Capítulo 16
André estava sentado ao lado de Ana Carla na sala de espera do hospital. Ana Carla, que tinha os olhos vermelhos devido o choro constante, estava mais calma nos bracos de André, que a ninava num embalo suave.
Já haviam se passado uma hora e ninguém aparecera para os informar do estado de saúde do menino.
- Meu Deus, eu já estou cansada de esperar...
- Calma, meu bem.
André se levantou e foi falar com uma recepcionista. Após alguns minutos ele voltou.
- Mandaram avisar que o médico virá falar com a gente. - sorriu um pouco para tranqüiliza - la.
- Obrigada... - Ana Carla tinha os olhos marejados novamente.
Andre sentiu - se sufocado ao vê - la assim, sabia que Pedro estava seriamente machucado, pensou que poderia fazer qualquer coisa para vê - los bem.
- Shiiii... Vem. - Andre abriu os braços.
Ana Carla deitou a cabeça em seu peito recebendo afagos em seus cabelos. Ela fechou os olhos orando de novo.
- Senhor e senhora Oliveira?
- Sim, somos nós. - Andre respondeu ao médico a frente dele. Um homem baixo e gordo com olhos que pareciam terem sido riscados no seu rosto redondo. Ana Carla deu um salto ficando de pé.
- Como ele esta doutor?
- O menino está bem. O corte foi profundo. Fizemos uma radiografia, não houve lesão no crânio nem dano cerebral também. - Ana Carla soltou a respiração que prendia nervosa. E o médico recomeçou. - No entanto, ele perdeu muito sangue e precisamos de uma transfusão.
- Ho não, o tipo sanguíneo dele é raro.
O medico balançou concordou com a cabeça.
- Ana, meu amor deixa o médico terminar.
- O tipo sanguíneo do filho de vocês é AB negativo e o banco de sangue esta com falta até mesmo do básico, talvez se o pai dele puder doar.
- Ele não...
- Eu faço a doação. - Andre se apressou em responder. - Sou saudável e nunca tive nenhuma doença que possa me impedir. Vamos logo com isso.
Os três seguiram por um corredor até uma sala de enfermagem equipada.
- Sente - se a enfermeira virá logo com um formulário para você preencher e começar o procedimento.
- Tudo bem, obrigado doutor.
Acenando com a cabeça para os dois o doutor saiu.
Ana Carla ficou olhando André por um longo período.
- Obrigada.
- Meu bem, vocês são muito portantes para mim. Então, não precisa agradecer.
- Você lembra tio Oto falando assim.
- Obrigado.
Os dois sorriram brevemente.
- Não se preocupe Ana, daqui a pouco você e Pedro vão estar em casa assistindo filmes e comendo pipoca. Ele é um garoto forte, tenha fé.
Ana Carla o olhou de um jeito diferente daqueles últimos dias.
- Estevão tinha razão sobre você...
A enfermeira apareceu com o formulário que depois de preenchido deu - se início ao procedimento. Enquanto André tirava o sangue para Pedro, Ana Carla foi ligar para a mãe e o avô repassando as explicações do médico. D. Sol se ofereceu para ficar junto a filha para que André fosse em casa tomar banho e descansar, porém quando ele sobe dos planos das duas, recusou de forma categórica!
- De jeito nenhum! Chegamos aqui juntos só volto para casa com vocês. Esquece essa ideia.
Ana Carla desistiu de convence - lo ao ver sua determinação.
Mesmo que tenha sido dispensada D. Sol não deixou arrumar uma bolsa para a filha passar a noite no hospital ao lado do filho, e é claro para seu futuro genro! Sim, esperava que André se tornasse seu genro, sabia que seu plano estava indo de vento em poupa.
Sorrindo de sua esperteza, D. Sol desceu do ônibus a poucos metros do hospital. Numa vaga ao lado da entrada a senhora viu a caminhonete de André. E se aproximou.
Viu - o deitado sobre um colchonete velho na carroceria.
- Ei filho, está tudo bem? - a jovem senhora tinha o olhar cheio de preocupação.
Andre logo sentou - se alisando a camisa no corpo.
- Ha sim, só descansando depois de retirar o sangue, recomendações médicas. - sorriu para acalma - la.
André fez que iria descer, porém D. Sol o impediu.
- Fique onde esta, menino! - passou para ele duas bolsas. - Você precisa comer, trouxe roupas para você, tomei a liberdade de pega - las no seu quarto.
- Sem problemas, agradecido.
- Agradecidos estamos nós por Deus te trazer até aqui. Obrigado pela sua generosidade com meu neto. Minha irmã tem razão, você é um bom rapaz.
- Eu nem sempre fui.
- A gente comete erros sim, mas o que importa é se você quer corrigi - los ou permanecer neles.
D. Sol sorriu carinhosa e como as tias fazem com seus sobrinhos apertou sua bochecha, repetindo:
- Bom rapaz. - e virou - se para sair - Vou ver minha menina.
- E o seu Tonico ficou no acampamento com o pessoal? - André comentou.
- Não, meu pai voltou para casa comigo no carro que foi buscar a Valeria irmã do Miguel.
- Miguel é gente boa, a senhora deve conhecer a familia toda?
- Até que não, a irmã do Miguel veio morar aqui há pouco tempo, os fofoqueiros dizem que ela não é flor que se cheire.
- O povo fala...
- Sabe como o povo é maldoso, uns dizem que ela era envolvida com tráfico outros que roubava... Mas sei não ela é tao bonita. - D. Sol tinha um olhar pensativo. - Pois é, escolhas... Eu vou lá.
- Obrigado.
André ainda sorria quando D. Sol desapareceu na entrada do hospital. Olhou no relógio eram quatro horas da tarde. A noite seria longa.
Mas não seria um problema para Andre, tendo em vista que sua mente estava cheia e que precisava por tudo em ordem. Havia muito a ser resolvido...
********💝********
Dona Sol encontrou a filha sentada numa cadeira ao lado da cama de seu neto Pedro. Ela cantava uma cantiga cristã antiga com os olhos fixos no menino.
- Querida, como ele esta? - dona Sol beijou a filha nos cabelos afagando seus ombros.
- Oi mãe, ele está bem o médico disse que Pedro vai ter que ficar em observação.
- Vai ser por pouco tempo, você vai ver.
- Fiquei com tanto medo mãe...
Ana Carla deixou as lagrimas irromperem novamente agora que estava nos bracos de sua mãe. Esteve consciente de que por pouco não teria mais seu filho ali, mais consciente ainda pelo fato de ser André o doador de sangue ao seu tesouro.
D. Sol sentou - se numa cadeira ao lado da filha, Ana Carla ofereceu - lhe algo para comer que foi recusado. Com carinho D. Sol pôs sua cadeira de frente para a filha que deitou a cabeça em seu colo. As duas observavam o menino na macá que dormia tranqüilo.
Nada mais precisava ser dito as duas estavam de comum acordo que tal livramento viera do Senhor Jesus.
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