Foram horas, de uma espera angustiante e solitária, para André. Sua mente viajou, e por um momento, pensou que perdera a mulher da sua vida e seu bebê, no entanto logo sua fé o dominou, levando a crer num milagre de Deus.

Andando de um lado para o outro entregue as súplicas, combatendo o medo com as armas espirituais que tinha à mão. Protegeu sua mente com o escudo da fé, bloqueando os maus pensamentos... Contando cada precioso segundo, esperando notícias do médico. Sentiu um fio de suor descendo pelas costas ao avistar o médico que socorrera Ana Carla na emergência.

- O senhor é o marido da grávida que chegou? - Era uma surpresa ter um médico tão novo ali no hospital. Controlou - se para não perguntar a idade do doutor, temendo ofendê - lo. O médico olhou a prancheta, que trazia às mãos. - Ana Carla... Certo?

- Boa noite, doutor. Sim, ela é... minha esposa. Como ela está? - Apertou a mão do médico, sacudindo frenético, cruzando os braços em seguida nervoso. - E o bebê...?

- Os dois estão bem, agora.

Sem perceber André soltou o ar, que até então, estava preso em seus pulmões.

- Mas, o que aconteceu com sua esposa, pode voltar a acontecer. Por isso, ela devê ter repouso absoluto.

- Eu não compreendo, Ana estava bem até está tarde, quando ela se deitou. Então, acordou sentindo dores como às de parto.

- O que sua esposa teve foi um descolamento de placenta. Seu organismo acreditava estar pronto para um parto, o que agravou a situação foi o nível de açúcar elevado e a pressão arterial alta.

- Isso é impossível! Os exames dela estão regulares.

- Cada gestação é um milagre operado por Deus. Muitas vezes o bebê não chega a ser formado por completo no ventre, por isso nem tomamos ciência do fato, em si. Quanto aos exames, ela poderia ter apresentado complicações no início da gestação. Os cuidados com ela seriam os mesmos.

- Ela... E o bebê...? - O desespero ficou nítido nele, com seus olhos arregalados, fundos pelas olheiras e os cabelos desgrenhados. Penalizado o jovem médico, pensou em um jeito de amenizar a notícia, ao marido angustiado.

- Senhor, sua esposa inspira cuidados sim, com tudo tomando as medidas necessárias, novos surtos como este, serão rapidamente identificados no futuro. - O médico, pôs a mão de menino no ombro do homem, que tentava acalmar, sorrindo com seus rosto infantil. Fez André concordar, acenando com a cabeça. Algo em seu jeito amistoso o tranquilizou.

- Posso vê - la?

- Nós lhe demos um sedativo. Por isso, ela pode estar dormindo agora, mas pode sim vê - lá por alguns minutos.

- Obrigado, doutor.

André torcia as mãos, enquanto caminhava ao lado do médico. Ao pensar em perder sua esposa e o bebê, sentiu um nó apertado no estômago. As mãos suavam frias. Tinha por testemunha Deus de sua confiança Nele, porém não pode deixar de sentir - se aflito com a expectativa do desconhecido futuro. Passando pelo corredor, antes de entrar na porta à direita, pararam.

- Segundo leito, à direita.

- Boa noite, doutor. - André recebeu um sorriso simpático em resposta, logo depois o médico se foi pelo corredor. Entrando no quarto da emergência, ele seguiu para o leito onde Ana Carla dormia tranquila. Parecia confortável, sem dores ou angústias, apenas sua Ana... A pele negra dela sempre o fascinava, pois parecia verniz, tamanha a intensidade do brilho natural. O bebê mexeu no ventre de baixo do lençol hospitalar, capturando sua atenção e fazendo sorrir feliz.

Sentando - se à beira da cama, acariciou mãe e filho/filha, pois decidiram pela surpresa. Decidiu - se pelo silêncio, observando - a dormir, recostou - se na maca orando, até que adormeceu.

Foi acordado por um toque leve em seu ombro.

- Está tudo bem? - Andre esfregava os olhos, enquanto observava uma jovem enfermeira checar os aparelhos, anotando os números numa ficha.

- Não se preocupes ela ficará bem, André.

- Você tem certeza? - A enfermeira se aproximou dele. - Quando você orou por sua esposa, Deus ouviu. Ele conhece os teus medos, mais saiba você, que o Senhor, não está longe. Cada passo que sua família dá, está sob a guarda do Senhor dos Exércitos. Tão somente, creia eu sou contigo!

Abrindo os olhos cheios das lágrimas de felicidade, ele encontrou sua esposa o observando sorrindo - lhe.

- Estava dormindo? - A voz de Ana Carla era sonolenta.

- Não... Eu estava falando com Deus...