Capítulo 32
André sentiu, quando a bala queimou sua carne. No mesmo instante soube que não fora superficial, porém vendo Valéria ao seu lado chorando, percebeu que não poderia deixar os bandidos matá - la. Um dos maiores traficantes precisava ficar preso, e ela era uma das chaves da cela! O pensamento dos filhos dela e seus pais... Também permeou seus pensamentos, em um lampejo surreal. Decidiu que essa família não sofreria tal perda! Deus lhe dera força até a chegada de Martins... Depois disso, não lembrava - se de mais nada!
Ao acordar no hospital, se assustou, olhando ao redor para entender onde estava... Ao lado da cama viu uma cabeleira negra, cacheada... Debruçada à beira da cama. Os cachos lindos esparramados pelos ombros dela, eram inconfundíveis.
- Barbie? - Delírio seu ou não Andre decidiu não perder tempo. Lentamente a morena ergueu a cabeça, mostrando olhos cansados e vermelhos. Ele ergueu as sombrancelhas surpreso. - Cristina?
A irmã de Estevão fungou um tanto desconcertada.
- Oi... Você acordou, que susto você nos deu! - Ela sorria e chorava numa confusão de sentimentos.
- Você está bem? - Perguntou sorrindo dolorido.
- Eu? Eu estou... Ótima. - Deu de ombros com desdém, secando as lágrimas.
- Sério?
- Não, fiquei com medo de perder você também, branquelo! Quando você sair daqui vou te dar uma surra!... - O choro compulsivo interrompeu suas palavras. Era amor, ele sabia! Cristina não tinha muito geito para expressar seus sentimentos. Então, ou fazia graça ou se fechava em seu mundo.
- Desculpe. - André estendeu a mão livre do soro na veia, para puxar ela, que a beijou com carinho de irmã. Rapidamente ela conteve seu choro, temendo que o quadro dele se alterasse.
- Eu vou chamar o médico. - Disse Cristina secando as lágrimas.
- Quando tempo eu estou aqui?
- Três meses.
- Nossa ! Ana Carla, como ela esta? - De repente, sentiu o coração cheio de uma preocupação absurda. O medo de perdê - la assolou seu mundo.
- Calma. Ela foi em casa descansar, a coitada revesa a vigília ao seu lado com minha mãe. Hoje, eu tirei o dia de folga do salão, para que as duas fossem descansar.
- Obrigado.
- Tudo bem. Vou avisar a elas que você acordou.
- Não... Deixa as duas descansar.
Cristina de pé ao lado da porta, antes de sair lhe sorriu.
- Graças à Deus, você esta melhorando... Eu te amo, meu irmão.
- Eu também te amo.
Ela saiu em busca do médico. Um momento único entre os dois, que depois de perderem Estevão, ficaram sensibilizado com tantas demandas emocionais. Normalmente, André faria piada da situação, com tudo agora ele sabia o quão difícil tudo aquilo era para todos os envolvidos. Não só a família era atingida, os amigos sofriam, os vizinhos se abalavam, em fim, relacionamentos eram rompidos pela perda brusca de alguém. E isso, não tinha a menor graça!
O médico entrou no quarto com uma expressão surpresa no rosto. Depois de examiná - lo, concluiu que sua melhora exigia cautela, afinal, após um coma induzido de três meses por causa de complicações pós operatórias, era o mínimo a ser feito. Andre descobriu que em meio a tantos tiros disparados, ele fora atingido por uma bala de 357, no peito, que desviou do coração, mas acertou um dos pulmões causando um belo estrago. Por um pouco mais de atraso no socorro, tinha chegado morto à mesa de cirurgia. Durante cinco horas, os médicos lutaram para tirar o projétil e estancar o sangramento. Três semanas depois, André entrou em batalha contra uma infecção hospitalar, e quase veio a óbito.
Então, soube pelo médico que os sedativos responsáveis pelo coma induzido, foram retirados aos poucos, para testar sua reação. E ali estava a resposta, vencera não por si mesmo, mas pelo Deus a quem havia se entregue, pela oração de sua família. O Senhor, o abençoou com uma nova oportunidade.
Sentiu o peito cheio de uma gratidão impar. A esperança de um futuro, ao lado da família, que Deus lhe dera.
Andre compreendeu, o que Estevão sentiu no momento de sua morte. Ele sentia paz... Por que confiava nas promessas do seu Senhor, assim sendo, mesmo em meio a toda aquele desespero, ele sentiu - se em paz também.
Por que instintivamente sabia que o controle de tudo estava nas suas poderosas mãos.
Amém!
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