro eram um charme à parte. O coração de André acelerou em expectativa. Não seja bobo, brigou consigo.
- Vamos lá.
Antes que descesse do carro a porta da frente se abriu e um homem saiu. Andre tinha que admitir o idoso era alto com um porte atlético evidente, pele negra com poucas rugas. Surpreendente para sua idade.
- Aí está ele! Finalmente nos conhecemos pessoalmente. - Vô Tonico abriu os braços, sua voz parecia de trovão.
- Boa tarde, eu sou o Andre. - disse estendendo a mão.
- Que isso? Para com essa formalidade, somos familia. Dá cá um abraço.
Sabe o que dizem sobre o famoso abraço de tamanduá? Pois é, Andre havia acabado de receber um. Uma surpresa, agradável.
- Você parece cansado e com fome, vem.
- Tudo bem, eu quero agradecer pela hospitalidade.
- E eu agradeço pela sua ajuda nas reformas aqui. Onde aprendeu a trabalhar com madeira? - seu Tonico quis saber.
- Meu pai era um marceneiro dos bons e me ensinou tudo o que sabia antes de morrer.
- Deixa eu adivinhar, você era seu ajudante nas horas vagas.
- E nos finais de semana.
Os dois sorriram de suas lembranças.
- Vou te dizer uma coisa garoto essa é a melhor forma de aprender uma profissão. Meu pai me ensinou tudo sobre marcenaria também.
Andre concordou com a cabeça.
- Venha entre. Não aguento esse calor, nem parece inverno!
Já no seu quarto no final do corredor, André sentiu se bem por estar ali. Tomou um banho e foi sentar com seu Tonico.
- O seu Tonico...
- Ai nossa, só minha falecida mãe me chamava assim, me chama de Nico ou vô ou sei lá... Ton. Mas por favor Tonico, não! - seu Tonico disse isso tudo com uma expressão de divertida indignação que levou Andre a sorrir junto com ele.
- Tudo bem, seu Nico. Er, quantos anos tem essa casa?
- Muito melhor, né? Certo uns setenta anos. Meus pais fizeram apenas dois cômodos, quando casei vim morar aqui com minha Ester, meus dois irmãos foram morar fora do país, só eu fiquei com o pai e a mãe. Aos poucos consegui deixar a casa como esta hoje.
- História bonita.
Os dois conversavam com intimidade pareciam que se conheciam desde sempre, muito embora da parte do Andre houvesse alguma resistência em certos assuntos, mas no geral quem os via juntos não diria que não são velhos amigos.
- Eita, que daqui um pouco chega as meninas e meu bisneto.
- Já ouvi falar deles.
- Não tem como não gostar deles.
Mal seu Tonico acabou de falar e ouviram um carro parar na frente da casa.
Minutos se passaram até que ouviram vozes. Uma mulher muito brava dava instruções a um menino, que só dizia: sim senhora, não senhora.
- Vô, o senhor tá aí?
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Oi gente, tudo bom com vocês?
Ai esta mais um capítulo
pra vocês!
Espero que 😊
tenham gostado!
Bejão
Pro
💟cês! 😘
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