É evidente que passado o susto, e as primeiras duas semanas de cuidado absoluto com André, não lhe fora poupado um belo sermão de dona Alda. Sem se importar com o fato, do caso exigir sigilo absoluto, concluiu que ao menos um pequeno aviso deveria ser dado. Afinal de contas, já havia perdido um filho, não estava em condições emocionais de perder um segundo filho, em pouco mais de um ano! Deixando claro que o amava, por isso se irritou de tal forma. Tio Oto foi menos evasivo, puxando sua orelha quando a esposa saiu para almoçar.

Mas, Ana Carla esta sim foi osso duro! Seu olhar denunciava um discurso de no mínimo quatro horas... Mesmo, que não conseguisse controlar sua felicidade, ao vê - lo melhorar à cada dia.

Sentada na cadeira lendo uma passagem da carta aos Romanos capítulo 5, versículo 12, a pedido de André.

- O médico disse que vou ter alta neste final de semana. - Ele comentou ao final da leitura.

- Isso é ótimo. Tia Alda vai trata - lo como um bebê.

- Ela já faz isso. - Sorrindo, ela desviou o olhar de volta para a bíblia, que tinha em mãos. - Você está furiosa comigo?

Ana Carla respirou profundamente, abaixando o livro, o encarou de forma demorada.

- Você não podia falar sobre o caso, disso eu sei. Martins e Solares, me disseram. Eu não posso ficar furiosa, por causa disso.

- Mas...

- Mas, fiquei assustada... Quando vi na TV as cenas do tiroteio, e você lá no meio sangrando... Pensei, no pior claro! - Enquanto falava passava as mãos nos braços arrepiados.

- Eu sinto muito, meu bem.

Deixando a bíblia na cadeira, ela sentou - se ao lado da macá, acariciando seu rosto.

- Foram momentos terríveis, mas eu fiz uma descoberta. - Linda com seu sorriso tímido, olhou para ele por entre os cílios. - Descobri, que eu te amo. E que, eu já sabia disso há muito tempo, só não tinha coragem de confessar...

- Eu sábia... - Ele não conseguia esconder sua satisfação.

- Você é tão metido.

- E você me ama, lembra? - Segurando Ana Carla pelo braço puxando - a para si. - Vem cá, me dá um beijo.

- Será que devo? - Fez charme.

- Não facilita para mim, que eu gosto mais. - Com seu sorriso de predador, a olhou com evidente desejo, conseguindo beija - la. Recompensado pela entrega dela, com um pequeno gemido. - Eu te amo.

- Hum...

Os dois riram, em meio aos beijos carinhosos.