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O Peso das Palavras

"Já estamos mortos, mesmo se nos amem, mesmo que não, mesmo quando não há ninguém que nos ame, não importa."

Tiago

Parado na frente da porta de Kate, meu coração batia acelerado. As dúvidas me consumiam: deveria tocar a campainha? Deveria chamá-la pelo nome? Mas, no fundo, eu sabia que a verdade precisava ser dita, mesmo que isso significasse que ela poderia me odiar para sempre.

Respirei fundo e toquei a campainha uma, duas, três vezes. Na quarta vez, ouvi a voz de Kate murmurar algo do outro lado da porta, inaudível. A porta se abriu lentamente, revelando Kate em seu pijama, uma caneca de café nas mãos e o cabelo preso em um coque desleixado. Seus olhos pareciam cansados, mas havia uma intensidade neles que me prendeu no lugar. Ficamos nos encarando por longos minutos, o silêncio preenchendo o espaço entre nós.

— Posso entrar? — perguntei finalmente, a voz saindo mais hesitante do que eu esperava. Kate não respondeu de imediato, apenas abriu a porta um pouco mais, permitindo que eu passasse.

Entrei, sentindo o peso da atmosfera tensa ao nosso redor. O cheiro familiar do café misturado com o perfume suave de Kate me envolvia, trazendo à tona memórias de momentos mais felizes. Ela se virou, caminhando lentamente até a sala e eu a segui, sentindo que cada passo me levava mais perto de um abismo desconhecido.

Sentamo-nos, ela no sofá e eu numa poltrona próxima. Seus olhos finalmente encontraram os meus e, naquele momento, soube que não havia mais volta. A verdade estava ali, esperando para ser revelada, e eu precisava encontrar a coragem para dizê-la.

— Kate... — comecei, mas minha voz falhou. Respirei fundo novamente, tentando reunir toda a minha força. — Preciso explicar o que aconteceu na noite passada.

— Estou ouvindo — respondeu Kate, seus cabelos cacheados emoldurando um rosto marcado pelo olhar melancólico.

Engoli em seco, sentindo o peso da verdade prestes a ser revelada. — Sua irmã e eu já nos conhecíamos antes mesmo de eu te conhecer — comecei, respirando fundo. — Como nos conhecemos não importa agora, mas juro que foi amor à primeira vista. Depois, ela se mudou para Nova Iorque e começamos a namorar à distância. Quando fui para Nova Iorque a trabalho, passamos uma semana juntos, matando a saudade e tudo o mais. Pedi para ela uma garantia de que voltaria e que construiríamos nossa família juntos. Foi então que ela me mostrou você. Ela disse: "Kate é a chave". Falou do seu talento para a arte, contou tudo que eu precisava saber sobre você.

Olhei para Kate, que me encarava incrédula, processando cada palavra.

— Aquele encontro na biblioteca foi planejado — continuei, a voz vacilando. — Eu sabia que você estaria lá. Sabia seu tipo sanguíneo antes mesmo de você me dizer seu nome. O homem que te atacou? Fui eu quem contratei. Queria salvar você e ser visto como um herói. Tudo foi meticulosamente planejado com a autorização dos seus pais. Seu ateliê foi incendiado por eles, aquela discussão que vocês tiveram foi encenada. Queria que você estivesse à minha mercê, e você ficou. Paguei seus pais. O dinheiro que Bianca te deu foi uma forma de aliviar nossas consciências. Tudo isso porque eu queria Bianca, não você. Você foi apenas um divertimento para mim. As promessas, as juras de amor, os presentes fofos, tudo foi mentira — finalizei, sentindo meu coração apertar.

Kate permaneceu em silêncio, seus olhos fixos nos meus, cheios de dor e incredulidade. A verdade estava agora exposta, crua e implacável, e eu sabia que nada poderia reparar o estrago feito.

Kate parecia paralisada, seus olhos cheios de lágrimas enquanto tentava processar o que acabara de ouvir. O silêncio entre nós era pesado, quase palpável. Eu podia ver a dor em seu rosto, a desilusão que se formava em seu olhar.

— Você está me dizendo que toda a nossa história foi uma mentira? — sussurrou ela, a voz tremendo. — Cada momento juntos, cada sorriso, cada lágrima... tudo foi uma farsa?

Eu suspirei, sentindo a culpa corroer meu interior. — Não posso negar isso, Kate. Eu manipulei tudo para que você se apaixonasse por mim. Queria conquistar a confiança dos seus pais, mostrar que era digno de Bianca. E, para isso, precisei de você.

Ela balançou a cabeça, como se quisesse afastar as palavras que eu dizia. — Você destruiu minha vida. Fez com que eu confiasse em você, que te amasse... e tudo isso era parte de um plano sórdido.

— Eu sei, Kate. E nada do que eu disser agora vai mudar o que fiz. Mas você precisa saber que, em algum ponto, comecei a me importar de verdade com você. Não foi tudo uma mentira. Havia momentos em que eu realmente queria que fosse diferente.

— Diferente? — Kate interrompeu, sua voz agora cheia de raiva. — Você armou um ataque contra mim, fez meus pais incendiarem meu ateliê, manipularam toda a minha vida! E agora você vem me dizer que queria que fosse diferente? Como você ousa?

Eu abaixei a cabeça, incapaz de sustentar seu olhar. — Eu sei que parece impossível perdoar, e talvez você nunca consiga. Mas precisava ser honesto com você, pelo menos uma vez.

Kate se levantou, os olhos brilhando de raiva e tristeza. — Honestidade? Agora você fala sobre ser honesto? Depois de tudo o que fez? Não sei se algum dia poderei te perdoar. E, sinceramente, não sei se quero.

Ela começou a se afastar, mas parou por um momento, virando-se para me olhar uma última vez. — Você destruiu tudo o que era bom na minha vida. Espero que um dia você sinta a dor que estou sentindo agora.

Eu senti um peso imenso no peito, sabendo que tinha destruído algo precioso. Levantei-me lentamente, dirigindo-me à porta. Cada passo parecia um esforço monumental, como se o chão estivesse se desfazendo sob meus pés. Quando cheguei à porta, virei-me uma última vez, vendo Kate em pé no meio da sala, com a imagem de uma mulher despedaçada.

— Eu vou embora, Kate. Vou sair da sua vida, como deveria ter feito desde o início. — E, com essas palavras, abri a porta e saí, deixando para trás o que restava de uma mentira que nunca deveria ter começado.

Caminhei para fora da casa, sentindo o peso dos meus pensamentos a cada passo, e me dirigi até a casa do meu pai. A brisa leve que soprava parecia carregar consigo uma mistura de nervosismo e expectativa.

Ao chegar, fui recebido por uma das funcionárias da casa. "Seu pai está esperando por você", disse ela com um sorriso contido, revelando a gravidade do momento.

Respirei fundo antes de bater na porta três vezes. A madeira ecoou o som seco pelo corredor. Sem esperar uma resposta, girei a maçaneta e entrei.

— Pai? — chamei, tentando controlar a ansiedade na minha voz. Ele estava sentado à mesa, concentrado na tela do celular. Levantou o olhar lentamente, e eu vi a decepção estampada em seu rosto.

— O que você fez, meu filho? O que você fez? — perguntou ele, a voz carregada de um pesar profundo.

— Pai, desculpa. Eu sinto muito — falei, aproximando-me com hesitação, sentindo uma mistura de vergonha e arrependimento.

Ele levantou-se devagar e caminhou até mim. — Como pai, eu aceito suas desculpas. Um pai não pode desistir do próprio filho. — disse ele, envolvendo-me em um abraço que, embora leve, carregava o peso do mundo. — Mas como homem, você perdeu o meu respeito.

Senti um nó na garganta ao ouvir aquelas palavras. — Pai, eu...

— Você realmente ama essa Bianca? Valeu a pena todo esse esforço? — interrompeu ele, afastando-se para me olhar nos olhos, buscando a verdade em minha expressão.

Engoli em seco, sabendo que a resposta a essa pergunta poderia determinar o futuro da nossa relação.

— Sim pai vale, eu partia mais mil corações se esse fosse o preço para amar ela. — respondi olhando para ele.

— Não ouse,— falou meu pai arregalhando os olhos. — Se cuide garoto, agora vou para empresa mas depois do que aconteceu com Kate você acha que ela continuará a trabalhar connosco?— perguntou meu pai.

— Pode crer, cuide-se, pai — falei, saindo da sala.

Deixei o escritório do meu pai e segui para casa, onde certamente encontraria Oliver. Para minha sorte, cheguei algumas horas antes de ele voltar. Aproveitei o tempo navegando na internet. Quando Oliver finalmente chegou, percebi que ele estava visivelmente chateado.

— Não quero discutir — falei, antecipando qualquer resposta dele.

— Eu também não. Mas saiba que, apesar da grande besteira que você fez, eu ainda estou do seu lado — disse ele, enquanto preparava o café.

Olhei para ele e sorri, sentindo um misto de alívio e gratidão.

— O que você está fazendo? — perguntou ele, sentando-se ao meu lado.

— Estou procurando uma casa para mim e para a Bianca, e ao mesmo tempo vendo algumas coisas para o casamento.

— Coragem — disse ele, levantando-se e colocando a mão no meu ombro, em um gesto de apoio.

A presença de Oliver, mesmo com as diferenças e desacordos, sempre trazia uma sensação de que, no final, tudo ficaria bem.

— Precisa de ajuda com a busca da casa? — ele perguntou, depois de um silêncio confortável.

— Na verdade, sim — respondi, virando a tela do laptop para ele. — Estou procurando algo que seja espaçoso o suficiente para nós e que tenha um bom quintal. A Bianca sempre quis ter um jardim.

Oliver analisou as opções na tela com um olhar crítico.

— Esta aqui parece boa — disse ele, apontando para uma casa com um jardim impressionante e uma vista deslumbrante.

— É perfeita! — exclamei. — O preço não é um problema. Quero que a Bianca tenha tudo que sempre sonhou.

Oliver assentiu, aceitando minha nova realidade com um leve sorriso.

— Então, vamos garantir que seja exatamente o que vocês querem.

Passamos a próxima hora discutindo as opções de casas e os preparativos para o casamento. Oliver, com seu jeito prático e direto, ajudou a simplificar muitas das decisões que eu estava complicando desnecessariamente.

— E quanto ao casamento, já decidiram o local? — ele perguntou, enquanto tomava um gole de café.

— Estamos entre uma cerimônia na praia e um salão de festas mais tradicional. A Bianca e eu ainda não conseguimos nos decidir.

— A praia tem seu charme, mas um salão pode ser mais prático. Especialmente se pensar nos convidados mais velhos — sugeriu ele.

— Boa observação — respondi, anotando mais essa consideração.

Kate

Hoje, ao despertar, percebi que meus olhos estavam menos inchados e me sentia ligeiramente menos cansada. Tenho enfrentado um período difícil, mergulhada em um estado depressivo após tudo o que aconteceu. No entanto, depois de quase duas semanas trancafiada em casa, resolvi que era hora de sair, respirar novos ares e, quem sabe, ver minha querida Adrielly.

Levantei-me com uma determinação renovada e escolhi uma roupa casual: uma calça jeans preta e um suéter listrado em preto e branco. Para completar o visual, calcei um par de tênis confortáveis. Decidi prender o cabelo em um rabo de cavalo prático e passei uma leve maquiagem para disfarçar os sinais de cansaço e inchaço.

No café da manhã, optei por um café puro e sem açúcar, a bebida forte que sempre me dá um impulso extra. Sentindo-me finalmente pronta, saí de casa e me dirigi ao meu carro. Decidi fazer uma surpresa ao Rodríguez, que recentemente foi promovido a promotor. Ele sempre foi um grande apoio para mim, e queria comemorar sua conquista de uma maneira especial.

Assim, dirigi até o Starbucks mais próximo e comprei uma seleção de donuts e café. Sabia que ele adoraria a surpresa. Com tudo em mãos, segui para a delegacia onde ele trabalhava, ansiosa para ver a expressão de surpresa e alegria em seu rosto. Hoje seria um dia diferente, um pequeno passo em direção à normalidade e à celebração das pequenas vitórias.

Ao me aproximar da delegacia, senti uma mistura de nervosismo e excitação. Era um sentimento estranho, sair de casa depois de tanto tempo, mas ao mesmo tempo, algo em mim ansiava por essa mudança. Estacionei o carro e, com o pacote de donuts e os cafés em mãos, caminhei em direção à entrada.

O ambiente na delegacia estava agitado como sempre, com policiais indo e vindo, telefonemas incessantes e um clima de urgência constante. Ao passar pela recepção, a atendente me reconheceu e deu um sorriso caloroso, um gesto simples que me fez sentir mais à vontade.

Subi as escadas até o andar onde Rodríguez trabalhava. Ao chegar à sua sala, bati levemente na porta antes de entrar. Ele estava concentrado em alguns documentos, mas quando levantou a cabeça e me viu, um sorriso largo se espalhou pelo seu rosto.

— Surpresa! — exclamei, levantando o pacote de donuts e os cafés.

— Não acredito! — Rodríguez respondeu, levantando-se da cadeira. — Você está aqui! E trouxe donuts!

Coloquei os itens sobre a mesa e nos abraçamos. Senti um peso sendo aliviado dos meus ombros, como se aquele simples gesto de sair e surpreender um amigo tivesse um impacto maior do que eu imaginava. Sentamos e começamos a conversar, falando sobre sua promoção, sobre casos recentes e, claro, sobre como eu estava me sentindo.

— Estou muito orgulhoso de você, sabia? — disse Rodríguez, com um olhar sincero. — Sei que não tem sido fácil, mas sair de casa hoje foi um grande passo.

Concordei com a cabeça, absorvendo o apoio em suas palavras. Rodríguez sempre teve um jeito de fazer com que eu me sentisse valorizada e respeitada, e naquele momento, suas palavras eram exatamente o que eu precisava ouvir.

— Obrigada, Rodríguez. — respondi. — Realmente, não tem sido fácil, mas hoje senti que era o momento certo.

Ele assentiu, pegando um donut e dando uma mordida.

— E como estão as coisas no trabalho? — perguntei, tentando desviar o foco da conversa para ele.

Rodríguez suspirou, mas com um brilho nos olhos.

— A promoção foi uma bênção e um desafio. Agora estou liderando a investigação de um caso bastante complicado. — Ele fez uma pausa, como se pesasse suas próximas palavras. — Mas, sinceramente, é bom estar ocupado. Me mantém focado.

Concordei. Entendia muito bem o que ele queria dizer. Às vezes, a ocupação era a melhor maneira de afastar pensamentos sombrios.

— Você vai resolver esse caso, tenho certeza. Sempre foi o melhor no que faz. — disse com convicção.

Rodríguez sorriu, e continuamos a conversar até que um telefonema urgente interrompeu nosso momento.

— Devo atender isso. — disse ele, levantando-se rapidamente. — Mas me mantenha informado, está bem? Não suma novamente.

Assenti, levantando-me também.

— Pode deixar. E obrigada por tudo.

Deixei a delegacia com uma sensação de renovação. Decidi que, antes de ver Adrielly, faria uma parada no parque para clarear a mente. Caminhei entre as árvores, sentindo a natureza ao meu redor e deixando os pensamentos fluírem livremente.

Cheguei à escolinha onde eu sabia que encontraria a minha querida Adrielly. No estacionamento, avistei o motorista e a babá, Sydney.

— Sydney? — chamei, atraindo sua atenção.

— Senhora Kate, que prazer vê-la — respondeu Sydney, com um sorriso acolhedor.

— Obrigada, Sydney. Gostaria de ver a Adrielly. É possível? — perguntei, tentando disfarçar a ansiedade.

— Claro, mas ela ainda não saiu — respondeu Sydney, mantendo a calma.

Agradeci com um sorriso e me juntei a eles para esperar. Os minutos passaram lentamente, cada segundo aumentando minha expectativa. De repente, a tranquilidade foi rompida por um alvoroço na escola. Uma ambulância chegou com sirenes estridentes, e uma sensação de pavor tomou conta de mim.

— Sydney, estou com um mau pressentimento. Vamos entrar — sugeri, minha voz carregada de preocupação.

Ela assentiu e caminhamos apressadamente em direção à entrada. Antes mesmo de entrarmos, a visão da ambulância estacionada e a movimentação frenética nos fez parar. Quando nossos olhos se fixaram na maca sendo transportada, meu coração congelou.

Ali estava minha pequena Adrielly, com seus cachinhos dourados, suas mãos minúsculas, e aqueles olhos brilhantes que sempre iluminavam meu dia. O sorriso bobo que eu tanto amava agora parecia uma lembrança distante.

— O que aconteceu? — gritei, minha voz quase falhando. — O que aconteceu com a minha Adrielly?

A senhora Michael, a diretora da escola, se aproximou com um olhar grave.

— Senhorita Kate, essa manhã a Adrielly chegou mal disposta e com muito sono. Levamos ela até a sala de descanso, na esperança de que pudesse se recuperar. No entanto, ela acabou adormecendo profundamente e não acorda desde então. Além disso, sua temperatura está altíssima.

Uma onda de pânico percorreu meu corpo ao ouvir aquelas palavras. Minha mente se encheu de perguntas sem respostas e meu coração se apertou ainda mais. Meu instinto de proteção e amor me impulsionou a tomar medidas imediatas para ajudar minha pequena.

Aquele momento na ambulância foi agonizante. Meu coração batia descompassado e minha mente estava cheia de preocupações e temores. Olhei para Sydney, buscando algum tipo de conforto em seu olhar.

— Você não notou algo estranho nos últimos dias? — perguntei, buscando desesperadamente por pistas que pudessem explicar o que estava acontecendo com Adrielly.

Sydney hesitou por um momento, parecendo tentar encontrar as palavras certas.

— Bem, ela tem feito muitas perguntas sobre você e sobre a senhora Bianca, a nova namorada do... — interrompi suas palavras, deixando claro que queria falar apenas sobre a saúde de Adrielly.

— Nesse caso, ela teve febre durante algumas horas — explicou Sydney, preocupada.

O caminho até o hospital parecia interminável. Cada minuto que passava aumentava a minha angústia. Ouvia as sirenes da ambulância ecoarem pela cidade, e a sensação de impotência me consumia. Chegamos às pressas e a equipe médica assumiu o controle, levando Adrielly para a sala de emergência.

Senti um nó na garganta enquanto observava minha pequena ser levada por profissionais de jalecos brancos. Era uma cena que nunca imaginei presenciar. Sydney segurou minha mão com firmeza, oferecendo apoio emocional. Juntas, esperamos na sala de espera, onde o tempo parecia se arrastar.

— Vou avisar o senhor Lewis e depois ligar para o senhor Tiago — disse Sydney, sua voz baixa e controlada, enquanto se levantava para me deixar sozinha.

Enquanto Sydney se afastava, olhei ao redor da sala de espera do hospital, que estava cheia de pessoas com expressões igualmente preocupadas. O painel eletrônico piscava intermitentemente, exibindo números de atendimento, e o som de uma televisão ao fundo tentava proporcionar alguma distração com notícias triviais.

Meu olhar se prendeu a um relógio na parede, cujos ponteiros pareciam se mover em câmera lenta. Cada minuto que passava sentia-se como uma eternidade. Tentei me concentrar em respirar profundamente, mas a ansiedade fazia meu coração bater em um ritmo frenético. Pensamentos sombrios insistiam em invadir minha mente, mas eu me forcei a afastá-los. Precisava ser forte por Adrielly.

Lembrei-me dos últimos dias, tentando encontrar qualquer sinal que pudesse ter negligenciado. Adrielly sempre fora uma criança cheia de vida, com um sorriso contagiante e uma curiosidade insaciável. Mas, recentemente, algo parecia diferente. Havia uma exaustão em seus olhos, uma falta de brilho que antes era constante.

Enquanto estava perdida em meus pensamentos, a porta da sala de espera se abriu e um médico entrou. Ele olhou em volta, procurando alguém. Meu coração deu um salto, e eu me levantei de um pulo, esperando que ele estivesse trazendo notícias sobre Adrielly.

— Senhora Carter — ele começou, olhando para a prancheta em suas mãos.

— Sim, sou eu! — respondi, a voz tremendo de ansiedade.

Ele me conduziu a um canto mais reservado da sala, onde poderíamos conversar com mais privacidade.

— Sua filha, Adrielly, está sendo estabilizada. Ela teve uma forte febre e estamos realizando alguns exames para determinar a causa exata — explicou o médico, sua voz calma e profissional.

Senti um alívio parcial ao ouvir que ela estava sendo cuidada, mas a incerteza sobre o que estava acontecendo ainda pesava fortemente sobre mim.

— Ela vai ficar bem? — perguntei, tentando manter a compostura.

— Estamos fazendo tudo o que podemos. Precisamos aguardar os resultados dos exames para ter uma ideia mais clara. Sei que é difícil, mas peço que tenha paciência — disse ele, antes de se afastar para continuar seu trabalho.

Voltei ao meu lugar na sala de espera, sentindo-me um pouco mais aliviada, mas ainda cheia de perguntas e preocupações. Sydney retornou logo depois, sentando-se ao meu lado novamente.

— Consegui falar com o senhor Lewis. Ele está a caminho. O senhor Tiago também foi avisado e virá o mais rápido possível — informou ela, sua voz suave e reconfortante.

A presença dela ao meu lado era um consolo, uma âncora em meio ao turbilhão de emoções. Juntas, continuamos a espera, cada uma perdida em seus próprios pensamentos, mas unidas pela esperança e pelo amor por Adrielly.

O tempo parecia estagnado enquanto Sydney e eu aguardávamos mais notícias. A sala de espera ficou cada vez mais lotada, e o ar parecia pesado com a mistura de preocupações e esperanças de todos ali.

Finalmente, após o que parecia uma eternidade, o médico voltou. Desta vez, ele parecia ter mais informações.

— Senhora, temos os resultados dos exames de Adrielly — disse ele, com um tom sério mas tranquilizador. — Ela está com uma infecção viral que causou a febre alta. Vamos iniciar o tratamento antiviral imediatamente, e ela precisará ficar internada por alguns dias para monitoramento e recuperação.

Senti uma onda de alívio misturado com preocupação. Pelo menos agora sabíamos o que estava acontecendo e havia um plano de ação.

— Ela vai ficar bem? — perguntei, a voz um pouco mais firme desta vez.

— Com o tratamento adequado, acreditamos que ela vai se recuperar completamente. Vamos cuidar bem dela — respondeu o médico, antes de me conduzir até o quarto onde Adrielly estava.

Ao entrar no quarto, vi minha pequena deitada na cama, com os olhos fechados e uma expressão de cansaço. Havia um tubo de soro ligado ao seu braço, e o som monótono das máquinas de monitoramento preenchia o ambiente. Aproximei-me dela, sentindo uma mistura de tristeza e alívio.

— Kate está aqui, meu amor — sussurrei, segurando sua pequena mão.

Sydney ficou ao meu lado, oferecendo seu apoio silencioso. Era uma presença reconfortante em um momento tão difícil.

Pouco depois, o senhor Lewis chegou, visivelmente preocupado. Ele era um homem com uma expressão sempre séria, mas naquele momento, seus olhos mostravam uma ansiedade que eu nunca tinha visto antes.

— Como ela está? — perguntou ele, a voz cheia de preocupação.

Expliquei a situação e ele suspirou, parecendo um pouco mais aliviado. O Tiago chegou logo depois, trazendo consigo uma energia positiva que sempre parecia iluminar qualquer ambiente. Ao seu lado, estava Bianca, cuja presença aumentava ainda mais o contraste entre a alegria deles e a minha dor.

— Ela é forte, vai superar isso — disse ele com confiança.

— Tenho certeza, meu amor — acrescentou Bianca, colocando delicadamente a mão no ombro de Tiago.

Aquela cena era uma tortura silenciosa para o meu coração, uma lembrança constante das feridas ainda abertas.

O senhor Lewis, percebendo a tensão no ar, interveio com uma tentativa de amenizar o clima. — Muito obrigada por estar aqui, Kate, apesar de tudo — disse ele, olhando diretamente nos meus olhos.

Respirei fundo, tentando manter a compostura, e respondi com um pequeno sorriso. — Os problemas que tive com Tiago não afetarão minha relação com Adrielly , ela é só uma criança que precisa de amor.

Aquelas palavras, embora verdadeiras, carregavam um peso enorme. Adrielly era o elo que nos unia, e eu faria qualquer coisa por ela, mesmo que isso significasse enfrentar a dor de ver Tiago e Bianca juntos.

À medida que a noite avançava, o ambiente no quarto de hospital se tornava um pouco mais suportável, embora a tensão ainda fosse palpável. Tiago puxou uma cadeira para se sentar ao lado da cama de Adrielly, segurando sua pequena mão com uma ternura que fez meu coração apertar ainda mais. Bianca, sempre atenta, colocou uma mão reconfortante no ombro dele, oferecendo um suporte silencioso.

Eu me mantive próxima, observando cada gesto, cada expressão. A dor que eu sentia era difícil de descrever, um misto de tristeza, arrependimento e uma ponta de esperança. Adrielly, apesar de sua fragilidade, parecia sentir a presença de todos nós e, de alguma forma, isso lhe dava forças.

— Kate, você tem sido incrível com Adrielly — disse Tiago, quebrando o silêncio. Sua voz era suave, quase como um pedido de desculpas silencioso.

— Faço o que posso — respondi, tentando manter a voz firme. — Ela é tudo para mim.

O senhor Lewis interveio novamente, sua voz carregando uma sabedoria tranquila.

— É evidente que Adrielly tem muita sorte de ter todos vocês. O amor que vocês têm por ela é palpável e, em momentos como este, é isso que importa.

Adrielly abriu os olhos lentamente, sua expressão suavizando ao ver todos ao seu redor. Ela apertou a mão de Tiago, depois estendeu a outra mão para mim. Eu me aproximei, segurando sua mãozinha com todo o carinho que podia oferecer.

— Kate, Tiago, papai... — sussurrou ela, com uma voz fraca mas cheia de amor. — Eu amo vocês.

Aquelas palavras simples, mas poderosas, trouxeram lágrimas aos meus olhos. Olhei para Tiago, que também estava emocionado, e percebi que, independentemente de nossas diferenças, estávamos unidos pelo amor incondicional por Adrielly.

Sentindo a necessidade de um momento de respiro, saí do quarto com passos pesados e um coração ainda mais pesado. Caminhei pelos corredores do hospital, tentando recompor meus pensamentos e emoções. Cada passo ecoava a intensidade da situação, e a distância entre mim e a porta do quarto parecia maior do que jamais fora.

Na cafeteria do hospital, o ambiente era um contraste estranho com o quarto de Adrielly. As vozes dos visitantes e o som dos talheres criando uma sinfonia mundana que, por um momento, me afastou da realidade angustiante. Pedi um café puro, sem açúcar, e um cinnamon roll, tentando encontrar algum conforto na familiaridade dessas escolhas.

Quando a comida foi colocada diante de mim, senti uma onda de tristeza me dominar. O aroma doce do cinnamon roll misturado com o cheiro forte do café deveria ser reconfortante, mas em vez disso, trouxe à tona todas as emoções que eu tentava suprimir. As lágrimas começaram a cair silenciosamente, uma a uma, deslizando pelo meu rosto e caindo sobre a mesa.

De repente, uma mão gentil tocou meu ombro, interrompendo meus pensamentos. Olhei para cima e vi uma enfermeira, seu rosto mostrando uma empatia silenciosa. Aquele simples gesto de compaixão foi o catalisador que quebrou a barreira de força que eu estava tentando manter. Senti uma onda avassaladora de emoção e comecei a chorar ainda mais intensamente.

As lágrimas vieram em cascata, minhas mãos tremendo ao redor da xícara de café. A enfermeira não disse nada, mas permaneceu ao meu lado, sua presença oferecendo um conforto silencioso e inestimável. Ela compreendia a dor, e sua empatia silenciosa me fez sentir menos solitária naquele momento sombrio.

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