Capítulo 3
A viagem até Austin passou mais rápido que pensei que seria.
Paolo me explicou sobre tudo e todos na fazenda.
Maria supervisiona a casa com outras trabalhadoras, e Ryan os homens que trabalham na fazenda. Ryan é o chefe de todos para dizer a verdade.
- Será que esse tal de Ryan não irá achar que estou querendo roubar seu emprego? - Pergunto.
- Emma a fazenda é sua meu bem. - Diz Paolo. - Ryan trabalha para você.
- Vão achar que sou uma entrusa. - Digo. - Há anos não vou a fazenda, e agora tenho que chegar mandando em tudo.
- Não se preocupe Emma. - Tenta me tranquilizar. - Irão te respeitar.
Tenho a sensação que estou em um beco sem saída, e não a escapatória para mim.
- Senhor Paolo? - O chama um homem desconhecido.
- Carlos. - Paolo o cumprimenta. - Essa é Emma, a dona da fazenda.
- Muito prazer senhora. - Diz Carlos.
- Senhorita. - Retribuo o cumprimento. - O prazer é todo meu Carlos.
Ele sorri amarelo para mim, e abaixa a aba do chapéu de palha.
- Achei que Ryan iria vir ao nosso encontro. - Diz Paolo.
- Uma égua entrou em trabalho de parto. - Carlos diz. - Então Ryan estava ajudando os rapazes, e pediu para que eu viesse lhes buscar.
- Tudo bem. - Paolo sorri.
Carlos pega uma das minhas malas e coloca em uma caminhonete. Em seguida coloca as outras.
- Obrigada. - Agradeço.
Carlos me olha surpreso e sorri.
Tenho a sensação que pensam que sou uma patricinha mimada, mal educada que não se importa com ninguém.
Mas terão uma bela surpresa comigo. Não suporto pessoas mesquinhas que precisa diminuir o próximo para se sentir superior.
- Por nada senhorita.
Paolo abre a porta traseira da camionete para mim.
Jogo minha bolsa em cima do banco e me sento logo em seguida. Coloco o cinto de segurança e espero pela partida.
É tudo tão novo para mim, não me recordo de nada do que já tenha visto em Austin.
O que me faz me perguntar se negligenciei minha vó.
Ela não gostava de cidade, só ia em Nova York para visitar mamãe e a mim. Vovó passou sua vida nesse lugar, enquanto eu estava preocupada com coisas que não são tão importante quanto a família.
- Fizeram uma boa viagem? - Pergunta Carlos interrompendo o silêncio.
- Sim obrigada. - Diz Paolo.
- Animada com a mudança senhorita? - Pergunta Carlos.
- Pode me chamar de Emma. - Digo. - A sobre a mudança... animada não seria a palavra certa. - Sorrio fraco. - Estou me acostumando com a idéia de deixar minha mãe e minha vida para trás.
Carlos me observa pelo retrovisor da caminhonete.
- Sua vó falava muito sobre você. - Diz. - A neta que lhe deu tanto orgulho.
Meus olhos se enchem de lágrimas com a informação que Carlos me dá.
- A neta egoísta que a deixou morrer sozinha. - Enxugo as lágrimas do meu rosto.
- Sua vó nunca a culpou por escolher a cidade grande Emma. - Diz Carlos. - Ela te amava e tinha orgulho de você.
- E mesmo assim quando ela precisou que eu estivesse ao seu lado, eu não estava. - Digo baixinho.
- Não teria nada que você pudesse fazer Emma. - Diz Paolo. - Não se sinta culpada por algo que não foi sua culpa.
Mas mesmo assim me sinto culpada.
Vovó uma semana antes de falecer me ligou, e disse que desejava me ver. Mas não pude vir ao seu encontro porque tinha um desfile de moda naquela semana.
Então uma semana depois ela se foi, e eu não estava ao seu lado.
Ela poderia estar prevendo o que iria acontecer, mas fui egoísta demais para fazer sua vontade.
- Me sinto culpada Paolo. - Digo entre soluços.
- Emma me escute meu bem. - Tenta me tranquilizar. - Você não podia saber que isso iria acontecer. E mesmo que soubesse não poderia ter feito nada para impedir.
- Mas estaria ao seu lado. - Digo. - Ela teria me visto antes de partir. Poderia me abraçar e me dizer que me amava como sempre fazia. Mas onde eu estava? - Pergunto. - Em uma droga de desfile enquanto ela morria.
Vovó teve um infarto fulminante enquanto dormia. Foi encontrada morta em seu quarto no outro dia.
Meu mundo acabou quando recebi a notícia. Fiquei tão abalada que não queria ver seu corpo sobre um caixão, assim que chegou a Nova York.
Não queria que minha última lembrança da mulher feliz e sorridente, fosse vê-la pálida dentro de um caixão.
Vovó foi enterrada ao lado do túmulo de meu avô e de meu pai.
Sei que agora é tarde para reclamar e se arrepender, mas mesmo assim é tão difícil saber que nunca mais irei vê-la. Nunca mais irei ver seu sorriso sincero. Ela não irá puxar minha orelha quando fizer algo estúpido. Não irá me dizer que me ama mais do que tudo no mundo.
Devemos dar valor a nossa família enquanto podemos, pois depois da morte o que nos resta é arrependimentos.
- Você sabe que Amélia não iria gostar de lhe ver assim, se culpando. - Diz Carlos.
- Ela iria me dar uma bronca. - Digo sorrindo em meio as lágrimas. - E depois diria que sou uma mulher forte.
- Ela tinha razão. - Diz Paolo. - Você é uma mulher forte.
Lhe dou um sorriso fraco, encosto minha cabeça no vidro da caminhonete, pego meu celular e começo a olhar nossas fotos juntas.
Passo meu dedo sobre a tela do celular em rosto, e continuo chorando baixinho.
Sei que irei chegar a fazenda com os olhos e o rosto inchado, mas pouco me importo. Ninguém sente a dor que sinto em meu coração.
Acabo adormecendo enquanto Carlos continua com a viagem até nosso destino final.
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- Emma? - Escuto alguém me chamar.
- Oi? - Digo bocejando.
- Chegamos. - Diz Paolo sorrindo.
Passo as mãos por meu cabelos bagunçados. Sinto meus olhos inchados e minhas bochechas quentes.
Pego minha bolsa sobre o banco e me obrigo a descer da caminhonete.
Olho em volta e por alguns segundos perco o fôlego.
Há uma casa de dois andares em minha frente, rodeada por árvores e flores. De um lado pastos e do outro também. Escuto alguns homens gritando, então procuro com o olhar e me deparo com um curral um pouco distante da casa. Parecem estar mechendo com gado, mas não sei dizer ao certo.
- Bem vinda senhorita. - Deseja uma mulher de meia idade.
- Obrigada. - Sorrio abertamente.
- Me chamo Maria. - Me cumprimenta.
- Muito prazer Maria. - Retribuo o cumprimento. - Sou Emma.
Maria me estuda por um tempo, mas logo em seguida coloca um sorriso nos lábios.
- Tão linda quanto nas fotografias. - Diz Maria.
- Obrigada. - Sorrio sem graça. - Nas fotografias tenho certeza que estou mais arrumadinha. - Pisco para ela.
- Que nada querida. - Segura meu braço. - Mesmo com o rosto avermelhado e um pouquinho inchado, ainda assim continua linda.
- Bondade da sua parte. - Digo. - Devo estar horrível.
Maria me dá um tapa de leve em meu braço e sorri para mim.
- Vou ajudar Carlos a levar suas coisas para dentro. - Diz.
- Obrigada Maria. - Agradeço.
Minha atenção se volta para um homem vindo em minha direção.
Ele caminha com uma confiança esmagadora, o que me causa um pouquinho de inveja.
Quando ele chega mais perto percebo o quanto é bonito. Está com um chapéu sobre sua cabeça, uma calça jeans desgastada, e uma camiseta xadrez aberta até o peito.
- Já olhou o suficiente dona? - Pergunta com um sorriso zombeteiro.
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Bom dia meninas.
Como tens passado?
Espero que gostem do novo capítulo.
Até segunda-feira com o próximo. ❤
Um bom final de semana a todos com as bênçãos de Deus. ❤👐
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