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Sussurros no Vento

"Diz-se que o amanhã será sempre lindo. Porém, hoje não é o amanhã de ontem?"

𝐓𝐢𝐚𝐠𝐨
O relógio já apontava alguns minutos de atraso enquanto eu me encontrava impaciente, sentado na poltrona da casa de Kate. A sala, ampla e bem organizada, refletia a personalidade meticulosa dela, algo que eu já havia notado em outras ocasiões.

- Já estão prontas? Vamos nos atrasar! - chamei, tentando esconder a ansiedade. Kate, com seus longos cabelos cacheados, sempre demorava um pouco mais para se arrumar, e hoje não parecia ser diferente. Adrielly, por sua vez, estava em uma fase onde nada lhe agradava ultimamente, o que só tornava as saídas um pouco mais complicadas.

Depois da festa da Adrielly, um laço especial se formou entre nós três. Kate tem um jeito encantador e genial, uma alma que parece trazer luz para os momentos mais sombrios. Meu pai, ainda imerso no luto pela perda da mamãe, evitava olhar para Adrielly, qualquer semelhança que ela tinha com a nossa mãe era um lembrete doloroso para ele. Kate, com uma naturalidade surpreendente, acabou assumindo um papel maternal que não lhe pertencia, trazendo um conforto especial para Adrielly.

Finalmente, Kate apareceu na sala com Adrielly. Não pude evitar um sorriso ao vê-las; estavam incrivelmente parecidas. Ambas vestiam moletom grande, quase como um vestido, mas na verdade exagero; usavam calças jeans de corte reto, caindo suavemente até os tornozelos, e a cor azul denim clássico realçava a simplicidade elegante do conjunto. Combinavam com sapatos confortáveis, como sapatilhas marrons, e acessórios discretos como relógios e pulseiras finas.

- Vamos antes que percamos o começo. - comentei, pegando Adrielly no colo. Kate, ágil, pegou a bolsa da pequena, com todas as necessidades, além da sua própria.

Saímos juntos para a rua, prontos para embarcar em uma nova aventura: a exposição de Van Gogh que estava ocorrendo no centro de Boston. O ar fresco da tarde nos envolveu enquanto caminhávamos em direção ao carro. Era um momento especial, um breve respiro de normalidade e alegria em meio à complexidade da vida que carregávamos juntos. Kate, com sua presença tranquilizadora, e Adrielly, com seu espírito resiliente, transformavam o simples ato de irmos a uma exposição em uma experiência que eu valorizava profundamente.

Enquanto caminhávamos para o carro, a excitação tomava conta de mim. A exposição de Van Gogh no centro de Boston era algo que eu estava ansioso para ver há meses, e compartilhar essa experiência com Kate e Adrielly tornava tudo ainda mais especial. O céu estava tingido de um azul profundo, pontilhado por estrelas que começavam a surgir, um prelúdio perfeito para a noite que nos aguardava.

Adrielly, no meu colo, estava radiante. Seus olhos brilhavam com curiosidade e alegria, refletindo a luz suave das lâmpadas da rua. Kate, ao meu lado, era um pilar de serenidade e graça, embora eu pudesse perceber um ligeiro nervosismo em seu sorriso. Talvez fosse a responsabilidade de cuidar de Adri, ou a expectativa de uma noite culturalmente rica.

- Estou tão animada! - Adri exclamou, balançando as pernas de forma animada. - Vamos ver os girassóis do Van Gogh?

- Sim, querida - respondi, rindo. - Vamos ver os girassóis e muito mais. Você vai adorar.

Kate sorriu e acrescentou: - A exposição está repleta de suas obras mais famosas. É uma oportunidade única.

Entramos no carro, e a viagem até o centro de Boston foi tranquila. Conversávamos sobre tudo e nada, desde as aulas de Adrielly na escola até as memórias das minhas viagens pela Europa. O rádio tocava uma melodia suave, proporcionando um fundo musical perfeito para nossa conversa.

Chegando ao museu, fomos recebidos por uma fachada imponente, iluminada de forma a destacar sua arquitetura impressionante. As portas de vidro refletiam nosso entusiasmo, e ao entrar, fomos imersos em um ambiente de cultura e história.

O salão principal estava repleto de visitantes, todos ansiosos para mergulhar na genialidade de Van Gogh. As paredes eram adornadas com suas pinturas vibrantes, cada uma contando uma história única. Adrielly, maravilhada, corria de uma obra para outra, apontando e fazendo perguntas incessantes.

- Olha, Kate! - ela exclamou, puxando a mão de Kate. - Esse é o "Quarto em Arles". Eu vi isso no livro de arte que você tem na sala!

Kate se abaixou ao nível de Adri, explicando pacientemente os detalhes da pintura, desde as cores vibrantes até a técnica de pincelada característica do artista. Eu os observava com um sorriso, sentindo uma profunda gratidão por compartilhar esse momento com elas.

Passamos horas imersos nas obras de Van Gogh, cada pintura nos transportando para um mundo diferente. Desde os campos de trigo dourados até os célebres girassóis, a exposição era uma celebração da vida e da beleza vistas através dos olhos de um gênio.

Ao sairmos do museu, o ar noturno estava fresco e revigorante. Caminhamos de volta ao carro, nossos corações e mentes repletos de inspiração e maravilha. Adrielly, exausta mas feliz, adormeceu no banco de trás, segurando um pequeno catálogo da exposição com suas mãozinhas.

Olhei para trás e sorri ao ver Adrielly dormindo tranquilamente, como um anjo. Seria uma pena acordá-la. Kate, notando meu olhar, disse com um sorriso carinhoso:

- Ela está dormindo tão bem. Acho que teremos que adiar nossa noite espanhola para outra vez.

Balancei a cabeça em concordância, sentindo uma onda de gratidão pela compreensão de Kate.

- Kate? - chamei suavemente, tentando não acordar Adrielly.

- Sim? - respondeu ela, voltando sua atenção para mim.

- Preciso respirar um pouco. Você se importaria se parássemos em frente ao rio Charles por alguns minutos?

Ela me olhou com preocupação, mas havia compreensão em seus olhos.

- Claro, sem problemas. Você está bem? - perguntou, seu tom suave e acolhedor.

Assenti, tentando transmitir que estava bem, mas que precisava de um momento para processar tudo. A noite tinha sido maravilhosa, mas também intensa, e eu sentia a necessidade de um breve intervalo para organizar meus pensamentos.

Dirigimos em silêncio até a margem do rio Charles, onde as luzes da cidade se refletiam nas águas calmas, criando um espetáculo cintilante. Estacionei o carro e desliguei o motor, deixando o silêncio e a serenidade do lugar nos envolver.

Kate e eu saímos do carro, deixando a porta entreaberta para que pudéssemos ouvir qualquer movimento de Adrielly. Caminhamos até a beira do rio, onde uma leve brisa noturna acariciava nossos rostos. As estrelas brilhavam no céu, e a cidade parecia um mundo à parte, distante e tranquila.

- Às vezes, a beleza de um momento é tão intensa que precisamos de um instante para absorvê-la - murmurei, olhando para as águas serenas.

Kate assentiu, ficando ao meu lado em silêncio. Não precisávamos de palavras. A conexão entre nós era profunda e genuína, e eu sabia que ela entendia perfeitamente.

Quebrei o silêncio, minha voz baixa e carregada de emoção.

- Meu pai não consegue olhar para a Adri sem chorar. Antes ele conseguia, mas agora é quase impossível.

Kate suspirou, sua expressão suavizando com a compreensão.

- A vida é muito ingrata - respondeu ela, seu tom suave, mas cheio de verdade.

Meus olhos caíram sobre Kate. Ela era, sem dúvidas, uma mulher incrivelmente linda, mas nós éramos tão diferentes. Seus olhos pareciam esconder segredos que ninguém jamais poderia desvendar, e seus lábios eram tão convidativos. Por um momento, nossos olhares se encontraram, e senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo. Era como se nossos corpos se tornassem um só.

Aproximei-me lentamente, hesitante, mas ao mesmo tempo impelido por uma força irresistível. Toquei seus cabelos, que pareciam ser sagrados em minha mão. Parte de mim queria que ela interrompesse essa aproximação, que dissesse para parar, mas ela não o fez. Em vez disso, ela se entregou ao carinho de minhas mãos, fechando os olhos por um momento, como se absorvesse cada toque.

Seus lábios me chamavam, e a tentação era insuportável. Nossos rostos se aproximaram, e o mundo ao nosso redor pareceu desaparecer. Tudo o que existia era o calor de sua presença e a suavidade de seu toque.

Quando finalmente nossos lábios se encontraram, foi como se uma chama suave acendesse em nossos corações. O beijo foi terno, cheio de uma emoção contida que parecia prestes a transbordar. Naquele momento, toda a dor e incerteza se dissiparam, deixando apenas a pura e simples conexão entre duas almas.

Quando nos afastamos, nossos olhos se encontraram novamente, e havia uma nova compreensão entre nós. Não precisávamos de palavras para expressar o que sentíamos. A noite ao lado do rio Charles, com as estrelas brilhando acima de nós, seria para sempre um momento gravado em nossos corações.

Com um último olhar terno, nos afastamos levemente, cientes de que algo profundo e significativo havia acontecido entre nós.

Ficamos ali por alguns minutos, respirando o ar fresco e deixando a tranquilidade da noite nos acalmar. Era um momento de pura paz, um contraste com a energia vibrante da exposição de Van Gogh. Finalmente, senti-me revigorado e pronto para seguir em frente.

Ao entrar no carro, notei que meu celular exibia inúmeras chamadas não atendidas e mensagens de Olivier pedindo urgentemente para que eu ligasse para ele. Olhei para Kate, que tinha o cinto de segurança ajustado e observava-me com atenção.

- Algum problema? - perguntou ela, com uma expressão preocupada.

- O Olivier ligou para mim inúmeras vezes. Acho que é importante. Você se importa se eu sair para fazer a chamada? - perguntei.

Kate apenas assentiu, compreensiva. Saí do carro novamente e disquei o número de Olivier. Ao segundo toque, ele atendeu.

- Tiago? - falou Olivier, com uma voz carregada de preocupação.

- Oi, estou escutando - respondi, sentindo a tensão aumentar.

- Você vai ser pai - disse ele, sua voz misturando desespero e urgência.

Senti o chão sumir sob meus pés. - Como assim? - questionei, incrédulo.

- Você se lembra da última vez que estivemos em Nova Iorque? Você ficou com uma mulher durante uma semana inteira. Essa mesma mulher me procurou esta semana e me disse essa bomba - Olivier explicou, sua voz tremendo.

Minha mente girava com a notícia. As lembranças daquela semana em Nova Iorque voltaram à tona, cada momento vivido com intensidade. Meu coração batia descompassado, e uma enxurrada de emoções me invadiu.

- Ela tem certeza? - perguntei, tentando manter a calma.

- Sim, Tiago. Eu vi os exames. Não há dúvida - afirmou Olivier, sua voz agora mais firme.

Respirei fundo, tentando processar a informação. A vida acabara de dar uma reviravolta inesperada. Olhei para o carro, onde Kate e Adrielly esperavam por mim, alheias ao turbilhão que se desenrolava.

- Eu preciso pensar - disse a Olivier, minha mente ainda lutando para aceitar a realidade.

- Eu entendo, meu amigo. Só queria que você soubesse o mais rápido possível - respondeu ele, a preocupação evidente em sua voz.

Desliguei o telefone e fiquei ali, parado, olhando para o céu estrelado. A paz que sentira momentos atrás agora parecia distante. A minha vida tinha acabado de mudar de forma irreversível, e eu sabia que precisava encontrar uma maneira de lidar com essa nova realidade.

Voltei para o carro, tentando manter a calma. Kate me olhou com curiosidade e preocupação.

- Está tudo bem? - perguntou ela, sua voz suave e acolhedora.

- Vamos deixar você em casa. Está tudo bem - respondi, tentando sorrir. Como eu diria para mulher que eu acabei de beijar que eu vou ser pai?

Kate inclinou a cabeça ligeiramente, seus olhos ainda fixos nos meus, claramente percebendo que algo estava errado. Liguei o carro e começamos a dirigir em direção à sua casa, o silêncio entre nós se tornando cada vez mais pesado e sufocante.

Ela não pressionou, mas podia sentir a tensão no ar. Minhas mãos estavam firmes no volante, mas meu interior estava em frangalhos. Como explicar que, logo após nosso beijo, recebi uma notícia que mudaria completamente o rumo da minha vida?

Finalmente, o silêncio se tornou insuportável. Precisava dizer algo, mesmo que não fosse a verdade completa.

- O que você acha da gente tomar o café da manhã todos juntos amanhã? - falei, quebrando o silêncio, esperando que uma proposta mais leve pudesse aliviar a tensão.

Kate sorriu, um brilho de alívio e curiosidade em seus olhos.

- Eu acho perfeito - respondeu ela, sua voz voltando a ser acolhedora. - Eu poderia fazer panquecas.

A simplicidade e a doçura de sua resposta aqueceram meu coração. Talvez, só talvez, eu pudesse encontrar uma maneira de lidar com essa nova realidade, desde que tivesse momentos como este para me ancorar.

Continuamos a viagem em silêncio, mas agora o ambiente dentro do carro parecia um pouco mais leve. A ideia de um café da manhã juntos no dia seguinte trouxe um vislumbre de normalidade para uma situação que estava longe de ser comum.

Chegamos à casa de Kate, parei o carro e desliguei o motor, virando-me para ela.

- Então, até amanhã - disse eu, tentando manter a voz firme.

- Até amanhã - respondeu ela, com um sorriso gentil. Seus olhos ainda refletiam uma mistura de curiosidade e preocupação, mas ela não pressionou. Kate abriu a porta do carro e saiu, virando-se para me dar um último olhar antes de caminhar até a porta de sua casa.

Fiquei ali por um momento, observando-a entrar. Assim que a porta se fechou atrás dela, permiti-me soltar um suspiro profundo. A realidade da minha situação finalmente começou a se assentar. Eu estava prestes a ser pai. A notícia que recebi logo após o beijo com Kate ainda ressoava em minha mente.

Dei partida no carro novamente, o motor ronronando suavemente, e dirigi em direção à casa do meu pai, minha mente a mil por hora. Como eu contaria a Kate? Como ela reagiria? E o que isso significaria para o nosso futuro? As perguntas se entrelaçavam, formando um nó apertado de incerteza e ansiedade no meu peito.

Perdido em meus pensamentos, segui pela estrada como um autômato, com um único objetivo: chegar em casa. Liguei novamente para Oliver, desta vez marcando um encontro na minha casa, que para ser honesto, é mais dele do que minha, dada a frequência com que ele está lá.

Alguns minutos depois, parei na casa do meu pai. A babá de Adri já estava na porta, pronta para receber minha pequena. Optei por não entrar; o turbilhão de emoções dentro de mim não me permitiria fingir normalidade. Entreguei Adri nas mãos da babá com um beijo carinhoso na testa e um sorriso que, embora forçado, esperava transmitir segurança.

Voltei para o carro e, enquanto o motor ressoava novamente, senti um peso momentâneo se levantar de meus ombros. Dirigi em direção à minha casa, o caminho familiar passando quase despercebido pelos meus olhos absortos. A cada quilômetro percorrido, a necessidade de conversar com Oliver e buscar algum tipo de orientação se tornava mais urgente.

O futuro era uma incógnita, mas naquele momento, eu sabia que precisava de um amigo, de alguém que pudesse me ajudar a navegar por essa nova realidade. E Oliver era exatamente essa pessoa.

Cheguei em casa, estacionei o carro na vaga habitual e entrei rapidamente. Oliver já estava lá, esperando por mim, sua expressão carregada de preocupação.

- O que vamos fazer? - Perguntei, desesperado, sentindo o peso da situação esmagar meus ombros. - E, melhor ainda, quem é ela? Eu nem sei o nome dela, foi um caso de uma noite só. De noite ela vinha e de manhã ela ia. - Falei, passando as mãos nervosamente pelo cabelo.

Oliver balançou a cabeça, incrédulo, e soltou um suspiro pesado.

- O que você fez, meu amigo, o que você fez? - Disse ele, olhando diretamente nos meus olhos. - Você não conhece camisinha, não? - Perguntou, claramente chateado.

A pergunta me atingiu como um soco no estômago. A realidade da minha irresponsabilidade estava ali, nua e crua. Naquele momento, uma ideia terrível passou pela minha mente, e eu a verbalizei antes mesmo de pensar.

- Vamos abortar? - Perguntei, mal acreditando nas minhas próprias palavras.

Oliver arregalou os olhos, horrorizado.

- Você é doido? - Rebateu ele, a voz firme e determinada. - Você vai assumir essa criança! Tia Hannah te mataria se ouvisse isso.

Ele estava certo. Minha falecida mãe, uma mulher de fortes princípios, nunca aprovaria uma atitude tão covarde. A lembrança de sua voz, sempre tão cheia de sabedoria e amor, começou a me trazer um pouco de clareza.

- Você tem razão, Oliver. - Murmurei, sentindo uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto. - Minha mãe me mataria se soubesse que eu pensei nisso.

Oliver se aproximou e colocou uma mão firme no meu ombro.

- Vamos resolver isso juntos. - Disse ele, seu tom agora mais suave, mas ainda sério. - A primeira coisa é descobrir quem é essa mulher e falar com ela. Você precisa assumir a responsabilidade.

Assenti, ainda atordoado, mas começando a sentir uma centelha de esperança. Com Oliver ao meu lado, talvez eu conseguisse encontrar um caminho através desse caos. A jornada seria longa e difícil, mas eu sabia que não estava sozinho.

Preciso te contar uma coisa- falei olhando para o mesmo -. Eu beijei Kate e que beijo gostoso foi-. Falei lembrando o que aconteceu.- Tiago você é doido? Você beijou Kate?-. Kate é uma mulher livre e você não é de uma mulher só não dê falsas esperanças pelo amor de Deus.

- Preciso te contar uma coisa, Oliver - falei olhando diretamente para ele, sentindo meu coração bater mais rápido. - Eu beijei a Kate. E que beijo gostoso foi! - Acrescentei, lembrando com um sorriso o calor daquele momento.

Oliver arregalou os olhos, completamente surpreso.

- Tiago, você é doido? Você beijou a Kate? - A incredulidade em sua voz era palpável.

Assenti, ainda preso na memória daquele instante, mas a expressão de Oliver rapidamente trouxe-me de volta à realidade.

- Kate é uma mulher livre, Tiago. - Continuou ele, o tom agora mais sério. - E você não é exatamente conhecido por ser um homem de uma mulher só. Não dê falsas esperanças a ela, pelo amor de Deus.

Suas palavras fizeram minha mente girar. Claro, Kate era uma mulher incrível, independente e cheia de vida. E eu? Eu ainda estava tentando navegar pelas complicações criadas por minhas próprias ações irresponsáveis.

- Eu sei, Oliver. - Respondi, soltando um suspiro pesado. - Eu não queria complicar as coisas. Foi um momento de fraqueza. Mas esse beijo... não significou nada para mim.

Oliver balançou a cabeça, tentando processar minhas palavras.

- Se realmente significou algo ou não, então você precisa ser honesto com ela. Não brinque com os sentimentos de Kate. Ela merece saber onde está se metendo.

- Você tem razão. - Admiti, sentindo o peso da responsabilidade nas minhas palavras. - Vou falar com ela, ser sincero sobre tudo.

Oliver me olhou com um misto de preocupação e alívio.

- É o melhor que você pode fazer. Seja honesto, Tiago. E, acima de tudo, seja responsável.

- Vem cá - disse Oliver, me puxando para um abraço firme.

Fui envolvido por seus braços, sentindo a força do apoio e da amizade que sempre esteve presente entre nós. O calor do abraço parecia dissipar um pouco da tensão que eu carregava no peito.

- Só quero que você saiba que estou aqui para o que precisar - murmurou ele, sem me soltar. - Vamos passar por isso juntos, Tiago.

Aquela demonstração de afeto e lealdade trouxe um nó à minha garganta. Era bom saber que, mesmo nas situações mais complicadas, eu podia contar com ele.

- Obrigado, Oliver - respondi, minha voz ligeiramente embargada. - Eu realmente precisava disso.

Ele finalmente afrouxou o abraço, mas manteve as mãos firmes em meus ombros, olhando-me nos olhos com uma expressão séria e ao mesmo tempo compassiva.

- Não importa o que aconteça com Kate, lembre-se de que você tem amigos que se importam com você. E que estaremos aqui para te ajudar a encontrar o caminho certo.

- Vou voltar para o escritório e tentar descobrir qualquer informação sobre essa mulher - disse Oliver, pegando seu celular. Ele parou na porta, lançou-me um último olhar firme e saiu, deixando-me sozinho com meus pensamentos.

"Deus, o que diabos eu fiz?" A pergunta ressoava em minha mente, um eco incansável de arrependimento. Por uma noite de prazer, estraguei tudo. A perspectiva de contar aquilo ao meu pai era insuportável, um peso que parecia esmagar meu peito.

Afundei-me no sofá, o olhar perdido no espaço vazio onde Oliver estivera momentos antes. A culpa e a ansiedade se entrelaçavam, formando um nó apertado dentro de mim. Como explicar para o meu pai que uma única noite de descuido poderia ter consequências tão devastadoras? Eu não tinha respostas, apenas uma sensação crescente de desespero.

Peguei meu celular, a necessidade de apoio pulsando em cada fibra do meu ser. Procurei o número de Kate e liguei para ela. Era tarde, mas eu precisava falar com alguém, alguém que pudesse me dar um pouco de conforto.

- Kate? Você estava dormindo? Desculpa, não quis incomodar - minha voz soava mais frágil do que eu gostaria.

- Oi, Tiago. Na verdade, estava terminando um quadro. Algum problema?

Respirei fundo, sentindo um alívio imediato ao ouvir a voz dela. - Amanhã preciso ir até o cemitério. Você se importaria de ir comigo? Preciso falar um pouco com a minha mãe.

- Claro que irei com você - respondeu ela sem hesitar. - Depois do café da manhã, deixamos a Adri na escola e podemos ir.

- Muito obrigado, Kate. Você não imagina o quanto isso significa para mim.

- Até amanhã, Tiago - disse ela suavemente, antes de desligar o celular.

Coloquei o celular de lado e fechei os olhos, tentando encontrar algum consolo na promessa de sua companhia. Amanhã, talvez, eu pudesse encontrar um pouco de paz.


Despertei com as primeiras luzes do dia, decidido a começar cedo para aproveitar bem o tempo com Adri antes de ir ao cemitério. Após ir buscar adri na casa de meu pai , passamos em uma padaria acolhedora, onde o aroma irresistível dos pães frescos e dos croissants recém-assados nos envolveu. Compramos algumas dessas delícias e partimos, com o carro perfumado, rumo à casa de Kate.

Ao chegarmos, fomos recebidos com a habitual e contagiante alegria de Kate. Ela estava finalizando os preparativos de uma mesa que mais parecia um verdadeiro banquete matinal. Havia uma variedade de geleias coloridas, panquecas douradas e fofinhas, crepes quentinhos, uma jarra de café fumegante, ovos mexidos cremosos e uma vibrante salada de frutas. O cenário era tão convidativo quanto o cheiro que pairava no ar.

- Está com um cheiro maravilhoso - comentei, enquanto acomodava Adri na sua cadeirinha alta.

- Você trouxe o pão? Nossa, você me salvou, eu tinha esquecido completamente - confessou Kate, aliviada ao ver os pães que eu segurava.

- Claro, sem problemas. Trouxe bastante, espero que gostem - respondi, abrindo um sorriso.

- Sente-se também, Tiago - disse ela, gentilmente, puxando uma cadeira para mim. Foi apenas nesse instante que percebi que estava de pé, perdido em pensamentos, e me sentei prontamente.

- Buen provecho - desejou Kate, com um sorriso acolhedor, enquanto olhava para Adri, que já estava encantada com as panquecas, seus olhos brilhando de antecipação.

- Ti, posso comer essa panqueca com morango? - perguntou Adri, apontando para uma das panquecas na mesa.

- Claro, meu amor. Vamos colocar um pouco de geleia para ficar ainda mais gostoso - respondi, ajudando-a a passar a geleia na panqueca.

- Kate, você realmente se superou desta vez. Tudo está impecável - elogiei, enquanto ela servia café em nossas xícaras.

- Ah, obrigada, Tiago. Gosto de começar o dia assim, com uma refeição caprichada. Faz a gente se sentir mais leve, não acha? - disse ela, com um brilho nos olhos.

À medida que nos acomodávamos à mesa, um sentimento de alívio e conforto nos envolveu. Por um breve momento, consegui afastar as preocupações que pesavam sobre mim. A risada alegre de Adri e a calorosa companhia de Kate criaram uma atmosfera de leveza e harmonia, fazendo parecer que o mundo lá fora poderia esperar um pouco mais.

- Kate, você sempre sabe como nos fazer sentir em casa. Obrigado - comentei, apreciando cada detalhe daquele momento.

- Vocês são minha família, Tiago. E família está aqui para isso, para cuidar um do outro - respondeu Kate, com um sorriso terno.

E, assim, compartilhamos um café da manhã repleto de sabores, risos e a sensação de que, mesmo em meio às adversidades, há momentos que valem a pena serem vividos intensamente.

- Prontas? Adri precisa estar na escola em trinta minutos - anunciei, olhando para Kate, que estava finalizando o café da manhã.

- Claro, Tiago. Você me ajuda a tirar a louça? Depois podemos ir - respondeu Kate, enquanto começava a recolher os pratos da mesa.

- Sem problema. Vamos agilizar isso - repliquei, levantando-me rapidamente e começando a empilhar os pratos vazios.

Adri, ainda com um pedaço de panqueca na mão, observava-nos com curiosidade. Seus olhos brilhavam de excitação, mas ela sabia que o tempo era curto.

- Ti, posso levar essa panqueca para a escola? - perguntou ela, com um sorriso sapeca.

- Claro, minha princesa. Vamos colocar num guardanapo para você - respondi, pegando um guardanapo e envolvendo cuidadosamente a panqueca.

Kate e eu trabalhamos em sincronia, como uma equipe bem ajustada, recolhendo e lavando a louça rapidamente. O som da água correndo e dos pratos sendo empilhados misturava-se com a suave melodia de fundo que ainda tocava na cozinha. Em poucos minutos, a mesa estava limpa e a cozinha organizada.

- Pronto, tudo em ordem - disse Kate, enxugando as mãos com um pano de prato. - Vamos lá, Adri, pegue sua mochila. Está na hora de ir para a escola.

Adri correu para pegar sua mochila colorida, enquanto eu e Kate trocávamos um olhar cúmplice, refletindo a satisfação de termos conseguido nos preparar a tempo.

- Vamos nessa - falei, pegando as chaves do carro.

Enquanto saíamos de casa, o sol já brilhava intensamente, prometendo um dia bonito. Entramos no carro, com Adri acomodada no banco traseiro, e partimos rumo à escola. O trajeto foi tranquilo, com Adri cantando alegremente uma música que havia aprendido recentemente.

- Ti, você vai me buscar hoje? - perguntou Adri, enquanto nos aproximávamos do portão da escola.

- Vou sim, meu amor. Fique tranquila e tenha um ótimo dia - respondi, sorrindo para ela pelo retrovisor.

Estacionamos em frente à escola e, antes de sair do carro, Adri me deu um abraço apertado.

- Te amo Kate - disse ela, com um brilho nos olhos.

- Também te amo, minha alma. Divirta-se na escola - Kate respondeu com um sorriso nos lábios.

Kate e eu acenamos enquanto Adri corria em direção à entrada, sua pequena figura desaparecendo entre os outros alunos.

- Vamos? - perguntou a mulher de cabelos cacheados, colocando sua mão no meu ombro.

- Vamos - respondi, esboçando um sorriso enquanto subíamos no carro, a caminho do cemitério.

O percurso foi silencioso, apenas o som do motor preenchia o vazio. A atmosfera já era pesada o suficiente, a caminho do cemitério. Kate olhava pela janela, perdida em seus pensamentos.

Chegamos ao cemitério Forest Hills. Caminhamos em direção à sepultura da minha mãe. À medida que nos aproximávamos, senti minhas lágrimas querendo escapar. Paramos diante da lápide, e Kate quebrou o silêncio.

- Que a alma dela descanse em paz - disse ela, fitando-me com olhos compreensivos. Apenas assenti, incapaz de encontrar palavras.

- Minha mãe era uma mulher incrível, Kate. Uma alma única - falei, tentando conter a emoção.

- Não a conheci, mas tenho certeza disso - respondeu Kate, com suavidade.

- Pode uma mãe desistir de um filho? - perguntei, refletindo sobre meus erros. - Pode um pai abandonar um filho por causa de suas escolhas? - expressei meu desespero.

- Claro que não, Tiago. Eles podem estar com raiva de você, é verdade. Mas como você pode pensar que eles poderiam desistir de você? A terra pode desistir da nuvem porque não há chuva? - disse Kate, sua voz transmitindo uma paz reconfortante.

- Vou sentar naquele banco. Se precisar de mim, estarei ali - concluiu Kate, dirigindo-se ao banco próximo.

Enquanto as palavras de Kate ecoavam em minha mente, fiquei parado diante da sepultura, sentindo o peso esmagador das lembranças e das emoções. A brisa suave parecia sussurrar a presença de minha mãe, trazendo um alívio tênue ao meu coração.

- Mãe, sinto tanto a sua falta - comecei, minha voz tremendo com a emoção.

- Eu fiz tantas escolhas erradas, mãe. Desapontaria você se soubesse de todas elas - confessei, sentindo um nó na garganta.

- Mas e se eu não conseguir? E se eu continuar falhando? - perguntei, meu desespero transparecendo.

- Eu vou ser pai, sabia? Você vai ser avó, como sempre quis - contei, tentando encontrar algum orgulho em minhas palavras.

- Mas, mãe, eu nem sei quem é a mãe do meu filho. Eu me sinto tão perdido, tão inútil - admiti, as lágrimas rolando pelo meu rosto.

- Eu sinto tanto a sua falta. Preciso de você aqui, me guiando - falei, minha voz quase um sussurro.

- Me perdoa, mamãe. Por tudo - pedi, sentindo-me um pouco mais leve ao liberar aquela culpa.

Fiquei ali, permitindo que essa conversa imaginária me confortasse, sentindo uma conexão profunda com minha mãe, apesar de sua ausência física. E ali, diante de sua sepultura, prometi a mim mesmo que faria o possível para ser o homem que ela sempre acreditou que eu poderia ser.

Levantei-me e me aproximei lentamente de Kate, que parecia perdida em seus pensamentos. Ao me notar, ela se virou e perguntou, com uma leve preocupação na voz:

- Está tudo bem com você?

- Sim, tudo certo! - respondi, tentando transmitir segurança com um sorriso.

Kate me olhou com seus olhos cativantes, que pareciam sempre enxergar além da superfície.

- Você poderia me levar até a galeria? - pediu ela, com sua voz suave, mas determinada.

- Claro - concordei, e juntos nos dirigimos ao carro.

Assim que entramos no veículo, o celular dela começou a tocar. Kate me lançou um olhar de desculpas antes de atender a chamada.

- Desculpe, preciso atender.

Ela começou a conversar com alguém chamado Bi, e a conversa se prolongou por quase dez minutos. Durante esse tempo, fiquei em silêncio, focado na estrada e tentando não prestar muita atenção, mas era impossível ignorar a felicidade na voz de Kate. Quando finalmente desligou, ela parecia radiante.

- Parece que você recebeu uma boa notícia - comentei, com um sorriso curioso.

Kate assentiu, os olhos brilhando de entusiasmo.

- Sim, tenho algo incrível para te mostrar. Preciso te apresentar meu novo quadro. Você se importaria de ficar mais um pouco?

Olhei para ela, sentindo meu coração acelerar com a expectativa de ver sua nova obra. Minha curiosidade era evidente.

- Claro que não, não me importo nem um pouco - respondi, voltando minha atenção para a estrada. - Mal posso esperar para ver o que você criou.

Kate sorriu, e o resto do caminho foi preenchido por uma sensação de antecipação e alegria compartilhada.

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