O Início Da Ilusão
"Eu supero a mesma pessoa toda noite..., mas quando amanhece, eu me apaixono por cada detalhe dela novamente"
Tiago
Adrielly, com seus cinco anos de idade, estava há uma hora se preparando para sair. Quando fui vê-la, só havia conseguido arrumar o cabelo. Sydney, a babá, me explicou que ela estava indecisa sobre qual penteado escolher. Parecia que eu ainda teria que esperar mais duas horas até que ela estivesse completamente pronta.
Enquanto aguardava, peguei meu celular e decidi mandar uma mensagem para a mãe do meu filho. "Espero que você esteja bem," escrevi. Em poucos segundos, ela visualizou e respondeu com um coração.
Resolvi ir até o escritório do meu pai. Bati na porta, pedindo permissão para entrar, e ele me autorizou. -Pai, preciso conversar com você- disse, tentando chamar sua atenção. Meu pai, que estava de pé, sentou-se e me olhou com curiosidade.
- Desculpa - falei, deixando-o confuso. -Por que você está se desculpando,minha criança?- ele perguntou, vindo em minha direção.
-Tomei uma decisão errada e sei que o senhor não vai me perdoar quando as consequências vierem à tona - expliquei, olhando diretamente para ele.
-Minha criança, pode um pai desistir de seu filho?- ele perguntou. Aquelas palavras me causaram um déjà vu, pois já haviam sido ditas por Kate. - Pai, eu te amo - expressei, abraçando-o com força.
O abraço do meu pai me deu um conforto inesperado. Ele acariciou minhas costas e sussurrou: - Não importa o que aconteça, sempre estarei aqui para você
Aquele momento foi um alívio, uma pausa breve em meio ao caos interno que eu estava sentindo. Saí do escritório com o coração mais leve, sabendo que, independentemente das minhas decisões, o amor do meu pai sempre estaria ali para me amparar.
Finalmente, Adrielly estava pronta. Ela vestia uma calça larga e um casaco enorme, adotando um estilo street girl que a fazia parecer uma miniatura de Kate. Não pude deixar de notar o quanto Kate havia influenciado a pequena Adri.
Os cachos de Adrielly estavam presos em dois coques laterais, com alguns fios soltos que emolduravam seu rosto, dando-lhe um ar despreocupado e cheio de atitude. Ea parecia tão confiante e segura de si que era impossível não sorrir ao vê-la assim.
- Você está linda, Adri - eu disse, admirando sua escolha de roupa e penteado. Ela sorriu de volta, seus olhos brilhando de alegria e orgulho.
- Vamos, Ti! - Adrielly chamou, já ansiosa para sair. Peguei sua pequena mão na minha e juntos, saímos de casa.
Saímos em direção à galeria, onde encontraríamos Kate para a aguardada aula de pintura da Adrielly. Decidimos levar um buquê de jasmim, um gesto simples, mas cheio de carinho.
Ao chegarmos, atravessamos o hall e nos dirigimos ao escritório de Kate. Lá, a encontramos perdida em sua própria melodia, cantando uma música aleatória. Adrielly, com sua energia contagiante, correu para abraçar Kate, que levou um susto adorável, pois estava tão imersa em seu mundo que não notou nossa chegada.
Enquanto observava a cena, não pude deixar de admirar a elegância de Kate. Ela usava um sobretudo cinza-escuro que caía graciosamente até seus joelhos, destacando sua silhueta esguia. O tecido grosso parecia desafiar o vento cortante que soprava lá fora. O colarinho erguido protegia seu pescoço, enquanto os botões de madeira adicionavam um toque de rusticidade. Um cinto perfeitamente ajustado, marcado por um laço simples mas cuidadoso, completava a peça com um ar de sofisticação.
Sob o sobretudo, ela vestia um suéter de lã bege, cuja textura visivelmente macia espiava pelo decote V, prometendo conforto contra o frio. Suas calças de tom marinho profundo,
feitas de um tecido mais grosso, aqueciam suas pernas sem sacrificar o estilo.
Nas mãos, Kate usava luvas de couro preto, que combinavam perfeitamente com as botas de cano alto que adornavam seus pés. O toque final, e talvez o mais encantador, era um cachecol xadrez enrolado displicentemente ao redor de seu pescoço. O padrão em tons de vermelho, verde e branco dava um contraste vibrante ao conjunto mais sóbrio.
- Bem-vindos - disse Kate, com um sorriso caloroso, enquanto abraçava Adrielly.
Kate se afastou um pouco de Adrielly e nos convidou a entrar mais no escritório, que era um verdadeiro refúgio de inspiração. Havia pincéis e tubos de tinta espalhados por uma mesa ampla, junto a esboços e cadernos de anotações, todos refletindo a mente criativa e inquieta de Kate.
Adrielly, sempre curiosa, correu para explorar os materiais, enquanto Kate e eu trocávamos um olhar cúmplice. Ela pegou o buquê de jasmim que havíamos trazido e sorriu, visivelmente tocada pelo gesto.
- É lindo, muito obrigado - disse ela, colocando o buquê em um vaso próximo à janela, onde a luz natural destacava ainda mais a beleza das flores.
Enquanto isso, Adrielly já estava folheando um dos cadernos de esboços, maravilhada com as ilustrações e rabiscos. Kate se aproximou dela, explicando cada desenho com paciência e carinho, transformando aquele momento em uma aula improvisada de arte. A alegria e a admiração nos olhos de Adrielly eram palpáveis.
A conversa fluiu naturalmente, passando de técnicas de pintura a histórias pessoais. Kate, com sua voz suave e envolvente, contava sobre suas aventuras artísticas e as inspirações por trás de suas obras. Ela falava com paixão, e era impossível não se deixar levar por seu entusiasmo.
Depois de um tempo, Kate sugeriu que fôssemos para o ateliê, onde a aula de pintura realmente aconteceria. O ateliê era um espaço amplo e bem iluminado, com grandes janelas que deixavam a luz do sol entrar generosamente. Cavaletes estavam dispostos em várias partes do ambiente, prontos para serem usados.
- Vamos começar? - perguntou Kate, enquanto preparava as tintas e os pincéis. Adrielly assentiu vigorosamente, ansiosa para começar a criar sua própria obra de arte.
Enquanto a aula se desenrolava, eu observava Kate com admiração. Sua habilidade de ensinar e encantar ao mesmo tempo era notável. Ela movia-se com graça e confiança, cada gesto refletindo sua experiência e paixão pela arte. A cada dica e correção, Adrielly absorvia mais conhecimento, crescendo em confiança e habilidade.
O tempo passou rápido, e logo a aula estava chegando ao fim. Adrielly havia criado uma pintura que, embora simples, estava repleta de emoção e criatividade. Kate elogiou seu trabalho, destacando os pontos fortes e oferecendo sugestões para futuras melhorias
Adrielly se aproximou de Kate, segurando a mão dela e sussurrando algo em seu ouvido. Eu não consegui ouvir claramente o que foi dito, mas notei o sorriso travesso que se formou no rosto de Kate enquanto seus olhos brilhavam de modo cúmplice. Ela olhou para mim com uma expressão que misturava diversão e leveza.
- Tiago? - chamou Kate, com um tom de voz suave e convidativo. Eu levantei a cabeça, curioso para saber o que vinha a seguir.
- Que tal a gente ir almoçar fora? - sugeriu ela, ainda com aquele sorriso no rosto. - Estamos morrendo de fome, e conheço um lugar incrível aqui perto.
Adrielly, com os olhos brilhando de excitação, balançou a cabeça vigorosamente em concordância. Eu não precisei de muito convencimento. A ideia de continuar aquele dia especial em um novo cenário soava perfeita.
- Claro, vamos! - respondi, levantando-me do lugar onde estava sentado.
Kate pegou seu casaco e ajeitou o cachecol xadrez com um toque elegante. Adrielly correu para pegar seu casaco também, ainda radiante com a perspectiva de uma nova aventura.
Saímos da galeria, e a brisa fresca do lado de fora nos envolveu, trazendo consigo o aroma de flores e folhas caídas. Kate liderou o caminho, caminhando com uma graça natural, enquanto Adrielly segurava sua mão, saltitando de alegria ao lado dela.
O restaurante que Kate escolheu era um pequeno bistrô escondido em uma rua arborizada. O ambiente era acolhedor, com mesas de madeira rústica e luzes suaves que criavam uma atmosfera íntima e convidativa. O aroma de pratos deliciosos pairava no ar, prometendo uma refeição memorável.
Sentamo-nos em uma mesa perto de uma janela grande, que deixava entrar a luz do sol e oferecia uma vista encantadora da rua movimentada. Kate pediu um prato especial para nós, recomendando algumas de suas delícias favoritas.
Enquanto esperávamos a comida, a conversa fluiu naturalmente. Rimos, compartilhamos histórias e aproveitamos a companhia uns dos outros. Kate, sempre com seu jeito cativante, nos envolveu em suas experiências artísticas, fazendo-nos sentir parte de suas aventuras.
Quando os pratos chegaram, não decepcionaram. Cada garfada era uma explosão de sabores, e Adrielly, com seu apetite voraz, saboreava cada pedaço com entusiasmo. Kate, observando-a com carinho, parecia radiante por poder proporcionar aquele momento para nós.
O almoço terminou com uma sobremesa compartilhada, um doce que parecia derreter na boca, encerrando a refeição de forma perfeita. Ao nos despedirmos do bistrô, senti que aquele dia havia sido mais do que especial. Era um daqueles momentos raros em que tudo parecia se alinhar perfeitamente, criando memórias que permaneceriam conosco para sempre.
Foi um dia ensolarado e cheio de animação quando avistamos um centro de patinação no gelo. Sem pensar duas vezes, decidimos que seria a atividade perfeita para aproveitar o dia juntos. Adrielly, mesmo sendo pequena, estava animada para patinar também. Então, pegamos três pares de patins e começamos a nos preparar.
Kate, como sempre prestativa, ajudou Adrielly a colocar seus patins, garantindo que estivessem bem ajustados e seguros. A expressão de felicidade no rosto de Adrielly era contagiante, e eu mal podia esperar para me juntar a elas na pista de patinação.
Assim que chegamos à pista, Kate e Adrielly começaram a deslizar pelo gelo, enquanto eu me aproximava para me juntar a elas. No início, houve alguns desequilíbrios e quedas, mas isso só aumentou a diversão. Riamos juntos a cada vez que um de nós caía, transformando os momentos de insegurança em pura alegria.
Kate, com sua habilidade e paciência, ajudava Adrielly a se equilibrar e a ganhar confiança a cada passo. A cada tentativa, Adrielly sorria como se estivesse conquistando o mundo. Era como se o gelo se transformasse em um palco mágico, onde cada movimento era uma expressão de felicidade pura.
Enquanto continuávamos a patinar, o sol brilhava sobre nós, criando um cenário encantador. A música animada embalava nossos movimentos, e o riso ecoava pela pista. Sentíamos uma conexão especial, como se estivéssemos compartilhando um momento único e precioso juntos.
Adrielly, com sua energia contagiante, nos inspirava a continuar deslizando e explorando novas manobras. Ela não tinha medo de se arriscar e tentar coisas novas, o que nos motivava a fazer o mesmo. Cada queda era apenas um pequeno obstáculo em nossa jornada de diversão.
Enquanto a tarde avançava, continuamos a patinar, criando memórias que ficariam gravadas em nossos corações para sempre. O brilho nos olhos de Adrielly era uma prova do quanto ela estava se divertindo e aproveitando cada segundo. Era emocionante ver como algo tão simples como patinar no gelo podia trazer tanta felicidade.
À medida que o sol se punha e as luzes da pista de patinação se acendiam, sabíamos que tínhamos vivido um dia especial. Ajudamos Adrielly a tirar seus patins e nos sentamos juntos, cansados, mas com sorrisos radiantes em nossos rostos.
De repente, uma voz suave chamou nossa atenção. Uma senhora de idade, com um semblante gentil e um sorriso caloroso, se aproximou de nós.
- Com licença? - disse ela, com um brilho nos olhos que refletia anos de sabedoria.
- Sim? - respondi, curioso, enquanto olhava para ela.
- Vocês são o casal mais bonito que já vi em toda minha vida, e vossa filha é uma preciosidade - ela começou, com um sorriso enorme no rosto. - Eu tirei algumas fotos de vocês enquanto patinavam. Posso mostrar?
Intrigados, assentimos e nos aproximamos para ver as fotos. A senhora nos mostrou imagens que capturavam momentos preciosos: nós três patinando, rindo, caindo e até abraçados. Cada foto era um testemunho da alegria e do amor que compartilhávamos naquele dia.
- Vocês me lembram muito eu e meu marido na nossa juventude - continuou a senhora, sua voz carregada de emoção. - Hoje, ele já não está mais neste mundo, mas ver vocês me trouxe tantas lembranças felizes.
Suas palavras tocaram nossos corações profundamente. A senhora, com seus olhos brilhantes e seu sorriso nostálgico, nos mostrou o poder das memórias e do amor. Agradecemos a ela pelas fotos e pela gentileza, prometendo que aquelas imagens seriam guardadas com carinho.
Enquanto nos despedíamos, percebemos que aquele dia, já tão especial, havia se tornado ainda mais inesquecível. As fotos, os sorrisos e as palavras daquela senhora se entrelaçaram para criar um momento de pura magia.
Seguimos em direção à casa de Kate, onde iríamos assistir a um filme. Kate e Adrielly assumiram a responsabilidade de preparar os aperitivos, enquanto eu me encarregava de montar uma cabana aconchegante.
- Prontinho! - gritou Adrielly, entrando na sala com uma tigela de pipocas e vestindo uma camisa enorme, que eu supus ser de Kate. Logo atrás dela, Kate também vestia uma camisa igualmente grande.
-A camisa que veste Adrielly eu sei que essa é sua, mas e a essa que estás vestindo, Kate? De quem é essa? - perguntei, curioso.
Adrielly estava tão focada em colocar a pipoca na pequena mesa e organizar os outros petiscos que trazia junto com Kate, que não percebeu
eu falando com Kate.
- É do Rodríguez, ele deixou aqui faz tempo - respondeu a mulher de cabelos cacheados e olhares marcantes, sem dar muita importância, enquanto se concentrava nos aperitivos.
- Seria melhor se fosse a minha camisa em você - murmurei, desviando o olhar, sentindo uma pontada de ciúmes.
- Está com ciúmes, Caballero? - provocou Kate, com um sorriso maroto, enquanto ajeitava a cabana.
O ambiente estava leve e cheio de risos, as luzes suaves da sala criavam uma atmosfera acolhedora. A noite prometia ser divertida e cheia de memórias, e eu não poderia estar mais feliz por compartilhar aquele momento com elas.
Com a cabana finalmente pronta, nos acomodamos embaixo das cobertas, com almofadas espalhadas pelo chão e as luzes suaves das velas criando um ambiente mágico. O cheiro das pipocas recém-feitas e dos outros petiscos enchia o ar, misturando-se com a excitação do momento.
- Qual filme vamos assistir? - perguntei, enquanto Kate mexia no controle remoto.
- Eu pensei em algo leve para começar, talvez uma comédia romântica? - sugeriu Kate, olhando para nós duas em busca de aprovação.
- Eu quero ver um desenho animado! - disse Adrielly, já se aconchegando ao meu lado com a tigela de pipocas no colo. Seus olhos brilhavam de animação.
- Perfeito! - concordei, sorrindo para ela. - Que tal "Toy Story"?
- Sim, sim! - respondeu Adrielly, batendo palmas.
Kate rapidamente encontrou o filme e o colocou para rodar. A sala estava tomada por uma sensação de conforto e camaradagem. Enquanto o filme começava, trocávamos olhares e risos, comentando sobre as cenas e os personagens. Adrielly, sempre tão animada, tornava qualquer momento simples em algo especial.
- Ei, lembra daquela vez que vocês tomaram o café da manhã aqui em casa? - disse Kate, lembrando daquela manhã.
- Como esquecer? - respondi. - Acho que nunca mais vou conseguir comer panquecas sem lembrar das suas!
- Panquecas são uma delícia! - protestou Adrielly, fazendo uma careta divertida. - Eu gosto de panquecas!
A noite prosseguiu com mais risos e brincadeiras. À medida que o filme avançava, nos aproximávamos mais, compartilhando não apenas o espaço físico da cabana, mas também nossas histórias e sonhos. Era como se o mundo lá fora tivesse parado, e tudo o que importava era aquele momento.
- Guerra de travesseiro! - anunciou Adrielly, segurando uma almofada com um brilho travesso nos olhos.
Kate rapidamente se juntou a ela, e antes que eu pudesse reagir, fui arrastado para a brincadeira. As risadas ecoavam pela sala enquanto as almofadas voavam de um lado para o outro. Kate, sempre competitiva, acabou vencendo a guerra de travesseiros, mas a alegria da disputa era o verdadeiro prêmio.
Quando o primeiro filme terminou, decidimos fazer uma pausa para esticar as pernas e pegar mais aperitivos. Enquanto Kate e Adrielly se dirigiam à cozinha, fiquei um momento sozinho, refletindo sobre como momentos simples como aquele podiam ser os mais memoráveis.
- Prontos para a próxima sessão? - perguntou Kate ao voltar, com mais pipocas e refrigerantes.
- Vamos ver um filme de princesas agora? - perguntou Adrielly, com um olhar esperançoso.
- Absolutamente! - respondi, sentindo uma onda de gratidão.
A segunda sessão começou com o clássico "A Bela e a Fera". A tela brilhou com as cores vibrantes do castelo encantado e a música envolvente que nos transportava para um conto de fadas. Adrielly, com os olhos fixos na tela e um sorriso radiante, cantava junto as músicas, sua voz doce se misturando às melodias.
- Amo tanto essa parte - sussurrou Adrielly, quando a cena do baile começou. Kate e eu trocamos olhares cúmplices, encantadas pela pureza e entusiasmo dela.
Enquanto o filme avançava, as conversas diminuíam e a sala foi preenchida por uma sensação de tranquilidade. Kate se aconchegou ao meu lado, com uma expressão serena no rosto. Eu senti uma onda de gratidão por estar ali, compartilhando aquele momento com duas pessoas tão especiais.
- Isso é perfeito - murmurou ela, quase para si mesma, mas eu ouvi e concordei silenciosamente.
Quando o filme terminou, Adrielly se espreguiçou e olhou para nós com um ar pensativo.
- Vocês acham que a magia existe de verdade? - perguntou ela, com os olhos brilhando de curiosidade.
- Eu acho que a magia está nos momentos que compartilhamos - respondi, sorrindo. - Como agora.
- Concordo - disse Kate, segurando a mão de Adrielly. - A magia está em nós e nas nossas lembranças.
Antes mesmo que eu pudesse terminar de falar, notei que Adrielly já havia fechado os olhos e respirava suavemente, completamente adormecida.
- Ela tem o sono tão leve que nem esperou eu terminar de falar - observei, apontando para Adrielly com um sorriso terno.
Kate riu baixinho, tentando não acordá-la.
- Vou levá-la para o meu quarto - respondeu Kate, ainda contendo o riso. Ela se aproximou e, com toda a delicadeza possível, pegou Adrielly nos braços, certificando-se de não perturbá-la.
Eu ajudei a ajeitar a manta ao redor de Adrielly enquanto Kate a carregava. Juntos, subimos as escadas em silêncio, o ambiente preenchido por uma calma reconfortante. Ao chegar ao quarto, Kate cuidadosamente deitou Adrielly na cama e a cobriu com um cobertor macio.
- Boa noite, docinho - murmurou Kate, dando um beijo suave na testa de Adrielly.
Voltamos para a sala, e Kate ligou a lareira que emitia um calor aconchegante e as chamas dançavam suavemente. Sentamos no sofá, o silêncio envolvente preenchido apenas pelo crepitar do fogo. Por um momento, tudo parecia suspenso no tempo.
Kate olhou para mim, seus olhos brilhando à luz da lareira, e quebrou o silêncio.
- Você já se apaixonou? - perguntou ela, a voz suave e curiosa.
Senti meu coração acelerar um pouco, mas mantive o olhar firme no dela.
- Talvez eu esteja apaixonado agora - respondi, sorrindo.
Kate corou ligeiramente e desviou o olhar por um instante, antes de voltar a me encarar. O ambiente parecia mais quente e íntimo, como se aquelas palavras tivessem criado um elo invisível entre nós.
- Acho que a magia de que falamos antes está acontecendo bem aqui - disse ela, sua voz um pouco trêmula, mas cheia de sinceridade.
- Concordo - respondi, estendendo minha mão para segurar a dela. - A magia está nos momentos que criamos juntos.
Ela entrelaçou os dedos nos meus, e ficamos ali, lado a lado, sentindo o calor do fogo e a conexão crescente entre nós. O silêncio voltou a se instalar, mas dessa vez era um silêncio confortável, repleto de promessas não ditas e sentimentos compartilhados.
Sentados no sofá, o calor da lareira aquecendo a sala, a atmosfera começou a mudar. O silêncio que antes era reconfortante agora estava carregado de uma tensão palpável. Kate ainda segurava minha mão, e seus olhos, brilhando à luz das chamas, encontraram os meus com uma intensidade que fez meu coração acelerar.
Ela se aproximou, seus lábios a apenas um sopro de distância dos meus. O ar entre nós parecia eletrificado. Quando finalmente nossos lábios se encontraram, foi como se uma faísca tivesse acendido um incêndio. O beijo começou suave, mas rapidamente se tornou mais intenso, carregado de desejo e urgência.
Minhas mãos deslizaram para sua cintura, puxando-a para mais perto, enquanto ela subia no meu colo, nossas respirações se misturando e o calor entre nós aumentando. Senti o toque suave de suas mãos em meu pescoço, seus dedos explorando cada centímetro da minha pele.
Kate afastou-se ligeiramente, apenas o suficiente para puxar sua blusa sobre a cabeça, revelando sua pele macia iluminada pelo brilho da lareira. - Você é linda - eu disse, meus olhos percorrendo cada curva do seu corpo.
Ela sorriu de forma provocante. - Mostre-me o quanto você me quer - ela desafiou, inclinando-se novamente, seus lábios encontrando os meus com ainda mais fervor.
Minhas mãos exploraram suas costas, sentindo a suavidade de sua pele enquanto nossos beijos se tornavam mais profundos e apaixonados. Ela arqueou o corpo contra o meu, seus movimentos provocando ondas de prazer que percorriam todo o meu ser.
- Eu quero você, Kate - eu disse, minha voz rouca de desejo. "Agora".
Com um movimento ágil, deitei-a no sofá, meus lábios nunca se afastando dos dela. Nossos corpos se ajustaram perfeitamente, como se feitos um para o outro. Cada toque, cada beijo, cada suspiro nos levava a um novo ápice de paixão.
- Você me faz sentir viva - ela sussurrou, seus olhos fechados em êxtase.
-Você é tudo para mim - eu respondi, minha voz cheia de desejo.
O som do crepitar da lareira e os gemidos suaves de Kate eram a única trilha sonora da nossa entrega mútua. A noite avançava, mas ali, naquele momento, parecia que o tempo havia parado, permitindo-nos explorar cada nuance do desejo que nos consumia.
E assim, envoltos pelo calor da lareira e pela intensidade da nossa paixão, nos perdemos um no outro, descobrindo uma conexão que transcendia qualquer palavra ou pensamento.
Enquanto a noite avançava, cada momento parecia mais intenso do que o anterior. A lareira continuava a crepitar suavemente, lançando sombras dançantes pelas paredes da sala. O calor dos nossos corpos entrelaçados era quase insuportável, mas nenhum de nós queria interromper a magia que estava acontecendo.
Kate deslizou para fora do sofá, puxando-me junto com ela para o tapete macio estendido em frente à lareira. Ali, no chão, sob o brilho das chamas, ela me olhou com uma mistura de vulnerabilidade e desejo que me deixou sem fôlego.
- Quero te sentir por completo - ela disse, sua voz trêmula de expectativa.
- Eu também - respondi, meus dedos traçando um caminho lento e deliberado pelo seu corpo.
Cada toque parecia incendiar a pele, cada beijo era uma promessa de mais prazer por vir. Nossas mãos exploravam, nossos corpos se moviam em perfeita sincronia, como se fossem guiados por uma energia invisível e irresistível.
- Você é tudo o que eu sempre quis - Kate murmurou, seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas de emoção.
- Eu sei - eu disse, puxando-a para mais perto. - E eu nunca vou deixar você ir.
O tempo parecia perder todo o significado enquanto nos entregávamos completamente um ao outro. Cada segundo era uma eternidade de sensações e emoções, cada movimento era uma dança de puro êxtase.
Quando finalmente paramos, nossos corpos exaustos, mas nossos corações batendo em uníssono, ficamos deitados lado a lado, olhando para o teto enquanto o brilho da lareira se refletia em nossos olhos.
- Isso foi... incrível - Kate disse, sua voz ainda um pouco ofegante.
- Foi mais do que incrível- eu corrigi, sorrindo. - Foi perfeito.
- Nenhuma outra pessoa me tocou
Exceto você, Cabalerro.
Ela se virou para me encarar, seus dedos traçando padrões suaves no meu peito. - O que acontecerá agora?- ela perguntou, um toque de preocupação em sua voz.
- Agora - eu disse, puxando-a para mais perto e beijando sua testa suavemente- Vamos aproveitar cada momento juntos. Não há pressa, não há preocupações. Apenas nós dois.
Ela sorriu, um sorriso radiante que fez meu coração se aquecer ainda mais. - Eu gosto da ideia- ela disse, aninhando-se em meus braços.
E assim, ficamos ali, envoltos no calor um do outro e no brilho reconfortante da lareira, prontos para enfrentar o que quer que o futuro nos reservasse, mas sabendo que, enquanto estivéssemos juntos, tudo estaria bem.
Na manhã seguinte, o sol invadiu a sala, filtrando-se através das cortinas entreabertas e lançando um brilho dourado sobre nossos corpos ainda enredados no tapete. Kate foi a primeira a acordar, seus olhos piscando enquanto se ajustavam à luz. Ela se moveu levemente, tentando não me acordar, mas eu senti seu movimento e abri os olhos devagar.
- Bom dia - murmurei, minha voz rouca de sono.
- Bom dia - ela respondeu, seu rosto iluminado por um sorriso suave. - Você dormiu bem?
- Como uma pedra - disse eu, esticando os braços e bocejando. - E você?
- Foi a melhor noite da minha vida - ela disse, e eu soube que ela estava sendo sincera.
Nos levantamos preguiçosamente, ainda envoltos na serenidade e na intimidade da noite anterior. Kate foi até a cozinha e começou a preparar o café, enquanto eu arrumava o tapete e colocava algumas almofadas de volta no lugar.
Fui até o quarto de Kate ver Adrielly, que também já estava acordada.
- Bom dia, pequena! - exclamei sorrindo.
- Bom dia, Ti - respondeu Adrielly com uma voz rouca.
Levei Adrielly até o banheiro de Kate, onde ambos escovamos os dentes com escovas oferecidas por ela. Em seguida, descemos até a sala.
Quando o aroma do café fresco começou a preencher o ambiente, nos sentamos à mesa e a observei. Cada movimento de Kate era gracioso e natural, como se ela pertencesse a este lugar, a este momento. Ela trouxe duas xícaras fumegantes e se sentou ao meu lado, seus olhos encontrando os meus com uma ternura que me fez sorrir.
- Bom dia, minha alma - disse Kate, tomando um gole de café.
- Bom dia, Kate - falou Adrielly, focada nas panquecas que Kate colocava em seu prato.
- Quais são os planos para hoje? - perguntei, tomando um gole de café.
- Eu queria comprar minha árvore de Natal hoje - explicou Kate, animada. - Vocês podem vir comigo, mas primeiro terminamos o café da manhã.
Comíamos o café da manhã que Kate havia preparado, uma variedade entre crepes, panquecas, torradas e até mesmo pão fresco. Meu celular apitou, e tive que me levantar da mesa, indo até a varanda. Era Oliver.
- Oli - falei, atendendo o celular.
- Tiago, falei agora com o serviço de organização para a exposição. Você não está fazendo uma exposição muito luxuosa comparada com as outras já feitas? - perguntou ele, com aflição na voz.
- Eu quis fazer algo diferente dessa vez - expliquei pela milésima vez.
- Como você quiser, a mãe da melancia quer falar contigo. Liga para ela assim que puder - falou seriamente.
- Você chamou meu filho de melancia? - perguntei, incrédulo.
- Por que está gritando? Fala baixo, se alguém descobrir, já era - disse Oliver, preocupado.
Voltei para a sala, onde Kate e Adrielly estavam rindo de algo. Sentei-me novamente, tentando deixar as preocupações de lado. Hoje era um dia para aproveitar com elas, comprar a árvore de Natal e criar novas memórias.
- Tudo bem? - perguntou Kate, seus olhos cheios de preocupação.
- Tudo sim. Vamos terminar o café da manhã e partir para a aventura da árvore de Natal - respondi, sorrindo.
Terminado o café da manhã, nos preparamos para sair. Kate vestiu um casaco grosso e cachecol, enquanto eu ajudava Adrielly a colocar suas luvas e gorro. A animação estava no ar, e a ideia de escolher uma árvore de Natal parecia mágica.
- Pronto, Adrielly? - perguntei, ajustando o gorro em sua cabeça.
- Prontíssima! - ela respondeu, com um sorriso radiante.
Saímos de casa e nos dirigimos até um mercado de árvores de Natal que Kate costumava frequentar. O lugar era encantador, com filas e mais filas de árvores verdes e cheirosas, luzes piscando e um clima festivo que aquecia o coração. Adrielly corria de um lado para o outro, encantada com a variedade de opções.
- Olha essa, Ti! - Adrielly exclamou, apontando para uma árvore alta e esguia.
- Hmmm, essa parece um pouco grande para a sala - eu disse, rindo.
- Precisamos de uma que seja grande, mas não muito, e com ramos fortes para aguentar todos os enfeites - disse Kate, com um brilho nos olhos enquanto examinava outra árvore.
Depois de muita reflexão e algumas risadas, encontramos a árvore perfeita. Era alta e simétrica, com ramos robustos e uma fragrância de pinheiro que nos envolvia.
- Acho que é essa - concordou Kate, segurando a mão de Adrielly.
- É linda! - Adrielly exclamou, pulando de alegria.
Enquanto os funcionários do mercado embalavam a árvore para o transporte, fomos até uma barraca de doces e compramos chocolate quente para todos.
- Quer marshmallows no seu, Adrielly? - perguntou Kate.
- Sim, por favor! - respondeu ela, com os olhos brilhando.
De volta à casa de Kate, começamos a decorar a árvore. Adrielly estava empolgada, escolhendo os enfeites com cuidado e colocando cada um no seu lugar.
- Esse aqui vai ficar perfeito bem aqui! - disse Adrielly, pendurando um ornamento em forma de estrela.
Kate e eu trabalhávamos juntos, enrolando as luzes ao redor da árvore e pendurando os ornamentos mais altos. Era um trabalho em equipe, e cada momento parecia um tesouro.
- Está ficando linda - disse Kate, admirando nosso trabalho.
- Sim, está mesmo - concordei, sentindo uma onda de felicidade.
Quando terminamos, apagamos as luzes da sala e ligamos as luzes da árvore de Natal. A sala foi preenchida com um brilho suave e colorido, criando uma atmosfera acolhedora e mágica.
- Uau! - exclamou Adrielly, aplaudindo. - Está perfeita!
Sentamos no sofá, admirando nossa obra-prima. Kate se aconchegou ao meu lado, e Adrielly se aninhou em meu colo. Era um momento perfeito, uma pausa na correria do dia a dia para apreciar a beleza das pequenas coisas.
- Então, o que vem a seguir? - perguntei, virando-me para Kate.
- Acho que deveríamos fazer biscoitos de Natal - sugeriu ela, sorrindo.
- Sim! - exclamou Adrielly.
Fomos para a cozinha e começamos a preparar a massa dos biscoitos. Kate tinha uma receita antiga, passada por gerações, e seguimos cada passo com dedicação. Adrielly ajudava a cortar a massa em formas de estrelas, árvores e corações, enquanto eu cuidava do forno.
- Kate, posso colocar mais farinha? - perguntou Adrielly, com as mãos sujas de massa.
- Claro, só um pouquinho, querida - respondeu Kate, rindo.
Enquanto os biscoitos assavam, a casa foi tomada por um aroma doce e reconfortante. Sentamos à mesa da cozinha, conversando e rindo, esperando que os biscoitos ficassem prontos.
- Ti, você acha que a mãe da Kate fazia biscoitos tão bons quanto esses? - perguntou Adrielly, curiosa.
- Com certeza, querida. Esses biscoitos têm um toque especial de família - respondi, sorrindo.
Finalmente, quando o timer soou, tiramos as bandejas do forno e deixamos os biscoitos esfriarem antes de decorá-los com glacê colorido e confeitos.
- Vou fazer um biscoito com um chapéu de Papai Noel! - disse Adrielly, concentrada.
- E eu vou fazer um de árvore de Natal bem colorida - eu disse, pegando o glacê verde.
Foi um dia cheio de alegria, simplicidade e amor. Quando a noite chegou, nos sentamos à mesa para jantar, sentindo-nos mais próximos e conectados do que nunca. A árvore de Natal brilhava no canto da sala, um símbolo de tudo o que havíamos compartilhado.
- Esse foi o melhor dia de todos! - disse Adrielly, bocejando.
- Concordo - Kate respondeu, olhando para mim com um sorriso.
E assim, em meio a risos, abraços e biscoitos de Natal, concluímos um dia que ficaria para sempre em nossas memórias.
Estávamos sentados na sala, assistindo a um programa aleatório na televisão, enquanto a suave luz da árvore de Natal iluminava o ambiente. O clima era de aconchego e tranquilidade, um contraste bem-vindo após um dia cheio de atividades. Kate estava sentada ao meu lado, mexendo gentilmente nos cachos de Adrielly, que estava deitada com a cabeça no colo dela.
De repente, Kate olhou para Adrielly com um brilho nos olhos e uma expressão nostálgica.
- Adri, você sabia que minha mãe costumava me cantar uma música especial na época do Natal? - disse Kate, passando os dedos pelos cabelos cacheados de nossa filha.
Adrielly levantou a cabeça, os olhos cheios de curiosidade.
- Não sabia, Kate. Você pode cantar para mim? - pediu Adrielly, com um sorriso doce.
Kate sorriu e assentiu, se ajeitando no sofá para ficar mais confortável. Eu ajustei o volume da televisão, deixando o ambiente ainda mais tranquilo para a canção. Com a voz suave e melodiosa, Kate começou a cantar uma música que parecia antiga, cheia de memórias e significados.
A melodia era doce e envolvente, e as palavras falavam de amor, esperança e a magia do Natal. Enquanto Kate cantava, eu podia ver a emoção nos olhos dela, como se estivesse revivendo momentos preciosos de sua infância. Adrielly escutava atentamente, os olhos brilhando de admiração e ternura.
- Dorme, pequenina, a neve já cai,
Os sinos tocam, é Natal que vai chegar.
Com sonhos doces, anjos a cantar,
A noite é mágica, e o amor vai te abraçar.
Enquanto a canção continuava, senti uma onda de emoção me envolver. Havia algo profundamente comovente na simplicidade daquele momento, na conexão entre gerações, nas tradições que passavam de mãe para filha.
Quando Kate terminou de cantar, Adrielly suspirou, visivelmente tocada pela canção.
- Foi tão lindo. Eu adorei! - disse Adrielly, com um sorriso radiante.
- Fico feliz que você gostou, meu amor - respondeu Kate, beijando a testa da pequenina.
- Podemos cantar de novo amanhã? - perguntou Adrielly, aninhando-se mais perto de Kate.
- Claro, sempre que você quiser - disse Kate, abraçando-a.
O programa na televisão continuava, mas parecia distante e irrelevante diante da beleza do momento que compartilhávamos. A sala estava cheia de amor e gratidão, e a árvore de Natal continuava a brilhar, um símbolo da magia que estávamos criando juntos.
Eu me inclinei e dei um beijo na bochecha de Kate, agradecido por aquele momento de ternura e conexão. Olhei para Adrielly, que já estava começando a fechar os olhos, lutando contra o sono que se aproximava.
- Acho que é hora de levar essa pequena sonhadora para a cama - disse eu, pegando Adrielly no colo.
- Boa noite, Ti. Boa noite, Kate. Amo vocês - murmurou Adrielly, já quase dormindo.
- Nós também te amamos, querida - dissemos em uníssono, enquanto eu a levava para o quarto.
Deitei Adrielly na cama e a cobri com o cobertor, beijando sua testa antes de apagar a luz. Voltei para a sala, onde Kate estava esperando, a expressão no rosto dela refletindo a mesma paz e felicidade que eu sentia.
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