Capítulo 12
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz a perdição, e muitos são os que entram por ela;
E porque estreita é a porta,e apertado, o caminho que leva a vida, e poucos há que a encontrem.
Jesus, o Cristo
(Mateus 7. 13, 14)
Andre estava no telhado andando entre as vigas, o sol forte das três da tarde fazia água ferver no asfalto. Mas agora faltava pouco para terminar os reparos na base no dia seguinte cobririam com as telhas, ao menos esse era o plano do seu avô.
Ao vê - lo no telhado já a certa distancia o coração de Ana Carla deu um salto no peito, apertou o volante do gol, na tentativa inútil de se acalmar.
Como evitar Se aqueles olhos cor de mel a derretiam por dentro e a voz grave a fazia estremecer? Deus me ajude a manter o foco, pensou.
Olhou o menino no banco de trás do carro pelo retrovisor, esse sim era sortudo, podia demonstrar sua animação sem frustração!
Mas, que pensamento mais ridículo!
Desviou os olhos para sua mãe, D. Sol, muito atenta a suas reações. " Ave de rapina" isso lhe cabia bem, não perdia um detalhe si quer, ao menor sinal de interesse de sua parte mergulharia num rasante a captura da presa, sua própria filha.
Ambas se olharam brevemente, num desafio silencioso. Foi D. Sol quem sorriu conspiradora.
Ao parar o carro Pedro desceu gritando por André.
- Tio... Tio, minha mãe trouxe sonhos da padaria e bolo de fubá. Vamos assistir um filme?
Andre mau descerá da escada e recebeu o maior dos abraços de sua vida, que quase o derrubou.
- Ei,... Calma rapaz! Como você está?
- Estou bem, e você? - falou o menino recuperando o fôlego e erguendo a cabeça para encarar o tio com sincero afeto.
Emocionado, André desviou o olhar para o carro de onde vinham as duas mulheres, uma mais cativante que a outra. Sendo a mais jovem a razão do sorriso bobo no rosto de André, que não fazia questão de disfarçar.
- Ora... Ora... Acho que esse dia não pode ficar melhor com a visão dessas duas beldades.
D. Sol não se fez de rogada e alargou o sorriso para o rapaz.
- Que coisa mais gentil de se dizer, André.
- Tudo verdade, minha sogra querida. - Soltando Pedro, que até então se mantinha abraçado a sua cintura magra, deu um abraço apertado na sogr...
Hum, D. Sol...
- Assim você me quebra, menino!
- O que a senhora tem ai?
- Já disse tio, sonhos e bolo de fubá, minha mãe que fez. - Pedro participou da conversa.
- Também tem pão, queijo, presunto... Eu vou passar um café fresquinho. - completou a avó do menino.
- É o suficiente para alimentar um exercito. - disse André sorrindo para ambos.
Até o momento Ana Carla só observava tudo de queixo caido. Sua mãe se comportava como se André de fato fosse seu namorado ou sei lá o que, deixando - a desconfortável com situação, mais ainda por que André entrava na onda da sua mãe. Precisava se desculpar por isso.
Sua mãe disse algo, que ela não entendeu e foi em direção a porta da frente da casa, sumindo para dentro com o neto.
- Que foi? - André perguntou indefeso diante o olhar analítico da morena a sua frente.
- Desculpe as brincadeiras da minha mãe estão indo longe demais. - ela balançou a cabeça aliviando a expressão pesada do rosto.
- Eu não me importo. - ele sorria galante.
- Se sua namorada souber...
- Não tenho nenhuma namorada.
Os dois fixaram o olhar por um breve momento.
- Quem sabe se um dia D. Sol não sera de fato a minha sogra querida? - ele disse sorrindo enigmático.
O que? Ele disse mesmo isso? Ignorando o calor que tais palavras lhe causaram, Ana Carla apenas disse meio entre os dentes:
- Me ajuda com as compras no carro?
André deu de ombros e a acompanhou. Por mais que buscasse ignorar o efeito da brincadeira dele, ela não podia negar que gostaria mesmo que o homem atrás dela falasse sinceramente.
Mas um dos meus devaneios! Só posso estar ficando louca...!
Abrindo a mala ficou de frente para o André.
- Pra que tanta coisa? - ele olhou surpreso.
- Minha mãe fica mais tempo aqui do que lá em casa e tem você também, então é melhor previnir.
- Eu não como tanto assim.
- Sei... Eu já te vi comendo. Quer saber? Não sei como mantêm a forma.
- Ana Carla fez sem querer uma rápida avaliação de cima até embaixo do homem a sua frente. Detendo o olhar por ultimo nos olhos estreitos pelo sol sobre ela.
- Eu faço minha própria rotina de execícios. Mas sou magro de ruim mesmo. - disse alisando o abdômen reto.
- Hum... Sortudo, qualquer coisa que eu penso em comer pronto já ganho peso. - as palavras saltaram de sua boca espontânea.
Andre segurava a tampa do porta malas no alto o que dificultava a visão de ambos de quem olhava da casa.
André aproximou se ficando bem perto dela mirando dentro dos olhos negros da morena linda a sua frente.
- Pois vou confessar uma coisa: gosto de você desse jeito. - disse com uma seriedade sedutora, e por fim deu seu melhor sorriso, ficando corado. - Você vem?
Andre pegou varias sacolas de uma vez deixando umas poucas para trás. Ana Carla por sua vez só podia observa - lo, estava com as pernas bambas. Ficar corado só o deixara mais lindo ainda.
Muito tempo depois Ana Carla se recuperou daquele momento, pegou o resto das compras e entrou na casa do vô.
O cheiro do café invadia os cômodos da casa, despertando a fome nela. Entrando na cozinha encontrou todos sentados à mesa tomando o lanche. Haviam deixado apenas uma cadeira entre André e seu avô, então optou por encostar - se no balcão da pia, era mais seguro ali.
André devorava um sonho de creme, que ela fez naquela tarde.
- Isso está delicioso. - disse antes de morder mais um pedaço.
- Hum... - Ana Carla apenas sorriu torto para ele.
- Minha filha é modesta, querido. As receitas são dela e tudo o que ela sabe aprendeu sozinha. Agora Anika tem funcionários para ajuda - la, porém no começo eramos apenas nós.
Certo, não era do seu feitio se gabar, no entanto tinha que admitir que era muito boa mesmo. Sua mãe não levava muito jeito para confeitaria, mas era do tipo esforçada e valente. Devo tudo a minha mãe, pensou sorrindo amorosa para a mãe conspiradora a seu sua frente.
- Sério, e por que Anika? - André estava curioso.
- Quando era criança seu pai a chamava de Aninha Ka, como ela não conseguia repetir ficou Anika mesmo.
- E onde ele esta?
- Meu vô morreu há muito tempo do coração. - disse Pedro triste. - Eu não conheci ele.
Seu Tonico estava em silêncio pensativo, vez por outra olhava a neta encostada no balcão da pia.
- Sinto muito. - e sentia mesmo. - Meu pai se foi da mesma forma quando eu tinha dezessete.
- Anika tinha vinte, eles eram muito amigos - D. Sol completou. Ana Carla tinha os olhos no filho que se concentrava no bolo fe fuba, preferia não se aprofundar numa amizade ou qualquer coisa desse tipo com Andre, então decidiu não compartilhar da conversa.
- Mãe o passeio para a cachoeira da Pitanga vai ser sexta agora? - Pedro perguntava com a boca cheia de bolo.
- Não fale de boca cheia. - Ralhou a vó, e Ana Carla franziu a testa desaprovando o filho.
- Desculpe. - disse com a boca ainda cheia.
Andre achou tudo muito engraçado mais não riu, apenas olhou a mulher de pé com visível divertimento nos olhos de mel.
- É sim, filho. - Ela respondeu o menino desviando do olhar do homem a sua frente, lavou a caneca e a pôs limpa no escorredor de pratos. Perdeu a fome, sua barriga parecia cheia de pedras, talvez estivesse incomodada pelo olhar perturbador de André.
- Tio, você vai né?
Ele piscou varias vezes para sair do seu transe hipnótico, voltando a realidade.
- Vou sim, é claro!
Ana Carla estranhou o silencio do vô, seu Tonico só observava com um olhar de satisfação.
- Tudo bem, vô? Ela quis saber.
Seu Tonico limitou se a abanar a cabeça.
- Feliz meu amor. Admirando vocês todos, coisa de velhote. - levantou se. - Vou me arrumar para irmos ao culto.
Em silencio cada um saiu para um lado, D. Sol também foi se arrumar junto com o neto. Enquanto isso Ana Carla arrumava a louça do lanche. Andre mau se mexeu na cadeira.
- Você esta bem? - ele perguntou para enquanto ela empilhava os pratos.
- Sim, por que? Disse sem levantar o olhar.
- Por que eu acho que minha presença te incômoda ou eu falei algo você não gostou.
- Hum.
Andre riu, achava uma graça quando ela respondia assim. Depois de certo tempo Andre se perturbou com sua mudez aparente, e resolveu ajudar a secar a louça.
- Não precisa se incomodar. - Rude a menina.
- É você quem parece estar. Eu sou tão inofensivo quanto um filhote de chihuahua. - disse piscando no final. - Vamos diga o que eu fiz.
- Nada.
- Hum. - foi a vez dele responder com uma incógnita, fazendo com que ela se voltasse para Andre rindo. - Você tem um belo sorriso.
Que morreu instantâneamente dando lugar a uma carranca.
- Não diga esse tipo de coisa.
- Por que não? - uma ideia passou pela cabeça dele que o deixou frustado. - Seu namorado não vai gostar, desculpe.
- Eu não tenho... Namorado.
Andre não pode evitar o suspiro de alivio, a simples ideia de que Ana Carla poderia ter um namorado ou qualquer coisa do tipo o deixou com um nó na garganta, que só foi desfeito pela resposta dela.
- Isso é bom, não quero ter problemas com nenhum cara ciumento atrás de mim.
- E por que isso iria acontecer?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro