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Capítulo 6


Explosão de ódio!

André estava sentado dentro do carro faziam seis horas, olhos vidrados na casa azul no final da rua, cerca de cento e cinqüenta metros a frente. Naquele dia mau comeu pensando em como se daria o encontro...

Era muito simples, muito objetivo, não teria tempo para conversas desnecessárias. Até por que nada do que ele dissesse lhe absolveria da sua sentença.

O telefone tocou de novo. Ignorou de novo. Tocou... Tocou... Tocou... To... Era melhor desliga - lo de vez, caso contrário o jogaria pela janela do carro. Ninguém o faria mudar de ideia, não mesmo! Esse era o dia da sua vingança. Durante quase dois meses observou, questionou sutilmente e por fim decidiu que aquele era o melhor momento para por seus planos em ação. E depois de feito? Não fugiria, esperaria sentado no carro os colegas de farda chegar.

As horas passaram. O sol foi nascendo. O homem saía as seis para o trabalho.

Andre pegou a semi automática, checou o pente cheio, mais uma vez. A ultima vez. Quando olhou novamente na direção da casa viu um homem no portão. Ele se despediu beijando a esposa. Foi caminhando de cabeça baixa para o ponto de ônibus.

Andre desceu do carro, bateu a porta mais forte do que esperava, era a ansiedade. Com a arma na cintura caminhou a passos rápidos até sua vitima. Ele daria um fim naquela dita justiça, algo que lhe custaria a farda, os doze anos de serviço, a patente de tenente. Mas e dai? O próprio Andre perdera a fé na justiça do homem e a de Deus deixava muito a desejar.

Faltavam agora poucos metros até o assassino de Estevão, apenas alguns segundos e tudo estaria acabado. Ele não destruiria mais nenhuma família.

André levou a mão a cintura para sacar a arma...

A rua estava deserta...

Os dois homem caminhavam com passos ritmados, quase ensaiados.

O homem parou.

- Eu sei o que você vai fazer. - sua voz era estranhamente calma. - Sei, que não posso pedir, que não faça isso. Então, tudo bem.

Ele falava de costas, e ao terminar virou - se encarando seu executor.

Andre o observou atentamente.

- Não estou armado. - levantou as mãos em sinal de rendição.

- Ele era um homem de família. - mesmo tentando controlar - se sua voz o traiu, cheia se emoção.

- Ei sei, sei que o que eu fiz naquela noite não tem perdão. Só quero que faça logo.

- Parece conformado.

- Não, mas sei que tudo que a gente faz tem consequência. Hoje, chegou o resultado do que fiz. Além disso, meu redentor vive e sei que meus pecados foram perdoados.

O homem tinha aquele olhar de quem havia encontrado algo ou alguém importante. Espera aí! Jesus? Ele encontrou Jesus? Não eram só palavras de um homem desesperado. A razão dizia que ele estava ganhando tempo para salvar sua vida.

Os dois ficaram algum tempo ali parados, olhos nos olhos, a uma boa distancia entre ambos. Com certeza Andre não erraria o tiro daquela distância. Ele pegou a arma da cintura, tirou a trava. Os dois respiraram profundamente, o executor buscando concentrar - se, já vítima resignada com a situação.

Um enigma se formou na mente de Andre, estava preparado para choro, gritos, correria e talvez até pedidos de perdão. No entanto, aquela expressão passiva no rosto daquele homem, o deixou estático. Não havia desespero em seus olhos nem medo. A dor da morte do amigo e irmão o levou até esse ponto. Pensava no choro incessante dos filhos de Estevão no dia do enterro do pai. D. Alda e tio Oto, como sofriam a perda do filho.

"Sofreram ainda mais em ver você cometer um erro tão grande."

Lentamente, Andre levantou a arma para o homem a sua frente.

Ambos fecharam seus olhos. O executor em busca da respostas. A vítima orando.

Ouviram um estrondo na esquina no final da rua. Depois, silêncio.

Finalmente estava tudo acabado.
Finalmente teria paz...
Será?...


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