Versos Sem Rimas
"Na verdade, o que mais dói nas pessoas não é a decepção, mas a felicidade que poderia ter sido vivida, mas não foi vivida."
Kate
O espírito natalino pairava no ar, trazendo consigo a magia e a alegria que só essa época do ano pode proporcionar. Fui convidada por Tiago e Adrielly para celebrar o Natal na casa deles, e sabia que o Senhor Lewis também estaria presente. Estava ansiosa para esses momentos de confraternização e amor.
Naquele momento, eu me encontrava em uma loja de roupas junto com Rodríguez, que estava determinado a encontrar o vestido perfeito para mim. Ele parecia mais empolgado do que eu, vasculhando as araras e pegando diversos modelos.
- E que tal esse? - perguntou Rodríguez, segurando um vestido que, para mim, não tinha nada a ver com meu estilo. Mesmo assim, ele pegou o vestido e colocou no carrinho, determinado a me fazer experimentar.
Eu havia explicado que a exposição foi adiada devido às festividades de Natal e Ano Novo, mas Rodríguez insistia que eu deveria aproveitar para escolher um vestido não só para o Natal, mas também para a exposição. Ele era persistente e cheio de entusiasmo, como sempre.
- Vamos lá, pelo menos experimente! - disse ele com um sorriso encorajador.
Relutante, mas contagiada pelo seu entusiasmo, decidi dar uma chance. Afinal, a magia do Natal pode estar também em experimentar coisas novas e sair da zona de conforto. E quem sabe, talvez eu encontrasse o vestido perfeito para brilhar tanto na noite de Natal quanto na exposição.
Conforme a tarde avançava, a loja foi se enchendo com as luzes brilhantes e os sons festivos de canções natalinas. Rodríguez, com sua energia contagiante, parecia incansável. Ele continuava a puxar vestidos das araras, cada um mais extravagante que o outro.
- E esse aqui? - ele perguntou, segurando um vestido vermelho com detalhes em dourado que lembravam os enfeites de Natal.
Suspirei, mas sorri. - Tudo bem, vou experimentar esse também.
Dirigi-me ao provador com um braço cheio de vestidos. Enquanto experimentava cada peça, não pude deixar de pensar em como seria a festa na casa de Tiago e Adrielly. Imaginava a árvore de Natal decorada com esmero, as luzes piscando alegremente e o aroma de comidas deliciosas se espalhando pela casa. Sentia um calorzinho no coração só de imaginar.
Rodríguez, por sua vez, estava do lado de fora do provador, ansioso para ver cada um dos vestidos. - Vamos, mostra aí! - ele exclamou.
Abri a cortina e saí, vestida com o vestido vermelho. Rodríguez avaliou com um olhar crítico e depois sorriu.
- Está lindo! Mas acho que podemos encontrar algo ainda melhor.
E assim continuamos, vestido após vestido, risada após risada. Mesmo que a tarefa de encontrar o vestido perfeito fosse exaustiva, a companhia de Rodríguez tornava tudo mais leve e divertido.
Finalmente, depois de muitas tentativas, encontrei um vestido que realmente me encantou. Era um elegante vestido vermelho escuro, com um corte simples mas sofisticado, que realçava minhas melhores características sem ser exagerado. Rodríguez aprovou imediatamente.
- Esse é perfeito! - disse ele, satisfeito.
Olhei-me no espelho e concordei. - Acho que encontramos, afinal.
Saímos da loja com um sentimento de missão cumprida e a expectativa de uma noite mágica de Natal. Agradeci a Rodríguez pela paciência e ajuda, e ele deu de ombros, sorrindo.
- Tudo pelo Natal - disse ele, piscando um olho.
Mal podia esperar para compartilhar essa noite especial com Tiago, Adrielly, Senhor Lewis e todos os outros. Afinal, o Natal é sobre estar com as pessoas que amamos e criar memórias que aquecem o coração. E, claro, um vestido lindo não faz mal a ninguém!
Saindo da loja de vestidos, com a sacola em mãos e um sorriso no rosto, Rodríguez e eu nos dirigimos à próxima missão: encontrar os presentes perfeitos para Adrielly, Tiago e Sr. Lewis.
- Temos que pensar em algo especial para cada um deles - disse Rodríguez, enquanto caminhávamos pelas ruas encantadoramente decoradas com luzes de Natal. A cidade parecia saída de um conto de fadas, com neve caindo suavemente e vitrines brilhando.
Primeiro, entramos em uma loja de artesanatos. Adrielly era uma criança cheia de energia e criatividade. O interior da loja era um espetáculo de cores e texturas. Pinturas, esculturas, tecidos e tintas estavam dispostos em prateleiras e mesas, criando um ambiente acolhedor e inspirador. Rodríguez logo avistou um conjunto de pincéis personalizados, com cabos pintados à mão e cerdas macias de alta qualidade.
- Olha só esses pincéis personalizados! - exclamou ele, segurando a caixa com entusiasmo. Seus olhos brilhavam como os de uma criança.
- Acho que a Adrielly vai adorar! - respondi, sentindo a mesma empolgação. Imaginava a pequena artista criando suas obras-primas com um sorriso no rosto.
- Então está decidido - disse Rodríguez, colocando os pincéis no carrinho de compras.
Após selecionarmos os pincéis, passamos pelo processo de personalização. Escolhemos gravar o nome de Adrielly em cada um dos cabos, e a loja ofereceu embrulhá-los em um papel de presente vibrante, com um laço dourado.
- Ficaram maravilhosos - comentei, admirando o resultado final.
- A Adrielly vai se sentir uma verdadeira artista com esses pincéis - acrescentou Rodríguez, satisfeito.
Seguimos então para uma loja de grife. Tiago não era fã de camping, mas tinha uma verdadeira paixão por acessórios. Ao entrarmos na loja, fomos recebidos por um ambiente elegante e sofisticado. Relógios, joias e bolsas de marcas renomadas estavam expostos em vitrines iluminadas.
- Lembra daquele Rolex de edição limitada que ele mencionou? - perguntei a Rodríguez, enquanto passávamos pelos displays.
- Sim, estávamos falando sobre isso outro dia - respondeu ele, com um sorriso de quem já sabia onde encontrar o presente perfeito.
Encontramos o relógio, uma peça deslumbrante com um mostrador azul profundo e detalhes em ouro. Rodríguez o pegou com cuidado e o exibiu para mim.
- Que tal esse relógio? - sugeriu ele, com um sorriso confiante.
- Um Rolex? Está achando que eu sou rica, meu Cariño? - brinquei, lembrando que havia acabado de terminar de pagar meu carro. - Mas ele mencionou que queria um desses da última vez que nos encontramos - continuei, animada. - Ele vai ficar super feliz!
- Então, esse é o presente para ele - disse Rodríguez, colocando o relógio no carrinho de compras.
Com o presente de Tiago garantido, nos dirigimos à loja de vinhos e queijos. O Sr. Lewis era um verdadeiro apreciador de bons vinhos e queijos artesanais. A loja tinha um aroma irresistível de queijos curados e vinhos envelhecidos. Prateleiras repletas de garrafas de vinho e cestas gourmet nos cercavam.
- Precisamos encontrar algo realmente especial para o Sr. Lewis - disse Rodríguez, enquanto examinávamos as opções.
- Que tal essa cesta gourmet? - sugeri, apontando para uma bela cesta repleta de queijos finos, embutidos e uma garrafa de vinho tinto de uma safra especial. Até mesmo uma pequena lembrança para o cachorro do Sr. Lewis, um osso de couro, estava incluída.
- Perfeita! Ele vai adorar compartilhar essa cesta com os amigos e a família - comentou Rodríguez, satisfeito.
- E o cachorrinho dele também vai ficar feliz com o osso! - acrescentei, rindo.
Com todos os presentes comprados e embalados, saímos da loja sentindo o espírito natalino mais forte do que nunca. As luzes piscantes das ruas refletiam nosso entusiasmo e alegria. Rodríguez e eu nos despedimos na esquina da rua principal, prometendo nos encontrar mais tarde para a festa.
- Foi um dia e tanto - disse ele, sorrindo. - Até mais tarde!
- Até mais! - respondi, acenando.
Enquanto eu caminhava para casa, não pude deixar de me sentir grata por ter amigos tão especiais e por poder compartilhar momentos tão preciosos com eles. O Natal, afinal, não é apenas sobre os presentes, mas sobre as pessoas que tornam nossas vidas mais ricas e significativas. E eu não poderia estar mais feliz em ter Rodríguez, Tiago, Adrielly e Sr. Lewis ao meu lado.
Rodríguez sempre foi um amigo leal e atencioso. Ele tinha um jeito particular de transformar tarefas simples em aventuras memoráveis. Como hoje, por exemplo, ao escolhermos presentes, ele trouxe um toque de magia e entusiasmo que fez todo o processo ser mais divertido e significativo.
Chegando em casa, acendi a lareira e me sentei na poltrona com uma xícara de chá quente. O aroma do chá de canela e maçã se espalhou pelo ambiente, trazendo uma sensação de aconchego. Fiquei ali, refletindo sobre o dia e sobre a importância das amizades.
Decidi escrever algumas cartas de agradecimento. Peguei papel de carta e uma caneta dourada, e comecei a escrever, deixando meu coração transbordar em palavras.
"Querida Adrielly," escrevi, "Seu espírito criativo ilumina nossas vidas. Espero que esses pincéis inspirem muitas novas obras de arte. Com carinho, Kate"
Para Tiago, escrevi: "Querido Tiago, Sua paixão por acessórios sempre me encantou. Que este Rolex seja um lembrete de como você é especial para todos nós. Com carinho, Kate"
E para o Sr. Lewis: "Caro Sr. Lewis, Sua paixão por vinhos e queijos sempre nos trouxe momentos deliciosos. Espero que esta cesta gourmet torne suas festas ainda mais especiais. Com carinho, Kate "
Por fim, escrevi para Rodríguez: "Querido Rodríguez, Seus gestos de amizade tornam cada momento inesquecível. Obrigada por um dia maravilhoso e por ser um amigo tão especial. Com carinho, Katherine"
Depois de selar as cartas, coloquei-as ao lado dos presentes, prontos para serem entregues. Olhei ao redor da sala decorada para o Natal e senti meu coração aquecer. O espírito natalino estava em todos os detalhes, mas, sobretudo, estava presente nas conexões e nos laços que compartilhava com aqueles que amava.
No fundo, sabia que o verdadeiro presente era a amizade e o amor que nutríamos uns pelos outros. E, com isso, adormeci, embalada pela certeza de que este Natal seria inesquecível, não pelos presentes, mas pelas pessoas que faziam parte da minha vida
Meu celular vibrou na mesa , interrompendo meus pensamentos. Peguei-o distraidamente e vi uma notificação do Instagram. Bianca havia postado uma nova foto com a legenda: "Feliz Navidad". Abri a postagem com um suspiro, já imaginando o que encontraria.
Lá estavam todos, reunidos na casa dos meus avós, como faziam todos os anos. Minha mãe, com seu sorriso caloroso, segurava uma bandeja de doces natalinos. Meu pai, sempre o piadista, tinha um gorro de Papai Noel na cabeça e fazia uma pose engraçada. Meus primos e primas estavam espalhados pela sala, rindo e se divertindo. Até meus tios, que raramente apareciam nas fotos, estavam ali, com expressões de alegria genuína.
O que mais me chamou a atenção foi a felicidade estampada nos rostos deles. Eles pareciam tão completos, tão plenos, como se minha ausência não tivesse deixado nenhum vazio. Era como se eu fosse apenas um vulto, uma sombra que nunca realmente esteve ali. A sensação de ser invisível, de não fazer falta, apertou meu coração de um jeito que eu não esperava.
Deslizei o dedo pela tela, ampliando a foto, procurando qualquer sinal de melancolia, qualquer indício de que minha falta fosse sentida. Mas tudo o que vi foram sorrisos largos e olhares brilhantes. Eles estavam vivendo o momento, celebrando o Natal, sem uma sombra de tristeza.
A realidade me atingiu como um soco no estômago. Era difícil aceitar que a vida continuava, mesmo sem mim. Meus pensamentos começaram a vagar, lembrando dos Natais passados, quando eu estava lá, no centro da confusão, rindo e brincando com todos. A nostalgia me envolveu, trazendo à tona uma onda de sentimentos conflitantes.
Fechei os olhos por um momento, tentando absorver a dor silenciosa que se instalava em meu peito. Talvez, pensei, a vida fosse assim mesmo. As pessoas seguiam em frente, encontravam novas maneiras de ser felizes, de celebrar, mesmo quando alguém importante estava ausente. Mas isso não diminuía a sensação de ser esquecido, de ser apenas uma memória distante.
Respirei fundo e coloquei o celular de volta na mesa. Decidi que não deixaria essa tristeza me consumir. Mesmo longe, eu ainda fazia parte daquela família, ainda tinha meu lugar no coração de cada um deles, mesmo que não estivesse evidente na foto. Era hora de criar minhas próprias tradições, encontrar minha própria felicidade, sem depender da presença física dos outros.
Feliz véspera de Natal, sussurrei para mim mesma, tentando encontrar um fio de esperança na solidão. Peguei os comprimidos para dormir, buscando um alívio passageiro, mas antes de tomá-los, algo me fez hesitar. Olhei para a janela e vi a neve caindo suavemente, cobrindo tudo com um manto branco e tranquilo.
Lembrei-me das histórias que ouvi quando criança, sobre como a noite de Natal era mágica e cheia de possibilidades. Decidi que naquela noite, eu também poderia criar algo mágico para mim. Guardei os comprimidos de volta na gaveta e fui até a cozinha. Preparei um chá quente, coloquei uma música suave para tocar e acendi algumas velas.
Peguei um caderno e uma caneta e comecei a escrever. Escrevi sobre meus sonhos, minhas esperanças , meu passado e tudo o que desejava para o futuro. Senti um calor suave preencher meu coração, como se cada palavra escrita fosse um passo em direção à minha própria felicidade.
Aquela noite não precisava ser triste. Eu podia transformá-la em um momento de autodescoberta, de amor próprio e de novas tradições. E assim fiz. Brindei comigo mesma, não com tristeza, mas com a certeza de que estava no caminho certo para encontrar minha própria luz.
Feliz véspera de Natal, disse novamente, desta vez com um sorriso no rosto e o coração mais leve.
A manhã seguinte chegou com uma leveza inesperada. A luz do sol invadiu o quarto, filtrada pelas cortinas, como uma promessa de um novo dia repleto de possibilidades. Levantei-me devagar, saboreando o despertar sem pressa, sentindo o frescor do ar que entrava pela janela aberta.
Na cozinha, preparei um café da manhã especial: panquecas com frutas frescas, um suco de laranja espremido na hora e, claro, uma xícara de café forte. Sentei-me à mesa com meu prato colorido e o caderno aberto. Decidi que aquele seria o início de um novo hábito: registrar minhas manhãs, refletir sobre meus sentimentos e planejar pequenos momentos de alegria para o dia.
Com o caderno preenchido de novas resoluções e pensamentos, saí para dar uma caminhada no parque. O ar fresco da manhã parecia revitalizar cada célula do meu corpo. Observava as pessoas ao meu redor - algumas correndo, outras passeando com seus cães, crianças brincando no playground. Havia uma sensação de comunidade, de vida pulsante, que me enchia de energia.
Quando percebi, o sol já estava alto no céu e o relógio marcava quase 13h. Lembrei-me da festa de Natal na casa de Tiago e Adrielly, que começaria em breve. Decidi retornar rapidamente para casa, correndo para chegar a tempo de trocar de roupa e arrumar meu cabelo.
Ao chegar em casa, a ansiedade e a pressa tomaram conta de mim. Entrei em meu quarto e comecei a escolher cuidadosamente o traje perfeito para a ocasião. Encontrei um vestido elegante e confortável, que realçava minha confiança e personalidade. Em frente ao espelho, fiz meu cabelo de maneira que me sentisse bonita e confiante.
Enquanto me preparava, senti uma leve emoção percorrer meu corpo. Era a expectativa de compartilhar momentos especiais com pessoas queridas, de celebrar a união e o amor em uma noite tão especial como a véspera de Natal.
Com o coração cheio de alegria e antecipação, saí de casa em direção à festa. Sabia que aquele seria um momento para criar novas memórias, fortalecer laços e encher meu coração de gratidão.
Enquanto me aproximava da casa de Tiago e Adrielly, a energia festiva no ar era palpável. A música alegre e as vozes animadas ecoavam pelo ambiente, criando uma sinfonia acolhedora que me convidava a participar de uma noite repleta de sorrisos e abraços calorosos.
Ao cruzar a entrada, fui recebida com entusiasmo pelos anfitriões. Adrielly me envolveu em um abraço caloroso enquanto Tiago depositava um beijo afetuoso na minha bochecha. A sensação de acolhimento era imediata, e eu me sentia genuinamente amada naquele espaço mágico, adornado com luzes de Natal cintilantes e uma decoração encantadora que refletia perfeitamente o espírito da celebração.
- Kate, seja bem-vinda! - exclamou o senhor Lewis, enquanto me cumprimentava com dois beijinhos, um em cada lado da minha bochecha.
A noite continuou com mais encontros afetuosos. Tiago me apresentou a todos, incluindo a sua tia Stephanie, que me recebeu com um sorriso caloroso.
- Que linda garota você é! Vermelho é definitivamente a sua cor - disse ela, animada.
- Obrigada - respondi, sentindo-me lisonjeada.
- Com o que você trabalha? - perguntou ela, olhando diretamente nos meus olhos.
- Eu sou artista, faço arte - respondi com entusiasmo.
- Ah, mas eu perguntei com o que você trabalha, o que você faz para ganhar dinheiro? - insistiu ela, gesticulando com a boca como se eu não tivesse entendido sua pergunta.
Senti um leve desconforto com a insistência dela, mas mantive a compostura.
- Eu sou artista profissional. Minha arte é o que me sustenta - expliquei calmamente, com um sorriso.
- Pensei que você fosse uma executiva ou algo do gênero. Por favor, não me entenda mal. Você mora sozinha aqui? - perguntou Stephanie, cuja curiosidade começava a me cansar.
- Meus pais moram nessa cidade, mas eu já não moro mais com eles - respondi, agora sem o sorriso de antes.
- Se eu fosse sua mãe, não deixaria você sair com esse cabelo - disse ela, tocando nos meus cachos presos em um coque.
Aquela observação ultrapassou os limites da minha paciência. Respirei fundo e, mantendo a compostura, respondi com firmeza:
- Se eu fosse sua filha, eu sairia.
O ambiente ao nosso redor pareceu congelar por um momento, enquanto todos absorviam a tensão que se instalara. Percebi que Tiago e Senhor Lewis, os anfitriões, se entreolharam, preocupados. Não era minha intenção criar um clima desconfortável, mas algumas linhas não deveriam ser cruzadas.
Tiago, sempre a mediador, rapidamente interveio com um sorriso caloroso:
- Kate, por que não vem me provar essa salada? Tenho certeza de que você vai adorar.
Agradeci a oportunidade de escapar da situação e segui Tiago até a cozinha. Aquele breve momento de tensão logo se dissipou, substituído por risos e conversas leves.
Na cozinha, Tiago me ofereceu um prato de salada fresca, e eu aceitei com um sorriso. Ele se aproximou e me deu um leve selinho, uma demonstração de carinho que ajudou a aliviar o peso do momento anterior.
- Desculpa pela tia Stephanie, às vezes ela pode ser um pouco inconveniente - disse Tiago, gentilmente.
- Tudo bem, Tiago. Eu sei que ela não fez por mal - respondi, apreciando o esforço dele para me confortar.
- Você está divina nesse vestido - acrescentou Tiago, com um sorriso encantador.
Antes que eu pudesse agradecer, um grupo de mulheres entrou apressadamente na cozinha, chamando Tiago para ajudá-las com alguma coisa. Ele me lançou um olhar de desculpas antes de ser arrastado para fora pela enxurrada de vozes.
Enquanto ele se afastava, uma das mulheres se aproximou de mim. Ela tinha um olhar avaliador e uma voz aguda que cortava o ar.
- Belo brinco. Seria melhor se fosse verdadeiro - disse ela, com um tom de desdém.
Eu não hesitei. Mantive a cabeça erguida e o olhar firme.
- Se você conseguiu identificar tão rápido, é porque está usando da mesma fonte - respondi, com um sorriso tranquilo.
Ela recuou um pouco, surpresa com minha resposta firme. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Tiago voltou, agora livre das demandas das outras mulheres.
- Tudo bem por aqui? - perguntou ele, sentindo a tensão no ar.
- Sim, tudo ótimo - respondi, lançando um último olhar para a mulher, que agora parecia um pouco menos confiante.
Tiago me puxou gentilmente para perto de si, como se quisesse me proteger de qualquer outra hostilidade.
- Vamos voltar para a sala? - sugeriu ele, com um sorriso reconfortante.
Fomos até a sala, e quando o senhor Lewis nos avistou, um sorriso caloroso iluminou seu rosto. Ele ergueu sua taça elegantemente e, com um leve toque da colher, chamou a atenção de todos.
- Caros amigos, familiares e colaboradores, - começou ele, sua voz reverberando com um misto de alegria e emoção. - Mais uma vez, temos a honra de compartilhar essa noite de Natal juntos. Cada um de vocês contribuiu para criar momentos inesquecíveis e felizes que enriquecem nossas vidas.
Ele fez uma pausa, seus olhos brilhando enquanto percorria a sala, capturando a essência de cada rosto presente.
- Hoje, meu conselho é simples: continuem a cultivar esses laços preciosos. Que a alegria e a união que sentimos esta noite sejam um farol em nossas vidas, guiando-nos sempre.
Com um gesto gracioso, ele ergueu sua taça mais uma vez.
- À amizade, à família e a todos os momentos maravilhosos que ainda estão por vir. Feliz Natal!
O senhor Lewis, ainda com a taça erguida, fez um gesto convidativo para que todos se aproximassem mais, criando um círculo simbólico de união e camaradagem. A sala estava decorada com luzes cintilantes e guirlandas festivas, espalhando um brilho caloroso que ressoava com o espírito da ocasião.
- Esta noite é especial, - continuou ele, sua voz suave mas firme, ecoando a sinceridade de suas palavras. - Não é apenas uma celebração do Natal, mas uma celebração de todos nós e dos laços que construímos ao longo dos anos. Cada sorriso, cada lágrima, cada desafio superado juntos, fortaleceu nossa conexão e nos tornou a família que somos hoje.
Ele olhou ao redor, seus olhos encontrando os de cada pessoa ali presente, desde os mais jovens até os mais velhos, como se quisesse assegurar que todos se sentissem vistos e apreciados.
- Quero agradecer a cada um de vocês por estarem aqui, por serem quem são e por contribuírem com suas próprias luzes para este momento. Que possamos sempre lembrar que o verdadeiro significado do Natal está no amor e na união que compartilhamos.
Os convidados, tocados pelas palavras do senhor Lewis, ergueram suas taças em uníssono, murmurando concordâncias e brindando àquela noite mágica. A música suave ao fundo começou a tocar mais alto, dando início a uma dança espontânea e alegre.
Estávamos sentados e conversando quando a melodia inconfundível de um tango flamenco preencheu o ar. Tiago rapidamente olhou para mim e, em resposta, nossos olhares se encontraram em um entendimento silencioso. Eu neguei com a cabeça, tentando resistir à tentação, mas era tarde demais. Tiago já havia estendido a mão, um convite irrecusável que fez com que todos ao redor parassem para nos observar. Até mesmo Adrielly, que brincava alegremente com seus primos, interrompeu suas travessuras e voltou a atenção para nós. Um silêncio expectante tomou conta da sala, quebrado apenas pelo som apaixonado do tango que ressoava ao fundo.
Com um suspiro resignado, coloquei minha mão na dele, sentindo a eletricidade do momento percorrer meu corpo. Tiago sorriu, um sorriso confiante e caloroso, enquanto me conduzia ao centro da sala. Os olhares atentos dos convidados nos cercavam como um círculo de luz, intensificando a magia do instante.
Nossos corpos se posicionaram em uma pose clássica de tango, e a música nos envolveu completamente. Cada passo, cada movimento, era uma conversa silenciosa entre nós, uma troca de emoções que transcendia palavras. Tiago guiava com maestria, seus movimentos firmes e fluidos, enquanto eu o seguia, deixando-me levar pela paixão e pela intensidade da dança.
O ambiente ao nosso redor parecia desaparecer, deixando apenas nós dois, conectados pelo ritmo e pela harmonia do tango. A sala, antes cheia de murmúrios e risadas, agora estava imersa em uma atmosfera de encantamento e admiração. Cada passo era uma declaração de amor, cada giro uma promessa de eternidade.
Quando a música finalmente chegou ao fim, nossos corpos pararam, mas nossos corações continuavam a dançar. Aplausos eclodiram ao nosso redor, trazendo-nos de volta à realidade. Tiago, ainda segurando minha mão, olhou profundamente em meus olhos e sorriu, um sorriso que dizia mais do que qualquer palavra poderia expressar.
E assim, naquele momento, sob os olhares emocionados dos convidados, percebemos que aquela dança era mais do que uma simples performance. Era a celebração de um amor verdadeiro, um amor que, como o próprio Natal, trazia consigo a promessa de união e felicidade duradoura.
Adrielly correu até nós, os olhos brilhando de admiração. - Vocês dançam tão bem! - exclamou, agarrando-se às nossas mãos. Tiago se abaixou para ficar na altura dela e, com um sorriso gentil, respondeu: - Você também pode dançar assim um dia. Tudo o que precisa é seguir o ritmo do seu coração.
Peguei no braço de Adrielly e do Tiago e começamos a dançar uma música aleatória, foi um momento divertido porque dançávamos aleatoriamente sem medo de ser julgados ou com receio de errarmos , o importante era se divertir.
- Isso é tão divertido! - exclamou Adrielly, rindo enquanto girava.
- Vamos fazer isso mais vezes! - concordou Tiago, sorrindo amplamente.
Ríamos alto enquanto girávamos, saltávamos e improvisávamos passos, contagiando todos ao nosso redor com nossa energia. Outros convidados, inspirados pela nossa espontaneidade, começaram a se juntar a nós, criando um cenário onde a diversão era a protagonista. A festa, então, entrou em um crescendo de alegria e celebração. A música oscilava entre diferentes estilos, e logo todos se uniram em uma dança coletiva, movendo-se como uma única alma que celebrava a vida, a amizade e o amor.
- Isso aqui está perfeito! - disse ele, puxando-me para mais perto.
- Concordo, Tiago. Não poderia ser melhor. - respondi, sorrindo.
A festa continuou crescendo de alegria e celebração. A música variava de estilos, levando os convidados a se unirem em uma dança coletiva, onde todos se moviam como uma só alma, celebrando a vida, a amizade e o amor. O salão estava decorado com luzes cintilantes e guirlandas festivas, cada detalhe cuidadosamente pensado para criar um ambiente mágico e acolhedor.
Entre conversas e risadas, Tiago e eu trocávamos olhares cúmplices, sabendo que aquele momento era único e especial. Em um canto, o senhor Lewis observava tudo com um sorriso satisfeito, seus olhos refletindo a satisfação de quem vê seus esforços recompensados pela felicidade alheia.
- Vocês estão se divertindo? - perguntou ele, ao passar por nós.
- Muito! Obrigada por tudo, senhor Lewis. - respondi animada.
- Fico feliz em ouvir isso. Aproveitem a noite! - ele respondeu, com um sorriso.
Quando a festa finalmente começou a desacelerar, senti uma mistura de cansaço e satisfação. Os convidados começaram a se despedir, deixando o salão com promessas de futuros reencontros e sorrisos que diziam mais do que palavras poderiam expressar.
- Tiago, essa noite foi incrível. Obrigada por me convidar. - falei, olhando profundamente nos olhos dele.
- O prazer foi todo meu. Vamos fazer isso de novo em breve. - ele respondeu, apertando suavemente minha mão.
- Eu tenho presentes para vocês. Venham comigo - disse animada.
Tiago e Adrielly me seguiram até o meu carro, onde os presentes estavam guardados. Abri a porta e tirei os pacotes com cuidado.
Entreguei o primeiro presente a Tiago, que ficou visivelmente emocionado ao abrir a caixa. - Um Rolex! Você sabe como me conhece bem - disse ele, com um sorriso largo. - Obrigado, mi chica.
Logo em seguida, me virei para Adrielly, que me olhava com curiosidade. Entreguei a ela uma caixa. Quando ela a abriu, seus olhos brilharam de felicidade ao ver o conteúdo. - Para mim? - perguntou surpresa.
- Sim, para você - respondi, sorrindo. - Espero que esses pincéis inspirem muitas novas obras de arte. - Adrielly me abraçou forte, e naquele momento, soube que havia acertado em cheio.
- Claro que eu também comprei algo para o pai de vocês - falei, tirando uma cesta do carro.
Voltamos para dentro da casa do Senhor Lewis. Ele estava na cozinha, preparando um café. - Voltamos, Sr. Lewis - anunciei. - Trouxe algo especial para você.
Ele abriu a cesta com cuidado, examinando cada item com um olhar de apreciação. - Esta cesta é maravilhosa. Obrigado por pensar em mim.
Dei um sorriso; afinal, aquele Natal estava sendo mais bonito do que eu esperava.
- Feliz Natal - falei, dando um beijo na Adrielly.
Tiago trouxe uma caixa de couro para perto de mim e disse: - Feliz Natal. - Ele abriu a caixa e colocou um delicado fio de ouro em meu pescoço. O fio tinha um pingente de girassol, algo sofisticado e único. Ele depositou um beijo suave em meu pescoço antes de se afastar.
- Muito obrigada, nem precisava - falei, levemente alegre.
A noite de Natal foi mágica, cada presente carregava um significado especial e, mais do que isso, simbolizava o amor e a conexão entre todos nós.
Já passava da meia-noite. Adrielly já dormia profundamente em seu quarto, e o Sr. Lewis também havia se retirado para descansar. Os convidados, um a um, já tinham se despedido e ido embora, com exceção de Oliver, que, fiel ao seu espírito festivo e inimigo do fim, decidiu continuar a celebração na casa da piscina.
Tiago e eu permanecemos na varanda da casa, envoltos pela brisa fria do inverno que trazia consigo um aroma fresco e revigorante. A noite estava clara, e a lua cheia iluminava suavemente a paisagem coberta de neve, criando um cenário quase mágico.
- Está tudo bem? - Tiago perguntou suavemente, sua voz baixa quase se perdendo no som do vento.
Sorri, olhando para ele. - Sim, está perfeito. - respondi, sentindo um calor reconfortante se espalhar pelo meu peito.
Ele se aproximou, e juntos, observamos o céu estrelado. A tranquilidade da noite era quase palpável, e o silêncio confortável entre nós falava mais do que qualquer palavra poderia expressar. Senti sua mão encostar na minha, e entrelaçamos nossos dedos, compartilhando aquele momento íntimo e sereno.
- Sabe, - Tiago começou, seu olhar fixo no horizonte - noites como essa me fazem pensar em como a vida é cheia de pequenas belezas.
Assenti, concordando silenciosamente. - A simplicidade da noite, o brilho das estrelas, o aconchego de estar junto de quem se ama... tudo parece se alinhar perfeitamente.
- Às vezes, acho que subestimamos o valor desses momentos, - continuei, virando-me para olhá-lo nos olhos. - Estamos sempre tão ocupados com o dia a dia que esquecemos de parar e apreciar o que realmente importa.
Ele sorriu, aquele sorriso que sempre fazia meu coração acelerar. - É por isso que amo estar aqui com você. Você me lembra de desacelerar e aproveitar cada instante.
Ficamos em silêncio novamente, mas dessa vez, era um silêncio carregado de compreensão e gratidão. A conexão que compartilhávamos se fortalecia a cada segundo, e a noite fria se tornava cada vez mais calorosa com a presença um do outro.
Tiago me puxou suavemente para mais perto, envolvendo-me em um abraço aconchegante. Encostei minha cabeça em seu ombro, sentindo o ritmo constante de sua respiração.
- Feliz Natal, - sussurrei, fechando os olhos e deixando-me perder naquele momento perfeito.
- Feliz Natal, - ele respondeu, beijando o topo da minha cabeça.
Ficamos ali, abraçados, enquanto o mundo lá fora continuava em sua quietude gelada. A brisa fria do inverno era apenas um contraste para o calor que compartilhávamos, e naquele instante, soube que não havia lugar no mundo onde eu preferisse estar.
Tiago se afastou ligeiramente, seus olhos brilhando com uma intensidade que me fez prender a respiração. Ele inclinou-se e seus lábios encontraram os meus em um beijo ardente, cheio de desejo. Suas mãos deslizaram para minha cintura, puxando-me ainda mais para perto, enquanto o beijo se aprofundava, tornando-se mais urgente e faminto.
- Esperei tanto por isso, - murmurou contra meus lábios, sua respiração quente enviando arrepios pela minha pele.
- Eu também, - respondi, minha voz quase um sussurro. - Cada segundo longe de você parecia uma eternidade.
Senti um arrepio percorrer minha espinha quando suas mãos começaram a explorar, deslizando sob meu casaco e encontrando a pele quente por baixo. A sensação de suas mãos contra meu corpo fez meu coração disparar, e eu correspondi ao seu toque com igual fervor.
- Vamos entrar, - ele sugeriu, seu tom rouco de desejo. - Precisamos de mais privacidade.
Assenti, e juntos, nos dirigimos para o interior da casa, nossos passos apressados e nossas respirações ofegantes. Assim que a porta se fechou atrás de nós, Tiago me empurrou gentilmente contra a parede, seus lábios voltando a encontrar os meus com uma paixão avassaladora.
- Você é inacreditável, - ele disse entre beijos, suas palavras carregadas de admiração e desejo. - Nunca imaginei que pudesse me sentir assim.
- E como você se sente? - perguntei, minha voz tremendo de antecipação.
- Completo, - ele respondeu, seus olhos encarando os meus com uma intensidade que fez meu coração disparar. - Como se tudo finalmente fizesse sentido.
Seus dedos habilidosos desabotoaram meu vestido e o deixaram cair ao chão, enquanto minhas mãos percorriam seu peito, sentindo seus músculos tensos sob o tecido da camisa. Com um movimento rápido, ele também se livrou de sua camisa, revelando a pele quente e macia por baixo.
Nossos corpos se pressionaram um contra o outro, o calor e a urgência de nossos movimentos crescendo a cada segundo. Ele me levantou, e minhas pernas se enroscaram ao redor de sua cintura, enquanto ele me carregava até o sofá próximo. Deitando-me suavemente, Tiago se posicionou sobre mim, seus olhos queimando de desejo.
- Você é tudo o que eu quero, - ele sussurrou, antes de capturar meus lábios em outro beijo apaixonado.
A noite continuou, e a brisa fria do inverno lá fora contrastava com o calor fervente que compartilhávamos dentro da casa. Cada toque, cada beijo, cada suspiro era uma celebração de nosso amor e desejo, e naquele momento, não havia nada além de nós dois, unidos em uma dança de paixão e intimidade.
- Nunca vou me cansar de você, - ele murmurou, seus lábios roçando os meus.
- E eu nunca vou parar de te amar, - respondi, minha voz carregada de emoção.
Tiago e eu nos perdemos um no outro, explorando e descobrindo novas formas de expressar nosso amor, enquanto a noite avançava, trazendo consigo a promessa de um novo dia repleto de possibilidades.
- Tiago? - chamei suavemente, querendo capturar aquele momento para sempre.
Ele olhou para mim, seus olhos brilhando com uma mistura de curiosidade e amor. - Chica? - respondeu, o calor em sua voz envolvendo-me como um abraço.
Respirei fundo, sentindo a gravidade do que estava prestes a dizer. - Você me salvou de todas as formas que uma pessoa pode ser salva. Você foi a minha cura, segurou o meu coração quando eu não conseguia suportá-lo. Você acalmou o oceano turbulento dentro de mim. Pode parecer estranho, mas quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, tive a certeza absoluta que seria você, hoje, amanhã e para sempre.
Ele sorriu, um sorriso que iluminou a noite e aqueceu minha alma. Sem palavras, ele me puxou para mais perto, e naquele silêncio, encontramos um mundo onde apenas o amor existia. E assim, perdidos um no outro, deixamos a noite passar, confiantes de que o amanhã traria novas aventuras, mas sempre juntos, sempre apaixonados.
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