Explicação Geral (1° parte)
Algum tempo antes...
POV Ana
Estava deitada de barriga pra cima na grama, sendo aquele meu passatempo favorito.
Nada de concreto passava em minha mente, a não ser fleches sem sentido de algo que eu não sabia bem explicar.
Fecho brevemente os olhos e vejo um par de olhos verdes brilhantes. Seu semblante triste e amedrontado me dói, e dói muito.
__ Ana!
Abro rapidamente os olhos, apenas pra ter a certeza de quem me chama.
__ Sim, mestre.
Levanto e prontamente fico de pé ao seu lado.
__ Chegou numa fase da sua transição, em que começa a ter pequenos flashes de algumas coisas do passado.
Suas palavras só instigam ainda mais minha curiosidade. E ele continua.
__ Então vamos conversar.
Sai caminhando jardim adentro, talvez aguardando que eu o acompanhe.
O que não faço de imediato, ainda perdida em tudo que posso consequentemente descobrir com essa conversa.
Praticamente corro, quando me dou conta que já o deixei se afastar demais.
__ Pensei que fugiria do assunto.
Comenta brincalhão quando paro ao seu lado com a respiração entrecortada.
__ Preciso saber qual foi e qual sera minha missão. Afinal, todos temos um propósito na vida e na morte também.
Não faço a mínima ideia de onde saiu esse argumento tão bem colocado, mas apenas dou de ombros.
Noto que mestre me olha sorrindo e logo em seguida já volta a olhar pra frente.
__ Você foi um dos anjinhos que escolhi a dedo pra mandar a terra a alguns anos atrás. Tinha certeza que com sua chegada, sua mãe mudaria seus hábitos e com isso, encontraria um novo rumo pra vida de drogas e prostituição. Mas não, e isso me deixou bastante triste.
Uma lágrima solitária escapa de meus olhos, quando a imagem de uma mulher muito parecida comigo surge muito magra e com olhos fundos. Tem uma garrafa do que presumo ser bebida na mão, virando-a vez ou outra na boca.
Abro os olhos ao perceber que mestre continua.
__ Foi quando sua linha da vida se desfez e Carla voltou a ser pó, deixando-te assim indefesa e sozinha, a mercê do próprio destino.
Ele para apenas pra sentar-se de frente a fonte.
__ Quando isso aconteceu, por que não me trouxe de volta?
Questiono antes de me juntar a ele no chão.
__ Tinha um propósito pra você. Na verdade, um dos que mais me doeram em escrever.
Suspira e mantém os olhos fixos na água límpida e cristalina a nossa frente.
__ Agora que começou a falar-me sobre minha vida passada, algumas coisas me vieram a mente. Como por exemplo um homem, de pele clara e cabelos grisalhos que me olhava quando criança com um grande sorriso no rosto.
Fecho mais uma vez os olhos e a imagem esta lá, nítida.
__ Era seu pai, descobriu sua paternidade de forma tardia e aproveitou pouco o tempo que tinha com você pois...
__ Um carro tirou a vida dele.
Completo quase que num sussurro o interrompendo, ainda mantendo os olhos cerrados.
Consigo reviver tudo o que aconteceu antes e depois do acidente: Ele sorridente me colocando na cadeirinha, já que eu deveria ter no máximo cinco anos; Dirigindo aparentemente sem rumo, porém sem deixar de manter um lindo e inebriante sorriso no rosto; Um caminhão aparecendo do nada e causando uma baita colisão; Papai murmurando algo e declarando que me ama antes de fechar os olhos e desfalecer.
Sinto meu corpo tremer em espasmos pelo choro recente. Lágrimas de dor, de saudade.
Jamais poderia imaginar que anjos sentiriam algo assim. Contudo, a situação aqui é uma em especifico: Estou revivendo tudo que um dia chamei de vida.
__ A partir dali, queria te trazer conforto, paz. Mas uma coisa me embarreirava e impedia que cumprisse com o que tinha escrito no livro da vida.
Mesmo com a vista bastante turva pelas lágrimas, forcei os olha em direção a qualquer ponto a minha frente, tentando prestar o máximo de atenção aquele conto, minha historia.
__ Aquilo te causava dor, aflições e meu coração sangrava em ver tudo aquilo. Você foi crescendo, e fui conseguindo te mandar anjos que te protegiam como podiam e a todo custo.
Imagens de minha madrinha Ella, e vários outros rostos dos quais não me recordo o nome começam a passar como num tipo de filme a minha frente.
Me permito então sorrir, em meio as lágrimas.
__ Mesmo assim, não foi o suficiente. Tentei contra minha própria vida aos quinze anos.
Revivo o momento como que em um passe de mágica. Quando dou por mim estou num lugar mal iluminado e cheio de goteiras. Uma lâmina na mão e minha amiga constante estampada nos olhos, as lágrimas.
Continua...
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