Capítulo 42
Cerca de algumas horas depois...
Talvez houvesse dormido por um bom tempo, tanto que nem viu os meninos chegarem. Tatiou a cama no escuro. Vazia... Talvez fosse cedo ainda? Talvez, André ainda estivesse na sala assistindo TV com Pedro?
Uma dor crescente incomodava em seu ventre. Ana Carla tentou se sentar na cama, mas o colchão macio afundou tomando - a de uma vertigem. Ela ameaçou cair porém, apoiou - se nos joelhos, escorregando para o chão frio ao lado da cama. Sua respiração ofegante apertava o coração no peito, dando a impressão de um estrangulamento. Lembrou -se do celular no móvel ao lado da cama, estendeu o braço em busca do aparelho. Sem sucesso!
O bebê se contorceu fazendo - a consciente de sua dupla batalha, a vida de ambos dependia do esforço dela. Mas, como?
Como poderia salvá - los, se não tinha força nem para pegar o celular sobre a mesa?
Completamente desamparada, Ana Carla abraçou o ventre distendido, e orou...
- Deus... Por favor, eu preciso de ajuda... Eu peço que não deixe este bebê morrer, nós o amamos... Me ajuda, Deus!
Aporta do quarto se abriu dando passagem para a figura preocupada de André, que ao vê - lá correu ao seu encontro.
- Amor... O que aconteceu? Você caiu! Meu Deus, se você caiu eu preciso te levar para o hospital...
- Graças a Deus! Eu... Não estou bem... Mas, não caí... - A expressão dele a deixou apreensiva, julgava ser um mau estar, porém ao vê - lo agitado para ajudá - lá, Ana Carla entendeu que sua aparência não estava tão boa.
Tentou falar mas uma contração forte a impediu, fazendo apenas soltar um som estrangulado de dor. Um alarme de alerta soou intensamente em sua mente. Como se ouvirá o mesmo som, André apareceu diante dela agachado.
- André... O bebê... Eu acho que vou perder... - Disse chorando agarrada na manga do casaco do marido, afinal estava com apenas seis meses de gestação.
- Não vai acontecer nada com ele nem a você... - Fez uma pausa beijando - a com carinho exagerado, antes de tomá - lá nos braços cuidadosamente. Caminhou pelo corredor até o carro estacionado na porta de casa, as portas abertas estrategicamente, facilitaram seu acesso quando ele a pôs banco do carona na frente.
- A... Bolsa com os exames...
- Já peguei tudo mãe... Também peguei minha mochila de emergência para ficar na vovó. Eu peguei meu material de escola, tá? - Pedro falava rápido e agitado com extrema ansiedade.
- Oi Amorzinho, está tudo... Bem.
- Eu sei minha irmã está vindo. Meu pai ligou para a vovó ela está me esperando.
- Estamos saindo. Ana vai ficar tudo bem. - André pôs o cinto de segurança, ligando o carro partiu habilmente saindo em direção da estrada principal. Ao seu lado viu com o canto do olho, quando sua mulher suava em agonia pela dor. Seu bebê estava a caminho prematuramente, arriscando sua vida e de sua mãe, o tempo era seu inimigo. Enquanto descia pela estrada, orava pedindo por eles, assim como fizera todos os dias e noites sem desanimar, sabia que Deus não o abandonaria nesta hora difícil. O relógio no painel do carro marcava onze horas, no exato momento em que parou o carro no portão da casa de Tonico, seu avô. E, tanto ele quanto dona Sol o esperavam na entrada. Pedro soltou um tchau animado, antes de descer apressado, com ambas as bolsas. Ana Carla recebeu um beijo rápido da mãe e do avô, sorrindo débil ao vê - los.
Seguiram de carro pela principal, nos cálculos de André, seria provável a chegada deles em trinta minutos na maternidade.
- André... - A voz de Ana Carla parecia sumir, sem forças.
- Eu estou aqui. - Disse com os olhos vidrados na ultrapassagem de um veículo à sua direita.
- Eu sinto muito... Me perdoa por não te ouvir...
- Esquece isso... Poupe suas forças.
Obedecendo o marido, ela permaneceu quieta o resto do trajeto até o hospital maternidade na cidade ao lado de Cachoeira, que ficava relativamente perto, para quem não tinha urgência. Tudo o que ele poderia fazer, era orar e dirigir!
Ana Carla estava desacordada ao seu lado, quando André estacionou na área da emergência junto às ambulâncias.
- Eu preciso de ajuda! Minha esposa está grávida e desmaiou... - Antes mesmo que ele terminasse de falar dois maqueiros vieram ao seu encontro, pondo cuidadosamente a gestante na maca, correndo em seguida pelo corredor.
- Senhor... Por favor? Eu preciso dos dados de sua esposa... - André, sentiu o coração errando as batidas do compasso, enquanto via Ana Carla sendo conduzida para a emergência. A atendente ainda lhe fazia perguntas, porém ele não ouvia sua voz...
Apenas ouvia as palavras que lera na bíblia naquela manhã antes de sair do plantão no batalhão: "Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as prática, assemelha - lo - ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha."
Mateus 7:24,25
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