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Entre a Razão e o Coração

"Na verdade, o que mais dói nas pessoas não é a decepção, mas a felicidade que poderia ter sido vivida, mas não foi vivida."

𝙺𝚊𝚝𝚎

Quando finalmente chegamos à galeria, a ansiedade era imensa. Levei Tiago a um canto especial, onde meu novo quadro, intitulado "Clandestino", estava exposto. A obra era uma mistura de mistério e clareza, difícil de decifrar, mas ao mesmo tempo profundamente envolvente. Eu podia sentir que essa arte aguardava ser revelada, e tinha certeza de que na próxima exposição seria a estrela.

— Me diz uma coisa que você nunca faria por alguém — perguntou Tiago, interrompendo meus pensamentos.

— Pintar um quadro para alguém — respondi, quase sem hesitar. — Envolve tempo e dedicação. É como se dedicar a uma pessoa.

— Kate? Desculpa — murmurou Tiago, a voz carregada de arrependimento.

— Pelo que? — perguntei, genuinamente curiosa.

— Por beijar você. Foi um erro.

— Eu não acho — falei, minha voz quase quebrando de emoção.

Tiago me olhou, uma mistura de confusão e dor nos olhos.

— Você é incrível, mas não para mim — ele disse, tentando manter a compostura.

Me aproximei dele, determinada. Olhei fundo em seus olhos, sentindo a tensão no ar. Quando me aproximei o suficiente para sentir sua respiração quente sobre minha pele, depositei um selinho no canto de sua boca. Tiago permaneceu imóvel, aceitando o gesto. Depositei outro selinho, e mais outro, cada toque dos meus lábios no canto da sua boca era uma tentativa de quebrar a barreira que ele havia erguido entre nós.
Finalmente, Tiago se cansou de resistir. Ele me puxou para mais perto, suas mãos firmes na minha cintura. Seus lábios encontraram os meus em um beijo profundo, carregado de uma mistura de emoções que parecia transcender o tempo. O contato era intenso e urgente, como se nossas almas estivessem buscando desesperadamente uma conexão.

Seus lábios eram macios e quentes, movendo-se contra os meus com uma paixão que eu nunca havia experimentado. Cada movimento, cada toque, parecia carregar uma promessa não dita, uma esperança de algo mais. Minhas mãos subiram para seu rosto, sentindo a textura da sua pele, enquanto eu me entregava completamente ao momento.

O mundo ao nosso redor desapareceu, deixando apenas nós dois, presos em um instante de pura emoção. Podia sentir o gosto ligeiramente doce de seus lábios, a força de seus braços ao redor de mim. O beijo se aprofundou, nossas línguas se encontrando em uma dança delicada e fervorosa.

Quando finalmente nos separamos, ambos estávamos sem fôlego, nossos corações batendo em um ritmo frenético. Nossos olhos se encontraram, e vi em seus olhos a mesma confusão e desejo que sentia.

Tiago me pega no colo e me coloca na mesa ele decide me beijar de novo dessa vez com mais intensidade o clima começou a ficar quente, Tiago depositava beijos em meu pescoço.

Os lábios de Tiago exploravam cada centímetro da minha pele, cada beijo parecia incendiar um novo ponto em meu corpo. Suas mãos, firmes e ao mesmo tempo gentis, pareciam conhecer cada curva, cada detalhe, como se estivesse desvendando um segredo guardado por muito tempo.

Enquanto ele me beijava, uma torrente de emoções me dominava. Era como se estivéssemos em uma dança antiga e familiar, mas ao mesmo tempo, cheia de descobertas. Sentia-me vulnerável e invencível ao mesmo tempo, entregue a uma paixão que parecia transcender o tempo e o espaço.

Tiago interrompeu os beijos por um instante, apenas para olhar dentro dos meus olhos. Havia algo cru e sincero naquele olhar, uma mistura de desejo, carinho e uma profundidade que eu nunca tinha visto antes. Ele sussurrou meu nome, sua voz rouca e carregada de emoção, e senti meu coração acelerar ainda mais.

Ele segurou meu rosto com ambas as mãos, seus polegares acariciando minhas bochechas. "Você não faz ideia do quanto eu esperei por isso," ele disse, a sinceridade em sua voz me tocando profundamente. Eu não consegui responder, apenas balancei a cabeça, sentindo as lágrimas se acumularem em meus olhos. Eram lágrimas de felicidade, de alívio, de um desejo finalmente realizado.

Nossos lábios se encontraram novamente, mas desta vez havia uma nova intensidade, uma urgência que não podia ser contida. Cada toque, cada suspiro parecia nos levar mais fundo em um mar de sensações, onde o mundo exterior não tinha mais importância. Estávamos perdidos um no outro, e naquele momento, nada mais importava.

Tiago me puxou ainda mais para perto, nossos corpos agora completamente juntos, e eu pude sentir o ritmo frenético de seu coração, espelhando o meu. Havia uma promessa silenciosa em cada beijo, em cada carícia — de que aquilo era apenas o começo, de que nossas almas tinham se encontrado e não se separariam mais.

O celular de Tiago começou a tocar e, por um momento, eu amaldiçoei aquele aparelho. — Desculpa — falou Tiago, se afastando e indo para um canto da sala.

A ligação pareceu durar uma eternidade. Tiago olhou para mim com um olhar aterrorizado e perguntou — Seu sobrenome é Carter? — parecia mais uma afirmação do que uma pergunta.

— Sim — falei simplesmente, e foi o suficiente para Tiago sair do escritório.

Segui Tiago, desesperada.
— O que está acontecendo? Por que você está indo embora? — perguntei, correndo atrás dele.

— Me deixa em paz — Tiago gritou, sem olhar para mim. Aquelas palavras giravam na minha cabeça, cada uma delas uma faca cravada no meu coração.

Fiquei paralisada por um momento, tentando processar o que acabara de acontecer. As palavras de Tiago ecoavam na minha mente, e eu não conseguia entender a repentina mudança de comportamento. Meu coração, que há pouco batia forte de paixão, agora estava pesado de confusão e dor.

Respirei fundo e decidi segui-lo. Não podia deixá-lo ir embora assim, sem uma explicação. Saí do escritório e o avistei caminhando rapidamente pelo corredor da galeria. Acelerando o passo, me aproximei dele.

— Tiago, por favor, me diz o que está acontecendo! — implorei, tentando segurar seu braço.

Ele se virou abruptamente, seus olhos agora cheios de uma mistura de raiva e tristeza. — Kate, você não entende. Eu não posso... nós não podemos continuar com isso. — Sua voz estava carregada de emoção, e eu podia ver que ele estava lutando com suas próprias palavras.

— Mas por quê? — perguntei, sentindo as lágrimas começarem a se acumular nos meus olhos. — O que mudou de repente?

Tiago passou a mão pelo cabelo, claramente frustrado. — É complicado. Eu... eu não posso explicar agora, mas você precisa confiar em mim. Isso não pode acontecer.

Meu coração apertou. Nunca imaginei que algo tão simples quanto meu sobrenome pudesse ter tal impacto.

— Tiago, por favor, só me dá uma chance de entender. — Minha voz era um sussurro, carregada de desespero.

Ele hesitou por um momento, seus olhos suavizando ligeiramente enquanto me olhava. — Kate, eu queria muito que as coisas fossem diferentes. Eu realmente queria. Mas há coisas que você não sabe, coisas que fazem com que isso entre nós seja impossível.

— Então me conta. — Eu estava quase implorando. — Me deixa entender, me deixa ajudar.

Tiago balançou a cabeça, sua expressão endurecendo novamente. — Não posso. Não agora.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele se virou e continuou andando em direção à saída da galeria. Fiquei parada, observando-o se afastar, uma sensação de vazio crescendo dentro de mim. As lágrimas finalmente escorreram pelo meu rosto, e me senti completamente impotente.

Voltei lentamente para a sala onde meu quadro estava exposto. Olhei para "Clandestino" e de repente senti que a obra refletia exatamente como eu me sentia: um mistério, uma confusão de emoções que eu não conseguia decifrar. Sentei-me em um banco, tentando acalmar minha mente e meu coração, mas as pae.rguntas continuavam rodando.

Por que meu sobrenome era tão importante? O que havia por trás dessa reação de Tiago? E, mais importante, como algo que parecia tão certo pode desmoronar tão rapidamente? da

Eu estava sentada em um banco na sala da galeria, perdida em meus pensamentos e emoções conflitantes. As lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto, enquanto eu tentava desvendar o que havia acontecido entre mim e Tiago.

De repente, meu celular começou a tocar insistentemente no meu bolso. Eu peguei o aparelho e atendi, esperando que fosse alguém que pudesse me trazer algum conforto. Para minha surpresa, era Bianca, minha melhor amiga e minha irmã que estava ligando.

"Oi, Bibi", eu disse, minha voz embargada pelas lágrimas.

Bianca parecia super empolgada do outro lado da linha. "Você não vai acreditar!", ela exclamou. "Eu estou voltando para Boston!"

A notícia de que Bianca estava voltando para casa trouxe um pequeno raio de esperança em meio à minha tristeza. Eu sorri, tentando mostrar entusiasmo. "Sério? Estou muito feliz por você, seja bem-vinda de volta!"

Bianca percebeu a falta de entusiasmo em minha voz e imediatamente perguntou: "O que aconteceu, Kate? Por que você está chorando?"

Eu senti um nó na garganta enquanto tentava encontrar as palavras para explicar. "Bibi, algo terrível aconteceu", eu comecei a dizer, minha voz falhando. "Tiago... ele me deixou. Sem nenhuma explicação. Eu não entendo o que aconteceu."

Bianca ficou em silêncio por um momento, processando a informação. "Oh, Kate, sinto muito", ela finalmente disse, sua voz cheia de compaixão. "Eu não posso imaginar como você está se sentindo agora."

Eu solucei, tentando controlar as lágrimas. "Eu só queria entender, Bibi. Por que algo que parecia tão certo pôde desmoronar tão rapidamente? Por que meu sobrenome é tão importante para ele?"

Bianca suspirou do outro lado da linha. "Às vezes, as pessoas têm medo do desconhecido, Kate. Talvez haja algo em relação ao seu sobrenome que Tiago não quer compartilhar ou não sabe como lidar. Mas isso não é culpa sua."

Eu me senti um pouco reconfortada pelas palavras de Bianca. "Eu só queria ter a chance de ajudá-lo, de entender o que está acontecendo", eu disse em voz baixa.

Bianca ficou quieta por um momento, e então disse com firmeza: "Kate, você merece alguém que esteja disposto a compartilhar tudo com você, a enfrentar os desafios juntos. Se Tiago não está disposto a fazer isso, então talvez seja melhor seguir em frente."

As palavras de Bianca me atingiram como um soco no estômago, mas eu sabia que ela estava certa. Eu merecia alguém que estivesse disposto a lutar por nós, a superar os obstáculos juntos. E talvez, no final das contas, Tiago não fosse essa pessoa.

Eu agradeci a Bianca por suas palavras reconfortantes e prometi ligar para ela mais tarde para atualizá-la sobre a situação. Depois de desligar, eu me levantei do banco e olhei uma última vez para "Clandestino" pendurado na parede. A obra agora parecia mais do que um simples quadro; era um lembrete de que a vida é cheia de mistérios e desafios inesperados.

Eu estava esperando ansiosamente a chegada de Adrielly para nossa aula de arte. Mas, ao invés de me sentir animada, meu coração estava pesado com um turbilhão de emoções. Raiva, mágoa e tristeza consumiam meus pensamentos. Eu precisava de algo que aliviasse essa dor, mas não havia tempo para contemplações, pois Adrielly já estava entrando na galeria acompanhada pelo motorista e pela babá.

— Bem-vinda, minha alma! — exclamei, abraçando-a com carinho.

— Obrigada — respondeu ela, mas seu tom era estranho e preocupado, e imediatamente minha preocupação aumentou.

— O que foi, meu anjo? Por que você está tão estranha e triste? — perguntei, sentando em um banco e colocando-a em meu colo.

Ela suspirou profundamente antes de responder, os olhinhos fixos no chão. — Está chegando o Dia das Mães, e vai ter uma apresentação na escola, mas papai e Tiago nunca aparecem — disse com uma voz melancólica.

Meu coração se apertou ao ver a tristeza refletida em seus olhos. Acariciei seus cachinhos dourados enquanto tentava encontrar as palavras certas.

— Oh, minha alma, você é tão pequena, e ainda assim carrega uma dor tão grande. Me conta, sobre o que é essa apresentação? — perguntei suavemente.

— Profissões das mamães — respondeu ela, quase num sussurro.

Respirei fundo, tentando manter a calma. — Escuta, Adri, eu sei que não sou sua mãe e nunca quero ocupar o lugar dela, mas se você quiser, eu posso ir com você — falei, esperando que isso pudesse trazer algum consolo.

Ela levantou a cabeça e olhou diretamente nos meus olhos, um sorriso tímido se formando em seus lábios. — Você não é minha mãe, você é minha mamãe — disse ela, e naquele momento, todo o meu tormento se dissipou, substituído por um calor reconfortante.

— Então está decidido, minha alma. Vamos arrasar nessa apresentação! — respondi, apertando-a ainda mais forte contra mim, sentindo que, de alguma forma, nossos corações estavam mais conectados do que nunca.

A tarde com Adri foi exatamente o que eu precisava. Conversamos sobre várias coisas, inclusive sobre o branco e o preto não serem definidos como cores, mas como bases. Isso deixou a pequena cabeça dela um tanto confusa, mas ela adorou a discussão. Tivemos nosso tradicional lanche antes dela ir embora. Encomendamos uma salada de frutas, uma maneira de manter Adrielly saudável e satisfeita.

— Até amanhã, meu amor. — falei, depositando um beijo carinhoso em sua testa antes de me despedir da babá com um pequeno aceno.

Com Adrielly finalmente a caminho de casa, comecei a arrumar a galeria. Hoje foi um daqueles dias em que a bagunça foi mínima, então a organização foi rápida. Peguei minha bolsa e as chaves da galeria, pronta para encerrar o dia. Enquanto fechava a porta, meu celular vibrou com uma nova mensagem. Decidi esperar até entrar no táxi para ver quem era.

Assim que me acomodei no banco traseiro do táxi, abri a mensagem. Era do Rodríguez, perguntando se poderia passar em minha casa. Uma onda de felicidade percorreu meu corpo e, claro, aceitei imediatamente.

Cheguei em casa e, enquanto girava a chave na fechadura, uma enxurrada de pensamentos começou a desabar sobre mim. Era como se meu cérebro finalmente estivesse processando tudo o que havia acontecido nos últimos tempos. Será que eu estava vivendo no automático esse tempo todo?

Minha irmã está grávida, e eu nem ao menos consegui sentir a alegria que essa notícia deveria trazer. Tiago me rejeitou, e tudo que consegui foi derramar algumas lágrimas. Estou vivendo meu maior sonho profissional, mas parece que ainda não me dei conta disso. Doei sangue para meus pais, na esperança de estreitar nossos laços, mas ainda assim, eles não me amam. Fui esfaqueada por um homem aleatório e, fora Rodríguez, ninguém parece ter notado ou se importado.

Esses pensamentos me atingiram com uma força que me deixou paralisada por alguns instantes. Sentei-me no sofá da sala, tentando respirar fundo e organizar minha mente. Parecia que, de repente, todas as emoções reprimidas estavam exigindo ser sentidas.

Rodríguez chegaria em breve, e eu sabia que precisava me recompor. Mas, ao mesmo tempo, talvez ele fosse a única pessoa com quem eu poderia realmente desabafar e encontrar algum conforto. A visita dele, naquele momento, parecia mais providencial do que nunca. Lágrimas ameaçavam cair; meus olhos eram um oceano prestes a desencadear um tsunami.

"Seja forte, Kate!", eu repetia para mim mesma. "Coragem!" Mas estava tão cansada, tão exaurida. Sentia que havia perdido o controle de tudo ao meu redor. O que adianta ter tudo e, ao mesmo tempo, nada? Era humilhante perceber que eu fazia tudo por eles e nada por mim mesma.

Naquele momento, nada mais fazia sentido. Eu estava cansada demais para continuar. Entreguei-me à minha solidão e à minha tristeza. Lágrimas escorriam sem parar, e senti que havia atingido o fundo do poço. Com tantos pensamentos, eu esqueci que havia deixado a chave na porta. Rodríguez entrou e, ao me ver, ficou visivelmente alarmado.

— Kate, por que você está assim? — perguntou ele, vindo me abraçar. — O que aconteceu? Fala para mim.

Ele limpou minhas lágrimas, e eu finalmente desabei.

— Eu estou cansada. Eu só queria que todo mundo olhasse para mim. Eu quero ser notada, eu quero ser vista, eu quero ser luz e não sombra. — falei enquanto chorava.

— Eu vejo você, Katherine. E acredite ou não, eu vejo luz em você, não sombra. — disse Rodríguez, me apertando contra o seu peito.

— Tudo está indo de mal a pior. — falei, sentando no sofá.

— Explica para mim. — pediu ele, sentando-se ao meu lado e segurando minha mão.

— Tiago... a gente se beijou e depois ele pediu desculpas. Então, nos beijamos de novo e logo em seguida ele me rejeitou. — confessei.

Rodríguez me olhou com compreensão e ternura.

— Kate, você merece alguém que veja a luz em você, sempre. E eu estou aqui para te ajudar a encontrar essa luz, a cada passo do caminho. — disse ele, trazendo-me um conforto que eu não sabia que precisava.

Naquele momento, percebi que não estava sozinha. Rodríguez estava ali, e com ele, talvez eu pudesse encontrar a força para me reerguer.
Rodríguez me apertou mais forte contra seu peito, e por um breve momento, senti que todo o peso que carregava nos ombros começava a se dissolver. Sua presença era como um bálsamo, curando as feridas que eu nem sabia que tinha.

— Kate, eu sei que as coisas parecem desmoronar agora, mas você é uma mulher incrível. Já passou por tantas dificuldades e sempre conseguiu se reerguer. — Ele fez uma pausa, olhando diretamente nos meus olhos.
— E você não precisa fazer isso sozinha. Eu estou aqui, sempre estarei.

Suas palavras eram mais do que um simples consolo; eram uma promessa. Uma promessa de que eu não precisaria enfrentar meus demônios sozinha. E, pela primeira vez em muito tempo, senti uma centelha de esperança.

— Obrigada, Rodríguez. — murmurei, ainda segurando suas mãos. — Eu não sei o que faria sem você.

Ele sorriu, aquele sorriso que sempre conseguia iluminar até os dias mais sombrios.

— Você faria o que sempre faz, Kate. Você lutaria, e venceria, como sempre. Mas agora, você tem a mim. E eu não vou a lugar nenhum.

As horas passaram enquanto conversávamos sobre tudo e nada. Falamos sobre os tempos de escola, das nossas aventuras e desventuras, e de como a vida parecia mais simples então. Era reconfortante lembrar dos bons momentos, e aos poucos, sentia minhas forças retornando.

— Sabe, Rodríguez, às vezes sinto que estou vivendo para os outros e esquecendo de mim mesma. — confessei, enquanto ele ouvia atentamente.

— Isso é algo que precisamos mudar, Kate. Você é a pessoa mais importante da sua vida. E precisa começar a se tratar assim. — Ele falou com uma convicção que me fez acreditar.

— Mas como? — perguntei, realmente querendo saber.

— Primeiro, você precisa se perdoar e se permitir sentir. Não há problema em não ser forte o tempo todo. Às vezes, quebrar é a única maneira de se reconstruir mais forte. — Ele segurou meu rosto entre suas mãos, seus olhos fixos nos meus. — E sempre que precisar, eu estarei aqui para te ajudar a recolher os pedaços.

— Eu realmente aprecio isso, Rodríguez. — Eu sorri através das lágrimas que ainda insistiam em cair. — Você faz tudo parecer mais fácil de enfrentar.

Ele me puxou para um abraço apertado novamente, e ficamos assim por alguns minutos, apenas aproveitando a presença um do outro. Aos poucos, comecei a sentir um senso de calma e aceitação que não havia sentido em muito tempo.

— Agora, o que acha de colocarmos um filme e relaxarmos um pouco? — sugeriu ele, tentando aliviar o clima.

— Parece perfeito. — Eu concordei, sentindo um peso sair dos meus ombros.

Ligamos a TV e escolhemos um filme antigo, algo leve e divertido. Enquanto assistíamos, eu me aconcheguei ao lado dele no sofá, sentindo uma paz que há muito tempo não sentia. Rodríguez era mais do que um amigo; ele era meu porto seguro.

E naquele momento, percebi que, com ele ao meu lado, eu poderia enfrentar qualquer coisa que a vida jogasse em meu caminho. Eu não estava mais sozinha. E isso fazia toda a diferença do mundo.

O filme que escolhemos era uma comédia clássica, com cenas que nos fizeram rir até doer a barriga. A cada gargalhada, sentia meu espírito se renovar, como se cada risada fosse um sopro de vida nova. Rodríguez também parecia mais relaxado, rindo de forma contagiante, e por um momento, esqueci de todos os problemas que me afligiam.

Quando o filme acabou, ficamos em silêncio por um tempo, apenas absorvendo o momento. Rodríguez olhou para mim com um brilho nos olhos e disse:

— Sabe, Kate, às vezes a gente se esquece de que a vida também é feita desses pequenos momentos de felicidade. É importante aproveitá-los sempre que possível.

Eu concordei com um aceno de cabeça e um sorriso nos lábios. Ele estava certo. Às vezes, estamos tão focados nas nossas lutas que esquecemos de apreciar as pequenas alegrias que a vida nos oferece.

— Você tem razão, Rodríguez. Acho que preciso aprender a valorizar mais esses momentos. — respondi, sentindo uma nova determinação brotar dentro de mim.

— E eu vou estar aqui para te lembrar disso sempre que precisar. — Ele disse, apertando minha mão de forma reconfortante.

Decidimos preparar algo para comer, e fomos para a cozinha juntos. Enquanto cozinhávamos, conversávamos sobre nossas ambições, sonhos e medos. Era incrível como, mesmo depois de tantos anos de amizade, ainda havia tanto para descobrir um sobre o outro.

— Sempre quis viajar pelo mundo, sabe? — confessei enquanto cortava os legumes. — Mas nunca tive coragem de deixar tudo para trás.

— Viajar é uma das melhores coisas que podemos fazer por nós mesmos. Abre a mente, o coração e nos faz ver a vida de uma perspectiva totalmente nova. — Rodríguez respondeu, mexendo a panela no fogão. — Quem sabe um dia a gente não faz uma viagem juntos?

A ideia me animou e, pela primeira vez em muito tempo, me senti empolgada com o futuro.

— Seria incrível! — sorri, imaginando todas as aventuras que poderíamos ter.

Jantamos juntos, compartilhando histórias e sonhos, e quando a noite finalmente chegou ao fim, me senti mais leve e otimista do que nunca. Rodríguez me acompanhou até a porta e, antes de partir, me abraçou mais uma vez.

— Lembre-se, Kate. Você é forte, capaz e merece toda a felicidade do mundo. E eu estarei sempre aqui para te apoiar.

— Obrigada, Rodríguez. Eu não sei o que faria sem você. — disse, sentindo a sinceridade em cada palavra.

Ele sorriu, aquele sorriso caloroso que sempre me confortava, e se despediu.

Enquanto voltava para dentro, senti uma nova energia dentro de mim. Eu sabia que ainda enfrentaria desafios, mas com Rodríguez ao meu lado e uma nova perspectiva sobre a vida, me sentia pronta para qualquer coisa , qualquer coisa mesmo?

𝐓𝐢𝐚𝐠𝐨

Saí da galeria e fui direto para o escritório de Olivier. Minha mente estava em turbilhão, e nem me dei ao trabalho de bater na porta antes de entrar. Olivier ergueu os olhos dos documentos espalhados sobre a mesa e, com uma expressão tensa, perguntou:

— Em que confusão nos metemos?

Ainda tentando absorver tudo o que havia acontecido, apenas balancei a cabeça, incapaz de articular uma resposta coerente. Olivier levantou-se e começou a andar de um lado para o outro, visivelmente perturbado.

— É verdade? É ela?

Sem hesitar, ele pegou uma foto da sua mesa e me entregou, seu tom impregnado de um sarcasmo que parecia deslocado, considerando a gravidade da situação.

— Vou te mostrar uma foto e você confirma. Afinal, foi você que passou a noite com ela — afirmou ele com um leve toque de ironia.

Na imagem, uma mulher de pele clara e cabelos longos e lisos, com um olhar penetrante e olhos castanhos, me encarava. Seus lábios cheios e sobrancelhas marcantes eram inconfundíveis. Ela vestia uma blusa branca com detalhes rendados, um colar com pingente delicado e pequenos brincos de argola. Reconheci-a na mesma hora e senti um arrepio percorrer minha espinha. Engoli em seco e, com a garganta apertada, murmurei:

— Olivier, é ela.

Ele parou de andar e me encarou, tão surpreso quanto eu. A confirmação caiu sobre nós como uma bomba, e por um momento, o silêncio tomou conta do escritório, interrompido apenas pelo som distante da vida urbana lá fora.

— Você poderia ligar para ela?Precisamos nós encontrar!Ela está carregando meu filho em seu ventre. — falei olhando de novo para foto.

Olivier discou o número com dedos trêmulos, e cada toque no teclado parecia ecoar pelo ambiente silencioso do escritório. Eu podia ouvir o pulsar acelerado do meu próprio coração, enquanto a ansiedade se misturava à antecipação. Ele levou o telefone ao ouvido, e por um breve instante, prendeu a respiração. A espera era torturante.

— Alô, é Olivier — disse ele, com uma voz que tentava disfarçar a tensão. — Precisamos nos encontrar. É urgente.

Houve uma pausa enquanto ele ouvia a resposta do outro lado da linha. Ele trocou algumas palavras rápidas, confirmando o local e a hora do encontro. Quando desligou, seus olhos encontraram os meus, e ele deu um pequeno aceno de cabeça.

— Ela concordou. Vai nos encontrar no café da esquina em meia hora — informou, sua voz mais firme agora.

Agradeci com um aceno e saí do escritório, tentando organizar meus pensamentos e preparar-me para o que estava por vir. O café era um lugar pequeno e acolhedor, com mesas de madeira escura e grandes janelas que deixavam a luz do sol entrar. Cheguei antes do horário combinado e me sentei em uma mesa no canto, onde podia ver a porta.

O tempo parecia se arrastar, cada minuto mais longo que o anterior. Finalmente, a porta se abriu e lá estava ela. A mulher da foto entrou no café, seus olhos varrendo o espaço até encontrarem os meus. Seus passos eram decididos, mas havia uma suavidade em seu olhar que sugeria uma tensão interna.

— Olá — disse ela, sentando-se à minha frente. Sua voz era suave, mas carregava um peso de incerteza.

— Olá — respondi, tentando manter a calma. — Precisamos conversar.

Ela assentiu, e por um momento, ficamos em silêncio, apenas nos olhando, tentando ler um ao outro. Finalmente, ela quebrou o silêncio.

— Eu sei que isso é complicado. Não planejei nada disso — disse ela, sua voz tremendo ligeiramente. — Mas o que está acontecendo agora é real. Estou grávida, e é seu filho.

Senti um nó se formar na garganta. A confirmação verbalizada parecia tornar tudo ainda mais real. Tentei encontrar as palavras certas, mas minha mente estava um turbilhão.

— Eu preciso saber o que você quer fazer — disse, tentando manter a voz firme. — Quero estar presente para o meu filho, mas também preciso entender o que você espera de mim.

Ela respirou fundo, olhando para baixo por um momento antes de encontrar meu olhar novamente.

— Eu também estou tentando entender tudo isso. Mas uma coisa eu sei: quero que nosso filho tenha o melhor. Precisamos descobrir juntos como fazer isso funcionar.

Olivier entrou pouco depois, trazendo consigo um ar de pragmatismo que ajudou a trazer um pouco de clareza à situação. Sentou-se ao nosso lado e começou a discutir as próximas etapas, desde os aspectos legais até os mais emocionais.

— Primeiramente, precisamos pensar na saúde dela e do bebê — disse Olivier, olhando para mim e depois para ela. — Já tem um médico de confiança?

— Sim, tenho. Estou fazendo o acompanhamento regular — respondeu ela, com um leve sorriso de alívio.

— Ótimo — disse ele, anotando algo em seu caderno. — E quanto ao apoio emocional? Tem alguém com quem possa contar?

Ela hesitou por um momento antes de responder.

— Tenho alguns amigos, mas minha família mora aqui também.

Senti uma pontada de culpa e me inclinei para frente, tentando mostrar meu apoio.

— Eu quero estar presente — disse com convicção. — Quero ajudar de todas as formas possíveis. Podemos começar a organizar as coisas juntos, se você permitir.

Ela me olhou nos olhos, e pude ver uma mistura de gratidão e vulnerabilidade.

— Obrigada. Isso significa muito para mim — disse ela, sua voz embargada.

Olivier assentiu, satisfeito com o progresso.

— Certo. Vamos precisar de um plano claro. Vamos discutir as responsabilidades, finanças e como dividir o tempo para garantir que o bebê tenha tudo o que precisa.

Concordamos com a cabeça, e a conversa continuou, cada um de nós contribuindo com ideias e preocupações. Aos poucos, a tensão foi dando lugar a uma sensação de cooperação. Apesar da complexidade da situação, havia a esperança de que, juntos, poderíamos construir um futuro melhor para o nosso filho.

Enquanto conversávamos, percebi que, apesar de todas as incertezas e medos, havia também uma oportunidade de construir algo novo e significativo. A complexidade da situação era inegável, mas juntos, poderíamos encontrar um caminho. E assim, começamos a traçar os primeiros passos dessa jornada inesperada, com a promessa de enfrentar juntos os desafios que viriam.

—Obrigada por conversar comigo! Amanhã terá uma consulta no médico você gostaria de ir?— perguntou a mesma antes de levantar.

— Eu que agradeço! E conta comigo amanhã!— falei levantando e dando um leve abraço nela.

A mesma retribuiu e saiu do café, estava eu e Oliver sentados na mesa.— Preciso de comer esse dia foi intenso demais— falou o homem com um sorriso leve,  o mesmo chamou a garçonete e pediu um cappuccino com um croissant eu pedi um café puro.

— Oli? — chamei-o, hesitante, sentindo o peso do que estava prestes a revelar. — Eu beijei a Kate. E se você não tivesse ligado, talvez eu estivesse fazendo o meu segundo filho agora.

Oliver olhou para mim, surpreso e visivelmente chocado. Seu sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão de decepção.

— Mas que merda, você é doido ou algo do gênero? Esqueça a Kate. Tenho certeza de que ela não quer ser tratada como um passatempo — disse ele, com um tom de voz firme e grave.

— Eu sei, mas ela parecia tão irresistível e foi ela quem se aproximou — tentei me justificar, sentindo-me cada vez mais constrangido.

Oliver suspirou profundamente, balançando a cabeça. — Isso não justifica nada. Você precisa pensar nas consequências das suas ações, tanto para você quanto para ela. Trate-a com respeito. Ela merece mais do que ser apenas uma aventura.

As palavras de Oliver ressoaram em minha mente enquanto tomávamos nossos cafés em silêncio. Eu sabia que ele estava certo, e que precisava repensar minhas atitudes. Oliver sempre fora um amigo leal e honesto, e suas palavras, embora duras, eram um lembrete necessário do tipo de pessoa que eu queria ser.

— Muito engraçado, sabia? — Oli começou a falar. Não entendi de imediato, mas ele continuou: — Você é quem está quebrado, mas a Kate é a única que precisa ser salva. — Sua última frase foi como um soco, doeria bem menos se fosse físico.

Para quebrar a tensão, mudei de assunto: — Eu jurava que era um mito que quando as mulheres ficam grávidas também ficam mais bonitas.

Oli não perdeu a chance de me alfinetar: — Você não consegue ver uma mulher sem ficar logo com fogo. — Ele se levantou e ficou parado por alguns segundos, contemplando o ambiente.

— É para eu ir junto? — perguntei, tentando entender suas intenções.

Ele apenas sussurrou algo inaudível e saiu do estabelecimento. Sem pensar duas vezes, fui atrás dele.

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