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Capítulo 9

Entrei no bar e me dirigi até o balcão.
— Uma dose de Bourbon — falei, enquanto apoiava os cotovelos na madeira e afundava o rosto em minhas duas mãos.
— Saulo?
Olhei pra cima, confuso.
— Aurora? — Ela estava do outro lado do balcão. — O que está fazendo ai?
Ela riu com minha surpresa.
— Eu trabalho aqui — ela deu a resposta mais óbvia. Não iria arriscar perguntar se Gus sabia disso, pareceria estúpido demais.
— Em pleno natal?
— Bem... Tecnicamente, não é mais Natal. — Ela olhou para o relógio em cima de sua cabeça. Marcava 00:05hrs.
Franzi o cenho, ainda mais confuso, ela trabalhava em dois lugares? Mas não iria questionar, já estava com a cabeça cheia. Voltei a afundar o rosto em minhas mãos.
— Dia difícil?
— É... — rumorejei.
Levantei o rosto mais uma vez, ao ouvir um ruído de algo se arrastando na madeira do balcão.
Aurora havia colocado duas doses de Bourbon em minha frente.
— Também não tive um dia bom — ela deu de ombros.
— Eu pedi... uma dose... — tentei não parecer rude, como se tratava de Aurora, era melhor tomar cuidado com as palavras.
— Eu sei. A outra é pra mim.
Estreitei os olhos, desconfiado. Era um truque? O pouco que eu sabia sobre Aurora, é que ela desprezava bebida alcoólica.
— Eu sei, não faz meu feitio. Mas acho que o dia de hoje pede, e eu não teria alguém pra me acompanhar nisso. Então, que seja... — Deu de ombros e levantou o pequeno copo em frente ao seu rosto.
Eu ainda não estava botando fé naquilo, mas de qualquer maneira, já que ela estava fazendo por vontade própria, que mal faria?
Levantei o meu copo frente ao dela, e ela deu um meio sorriso. Por algum motivo, aquilo me dava uma pontada de medo, não parecia a mesma Aurora que eu detestava e que adorava discutir comigo.
Engolimos junto a dose de Bourbon. Ela apertou os olhos, numa careta que me fez rir.
— Argh! Como vocês gostam disso? Tem um gosto horrível!
— Não gostamos, na verdade. — Sorri. —Gostamos mesmo é do efeito que traz...
— Faz sentido. Espero que a sensação compense o gosto...
Ela sorriu de leve e eu não respondi, estava muito distante pensando em como ela estava particularmente mais legal naquela noite. Então, voltou a seus afazeres atrás do balcão, parecia ter ficado um pouco sem jeito. Talvez eu estivesse estendido demais meu olhar em seu sorriso, de forma totalmente incalculada, afinal, eu não estava reparando nele especialmente.
Não me desculpei, poderia ser coisa da minha cabeça.
Depois de algum tempo, encarando estaticamente o copo, pedi mais uma dose de Bourbon.
— Vai conseguir ir pra casa depois? — Aurora perguntou, enquanto derrubava o líquido com precisão sobre o pequeno copo.
— Precisaria de muitas dessas pra me derrubar — comentei.
Ela ergueu as sobrancelhas, acreditando de fato.
— Acho que uma já foi o suficiente pra mim... Pelo menos, ainda não estou errando a boca do copo... — Ela riu baixinho.
Houve um pequeno silêncio entre nós, então resolvi arriscar a pergunta.
— Então... Estamos mesmo dando uma trégua? — perguntei, passando o dedo nas bordas do copo, despreocupado.
Ela pareceu surpresa que entrei neste assunto.
— É o que parece... — deu de ombros.
Não iria perguntar quando foi que decidimos isso; por mais que meu lado sórdido gostasse de irritá-la, conhecer essa outra parte de Aurora não estava sendo tão ruim. Ela não era assim tão chata, no fim das contas.
— Há quanto tempo está trabalhando aqui? Confesso que aqui é um dos lugares que mais gosto de esfriar a cabeça e nunca te vi...
— Hoje faz três dias. E antes que me pergunte, sim, ainda trabalho na cafeteria. É mais um trabalho pra conseguir uma grana extra, entende?
Peguei o copo e tomei o Bourbon num só gole.
Na verdade, eu não entendia. Como era possível uma única pessoa trabalhar em dois lugares? Mas podia imaginar; Gus havia me dito algumas vezes sobre querer emprestar dinheiro à Aurora, não sabia ao certo pra qual finalidade, devia ser algo relacionado à dividas de família; o que o intrigava era que ela nunca aceitava. Era típico de Aurora querer resolver tudo sozinha, Gus costumava dizer que ela queria carregar o mundo em suas costas, e na época eu não entendia o que ele queria dizer com isso; agora estava começando a ter uma ideia.
Qualquer que fosse seu motivo para beber uma dose de Bourbon, era suficientemente enigmático.
— E como você disse, aqui é um lugar tranquilo, onde as pessoas gostam de esfriar a cabeça, seja sozinho ou com amigos, não costuma ter muita confusão né... Então, não é tão diferente da cafeteria...
Assenti devagar.
— Mas que mal lhe pergunte, o que te traz aqui hoje? Além de ser natal... — ela riu baixinho.
Então já estava fazendo referências a meu respeito? Achei engraçado como sutilmente ela criava uma espécie de intimidade comigo, e por algum motivo eu estava deixando.
Eu sorri, mas não respondi. Não sabia aonde começava e aonde terminava essa nova cordialidade.
Ela sorriu de volta, um pouco sem jeito, e voltou aos afazeres.
Enquanto meus pensamentos voltaram a desvairar. Coisas absurdas começaram a passar em minha cabeça, como eu me formando em Harvard, colocando o terno de meu avô, minha mãe doente e eu não me importando com isso, meu pai não me reconhecendo mais, logo ele. E no final das contas, eu me tornaria quem eu mais desprezava.
— Você já sentiu como se alguém estivesse te manipulando indiretamente? — perguntei à Aurora, enquanto girava o pequeno copo em meus dedos. As palavras saíram de minha boca, sem meu controle.
Ela olhou pra mim, surpresa com a pergunta e parou pra pensar por um momento.
— Na verdade, acho que somos manipulados indiretamente o tempo todo.
— Não... Eu quero dizer, algo como alguém ter o controle da sua vida... Alguém que precisa apenas apertar um botão para as coisas acontecerem da maneira que planeja.
Ela franziu o cenho.
— Não entendi muito bem...
O que eu estava fazendo? Desabafando com Aurora? Isso ia além do que era permitido entre nós dois. Estava fora de nexo. Por mais que falar, aliviasse um pouco a tensão.
— Estou falando demais, esquece.
— Pode dizer, Saulo. Também sou uma boa ouvinte, e se eu puder ajudar...
— Obrigado pelo drink. — Levantei-me. — E pela conversa... —Coloquei uma nota de duzentos reais no balcão e me virei para ir embora.
— Espera, seu troco!
Fingi não escutá-la e continuei andando. Ela podia ficar com o troco, não era essa exatamente a minha preocupação.

(...)

Entrei em casa como um gato sorrateiro, olhando por todos os lados, mas apenas minha mãe estava na sala, sentada no sofá, concentrada em seu livro da vez, — só daquela semana, devia ser o terceiro.
— Seu avô está dormindo desde as 22h, se é o que quer saber — ela disse, sem tirar os olhos da página.
Suspirei de alívio.
— Velhos... O pouco de vida que lhes restam, gastam dormindo...
— Você não tem jeito mesmo né...
Sorri, divertindo-me.
Subi até meu quarto, nas pontas dos pés para não acordar o velho, apesar de que era bem possível que ele sentisse meu cheiro e levantasse apenas pra me importunar.
Em meu quarto, peguei um embrulho em cima do meu guarda-roupa e voltei pra sala. Cheguei de mansinho por trás de minha mãe, e quando estava suficientemente perto, dei um beijo em seu rosto, me movendo frente à frente.
— Feliz natal — falei, entregando o embrulho, num sorriso bobo.
Um sorriso singelo formou-se em seu rosto.
— Todo ano você consegue me surpreender. Quando penso que você não suporta mais o Natal... — ela comentava, enquanto abria a fita vermelha.
— Ainda suporto... por você.
Seus olhos brilharam.
— Você é um doce, filho.
— Ah, mãe. Também não exagera né...
Ela riu. Logo o embrulho se desprendeu da fita, mostrando o presente. Ela colocou as duas mãos na boca, surpresa. Uma lágrima rolou por sua maçã do rosto.
— Filho... — tentava dizer, mas ainda estava sem reação. — Como conseguiu essa foto?
Ela apreciava a moldura. Era uma foto pintada a mão de nossa família. Nela estava eu, meus pais, meu irmão e nossa cachorra que havia morrido pouco tempo depois que meu irmão partiu. Essa foi a última foto que tiramos juntos, quando meu irmão ainda não apresentava nenhum sintoma, duas semanas depois descobrimos a doença e depois disso não tiramos mais nenhuma foto. Era a nossa última lembrança boa em família, meu irmão fez questão que ela ficasse em sua mesa de cabeceira do hospital; ele dizia que quando se sentia sozinho, olhava para a foto e era o que o confortava. Mas a foto se perdeu, quando alguém da família foi buscar os pertences do meu irmão no hospital, no qual ele não se encontrava mais.
— Na verdade não consegui... Eu tenho uma foto com o Rique, onde essa foto aparece de fundo. Bom... Um pintor fantástico conseguiu refazê-la. Demorou, mas o resultado não podia ser mais incrível. Está perfeito, não está?
— Muito mais do que perfeito, tem até a manchinha no olho esquerdo da Laika. Esse pintor só pode ser um anjo!
— Que bom que gostou — sorri, satisfeito.
— Não existiria presente melhor. Te amo, filho! — Ela me abraçou forte.
— Eu também te amo.

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