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O Peso Da Ilusão

Nós dois estamos pensando a mesma coisa. Eu penso
em você, você em si mesmo...


Tiago
Chegou o dia da mudança, e eu, Tiago, vesti uma camiseta e jeans, prontos para a ação. O apartamento de Kate estava iluminado pelo sol do meio-dia, com caixas de papelão espalhadas pelo espaço ainda vazio, ecoando a promessa de um novo começo. Arregacei as mangas e, junto com Kate, embarcamos na dança sincronizada do empilhamento e transporte. Os objetos de Kate, cada um portando um fragmento de sua antiga vida, foram cuidadosamente encaixotados e transportados para o caminhão de mudança.

Enquanto segurava uma caixa etiquetada "Quadros", senti o peso não apenas dos itens dentro dela, mas também do peso emocional que cada peça carregava. Kate e eu compartilhávamos sorrisos fatigados, mas esperançosos, em cada viagem de e para o caminhão. Ao organizar os móveis e pertences nos novos espaços, a dinâmica familiar sapeca entre nós se destacava - uma lufada de riso entre as exigências físicas do dia.

- Não sei como você conseguiu encaixar todos esses pincéis aqui, Kate. Parece que você está mudando um ateliê inteiro! - brinquei enquanto equilibrava uma caixa que parecia estar à beira de explodir.

- Ah, Tiago, você sabe que eu levo minha arte a sério. E, além disso, nunca se sabe quando vou precisar de um pincel número 12 para um toque final! - respondeu Kate, com um sorriso travesso.

No final do dia, com as caixas agora desempilhadas em seu novo lar e a mobília encontrando seus lugares, havia um sentimento coletivo de conquista. Pizzas foram encomendadas, bebidas foram compartilhadas, e celebramos o marco em meio a pilhas de coisas ainda para desembalar.

- Música! - gritou Kate quando finalmente conseguiu conectar o celular na caixinha de som.

Como alguém pode ficar tão linda mesmo estando completamente desarrumada? Pensei comigo mesmo. Enquanto a música ecoava pela sala, me deixei levar pelo ritmo contagiante. Fechei os olhos e deixei que a melodia invadisse meu corpo, afastando qualquer preocupação ou estresse do dia. A batida vibrante me envolvia, me fazendo dançar e me divertir como se não houvesse amanhã.

- Tiago, você está dançando como se tivesse formigas nos sapatos! - Kate riu, enquanto tentava acompanhar meus passos desajeitados.

- Ei, isso é o que eu chamo de estilo próprio! - respondi, fazendo uma pirueta desajeitada que quase me fez tropeçar em uma pilha de caixas.

Enquanto me movia pelo espaço, pude sentir a energia da música fluindo em cada parte de mim. Meus passos desajeitados se transformavam em movimentos graciosos, e minha desarrumação se tornava parte da minha personalidade vibrante.

Kate me observava com um olhar de admiração, seus olhos brilhando enquanto ela acompanhava cada movimento meu. Era como se a música tivesse o poder de realçar minha beleza natural, tornando-me ainda mais radiante aos olhos dela.

- Tiago, você parece um flamingo bêbado, mas devo admitir, um flamingo muito feliz! - disse Kate, rindo tanto que quase derrubou uma pilha de livros.

E assim, embalados pela música, dançamos como se fosse a última vez. A sala se tornou nosso próprio palco, e a melodia se transformou em nossa trilha sonora particular. Não importava como estávamos vestidos ou arrumados, o que importava era a conexão que a música criava entre nós.

E então, um toque conhecido ecoou pela sala. "Friends" de Chase Atlantic. Mais uma vez, trocamos aquele olhar cúmplice, como no carro quando cantamos "Can't Help Falling in Love with You". O karaoke começou.

- Kate, você está pronta para arrasar? - perguntei, já sabendo a resposta.

- Sempre, Tiago. Vamos mostrar como se faz! - respondeu ela, com um brilho nos olhos.

Cantamos a música com o coração. Se eu não conhecesse a Kate, juraria que ela estava cantando para mim. Quando chegou a minha parte, sorri ao perceber que era a favorita dela também.

- E o que diabos éramos? - cantei, sentindo cada palavra.

- And what the hell were we? - Kate respondeu, sua voz se misturando à minha.

Enquanto a melodia continuava, nossas vozes se entrelaçavam em perfeita harmonia. Era como se estivéssemos compartilhando nossos segredos mais profundos através da música. Eu podia sentir a emoção em cada palavra que cantávamos juntos, como se estivéssemos desvendando um enigma que só nós dois conhecíamos.

- Isso não faz muito sentido, não - cantamos juntos, e essa frase soava como nosso grito silencioso de confusão e maravilha. Tensão, de fato, era o que definia o momento, pois enquanto estávamos ali, entregues à música, havia também o medo de quebrar o encanto, a inquietação do que viria depois da última nota.

Enquanto o último acorde ecoava, um silêncio reconfortante tomou conta da sala. Sabíamos que algo especial havia acontecido entre nós. Não éramos apenas amigos, éramos algo mais. E, no fundo do meu coração, eu sabia que não importava o que acontecesse, Kate seria sempre a minha "Friends".

- Isso foi fantástico, a gente cantou com a alma! - Kate falou, e logo em seguida caímos na gargalhada. Naquele momento, fiz uma promessa a mim mesmo: eu farei dessa garota a mais feliz entre todas.

- Você é fantástica, Kate. - sorri, sentindo uma mistura de admiração e carinho.

Com um olhar cúmplice, sabíamos que estávamos prontos para enfrentar todos os desafios que a mudança traria. Juntos, navegaríamos pelos altos e baixos da vida, apoiando um ao outro nas dificuldades e celebrando as alegrias que estavam por vir.

E assim, com uma bagunça no cabelo e um sorriso nos lábios, continuamos a dançar, sabendo que a verdadeira beleza está em sermos nós mesmos, exatamente como somos.

Enquanto o dia se transformava em noite e as luzes da cidade começavam a brilhar lá fora, o apartamento ecoava com risos e murmúrios tranquilos. O cansaço da jornada de mudança era evidente, mas a sensação de realização e alegria preenchia o ar, tornando cada momento memorável e especial.

Sentados em meio às caixas vazias e móveis reorganizados, Kate e eu compartilhávamos histórias, planos para o futuro e sonhos que alimentavam nossas almas. O novo começo que nos aguardava parecia brilhar com uma luz única, uma luz que só poderia surgir da coragem de se permitir abraçar a mudança e seguir em frente, de mãos dadas.

Deleitávamo-nos com as últimas fatias de pizza, deixando que o silêncio reconfortante envolvesse o ambiente, trazendo consigo um sentimento de paz e contentamento. Em meio a esse momento de tranquilidade, trocamos olhares cheios de cumplicidade e carinho.

Enquanto os primeiros raios de sol do domingo começavam a surgir no horizonte, iluminando o novo lar de Kate com uma aura de possibilidades infinitas, ela se virou para mim, com uma expressão séria e emocionada.

- Talvez isso pareça estúpido, mas você é muito importante para mim. Você é meu ombro amigo, meu príncipe pronto para me salvar, e eu realmente sou grata por ter você em minha vida - disse ela, enterrando-se em um abraço apertado.

Senti meu coração aquecer com suas palavras e retribuí o abraço, tentando não deixar as lágrimas escaparem.

- Não está cedo demais para a gente começar a chorar? - brinquei, tentando aliviar a tensão do momento.

De repente, senti meu telefone vibrar no bolso. Ao verificar, vi que era meu pai ligando. Confuso, pois ele raramente ligava de forma tão urgente, atendi imediatamente. Do outro lado da linha, consegui ouvir a voz tensa e direta dele:

- Tiago, venha para casa agora.

Não houve tempo para perguntas; a linha foi desligada antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Um milhão de pensamentos correram pela minha mente. O que poderia ser tão urgente? Será que havia acontecido algo grave? Com o coração acelerado, sabia que precisava agir rapidamente.

- Kate, eu preciso ir. Meu pai ligou e parece sério. - disse, tentando manter a calma.

- Vai lá, Tiago. Qualquer coisa, me avisa, tá bem? - respondeu ela, com uma preocupação genuína nos olhos.

Guardei o telefone, peguei minhas coisas e, sem hesitar, dirigi-me o mais rápido possível para a casa dos meus pais, tentando me preparar para qualquer situação que encontrasse.

Ao chegar, abri a porta lentamente e segui até o escritório do meu pai, pedindo permissão para entrar. Depois de algumas conversas chatas e financeiras, uma ideia surgiu na minha mente. Senti uma faísca de inspiração enquanto meu pai e eu discutíamos o destino da nossa galeria de arte. Permanecia ali, imerso em nossas memórias familiares, seus cantos preenchidos com ecos de eventos passados e vernissages que já não atraíam as multidões de outrora.

- Pai, eu estava pensando... - comecei, capturando sua atenção. - Talvez não devêssemos vender a galeria. Por que não oferecê-la para Kate?

Meu pai, sempre pragmático, me olhou com uma ponta de surpresa.

- Kate? Tem certeza, filho? É uma responsabilidade grande e...

Interrompi-o, compartilhando minha visão.

- Ela tem um olhar novo, contemporâneo. E a paixão dela pela arte é inegável. Além disso, trabalhando juntos, podemos revitalizar este lugar.

O semblante do meu pai suavizou.

- Você acredita nela assim tanto? - perguntou, um sinal de curiosidade piscando em seus olhos.

- Sim, eu acredito. E acho que ela teria ideias incríveis. Podemos transformar este espaço em algo novo - algo vibrante.

Por um momento, houve silêncio enquanto meu pai ponderava a sugestão. Então, com seu sorriso característico, ele disse:

- Bem, Tiago, se você tem fé nela e acha que ela seria capaz de gerir a galeria, vamos explorar a ideia. Fale com ela. Veja se essa chama que você vê nela ilumina também essa oportunidade.

Senti um alívio misturado com entusiasmo.

- Vou falar com ela hoje - prometi, já imaginando a galeria transformada sob a tutela de Kate.

O diálogo com meu pai renovou minhas esperanças. A ideia de oferecer a galeria a Kate, não apenas como um gesto de confiança, mas como um voto na vitalidade futura da nossa arte, parecia o próximo capítulo perfeito para nossa herança familiar.

Quando me levantava para sair e seguir rumo à casa de Kate, meu pai chamou minha atenção com uma frase:

- Convide-a para cá, assim conhecemos a famosa Kate - sorriu o homem de cabelos grisalhos, um pouco cansado, mas sempre em boa forma.

- Vou ver se ela aceita. Até depois, pai. - disse, seguindo em direção à firma de advogados para preparar as papeladas de transição.

Com cada passo, a visão de um futuro brilhante ao lado de Kate e a galeria renovada enchia meu coração de esperança e determinação. Sabia que, juntos, poderíamos transformar sonhos em realidade.

Kate
Eu sempre me considerei razoavelmente boa na cozinha, mas hoje foi diferente. Decidi preparar algo especial - uma receita que minha mãe costumava fazer para o pequeno-almoço. Peguei meu avental, os ingredientes espalhados pelo balcão, e comecei a cozinhar, seguindo cada passo com uma dose extra de cuidado.

Os ovos estavam sendo mexidos no ritmo certo, o cheiro do bacon tostado enchia a cozinha, e uma torrada crocante esperava pacientemente ao lado. Piquei o cebolinho, tal como ela fazia, esparramando-o generosamente sobre os ovos. Sentia-me quase uma chef de cozinha estrelada, com direito a trilha sonora e tudo.

Enquanto os pratos iam tomando forma, um calor familiar transbordava pela cozinha. Mas não era só o calor do fogão - era um calor que vinha de dentro, iluminando todas as minhas memórias de infância, quando o mundo era simples e o momento mais importante do dia era quando ela me chamava para comer.

De repente, sem aviso, a emoção tomou conta de mim. A concha metálica que eu estava segurando caiu na frigideira com um estalido digno de uma cena de filme, e eu me apoiei no balcão tentando recuperar o controle. Era como se cada aroma, cada som da cozinha, fosse um eco da voz e do riso dela.

Com as mãos trêmulas, servi tudo em um prato, quase como se estivesse montando um altar em honra dessas lembranças. Mal pude me sentar para comer, minhas mãos agora abraçavam a chávena quente de café, mas não foi o calor que senti. Eram lágrimas, gotejando lentamente, misturando-se com os sabores do pequeno-almoço. O café, por sinal, estava mais forte do que uma palestra sobre física quântica às seis da manhã.

Não era a comida em si, era o que ela significava. Aquela refeição, tão simples, carregava a essência dos momentos que dividi com minha mãe. Com cada mordida, com cada sabor que recordava, era como se eu pudesse sentir o abraço dela, ouvir a sua voz dizendo que tudo ficaria bem.

Naquele instante, chorei. Estas lágrimas não eram apenas de tristeza ou saudade; eram a expressão da alegria e gratidão por ter essas recordações, por ter uma parte dela comigo, através das receitas que deixou, dos gestos repetidos, de todo amor que cozinhávamos juntas.

Limpei as lágrimas, inspirei fundo e sorri. Porque, no final, mesmo com o coração apertado, eu sabia que cada vez que entrasse na cozinha para fazer aquela receita, de algum modo, ela estaria ali, comigo, na suavidade da manhã e no calor do meu pequeno-almoço.

Depois de passar um tempo refletindo sobre minha situação financeira - basicamente, a versão adulta de chorar no banho - decidi ligar para minha irmã, Bianca, para agradecer o dinheiro que ela havia me emprestado. Eu sabia que era importante expressar minha gratidão e reconhecimento pela ajuda que ela me ofereceu.

Enquanto discava o número, senti uma mistura de emoções. Por um lado, estava aliviada por ter Bianca como minha irmã e por sua generosidade. Por outro lado, sentia uma certa vergonha por precisar do dinheiro dela. E, vamos ser honestos, quem nunca?

Depois de alguns toques, Bianca atendeu a chamada. Sua voz calorosa e amorosa me tranquilizou instantaneamente.

- Oi, Bianca! Sou eu, Kate - disse, tentando soar o mais grata possível e menos "meu Deus, estou falida". - Eu queria te ligar para agradecer pessoalmente pelo dinheiro que você me emprestou. Sua ajuda foi fundamental para mim.

Bianca sorriu do outro lado da linha.

- Ah, Kate, você não precisa agradecer. Você é minha irmã e sempre estarei aqui para ajudar quando você precisar. Estou feliz em poder te ajudar.

Eu sorri, sentindo um alívio imenso.

- Eu sei que posso contar com você, Bianca, e sou muito grata por isso. O dinheiro que você me emprestou foi crucial para lidar com as despesas do apartamento, e eu não sei como vou retribuir.

Bianca respondeu com gentileza.

- Querida, não se preocupe com isso. O que importa é que você está bem e que estamos aqui uma para a outra. Eu sei que você faria o mesmo por mim se eu precisasse. Estamos juntas nisso, sempre.

Senti um nó se formando em minha garganta.

- Obrigada, Bianca. Eu não poderia pedir por uma irmã melhor. Sua generosidade e apoio significam muito para mim.

Bianca sorriu do outro lado da linha, e eu quase podia ver seu sorriso através da tela.

- Estou tão feliz por você, maninha. Como é o apartamento?

- Você não tem ideia do quanto isso significa para mim - disse - Esse lugar é perfeito.

Com a câmera do celular apontada para frente, fiz uma pequena tour, exibindo as paredes recém-pintadas e os móveis ainda desarrumados.

- Ainda tenho muito a organizar, mas já está se sentindo como um lar - expliquei.

Os detalhes passavam pela tela: a luz natural que entrava pela janela, a estante de livros que precisava ser decorada, até uma pilha de caixas ainda fechadas. Bianca assistia com um sorriso caloroso, fazendo perguntas e dando sugestões. A conversa seguiu natural e cheia de risos, fazendo do apartamento novo um cenário de cumplicidade entre as irmãs.

Bianca elogiou o apartamento e me deu palavras de encorajamento. Sua presença na chamada de vídeo me fez sentir mais confiante e apoiada.

Depois de encerrarmos a chamada, me senti renovada e cheia de esperança. Sabia que, com a ajuda e o apoio da minha incrível irmã, eu seria capaz de superar qualquer desafio que viesse pela frente.

Após finalizar a agradável conversa com minha irmã Bianca e sentindo-me renovada pelo apoio, voltei-me para a pilha de caixas inexploradas que esperavam por mim. Com determinação, levantei-me e caminhei em direção à primeira caixa, pronta para enfrentar a tarefa com energia revigorada.

Rasguei cuidadosamente a fita adesiva, abrindo cada caixa uma por uma, revelando itens pessoais que carregavam lembranças e a sensação de começo em meu novo lar. Livros, fotografias, itens de cozinha e decoração vieram à tona, e eu os posicionei em seus devidos lugares, transformando o espaço vazio em um reflexo de minha própria vida e estilo.

É um processo lento mas gratificante, e a cada objeto que eu encontrava, podia visualizar o futuro daquele espaço e como ele se moldaria com o tempo. Terminei o dia exausta, mas satisfeita com o progresso feito, sabendo que cada esforço investido torna o apartamento mais meu, peça por peça.

Tiago
Segui animado para a firma de advogados para preparar a documentação necessária para a transição da galeria. Pensamentos sobre como Kate reagiria à proposta preenchiam minha mente enquanto eu caminhava pelas ruas movimentadas da cidade.

Chegando à firma, cumprimentei o advogado com um aperto de mão firme.

- Estamos aqui para algo emocionante hoje - comentei, meu entusiasmo mal contido em minha voz.

O advogado levantou uma sobrancelha, curioso.

- Transição da galeria? Isso é grande, Tiago. Quem é a sortuda que está assumindo o comando?

Respondi com um sorriso.

- Kate, minha amiga e uma artista extraordinária. Acredito que ela vai injetar uma nova vida na galeria.

Ele puxou sua cadeira mais para perto e abriu seu laptop.

- Bem, precisaremos de todos os dados dela e discutir a estrutura dessa transição. Vamos aos detalhes, então. Há questões de propriedade, direito de gestão e potencialmente de sucessão a serem consideradas.

Concordei, preparando-me para uma longa tarde de planejamento minucioso. Duas horas depois, todos os planos estavam delineados, e eu tinha em mãos a primeira versão de um contrato.

A ideia de convidar Kate para jantar com meu pai parecia agora mais do que apropriada; seria a oportunidade perfeita para apresentá-la formalmente à família e, ao mesmo tempo, introduzir a possibilidade de ela assumir a galeria.

Depois do encontro com o advogado, peguei meu telefone e enviei uma mensagem para Kate:

- Oi, você estaria disponível para um jantar especial esta noite? Meu pai deseja conhecer a famosa Kate. E tenho uma proposta de negócios para discutir com você, algo que acho que vai te interessar bastante.

Assim que enviei a mensagem, senti um misto de nervosismo e empolgação. Esperei ansiosamente por uma resposta, imaginando os cenários possíveis para essa noite que poderia muito bem ser o início de um futuro vibrante para a galeria e, quem sabe, um novo capítulo para nós.

Minutos depois, chega uma notificação do meu celular e vejo o nome de Kate na tela. Não espero duas vezes e abro logo a mensagem:

- Oi, seria um prazer jantar com você e com seu pai. Afinal de contas, qual proposta poderia ser?

Logo em seguida, respondi:

- A curiosidade matou o gato, chica. Vou pegar você às 8h, ok?

Minutos depois, o celular vibra com uma mensagem de confirmação de Kate.

Mais tarde, encontro-me com Oliver em nosso local favorito, um pequeno café na área nobre da cidade . Sentando-me com dois cafés na mesa, mergulho direto no assunto.

- Oliver, preciso da tua opinião - inicio, minhas mãos embrulhando a xícara para confortar-me com o calor.

- Estou pensando em recomendar a Kate para gerir a galeria de arte.

Oliver coloca sua xícara de café de volta na mesa, atento.

- Kate? A mesma que teve aquela exposição incrível no último mês?

- Sim, essa mesma - confirmo, um sorriso discreto trazendo vida ao meu rosto ao lembrar-me do sucesso da exposição de Kate.

- Ela tem um talento surpreendente e uma paixão verdadeira pela arte. Mais que isso, ela entende de negócios.

- Isso soa fantástico - diz Oliver, apoiando o cotovelo na mesa, sua expressão mostrando genuíno interesse. - Mas e quanto à tua proximidade com ela? Pode complicar as coisas?

Suspiro, considerando a advertência.

- É possível... mas acho que somos profissionais suficientes para que isso não interfira. E honestamente, eu confio nela.

Oliver acena, compreendendo.

- Ela vai precisar de algum tipo de treinamento ou introdução ao funcionamento da galeria?

- Provavelmente - respondo. - Mas meu pai mostrou-se aberto à ideia de passar algum tempo com ela para assegurar uma transição suave.

- Então parece que você já tem tudo planejado - diz Oliver, um sorriso de concordância brincando em seus lábios.

- E quanto a você? O que vai fazer se ela tomar conta da galeria? Você vai se envolver mais no lado artístico ou continuar nos bastidores?

- Bom, isso ainda estou a decidir - confesso, meus olhos perdendo-se no vapor que se ergue de meu café.

- Talvez seja a oportunidade de me lançar em novos projetos... seja hora de ocupar o lugar do meu pai na empresa.

- Seja lá o que você decidir, sabe que estou aqui para te apoiar - diz Oliver, estendendo a mão e dando um aperto amigável no meu ombro.

Com a tranquilidade do apoio de meu amigo, sinto a carga da decisão pesando menos sobre os ombros. Sei que ainda há trabalho a ser feito e conversas a serem tidas, mas estou confiante de que estou no caminho certo. Oliver sempre teve o dom de trazer clareza aos meus pensamentos. Agradecido, levanto minha xícara em um singelo brinde:

- A novos começos.

Oliver ergue sua xícara em resposta.

- A novos começos.

Kate

Com a proposta de jantar iminente, minha ansiedade e entusiasmo se misturavam enquanto eu me preparava para a noite. No meu quarto, a escolha do vestido tornou-se uma reflexão do meu estado de espírito. Queria algo que encapsulasse elegância, confiança, mas também o conforto que queria transmitir estando na casa de Tiago. Após várias tentativas e erros, selecionei um vestido de silhueta simples, com um toque de sofisticação, e o complementei com acessórios discretos que adicionavam um brilho sutil.

Diante do espelho, dediquei um momento à minha maquiagem. Esforcei-me para um visual que realçasse minhas características naturais, desejando me mostrar autêntica. Meu cabelo foi arranjado de maneira que conferisse um ar despreocupado, mas pensado. Cada gesto que eu fazia era deliberado, cada escolha uma representação das minhas intenções para a noite.

Enquanto me aprontava, repassava mentalmente conversas possíveis, ensaiando sorrisos e respostas. A incerteza sobre como me portar perante o pai de Tiago trazia um frio na minha barriga, mas decidi encarar o jantar como uma oportunidade, não só para fazer uma boa impressão, mas também para conhecer melhor o ambiente que Tiago tanto aprecia.

Finalizando os preparativos, dei uma última olhada no meu reflexo, respirei fundo e decidi que estava pronta. Com um semblante de determinação e entusiasmo, peguei minha bolsa, conferi se tinha tudo que precisava e me dirigi para fora, pronta para enfrentar a noite que poderia definir um novo capítulo na minha relação com Tiago e, quem sabe, no meu percurso profissional e pessoal.

Tiago sentia um misto de nervosismo e empolgação percorrendo seu corpo enquanto se preparava para me buscar. Ele se olhou no espelho, arrumando a camisa que escolheu especialmente para esta noite. Cada detalhe foi cuidadosamente selecionado, desde a roupa até o perfume, com a esperança de fazer uma impressão positiva e mostrar o quanto essa noite significava para ele.

Ele deu uma última conferida em sua aparência, assegurando-se que tudo estava em seu devido lugar. Antes de sair, Tiago tomou um momento para revisar mentalmente tudo o que preparou para o jantar. Ele queria que tudo fosse perfeito para que eu me sentisse à vontade e causasse uma impressão favorável a seus pais.

A ansiedade de Tiago tomou forma em uma motivação positiva; querendo me mostrar o seu mundo, incluindo-me mais profundamente em sua vida. Ao pegar as chaves do carro, ele se lembrou de confirmar com o seu pai sobre o jantar.

Ao fechar a porta de casa, Tiago respirou fundo, enchendo-se de confiança. O breve percurso até minha casa estava cheio de antecipação; cada semáforo que ficava verde parecia concordar com a importância do momento. Ao estacionar em frente à minha casa, Tiago enviou uma rápida mensagem para avisar que chegou.

Logo apareci, e não pude evitar sorrir amplamente ao vê-lo. Ele saiu do carro para me receber, a atenção às formalidades uma amostra de seu respeito e cavalheirismo. Trocaremos um cumprimento caloroso e Tiago, cuidadosamente, abriu a porta do passageiro para eu entrar.

No caminho, trocamos conversas leves, ele fazendo piadas para quebrar o gelo e eu compartilhando as atualizações do meu dia. O ar estava carregado de uma expectativa compartilhada e uma cumplicidade emergente, misturando-se com a tranquilidade do crepúsculo que nos envolvia.

Ao chegarmos ao destino, Tiago estacionou o carro e olhou para mim com um misto de orgulho e ternura. A noite apenas começava, mas já havia uma promessa no ar de que seria uma noite memorável. Juntos, caminhamos em direção ao restaurante, prontos para enfrentar o que quer que a noite reservasse.

Naquele dia, o ar estava carregado de expectativa. O pai de Tiago, um homem de presença imponente, mas olhar gentil, cuidou para que tudo estivesse impecável. Ele tinha uma disposição natural para deixar os convidados à vontade, e com a expectativa do jantar onde me conheceria, a amiga especial de Tiago, não foi diferente.

A mesa estava posta com elegância, pratos finamente dispostos, guardanapos de pano meticulosamente dobrados e uma seleção de talheres que brilhava sob a luz suave do candelabro. O pai de Tiago tinha escolhido um cardápio saboroso, mas não excessivamente pretensioso, algo que refletisse um ambiente caloroso e acolhedor.

Quando a campainha ecoou pela casa, o senhor Lewis foi nos receber. A conversa inicial foi leve, pontuada pelo riso suave e pelo tilintar de copos enquanto nos servíamos de aperitivos. Enquanto isso, o pai observava, notando o brilho no olhar de Tiago cada vez que ele olhava para mim.

- É um prazer finalmente conhecê-la - falou o senhor Lewis.

- Felizmente digo o mesmo - sorri, tentando esconder meu nervosismo.

À mesa, a conversa fluía tão facilmente quanto o vinho servido. O pai de Tiago fez questão de me envolver na conversa, perguntando sobre minhas paixões, meus interesses na arte e minhas aspirações. Respondi com uma mistura de entusiasmo e modéstia que só fez aumentar a admiração do pai por mim.

- Kate, aposto que você deve estar se perguntando por que foi chamada, certo? - perguntou o senhor Lewis degustando seu vinho.

- Sim - respondi, engolindo seco.
- Estou pensando em me aposentar, e Tiago teria que assumir a responsabilidade na empresa. A galeria provavelmente seria vendida ou abandonada, mas recentemente Tiago me falou de você e da sua paixão pela arte.

Decidimos confiar a você a nossa galeria - o senhor Lewis falou com tanta calma que precisei processar por alguns minutos.

- Sério? Meu Deus, isso seria muito importante para mim. A galeria é como se fosse minha segunda casa - falei sem pensar duas vezes.

Quando o assunto de meu interesse na galeria de arte surgiu, falei com uma paixão que iluminou a sala. Compartilhei visões para futuras exposições e a importância de conectar a comunidade com a arte.

A perspicácia não passou despercebida; o pai de Tiago viu não apenas uma jovem apaixonada, mas uma possível gerente para a galeria que ele tanto prezava.

- Você se incomodaria se me mostrasse uma de suas obras? - perguntou o senhor Lewis depois de eu ter entregado o papel da transição.

- Claro, me desculpe, não preparei nada, mas tenho algumas fotos - falei mostrando algumas fotos do meu celular.

- O que significa? - Tiago e seu pai olharam para mim enquanto mostrava uma foto de uma das minhas últimas pinturas.

- Se chama um conto sem reciprocidade. O quadro apresenta-se em um entrelaçado de sombras e luz, sugerindo duas figuras prestes a tocarem as mãos, porém nunca se encontrando. As cores são suaves, com tons pastéis que evocam uma vaga tristeza, um desejo inalcançável. Resumindo, eu apenas pintei, ainda não teve um significado na minha vida - dei um sorriso.

- Forte - disse o pai de Tiago.
- Muito forte - acrescentou Tiago.
- Minha esposa adoraria te conhecer, vocês têm a mesma maneira de pensar - disse o senhor Lewis com um olhar um tanto triste.

- Mas temos a cópia da minha mãe - falou Tiago, levantando-se e pegando na minha mão.

Tiago me guiou através dos corredores da casa até chegarmos à porta do quarto de sua irmã, Adrielly. Com um olhar de expectativa, ele bateu suavemente antes de entrar. Adrielly estava sentada à escrivaninha, completamente imersa em seus desenhos, e levantou os olhos surpresa ao me ver.

- Ela é muito parecida com nossa mãe, tanto na aparência quanto no espírito artístico - explicou Tiago, um misto de orgulho e nostalgia em sua voz.

Pude ver a semelhança imediatamente, e algo mais-um brilho de criatividade e paixão que parecia iluminar o quarto. Adrielly me cumprimentou com um sorriso tímido, mas acolhedor, e nos convidou para ver seus desenhos.

- Oi, Adrielly, eu sou a Kate.
- Oi - falou com um sorriso tímido, a garotinha que devia ter entre quatro e três anos.

Adrielly compartilhou seu trabalho, revelando um talento natural e uma expressão única que transcendia a idade. Enquanto folheávamos as páginas cheias de cores e formas, senti-me ainda mais ligada à família de Tiago, percebendo o quanto a arte estava entrelaçada em suas vidas.

A conversa desenrolou-se naturalmente, e cada risada e história compartilhada confirmava a impressão do senhor Lewis: eu e a família de Tiago estávamos alinhados em nossas almas. E enquanto a noite avançava, ficava claro que essa reunião seria apenas o começo de muitas colaborações e momentos compartilhados.

Ao longo do jantar, o sorriso de Tiago só crescia, e seu pai sabia o porquê. Minha presença parecia trazer à tona o melhor de Tiago, sua alegria, sua verve.

Ao término do jantar, quando as sobremesas já haviam sido degustadas e as últimas gotas de vinho saboreadas, o pai de Tiago não tinha mais dúvidas: ele via em mim não só a amiga que seu filho estimava, mas também uma influência positiva e uma parceira potencial na arte que ambos apreciavam.

Com a despedida, ele expressou o desejo de me ver novamente e reiterou seu apoio a qualquer projeto conjunto que Tiago e eu tivéssemos em mente. O jantar tinha sido mais do que uma refeição; tinha sido uma celebração de novas possibilidades e encontros fortuitos que, às vezes, a vida generosamente oferece.

- Uma carona? - perguntou Tiago.
- Claro, chefe, quer dizer, sócio - ambos caímos na gargalhada.

- Pai, vou deixar Kate em casa - disse Tiago, pronto para sair comigo.
- Tiago, filho, preciso conversar com você agora - falou sério.

- Parece que alguém está com problemas - sussurrei para Tiago.
- Kate, nosso motorista vai levar você - disse o senhor Lewis.

- É... Muito obrigado pelo jantar e por tudo - respondi, olhando para os dois - Agora, se me permitirem.
- Claro, claro - disse o senhor Lewis, fazendo um sinal para um homem que aparentava ser o motorista.

Enquanto o motorista me levava para casa, não pude deixar de pensar em como uma simples noite poderia mudar tantas coisas. E, com um leve sorriso nos lábios, percebi que essa era apenas a primeira de muitas noites memoráveis ao lado de Tiago e sua encantadora família.

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