Capítulo 45
É fácil se perder numa tempestade de areia, sua visão fica prejudicada e é quase impossível respirar. Sua única chance é achar um abrigo, e esperar... Esperar a tormenta passar!
Para aquele que crê em Cristo, sabe que só nele, há abrigo seguro. Fechamos os olhos, nos entregamos pela fé, cremos na salvação. Cremos na sua proteção, em cada passo, que damos.
Contudo, existe um passo em nossas vidas, o qual devemos dar, com extrema fé. E declararmos, como os três homens prestes a serem jogados numa fornalha aquecida sete vezes, "quer morramos, quer vivamos... Não deixaremos de servir ao nosso Deus."
André havia chegado neste ponto... Sua fé o levava a orar à cada minuto, quando saía do hospital era para ir tomar banho e comer, o que não durava mais que cinco horas. Se pôs como sentinela ao lado da esposa e da filha, desde que chegaram ao hospital e decidiu que só sairia dalí com as duas. Seus tios os visitavam sempre cuidadosos.
Sua menininha nascera com seis meses, quarenta centímetros e menos de dois quilos. Lutava na encubadora, enquanto a mãe do outro lado do hospital, na UTI por causa de uma hemorragia que quase a matou, deixando - a dormindo a base de sedativos, por tempo indeterminado.
Ao lado de Ana Carla, ele lia a bíblia, falava sobre o tempo, ou o trabalho, oravam juntos, tudo para que ela escutasse a sua voz. Quando trocava de posto com a sogra, corria para o lado da filha. Em poucos dias a menina abriu os olhos, e notadamente punha sua atenção no pai que lhe falava. Suas conversas giravam em torno de uma recuperação rápida da neném, e de como seu irmão estava ansioso em pega - la nos braços. A pequena Camila, dormia embalada na encubadora, pelas palavras suaves do pai herói.
No hospital, não havia quem não conhecesse André, como o pai fiel e marido dedicado. Incansável ao lado de Ana Carla e Camila, deixando seu posto por minúsculas horas para dormir, obrigado por sua sogra todos os dias.
Naquela noite, ele estava particularmente inquieto. Dormira muito mau durante o dia, mesmo ciente de que passaria mais uma noite acordado ao lado dos seus amores. Talvez sua inquietação fosse por isso, saber que não poderia fazer nada além de orar por elas. Oras, André era um policial, estava sempre disposto para a ação imediata e calculada, aquela situação o forçava a exercitar sua fé. Aproveitou a presença da enfermeira, para ir comprar um café forte, na lanchonete do hospital.
Ao retornar da lanchonete, foi surpreendido por uma agitação nos corredores.
- Oi Margô, tudo bem? - Margô estava em uma situação parecida com a dele, seu marido fora atropelado, estava em coma com um coágulo no cérebro.
- Sim, eu estou bem. - Disse, com seu sotaque gaúcho, caminhando para o bebedouro mancando.
- O joelho ainda dói?
- Pois é, o tempo frio esta me matando. - Era uma doce senhora, fácil de se ler as expressões, sincera e corajosa. Ela e André ficaram íntimos logo na primeira semana no hospital. Um confortava o outro. Uma enfermeira veio ao encontro dos dois apressada.
- Por favor, venha até a sua esposa. - Sem esperar uma resposta, a mulher se afastou, do mesmo jeito apressado.
- Com licença. - André a seguiu de perto.
- É claro, querido.
Ele não a ouviu, estava tão preocupado pensando em sua Ana Carla... Talvez ela acordara... Ou... Ou...
"Meu Senhor, por favor! Eu te suplico..."
A cena com qual se deparou, fez silenciar seus pensamentos!
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