O bolo de cenoura com chocolate em formato de coração não foi entregue ontem. O senhor que fez a encomenda pediu para que fosse entregue hoje. Essa tarefa pertence à minha irmã Melissa, as duas encomendas de hoje serão as últimas entregas que ela fará este ano.
— Lá fora está tão frio e aqui dentro parece ser lá fora. — Melissa diz ao passar pela porta — Parece que o ar condicionado quebrou.
— Não há nada de errado com o ar condicionado. Eu estou ótima, mas vou ficar melhor quando souber que esses bolos foram entregues.
Eu estou muito nervosa. Lindsay precisou sair para acompanhar sua mãe ao hospital, somente Ashley e eu estamos aqui. Mas, eu não vou ficar por muito tempo, hoje é a segunda fase do concurso, não posso chegar atrasada. Quando a Melissa retornar, ela irá me levar para o concurso e depois fará a segunda entrega.
— O que eu vou receber depois das entregas?
— Já te pagamos este mês, lembra? Depois resolvemos se você merece ganhar um bônus. Pode ser?
— Não estou falando de dinheiro, irmãzinha. Quero saber qual doce vou receber quando eu voltar.
— Eu sugiro torta de limão. — Ashley diz ao voltar para o salão. Ela estava organizando a cozinha para mim.
— É uma boa ideia. — Melissa concorda com um sorrisinho esperto.
— De forma alguma. Pode ficar com uma bala de coco. E, se demorar para fazer a entrega, vai ficar somente com a metade da bala.
— Acho que alguém está de mau-humor. Uma ótima maneira para começar o dia. Que coisa linda! — ela pega o bolo que estava em cima do balcão, coloco o endereço no bolso do seu casaco — Você não concorda, Ashley?
Já são mais de onze horas e minha irmã acha que o dia está começando.
— Não acho sensato falar mal da minha chefe. Não quero perder o meu emprego, mesmo sendo um emprego temporário.
— Você pode ser a garota das entregas. Pode ficar com o cargo, é todo seu.
Ela anda com a caixa até a porta. Antes de ela sair, repasso minhas orientações sobre ter cuidado ao dirigir e fazer o possível para não se atrasar. Fecho a porta logo após a Melissa sair. Entrego três envelopes para a Ashley e explico o que ela deverá fazer com eles:
— Não sei que horas a Lindsay irá voltar, pode ser que ela não venha hoje. Então, eu preciso que você faça um favor para mim. Pode ser?
— Com certeza.
— O fornecedor vai trazer a farinha de trigo hoje à tarde e os ovos estão para chegar também, são cinco dúzias. Você precisa pagar os produtos e conferir a quantidade de ovos. Eu coloquei identificação nos envelopes para não confundir. O terceiro envelope, que está com o seu nome, é o seu pagamento.
Ela guarda os envelopes na gaveta e faz um lembrete que precisa conferir os ovos
— Entendi. Receber os produtos, conferir e pagar. — Ashley repete para si mesma as instruções que eu passei para ela enquanto anota o que precisa ser feito.
Lindsay é quem costuma cuidar da parte financeira da confeitaria, mas com sua ausência, alguém precisa fazer. Além de ser boa com a dança e doces, também é ótima com números.
Aproveitando que não temos nenhum cliente agora, faço uma pergunta para acabar com a minha curiosidade. Não conversei com o John depois de ontem de manhã, quero saber o que ele achou da fatia de bolo.
— O seu irmão disse algo sobre a fatia de bolo que ele levou ontem?
Ashley sorri de uma forma estranha e diferente. Depois, pela sua expressão facial, acho que a lâmpada das ideias acendeu em sua mente. O que será que está passando em sua cabeça?
— Sim, ele adorou. Eu tenho um convite a fazer, se eu estiver sendo inconveniente, por favor, faça eu ficar quieta. Há poucos dias a Lindsay contou o que aconteceu com os seus pais e, eu sinto muito por isso, mas agora que você está tentando seguir em frente de outra forma, você quer passar o Natal conosco? Será John, meus pais e eu. Vai ser ótimo ter você e a Melissa com a gente. Emy, se eu estiver sendo precipitada, desconsidera tudo o que eu disse.
— Eu agradeço muito pelo convite, mas eu não sei se ainda estou pronta para isso. Juro que não estou fazendo drama ou desfazendo das suas intenções, mas eu não conheço os seus pais e, além disso, não sei se eles vão querer duas intrusas na casa.
— Tudo bem. Eu entendo. Podemos ir avançando pouco a pouco a cada etapa. E acho que já está na hora da etapa dos biscoitos amanteigados decorados.
— Você está certa. Mas, de qualquer forma, prometo fazer uma torta de limão especial para vocês.
— Eu não sei se esses biscoitos são uma metáfora ou são literalmente biscoitos, mas já gostei do conselho da sua tia.
O sino ressoa e uma garotinha entra, deixando a porta aberta, sorrio para ela e vou para a cozinha. Ainda tem trabalho a ser feito. Antes de eu ir para o concurso, preciso finalizar alguns donuts e cortar fatias de bolo e de torta. E após pensar sobre o que o dia de hoje reserva para mim, vou avaliar o convite da Ashley. Uma voz lá no fundo, sussurra que eu devo aceitar e ir, mas não quero ser a única a ficar triste em meio a várias pessoas alegres e satisfeitas.
Já no carro a caminho do Central Business District, verifico a minha bolsa para checar se a carteirinha do concurso está aqui. Como da última vez, estou indo com a faixa no cabelo para adiantar. São treze horas e quinze minutos, Melissa pisa no acelerador e eu tenho que alertá-la sobre os perigos da velocidade acima do permitido. Nós duas sabemos muito bem as consequências dessa atitude, além de prejudicar a si mesmo, a consequência cai nos ombros de pessoas inocentes também, assim como a minha mãe e o meu pai, que não tinham absolutamente nada a ver com o maluco atrás do volante.
Melissa ouve o meu conselho e respira fundo para se acalmar. Ela liga o rádio e uma das minhas canções favoritas está tocando.
— Eu comprei uma bateria extra e vou ficar com o celular o tempo todo. Pode ligar, enviar mensagens e até carta se precisar, não vou te abandonar aqui hoje.
Estacionamos perto do prédio. Tiro o cinto de segurança e agarro a minha bolsa.
— Está bem. Quando terminar tudo eu vou ligar para você. Então, fique com o celular perto.
Antes de abrir a porta do carro para descer, minha irmã me surpreende com suas palavras.
— É você quem manda, maninha. Eu te amo. É bom você se sair bem e ir para a final, temos que manter a boa reputação da família Bennett.
É claro que ao dizer que me ama suas próximas palavras seriam caprichadas com uma boa dose de sarcasmo, não poderia ser diferente, afinal, essa é Melissa Claire Bennett.
— Acho que não serei eu a responsável por colocar o nome da família na lama. Você sabe, geralmente isso é a função dos irmãos mais novos. — e como uma Bennett, tenho que responder na mesma moeda — Mas, ainda assim, eu amo você também.
Ela revira suas íris castanhas e praticamente me expulsa do carro. Relembro-a novamente da próxima entrega e sigo o meu caminho, em direção ao prédio. Cumprimento brevemente as pessoas que estão na portaria e, em vez de subir pelas escadas como sempre faço, dessa vez opto pelo elevador. Ouço uma voz conhecida pedir para que eu espere, atendo o pedido e ele agradece. John Morgan está usando um suéter vinho, fugindo totalmente da paleta de cores que ele tem o costume de usar. Por educação, pergunto se ele está bem.
— Estou bem, obrigado. — e novamente suas mãos estão nos bolsos da calça — E a senhorita?
— Eu também.
Depois disso não sei mais sobre o que podemos conversar. O nosso único assunto em comum é o concurso e eu não acho uma boa ideia conversarmos sobre isso agora. Não quero ficar mais tensa do que já estou.
— Parece que estamos tendo aquela típica conversa de elevador.
— É apropriado já que estamos exatamente em um elevador, não acha? O que falta é tocar "Garota de Ipanema".
— Certamente. Mas creio que a senhorita entendeu exatamente o que eu quis dizer.
— Entendi? — um sorriso travesso aparece em meu rosto, sem ao menos pedir permissão. John sorri também, aquele seu sorriso singular, com os lábios fechados e esticados, porém, lá no fundo dos seus olhos, consigo enxergar um brilho em momentos como este, são raros e por essa razão se tornam mais especiais ainda — Bom, às vezes a companhia pode ser entediante.
— Tenho certeza que essa última parte tem um quê de provocação, Emily Bennett.
Saímos do elevador e só depois respondo ao seu comentário.
— Eu não estava falando do senhor, se é o que pensa. Mas você tem que admitir que eu nunca vi o seu lado divertido. Além do mais, progredimos muito nesses últimos dias, não seria sensato voltarmos com o nosso desentendimento de antes.
Andamos lado a lado em direção ao cômodo onde fica os armários. Por alguma razão, John decidiu me acompanhar.
— Então, de acordo com suas análises, eu sou uma pessoa reclusa e com uma personalidade desinteressante? Falando assim até parece que eu não converso com ninguém.
— Claro que não, senhor Morgan. A questão é que eu não presenciei nenhum momento em que você está mais à vontade. Você entendeu o que eu quis dizer.
Chegando na sala eu abro o meu armário para guardar os meus pertences. Ele permanece encostado no batente da porta, sem ousar dar um passo para dentro. Eu entendo o seu cuidado, não seria nada bom se alguém nos visse aqui sozinhos.
— Entendi? — ele arqueia uma sobrancelha e abre um sorriso, um pouco mais amplo que o anterior.
Acho que encontrei o seu senso de humor.
— Quem é que está provocando agora? — cruzo os braços e sorrio também.
Sem dar tempo de eu receber uma resposta, Paige aparece e diz que precisa ter uma rápida conversa com os jurados. Antes de ir, ela avisa que eu já posso me preparar e seguir para a cozinha. Hora de mostrar a minha habilidade com cupcakes.
Os meus cupcakes de morango com chocolate agradaram os meus colegas e também aos jurados. Recebi um "muito bom" do senhor Morgan, o que é maravilhoso, pois ele é econômico com suas palavras, principalmente quando é para elogiar. Em relação aos meus cupcakes de Red Velvet, dividiram opiniões entre os jurados. Rebecca e Stacy aprovaram, mas o John disse que a minha massa ficou um pouco mais seca do que o normal.
Olívia Clarke voltou a ser a garota que eu conheci no dia da pré-seleção, espirituosa e animada. Emma Murphy está se aproximando aos poucos de mim, do jeito dela, é claro. Dylan Fox também se sente mais confortável para falar uma vez ou outra, o nível de concentração dele é surpreendente. Usei o meu intervalo para obter notícias da mãe da Lindsay, ela está bem e vai para casa hoje mesmo, de acordo com a minha amiga, foi só mais uma crise de enxaqueca da senhora Mackenzie. Também liguei para a Ashley para ficar a par de tudo o que está acontecendo na confeitaria, hoje ela está totalmente responsável pela loja, mas creio que ela está sabendo lidar com tudo. No momento, a única preocupação que eu tenho é com a prova espelho, pois tudo está exatamente como deveria. Sem urgências e sem imprevistos.
— Muito bem, confeiteiros! Agora é o momento que vocês vão reproduzir a receita de um dos nossos jurados. — Tiana Petterson fala — Stacy Evans preparou um Naked Cake com muito carinho. — Paige entra na cozinha segurando o bolo e coloca-o sobre a mesa.
— Quando nos reunimos para escolher todos os doces das três provas espelhos, — nossa querida jurada Stacy discursa — eu sugeri que colocássemos o Naked Cake na lista, é um dos meus bolos favoritos e quero muito provar o que vocês irão fazer. O sabor é chocolate com morango. Sim, Emily, o mesmo sabor dos cupcakes que você fez na prova criativa. — sorrio para ela quando cita o meu nome — Hoje eu não vou trazer uma dica e, sim, uma sugestão para vocês. A massa não precisa bater na batedeira, podem usar um fuer.
— Sim, geralmente quando eu faço essa receita, dispenso o uso da batedeira. — Becca diz — Mas, fica a critério de vocês, é apenas uma sugestão, como a Stacy disse. Agora, vamos...
Minha atenção nas palavras dela desvia para o barulho irritante do contato do sapato do senhor Morgan com o chão da cozinha. Com as mãos nos bolsos, como sempre, ele bate os dedos do pé direito no chão. Claramente ele está fazendo questão de mostrar que está incomodado com algo, só não sei o que é, ainda. Volto a me concentrar nas outras juradas quando Tiana revela o tempo que teremos para preparar este bolo.
— Vocês terão duas horas. Não se esqueçam de cuidar da decoração também, ela é o convite para que as pessoas se interessem pelos seus trabalhos. — a receita é entregue para cada um de nós — Nossos jurados vão nos deixar durante esse tempo, e hoje a degustação será às cegas. — os três jurados nos desejam boa sorte, um mais objetivo que outros, e saem da cozinha — Preparados? Três, dois, um... mão na massa!
Juntamente com o relógio, nós começamos a trabalhar. Na tigela, coloco oito ovos e meia xícara de chocolate em pó. Com o mesmo copo medidor, separo a quantidade exata de farinha de trigo que consta na receita, despejando na mesma tigela logo depois. Adiciono também o restante dos ingredientes secos, como o açúcar, o fermento e um pouquinho de sal. Misturo tudo com uma colher e complemento a receita com os ingredientes líquidos, acrescentando o leite, a essência de baunilha e o óleo. Utilizo o fuer para mexer novamente, formando assim uma massa homogênea, leve e lisa. Somente a Olívia decidiu usar a batedeira, pela razão de achar mais eficiente, já que temos um prazo para entregar esse bolo.
Uma pequena discussão começa entre Emma e Dylan, resultando farinha de trigo para todos os lados, lembro que Melissa e eu fazíamos a mesma coisa quando éramos crianças. Tiana tenta interferir e, consequentemente, cai farinha no seu cabelo também. O motivo da briga entre os dois é simples, Emma pegou dois morangos dele, por achar que a produção distribuiu a quantidade de morangos de forma desigual, e ele não gostou da atitude dela. Não acredito que a amizade dos dois será rompida por causa de dois morangos. Tiana gargalha como se fosse a cena mais hilária que ela já presenciou, não importando nem um pouco com o caos que se encontra aqui. É uma chuva de farinha e palavrões pela cozinha. Uma moça da produção traz mais morangos para todos nós, colocando dois morangos a mais para ele. Depois disso, uma falsa paz momentânea pairou sobre o ambiente. Olívia e eu somos as primeiras a terminar o processo com a massa.
Para o recheio, em uma panela coloco o leite condensado, chocolate meio amargo para intensificar o sabor e duas colheres generosas de manteiga. Deixo em fogo baixo para não ter risco de acidentalmente grudar no fundo da panela ou até mesmo queimar e mexo com uma espátula. É um recheio simples, estou habituada a fazer este tipo de recheio na Sweet Dream. Passo os próximos minutos atenta à panela, assim que está pronto transfiro para um prato e coloco o plástico filme para cobrir. O aroma do chocolate se espalha por toda cozinha, convidando até mesmo Tiana Petterson para a minha bancada. Como o meu pai dizia, as pessoas vêm pelo o aroma e ficam pelo sabor.
— Será que eu posso ficar com a panela? — ela pergunta.
— Claro. Espera só um minuto. — abro a terceira gaveta da bancada e pego uma colher para ela. Tiana experimenta e leva a panela consigo.
Abro o forno e espeto um palito no centro de cada bolo, para checar se estão perfeitamente assados. Provavelmente ainda vão ficar no forno de dez a quinze minutos. Tenho que ficar atenta.
— Bennett, você pode usar seu espírito de boa samaritana e vir aqui me ajudar? — Emma pergunta — Não queria ter que pedir ajuda, mas tenho que admitir que eu realmente estou precisando.
Dou uma olhada rápida no relógio e vou para a bancada da Emma, que é a bancada atrás da minha. Olívia e Dylan estão do lado esquerdo.
— Não é vergonha precisar de ajuda, Murphy. O que quer que eu faça?
— Ajudaria muito se você pudesse cortar o chocolate para mim. Se o Dylan não fosse idiota, eu não estaria atrasada. Muito obrigada, amigo! — ela diz a última frase com o tom de voz alto o suficiente para que ele possa ouvir e com muito sarcasmo quando o chama de amigo.
Pego uma faca para cortar a barra de chocolate, a receita exige trezentas gramas. Continuo atenta aos meus bolos no forno e também atenta ao relógio. Emma despeja a massa na segunda forma e coloca para assar.
— Obrigada, Bennett. Pode deixar que eu assumo agora, não pode ficar atrasada também.
Termino de cortar a última barra e lavo as mãos para voltar à minha bancada. Antes que eu possa ir, Dylan me chama pela primeira vez durante esses três dias de concurso.
— Emily, pode vir aqui, por favor?
— Está bem. Aguarde só um pouco.
Vou para a minha bancada para verificar os bolos. Espeto o palito novamente e ele sai completamente limpo e seco, ou seja, os bolos estão perfeitamente assados. Desligo o forno e vou à bancada do meu colega, que é atrás da bancada da Olívia.
— Você pode experimentar o recheio? Preciso de uma opinião profissional.
— Você poderia ter pedido para mim. Estou na sua frente, Dylan. — Liv comenta.
— Eu concordo. Você está fazendo isso porque eu pedi para ela me ajudar. — Emma diz.
— Obrigado, Olívia. Pode experimentar também, se quiser. — Dylan responde.
Levo meia colher do recheio a boca. Deixo a colher na pia para lavar. Mesmo estando muito quente, consigo analisar.
— Você não colocou todo o chocolate? Eu acho que o sabor está suave. E deixa um pouco mais no fogo para atingir o ponto ideal.
— Já que você diz, vou fazer o que a receita pede. Obrigado!
— Confeiteiros! Já se passaram trinta minutos! Fiquem espertos. Emily Bennett, volte para a sua bancada, ainda tem muito trabalho a ser feito.
— Disponha. Eu preciso ir, Dylan. A Tiana tem razão, não vamos ter tempo extra.
Retiro os dois bolos do forno. Enquanto espero cada um deles esfriar, lavo todos os morangos para cortá-los ao meio, mas alguns vou deixar inteiros para a decoração. Em seguida, desenformo cada bolo em um prato. Com a faca, retiro o topo dos dois bolos, para que fiquem bem alinhados. Experimento um pequeno pedaço e sorrio satisfeita com o meu desempenho, a massa ficou incrível, mas ainda não vou comemorar até tudo ficar finalizado. Com o mesmo utensílio, corto os bolos na horizontal, acrescentando mais dois discos. Faço uma mistura de leite com chocolate em pó, para umedecer a massa, esta etapa é por minha conta, não consta na receita, acredito que assim o senhor Morgan não achará a massa seca. Com essa mistura molho levemente a base do bolo que já se encontra na bailarina. Passo uma boa parte do recheio para a manga de confeitar, com os meus olhos pregados no relógio, e faço bolinhas ao redor do disco com o bico redondo, depois preencho o centro com mais recheio e passo a espátula para deixar a camada lisa. Uma camada deliciosa e generosa de recheio. E em cima de todo esse chocolate eu coloco pedaços de morangos.
— Confeiteiros, restam apenas quarenta minutos! Alguém vai ser eliminado hoje, cuidado com o prazo! — a apresentadora alerta.
— Pelo amor de Deus. Alguém para esse relógio! — Emma diz, seus bolos ainda não estão prontos. Aparentemente a temperatura do forno dela está baixa.
— Corta os morangos enquanto os bolos ficam no forno. — aconselho-a e coloco o segundo disco sobre o primeiro.
— Já fiz isso, Bennett. Eu não quero aumentar a temperatura do forno para não correr o risco de queimar. — ela para de andar de um lado para o outro e verifica os bolos novamente — Graças a Deus! Vou conseguir entregar. — ela murmura e desliga o forno, calça as luvas térmicas e tira as duas formas lá de dentro.
E eu repito o mesmo processo com os três discos. Umedecer a massa com a mistura de leite e chocolate, colocar o recheio e, logo em seguida, mais morangos. Para a decoração no topo do bolo, eu tinha planejado colocar três morangos inteiros, mas ficará muito simples. Com o recheio que sobrou, fiz várias bolas de chocolate e as confeitei com raspas do chocolate meio amargo. Depositei as bolinhas de chocolate no centro do bolo, denominadas brigadeiro, e também adicionei morangos, tanto inteiros quanto partidos ao meio.
Afasto dois passos da bancada. Observo melhor o bolo por todos os ângulos possíveis, preciso verificar se há algo para corrigir. Ainda temos tempo.
— Precisa de ajuda, Murphy? — pergunto — Acho que eu já terminei... — adiciono mais um morango no bolo.
— O seu bolo está perfeito, Emily. — Olívia diz — Parabéns!
— Obrigada. — agradeço e vou novamente para a bancada da Emma.
— Você é mesmo uma boa samaritana. Vou precisar de ajuda para cortar os bolos em discos, não sou boa com isso.
Tiana vai para a bancada da Olívia para verificar o trabalho dela. Liv já está quase acabando. Corto o primeiro bolo e Emma passa o seu recheio para a manga de confeitar. Como diz a apresentadora, mão na massa!
Nossos bolos já estão na mesa, os jurados voltaram para a cozinha e nós, os participantes, estamos sentados de forma aleatória há dois metros de distância da mesa. O bolo do Dylan teve críticas por causa da aparência, segundo os jurados, a decoração sofreu algumas falhas bastante perceptíveis, mas o sabor estava ótimo. Provavelmente quando for revelado que o bolo é dele, Dylan receberá mais conselhos. Olívia foi a segunda a terminar a prova, infelizmente o seu bolo não ficou bom. Ele simplesmente desabou minutos antes da degustação começar, Becca alegou que ele não estava estruturado da forma correta, provavelmente a pessoa quem fez este bolo, palavras da jurada, não teve o cuidado de verificar se não estava torto, ou seja, o fato de ela ter conseguido terminar a tempo, não significou que fez um bom trabalho.
Tiana Petterson fez a contagem regressiva bem devagar, para que Emma conseguisse terminar a decoração do seu bolo. Faltando apenas dez minutos para o tempo acabar, Emma decidiu que a decoração seria composta de raspas de chocolate e poucos morangos. A discussão com o Dylan foi completamente em vão, pois as frutas não fizeram falta. Mas tenho que admitir, eu adorei o resultado final.
John, Stacy e Becca aproximam-se do meu bolo. Eu gostei do resultado que obtive, a questão é se eles também vão gostar.
— É um Naked Cake bem-apresentado. É exatamente o que eu imagino quando penso em chocolate e morango para esse tipo de bolo. — Stacy diz.
— Com certeza é um bolo digno de estar na vitrine de uma confeitaria. — Rebecca comenta.
Se o bolo não fosse digno de estar na vitrine de uma confeitaria, eu realmente precisaria repensar sobre o meu trabalho.
— É um bolo muito bonito. Parabéns! — John Morgan elogia e usa a espátula para cortar uma fatia. Ele coloca a fatia em um prato e os quatro experimentam, a apresentadora não ficou de fora.
Fico muito feliz com todos os comentários. É tão gratificante quando alguém elogia e incentiva o meu trabalho. Prova que eu escolhi a profissão certa para mim.
— A massa está mais úmida comparada com as anteriores, deu um toque diferenciado. Posso dizer que é um diferente bom, eu gostei muito. É um Naked Cake com o toque especial de quem fez. — Stacy Evans avalia. Como ela é uma confeiteira experiente e uma fã de Naked Cake, acredito no seu julgamento.
— O chocolate e os morangos estão na medida certa. Consigo sentir a harmonia entre os sabores. — Rebecca fala — Eu gostei.
— A decoração é a primeira coisa que chama a atenção do cliente. — neste ponto John e eu concordamos absolutamente — Eu gostei do sabor e adoraria ter o bolo na minha confeitaria.
— Você tem uma confeitaria, senhor Morgan? — Tiana pergunta, é uma curiosidade minha também. Ashley nunca comentou nada sobre isso.
— Não, eu não tenho. Mas eu poderia abrir uma para colocar este bolo.
Alguns acham o seu comentário engraçado. John olha diretamente para mim com um sorrisinho presunçoso e sobrancelhas arqueadas, como quem diz: "Satisfeita? Eu tenho um lado divertido." Eu sorrio em resposta. Receber um elogio acompanhado do seu raro bom humor, é algo para ter orgulho e ser lembrado.
É revelado o confeiteiro que fez cada bolo. Eu fico em primeiro lugar na prova espelho, o meu desempenho foi bom. Provavelmente não tenho chance de ser eliminada, a menos que a massa seca dos cupcakes que eu fiz, de acordo com a avaliação do senhor Morgan, tenha um peso grande no julgamento dos jurados. Os três se afastam de nós para discutir em particular quem vai deixar o concurso hoje. Tiana, como sempre carismática, conversa conosco sobre o que achou dos nossos trabalhos, apesar de ela não ter experiência na área, disse que amou tudo e nos parabenizou. Porém, não deixou de nos alertar sobre a eliminação.
— Infelizmente um de vocês vai dar adeus para os prêmios e para a nossa cozinha. Acho que está sendo uma decisão difícil para os nossos jurados, vocês arrasaram.
Agradecemos suas palavras carinhosas. Os jurados fazem uma pausa rápida e a apresentadora pergunta se eles já têm o veredito. Becca responde que sim e vem até nós, Stacy e John acompanham seus passos.
— Antes de revelarem quem será eliminado, eu tenho uma declaração a fazer. — Olívia diz — Talvez até possa esclarecer e ajudar na decisão de vocês.
— Está bem. Estamos ouvindo, Olívia. Só peço para que seja breve. — Stacy responde.
— Estou curiosa, Clarke. Deve ser algo muito importante para ter a possibilidade de mudar as opiniões dos jurados. — Emma comenta.
— Eu não quero fazer fofoca, longe de mim pensar em fazer isso, mas não é somente um boato, eu vi com os meus próprios olhos. — todos nós olhamos para ela esperando pela revelação bombástica que ela irá fazer, estamos curiosos e ansiosos, pois seja lá o que ela vai dizer, é o que impede de nós sabermos a decisão dos jurados — Emily Bennett é uma vaca e está saindo com o jurado para ganhar o concurso. Eu vi os dois saindo juntos do prédio na quarta-feira.
O que essa garota pensa que está fazendo?
Todos na cozinha, incluindo as pessoas da produção, me olham espantados e esperando uma resposta. Tudo o que eu consegui identificar é surpresa em seus olhos, não vi nenhum olhar de julgamento ou acusação. Engulo em seco. As pessoas me olham esperando qualquer confirmação ou explicação. Estou tão constrangida e desacreditada. Não sei o que dizer ou como devo agir diante dessa situação. Nunca fui tão humilhada. O que eu quero fazer é correr para o colo da minha mãe e me esconder até tudo ficar bem.
— Você é muito dissimulada, garota. Você acha mesmo que alguém vai acreditar nisso? — a voz da Emma corta o clima pesado.
Em seguida, Dylan aparece com um copo de água e me entrega. Bebo o conteúdo enquanto Tiana, como sempre, faz o possível para resolver as circunstâncias.
— Olívia, você não pode acusar ninguém sem provas. É uma acusação grave. Além do mais, isso com certeza não é do feitio da Emily.
— Posso falar? — John pergunta retoricamente — O que a senhorita Clarke acabou de dizer é totalmente absurdo. Na posição em que estou, não lhe devo qualquer satisfação. Embora eu creio que não seja necessário explicar essa conclusão ridícula, Olívia, quero dizer que o que acontece na minha vida e nas vidas dos seus colegas, não é da sua alçada. Minha irmã e a senhorita Bennett são amigas e ela é quase da minha família. Além disso, sabemos agir com profissionalismo. Exijo que peça perdão. Agora!
Após as palavras dele, ninguém tem a ousadia de dizer mais nada. Seria possível ouvir o tilintar de uma agulha no chão. Entrego o copo para o Dylan e tomo a decisão de interromper o silêncio. Ainda quero me esconder, mas antes, tenho algumas coisas para serem ditas.
— Agora é a minha vez de falar. — eu digo — Eu não fiz nada para você. Até tentei ser sua amiga quando nos conhecemos. Primeiro, você rouba a minha receita. Segundo, inventa fatos que você pensa que é verdade. Eu não preciso disso para me destacar, sei que tenho capacidade para chegar onde eu quiser, sem ferir os meus princípios ou passar por cima do meu caráter. — lágrimas escorrem dos meus olhos e a minha voz começa a falhar — Você deveria aprender o que é isso, Liv. Eu... não posso ficar aqui. Com licença.
Saio da cozinha enxugando as lágrimas e com passos apressados. Ao longe ouço chamarem o meu nome. Não obedeço nenhum chamado. Abro o armário, tiro o avental e guardo de qualquer forma dentro da minha bolsa. Para onde eu irei se não tenho mais o colo da minha mãe? Saio o mais rápido possível do prédio, chegando na rua, tiro o celular da bolsa para ligar para uma empresa de táxi. Não quero que a Melissa me veja nessa situação.
— Emily Bennett! Não ouviu eu lhe chamar? Espero que não esteja fugindo de mim. Para onde você vai?
John aparece ao meu lado, até agora estou tão transtornada que é capaz de eu atravessar a rua sem perceber o que estou fazendo, seus cabelos saíram do modo de como ele os ajeita. Ele ainda está um pouco ofegante, provavelmente correu até aqui, e com alguns fios dos seus cabelos lisos e castanhos pregados na testa.
— Para a minha casa ou para qualquer lugar no mundo em que eu possa me sentir bem.
John olha para mim, com os seus olhos castanhos nem tanto inexpressivos como quando o conheci. É como se gradativamente eu descobrisse cada camada do seu verdadeiro eu. Sem suposições e mentiras. Sou surpreendida quando seus braços me cercam em um abraço desajeitado e, ao mesmo tempo, aconchegante. Quando me solta, ficamos um pouco envergonhados pela sua atitude repentina.
— Perdoe-me. Eu não quis ser invasivo. Sinto muito pelo o que aconteceu. Eu deveria ter feito algo.
— Tudo bem, John. Acho que eu precisava disso, não foi tão ruim assim, ou foi? — pergunto sobre o abraço.
— Eu diria estranho. Vamos ficar aqui na calçada procurando um adjetivo específico para descrever o que sentimos ou vai deixar que eu a leve para a casa?
— Acho que isso vai colaborar para que dê razão às palavras da Olívia.
— Você já deveria saber que eu não me importo com as opiniões alheias. Eu me importo com você agora. Vamos?
— Sabe de uma coisa, John? Você está certo. — andamos em direção ao seu carro — Eu não tenho nada a temer, não fizemos nada de errado. Só não quero enfrentar isso agora, me sinto quebrada.
— Cada um tem o seu próprio modo de lidar com os seus demônios. Não se preocupe, assim que eu deixar a senhorita em casa, vou resolver essa situação do meu jeito.
— Eu percebi que você ficou tão surpreso quanto eu. Não pensei que ela seria capaz disso. Sinto muito também.
Quando já estamos no carro e passando pelas ruas do Central Business District, ele volta ao assunto.
— Sim, eu fiquei surpreso, mas não tão constrangido quanto você. Pelo fato de você ser mulher, as pessoas têm tendência a julgar e usar palavras pejorativas, como as que a senhorita Clarke usou. Se a situação fosse inversa, eu seria taxado de Dom Juan ou qualquer coisa do tipo. Por isso eu vou tomar as devidas providências.
— Obrigada, John. Você está se mostrando totalmente diferente da primeira impressão que eu tive. Retiro todas as vezes em que eu lhe ofendi. Acho que ainda tenho muito a descobrir do senhor. Está sendo uma descoberta interessante, principalmente o fato do senhor me ver como alguém da sua família.
— Somos colegas de profissão e você é amiga da Ashley. E, além do mais, ainda vai passar o Natal conosco. Seria rude da minha parte não reconhecer isso.
— Colegas de profissão. — repito — Sua irmã e a confeitaria são as únicas coisas que temos em comum.
— Eu não diria isso. — sinto a presença de reticências no seu tom de voz, como se estivesse deixando algo no ar.
— Por quê? Tem algo que eu não saiba?
— Foi a senhorita quem disse que ainda há muito para descobrir sobre mim. Pode ser que descobrimos interesses mútuos entre nós.
— É, pode ser. Afinal, não seria completamente impossível.
O restante do trajeto até a minha casa foi em silêncio total. Eu fiquei perdida nos acontecimentos de hoje e John entendeu que eu precisava disso. Ainda que o clima esteja ameno e eu tenha parado de chorar, continuo chateada por tudo o que aconteceu. Sinceramente, não sei se quero voltar àquela cozinha. E com toda certeza do mundo, não quero rever Olívia Clarke novamente tão cedo e, talvez, nunca mais. Agradeci por ter me deixado em casa e nos despedimos brevemente e, mais uma vez, ele deixou claro que vai tomar alguma providência.
Entro em casa sem fazer nenhum ruído, sei que a Melissa está aqui, e eu ainda estou desgastada. Entro na cozinha e procuro o interruptor para acender a luz. Assim que a lâmpada clareia o ambiente, assusto com a minha irmã na cozinha segurando uma xícara, mexendo o conteúdo com uma colher.
— Sabe, irmãzinha, eu estava aqui pensando sobre o porquê você não me ligou para eu lhe buscar. Outra coisa que eu não entendo, é a razão de você entrar escondida, como se estivesse escondendo algo. O que aconteceu?
— Você estava me vigiando? Não estou te reconhecendo, Melissa. — tento fugir do assunto, mas ela simplesmente ignora a minha pergunta com um gesto de mão.
— Você sabe que pode me contar tudo. — sento em uma das cadeiras e ela me imita — Acabei de fazer esse chá de camomila, pode ficar, acho que você está precisando mais. Agora, por favor, diga o que houve. Seus olhos não negam que você estava chorando.
— Eu quem deveria fazer as perguntas, é o meu trabalho como irmã mais velha. — bebo um gole do chá.
— Emy, pelo menos uma vez na vida, você deveria deixar que alguém cuide de você. Depois que a mamãe e o papai morreram, você pegou as responsabilidades deles. Eu sou grata por tudo o que você está fazendo, mas você não tem que agir como a nossa mãe, está bem? Pode executar somente o seu papel de irmã. Deixa eu retribuir o favor.
Bebo de uma vez o restante do chá. Coloco a xícara em cima da mesa e começo a narrar o que aconteceu.
— Tudo começou quando Olívia Clarke roubou a minha receita da prova criativa... — conto o que ela fez em detalhes, sem omissões. Depois, ela me abraça e diz que está na hora de colocar o conselho da tia Jenna em prática.
— Vou procurar a receita enquanto você vai para o banho.
— Tem certeza que quer fazer biscoitos agora?
— Nunca é tarde para biscoitos. E, além do mais, vamos voltar aos velhos tempos, maninha.
— Se é assim que você quer, tudo bem.
Vou para o meu quarto e deixo a bolsa na cama. Abro a gaveta do armário e separo um pijama quente e confortável, rosa com estampa de patinhos. Já no chuveiro, deixo a água levar consigo toda a tensão e estresse que eu sofri hoje. Lavo os cabelos com shampoo e passo o condicionador. Quando estou prestes a ligar o secador, ouço o meu celular tocar dentro da bolsa. É estranho a Ashley ligar nesse horário. Espero que não seja nada grave.
— Oi, Ashley! Está tudo bem?
— Continuo com o mesmo nome desde quarenta minutos atrás, Emily, quando estávamos juntos. — John Morgan diz do outro lado da linha.
— Olha só quem tem um lado engraçado. Então, eu estava enganada, John.
— Parcialmente enganada. Adoraria conversar com a senhorita sobre isso, mas temos uma questão a tratar.
— Qual questão? — sento na minha cama para ouvir o que ele tem a dizer.
— Eu conversei com a Paige sobre o ocorrido. Ela me garantiu que não vai sair nada nos jornais ou no site. O que acontece na cozinha, permanece na cozinha. Em relação a senhorita Clarke, tivemos que eliminá-la por não cumprir a regra número dois do formulário, que é respeitar os colegas e não causar discórdia.
— Obrigada, John. Acho que estou lhe devendo dois favores agora.
— De forma alguma. Não vou lhe cobrar nada. Eu não seria nem um pouco cavalheiro.
— Tudo bem. Mas eu ainda não sei se quero voltar para o concurso. Estou constrangida.
— Emy, — pela primeira vez, ele se dirige a mim pelo o meu apelido, descartando totalmente a formalidade — não fizemos nada de errado. Precisa entrar de cabeça erguida, se alguém comentar qualquer coisa, vai sofrer as consequências.
— Está bem. Prometo que irei pensar. — a ligação fica muda por alguns segundos, ele não diz uma palavra — John?
— Sim?
— Eu quero agradecer mais uma vez. Obrigada por tudo.
— Disponha. A prova criativa de segunda-feira é um bolo que seja relacionado com a família. O prazo para enviar a receita é até às dezesseis horas de amanhã.
— É conveniente, já que o Natal também é sobre isso. Aliás, quando é que eu vou comer algum doce que você preparou?
— Em breve, senhorita Bennett. Irei vê-la na final do concurso?
— Talvez. — respondo simplesmente.
— Boa noite, Emy!
— Boa noite, John! — encerro a ligação.
Volto ao banheiro para terminar de secar o cabelo. Os biscoitos amanteigados não vão ficar prontos sozinhos, não posso demorar mais, Melissa pode vir me buscar. Enquanto volto à cozinha, penso em tudo o que aconteceu hoje, colocando tudo na balança, sinto o meu coração ficar quentinho com um fato, John Morgan tem um coração e não é nem um pouco imbecil.
❣
O capítulo de hoje foi tenso, não é mesmo? Alguém esperava que a adorável Olivia Clarke fosse capaz de fazer um absurdo desses? E o que vocês têm a dizer sobre a Emma? Eu quero muito que ela entre para o ciclo de melhores amigas da Emily, formando um quarteto fantástico, como a Lindsay diria.
E o John roubando a cena defendendo a Emy. Amo esse casal. E a Melissa cuidando da Emily também. Agora é torcer para ela ficar bem e voltar com tudo para o concurso.
P.S: o nome da minha irmã é Melyssa haha.
P.S²: eu disse que o circo iria pegar fogo.
Faltam nove dias para o Natal!
Beijinhos e bengalas de açúcar!
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