Capítulo 31
"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mau algum..."
Salmo 91
A situação era tensa...
André estava caido no chão atrás do carro à paisana da polícia federal, em sua arma um pente pela metade... E ao seu lado, Valéria desesperada com as mãos na cabeça, gritava uma oração.
- Por favor... Meu Deus... Não... Não... Por favor, não meu Deus...
Saíram do hotel em dois carros da federal, com a certeza de que chegariam antes dos detetives. Cerca de meia hora após a saída do hotel, o motorista do carro onde Andre estava, comentou que poderiam estar sendo seguidos. Não houve uma brecha para reação alguma. Uma vã interceptou o carro da frente, dela desceram alguns homens atirando. Logo atrás, foram cercados por outros dois veículos, do qual desceram mais homens atirando.
Andre agarrou Valéria puxando - a para fora do carro. Agora, crivado de balas.
- Fique abaixada. - Ordenou a ela.
O tiroteio perdurou por mais de dez minutos, por causa da resistência dos colegas da PF, porém naquele instante a situação era totalmente outra.
Olhando por baixo do carro ele viu o último agente da polícia federal do outro carro cair ensanguentado... Um homem pulou o capo do carro, vindo na direção deles. Andre acertou seu pé levando - o ao chão. Gritando e atirando ao redor recebeu mais dois tiros, e morreu...
Eles eram muitos, por mais que resistisse não demoraria muito tempo, até que os eliminassem. Olhando para Valéria, pensou em quão importante aquela mulher seria, para se darem ao trabalho de tentar matá - la.
De repente silêncio. Ouviu - se apenas o choro distante e as sirenes...
- Ei, policial. Nós sabemos que você está sozinho. É só mandar a garota. E nós vamos embora. - Silêncio. O homem mandou dois capangas por trás do carro. - Val, você ainda esta aí?
Andre mandou ela ficar quieta. No entanto, sentiu que mesmo que quisesse falar, não poderia.
- Qual é, cara! Vamos fazer do geito fácil.
- Talvez esteja morto. - Um capanga com um fuzil nas mãos sussurrou.
- Cala a boca. - Fez sinal para um dos caras perto do carro, para que se aproximasse mais.
Hesitante obedeceu. Encontrou Valéria caída no chão, desacordada ao lado do policial sentado desacordado, com sangue jorrando no peito. O homem chutou a perna da mulher... Sem reação. Então, abaixou o fuzil.
- Ôh, chefe! Ela tá morta... - Um estampido alto foi ouvido. O homem olhou o próprio peito, a camisa azul da sorte, manchada de sangue. - Filho da... - Tentou praguejar, mas caiu inconsciente.
- Droga... O cara tá vivo, pô!
O capanga caiu na frente de André, que o arrastou pegando o fuzil.
- Valéria, tudo bem. Fica aí!
- O seu polícia, eu até deixava o doutor ir embora, antes. Agora, eu mesmo, quero meter uma bala na sua testa, mano!
- Pode vir, seu amigo me deu bastante balas pra você e seus colegas.
As sirenes aos redor soaram mais fortes, trazendo esperança.
- Gostei de você, cara. Você é um bastardo louco! Atirem!
Os tiros recomeçaram, e a lataria já triturada do carro começou a tremer com o impacto das balas. Andre checou o pente do fuzil, poucas balas foram disparadas. Sua arma tinha, bem menos munição. Era uma oportunidade de reação, talvez até o reforço policial chegar. Não demoraria muito e um bom contingente estaria alí, pronta para a batalha. Essa era a definição ideal para tal situação. A polícia em meio a uma guerra urbana, sempre estava pronta para mais uma batalha diária!
André atirou pela lateral do carro, porém sem muito recurso para reação. Tudo que podia fazer, era esperar uma chance de acertar, outro bandido desavisado.
Fechou os olhos por alguns segundos, pedindo a Deus livramento... Até que uma voz conhecida chamou - o pelo nome.
- André?... Sou eu cara o Martins... Você está bem?
- "Bem" não é exatamente a palavra certa...
- E a Valéria? Como ela está? - Martins avançava cauteloso no meio de um cenário de guerra, vários corpos mutilados no centro do Rio de Janeiro. Absurda, a ousadia dos bandidos.
- Apenas alguns arranhões, mas está bem.
Ao perceber que o perigo já havia passado, ela levantou - se lentamente olhando ao redor.
- Tudo bem? Andre... - Valéria pressionava com as mãos, o ferimento de bala no peito dele, tentando estancar o sangue.
- Claro, e por que não estaria tudo bem? - Sorriu débil, os lábios pálidos.
- Você está sangrando muito... Eu vou buscar ajuda. - Agarrando ela pela mão, detendo - a para não se afastar. - Fique aqui, pode ter mais deles escondidos... Vai... Ficar tudo bem... - A voz dele falhou, deixando evidente sua fragilidade.
- Fique acordado. Por favor, não morre.
André não pode responder ao seu pedido desesperado, pois já estava inconsciente. A cabeça pendendo estranhamente para o lado.
- Valéria. - Martins, chamou seu nome tirando - a de seu transe.
- Ele está morto!
Foi tudo o que ela conseguiu sussurrar. Andre deu sua vida para protegê - la, mesmo depois dela ter feito algo tão terrível, como entrar para o tráfico de drogas. Mesmo que não concordasse com suas com escolhas, escolheu salva - la. Ele lutou até o fim por ela...
E agora... Estava... Morto?
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