Capítulo 23
Seguindo em frente!
Andre estava sentado num bar, esperando por um refrigerante e batatas fritas, enquanto isso, sua amada fazia uma visita a uma irmã da igreja, cujo marido estava doente.
Andre teria ido junto de bom grado, porém ao ser avisado de que só haveriam mulheres, desistiu. Ana Carla riu dele, claro! Disse que nunca virá um homem com tanto medo de umas poucas, mulheres indefesas. A questão de fato era sentir - se um peixe fora da água. Então, concordaram que ele esperaria no bar.
Os dois estavam se entendendo muito bem, em duas semanas de encontros eles haviam adquirido uma intimidade de pensamentos única. Andre nunca falava sobre sexo, não que não quisesse levar sua morena para a cama, era mais, uma questão de princípios. Durante anos fizera tudo errado. Entregou - se aos prazeres de sua carne, e não poupou esforços para tal êxito. Com tudo, viu - se meses atrás diante de uma oportunidade única, chance de recomeçar. Não queria perdê - la por ser impaciente. Continha seu coração, e orava a Deus, pedindo que Ana Carla compreendesse o tamanho do sentimento que lhe dedicava a cada dia.
Perdido em pensamentos, ele mau notara a loira chamando por seu nome, do outro lado do bar.
Valéria usava um mini vestido vermelho e saltos muito altos. Seus cabelos lisos estavam jogados de lado, numa tentativa de ser sexy, porém a deixava vulgar.
Sorria desavergonhada para ele.
- Oh, mais que prazer voltar a vê - lo! - Sem pedir licença, sentou no lugar vago diante dele. - Está sozinho, gato?
- Oi, Valéria. Estou esperando uma pessoa. - Deixou transparecer seu desgosto por ela estar sentada.
- Seja lá quem for não é mais interessante que eu. - Ela passou a mão nos cabelos e no busto semi nú.
André desviou o olhar para a mesa.
- Ei, sabe do que eu gostaria? - Ele falava pausadamente. E a olhou de soslaio. A viu sorrir saliente, nos olhos havia luxúria. - Eu, gostaria de saber, o que aconteceu para o Pedro cair, naquele dia no lago.
Uma garçonete mau humorada, chegou com seu pedido.
- Ora, querido. O menino apenas escorregou. - Era evidente que se incomodou com o assunto.
- Vejamos, ele subiu sozinho e escorregou... Sozinho?
- Isso. Vamos concordar, que aquele garoto não é um gênio. Vive fazendo asneira.
Andre não gostou do geito como ela falava de seu menino, porém estava decidido a agir como profissional, acima dos sentimentos.
- Mesmo? Ele me pareceu muito inteligente.
- Nada! É um mané! Naquele dia, Miguel me pediu para vigiar as crianças, disse que eram apenas cinco. Eu já acho que uma dá muito trabalho.
- Hum... Você ficou o tempo todo com eles?
- Não... Quer dizer, sim. Mas fiquei mexendo no celular.
O que dá no mesmo... É menos que nada!
Ela pegou uma batata e comeu, sedutora. Ele, por sua vez sorriu sem graça.
- Eles começaram a pular em fila. Daí um deles, não me lembro quem... Ah, sim o gordinho!
- O que tem ele?
- Insistiu para ir primeiro, mas antes que algo pudesse ser feito. Babau! O menino caiu. - Para ele era horrível ouvi - la falar forma fria, de Pedro. Ainda mais, sabendo das consequências do acidente. O corte na cabeca fora profundo o suficiente para que a criança precisasse de uma transfusão de sangue.
- Um acidente, lógico.
- Claro, Miguel ficou furioso comigo. Disse que eu seria responsabilizada caso algo acontecesse ao garoto. Mas, ele ta bem.
- Sim, está. Não gracas a você.
- O que eu poderia fazer? - Ela falava com uma expressão de falsa inocência.
- Parar de mexer no celular, é um bom começo.
- Quem é você, meu pai? - Valéria falava com deboche, porém ele sabia que era um geito das pessoas se protegerem. Ele poderia recuar, e se desculpar, mas, hoje não.
- Se eu fosse seu pai ficaria muito decepcionada com você, agora.
- Que tal, deixarmos esse negocio pra lá, e irmos ao que interessa, hein? Você e eu gatinho. Hum? - Numa tentativa desesperada ela debruçou sobre a mesa mostrando mais ainda suas carnes.
- Em outros tempos, eu diria que, sim. Mas, hoje eu sou outro cara.
- Que é? Virou padre? - Escarneceu.
- Hum, eu estou namorando.
- Ela é ciumenta? Por que, eu não sou.
- Não, ela não é. Sabe você deveria mudar esse seu geito. Vai por mim, os homens não gostam de mulheres que vão com muita sede ao pote.
- Me diz aí. Essa sua namorada e a gord...
- Não se atreva a terminar a frase.
Os dois encontraram os olhares de desafiadores. O humor sedutor dela, se fora por completo, dando lugar a fúria.
- Val, o pai e a mãe estão esperando. - Miguel pôs sem cerimônia ao lado dele. - Fala ai, meu amigo, tenente.
Andre levantou - se para cumprimentar o amigo.
- O que? Você é policial? - Valéria deu um salto da cadeira, era evidente sua perturbação.
- Vai dizer que não sabia? - Apesar de também achar estranho, Miguel ficou quieto.
- Olha, foi um prazer, mas eu preciso ir. Ah, tchau?
Assim, sem nunhuma outra insistência Valéria saiu quase correndo do bar. Os dois observaram quando ela tropeçou na rua de pedras com o salto do sapato.
Miguel se despediu do amigo, que ficou pensando no repentino desinteresse da loira. Sentiu - se aliviado, com o fato. Com tudo, fora a expressão de espanto e a debandada da mulher que o incomodou. Pela sua experiência somente pessoas que tinham alguma pendência na justiça, se portavam de igual forma.
Como se diz por ai?
Quem não deve não teme!
Antes de chegar a qualquer conclusão precipitada, seria necessário uma investigação, mais contundentes.
Deveria fazer uma visita aos pais de Valéria. Dizem por aí, que sua mãe faz um bolo de laranja, que é de comer chorando!
Minutos depois do acontecido, levou Ana Carla de volta para casa, para sua prometida seção de cinema em casa. Ela lhe pareceu distante, um tanto perdida em seus pensamentos.
A padaria já estava fachada, então subiram direto para a casa. Ela abriu a porta deixando as chaves sobre uma mesa na sala.
- Vou fazer pipoca. Os DVDs estão na estante.
Andre não a deixou sair, abraçando - a apertado pelas costas.
- Fala pra mim. - Disse ao pé do ouvido.
- O quê?
Ela era mestra em se fazer de desentendida. Mas, o que ele mais gostava no seu trabalho, eram as técnicas de interrogatório. Uma delas era a persistência.
- O que a incomodou, até agora. Hoje cedo, você estava toda sorridente, e agora, isso.
Não era fácil para Ana Carla, se abrir de novo. Foram anos vestida como uma ostra, perdida no fundo do oceano, daí então, Deus envia para sua vida, o homem mais carinhoso, e paciente, e gentil, e, e,... Em fim!
Suspirando, para controlar sua ansiedade, soltou - se de seus bracos para recostar na mesa na sala. Talvez, longe daquele homem, pudesse pensar com lucidez.
- Pouco antes de partirmos uma das senhoras quis conhecer você... E, eu fui busca - lo. Mas quando cheguei, você estava conversando com a Valéria. - Disse tudo de uma vez, para que doesse menos.
- Mas por que você não foi falar comigo?
Por que lembranças dolorosas vieram à tona! Num passado terrível, foi humilhada pelo ex, quando este, não escondia suas traições de ninguém. Ana Carla, ouvia as mais absurdas desculpas! Acreditava em todas. Depois, chorava no colo do falecido pai.
- Ana, eu conversei com ela sobre o Pedro. Queria saber mais detalhes sobre a queda dele.
- Ela contou pra você algo novo?
- Não, nada. O mesmo que Miguel disse dias atrás.
- E..., ela... deu em cima de você?
- Sim. E, eu disse a ela que, tenho namorada.
- Você disse o que? - Pega de surpresa ela ficou sem reação.
- Pois é, ela me perguntou se você era ciumenta, eu disse que não, mais agora...
- Agora, o quê?
Andre des cruzou seus braços e a abraçou.
- Eita, mulher brava! Eu gosto. - Ele falava a centímetros de seus lábios.
- Não sou ciumenta!
Nenhum dos dois acreditou em seu protesto. Ele a beijou com ternura, querendo mostrar - lhe que ele de fato é um homem seguro, que jamais a enganaria.
- É serio André, sei que aquela mulher é bonita. Você é homem e...
- Sim, sou homem. Também sou cristão. Fasso as vontades do meu Deus.
- Mas...
Pacientemente a conduziu para sentarem no sofá.
- Ouça bem. Eu fiz uma escolha, você. Quando cheguei aqui, meu mundo estava uma bagunça. Eu não tinha uma noite de sono decente há meses. Sua família e você me ajudaram. Me acolheram com amor. - Fez uma pausa rindo das lembranças. - Quando a vi pela primeira vez, quis sair correndo desses olhos de avelã. Custei muito, para compreender que, o que sinto, vai além, da carne. Não vou jogar isso fora.
- Não sei o que dizer. - Falou sem fôlego.
- Diga que acredita em mim.
Ele sabia que era muito difícil para ela dar esse passo, mas não estava disposto a desistir tão fácil do seu futuro. O que André não sabia, é que sua morena também, não estava disposta a perder o que havia demorado tanto para aceitar receber. Ana Carla passou as maos no rosto seguindo para os cabelos, por fim lhe sorriu, temerosa.
- Eu acredito... Eu acredito em você.
Ele não tinha percebido, que até então, estava segurando a respiração.
- Eu não sou homem de fazer promessas, acho melhor mostrar o que sinto com minhas atitudes. Mas eu prometo que você não vai se arrepender de confiar em mim.
Os dois beijaram - se felizes com mais um progresso entre eles.
- Eu vou fazer a pipoca. - Com muito custo ela se afastou de seus braços. - Você escolhe o filme. E nada de terror!
Felizes, sim. Estavam felizes um com o outro, e Deus sabe o quanto estavam felizes!
Uma barreira emocional havia se quebrado. Graças a poderosa arte da sinceridade. Quando André confessou seus sentimentos a Ana Carla, lhe garantiu sinceridade em tudo. Mais tarde, voltou a reafirmar sua sinceridade, mesmo que ela não gostasse de sua opinião, ainda assim seria sincero. Foi baseado neste fato que não negou ter e com Valéria. Nem negou que ela havia se jogado em cima dele. Não tinha nenhum interesse na outra.
O que de fato o interessava era a morena ao seu lado. Sorrindo aconchegou - se no sofá puxando - a para si.
**********💞**********
Parada na frente do computador do escritório, Ana Carla questionava se deveria ligar para o número que tinha em mãos. Há exatamente três horas, quando voltara de uma entrega especial de bolo comemorativo de uma empresa de velas, ela foi avisada que a esposa do César ligara.
A pergunta que não saia de sua mente era: Como ela a encontrara? E claro, por que queria falar com ela tão urgentemente?
Ana Carla, tinha os olhos fixos no número rabiscado num cartão da padaria.
Meu Deus, eu não sou covarde. O Senhor sabe, né? Eu vou retornar, e eu só posso pedir sua proteção.
Por favor, guarde meu filho.
Respirando fundo, ela pegou o telefone fixo, e começou a discar o número. Após, chamar algumas vezes, uma voz chorosa atendeu.
- Alô.
- É você, Ana Carla?
- Sim, é... Você ligou mais cedo...
- Isso mesmo. Eu sou esposa do Cesar, o pai do Pedro.
- É, seu nome?
- Me chama de Zilda.
- Por que me ligou Zilda?
Um longo e inquietante silêncio imperou na linha, de modo que Ana Carla pensou, por um instante, que a ligação caíra. Com tudo, antes que pudesse dizer algo, a mulher voltou a falar.
- Não existe um geito mais... Mais, fácil de dar esta notícia... O César... Ele esta morto...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro