Encantos E Desencantos
"Minha vida é longa o suficiente para te esquecer?"
Duas semanas depois
Tiago
A brisa suave de Cancún ainda parecia pairar no ar enquanto eu grelhava a carne, observando Bianca com um misto de amor e admiração. Sua barriga já estava enorme, quase explodindo de expectativa pelo nosso menino. A vida parecia um eterno sonho desde que nos casamos, e não havia nada que eu desejasse mais do que ver nossa família crescendo.
Os pais de Bianca chegaram cedo, trazendo uma salada de frutas frescas para a sobremesa. Meu pai estava absorto em uma conversa com Oliver e Adrielly, rindo como há tempos não fazia. As funcionárias já haviam preparado a mesa, e o cheiro da carne assada começava a penetrar no ambiente, prometendo um banquete familiar.
De repente, o burburinho aumentou quando Adrielly, com um sorriso no rosto, exclamou:
— Você veio!
Kate havia chegado. Olhei para ela, e meu coração apertou ao perceber como estava magra. No casamento, ela já estava esguia, mas agora parecia ter perdido ainda mais peso, como se o mundo estivesse sugando sua vitalidade.
— Minha alma, como você está linda — disse Kate, beijando a testa de Adrielly com ternura.
— Sinto tanta falta de você — respondeu Adrielly, enquanto lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto.
— Minha alma, não chore. Se você chorar, eu também vou chorar — disse Kate, tentando manter a voz firme.
— Escuta aqui — continuou, segurando as mãos de Adrielly com força — não importa onde eu estiver, saiba que vou amar você com todas as minhas forças.
— Eu te amo, Kate — respondeu Adrielly, soluçando entre as palavras.
As duas se abraçaram com tanta intensidade que parecia que nunca mais iriam se soltar. A cena era tão comovente que senti meus olhos marejarem. Kate, então, cumprimentou seus pais e Bianca, antes de se dirigir ao meu pai e cochichar algo que não consegui entender.
Quando ela se aproximou de mim e de Oliver, havia um olhar distante em seus olhos.
— Olá — disse ela, quase como se estivesse em outro mundo.
— Você ainda está chateada comigo? — perguntou Oliver, a voz carregada de arrependimento.
— Claro que não, você é meu bêbado favorito — respondeu Kate com um leve sorriso, mas algo em sua voz me dizia que havia muito mais por trás daquela resposta.
Ela se sentou à mesa e tirou um livro de sua eco bag, claramente preferindo a companhia das páginas impressas à nossa.
— Minha vida, podemos começar a comer? — perguntou Bianca, olhando para mim.
— Claro, minha rainha — falei, tirando os últimos espetos da churrasqueira.
Eu e Oliver nos dirigimos até a mesa onde todos estavam reunidos. Estávamos prestes a começar a comer quando Bianca soltou:
— Kate irá nos servir.
Kate lançou um olhar de "entendi direito?" para Bianca.
— Verdade, concordo com você — falou minha sogra.
— É claro — respondeu Kate sarcasticamente, levantando-se.
Ela foi até a mesa de apoio onde estavam as comidas e começou a servir um por um. Confesso que a calma dela me assustava; ela aceitou isso tão de boa.
— O que vocês gostariam de beber? — perguntou a mesma.
E quase todo mundo fez o mesmo pedido, ou seja, o cocktail tropical, menos Adrielly que pediu um suco de laranja.
Novamente, ela serviu todos e voltou para seu lugar na mesa.
— Você não vai comer, filha? — perguntou meu pai.
— Não, obrigada — falou Kate, olhando para ele.
Adrielly pediu para que Kate a alimentasse, e a mesma a alimentava com tanta empolgação e tanto amor que era impossível não se emocionar.
— E como vão as coisas?— perguntou Oliver olhando para Kate.
— Bem , estou vendendo minhas obras para exposições famosas, por exemplo la qué no se puede amar uma obra minha foi para México.
— Isso é muito bom, eu achei que estava louca mas na semana passada a gente estava de lua de mel em Cancún e eu vi esse quadro em uma galeria. — falou Bianca olhando para mim
— Kate vai ficar famosa? — perguntou Adrielly. — Ah meu amor, eu não quero a fama eu quero ser lembrada — falou olhando para a pequena.
Continuamos a comer e a conversar sobre os projetos e tudo mais.
— E como está Rodríguez?— perguntei olhando para Kate. — Ele chega amanhã do Texas. — respondeu Kate.
— Kate filha você queria conversar comigo podemos ir conversar agora — falou meu pai levantando e olhando para Kate.
Kate assentiu e se levantou, seguindo meu pai até o jardim. Enquanto eles se afastavam, tentei focar na conversa ao redor da mesa, mas minha mente continuava voltando para Kate e seu olhar distante. Bianca percebeu minha distração e, com um sorriso compreensivo, apertou minha mão.
— Ela vai ficar bem — sussurrou Bianca. — Seu pai sabe o que está fazendo.
Tentei me concentrar na conversa com Oliver e Adrielly, que estavam discutindo planos de viagem para o próximo verão. Oliver estava especialmente animado com a ideia de visitar a Europa, enquanto Adrielly estava mais interessada em destinos exóticos na Ásia.
— E você, Bianca? — perguntou Oliver. — Alguma ideia de viagem depois que o bebê nascer?
— Ah, acho que vamos precisar de um tempo para nos adaptar primeiro — respondeu Bianca, rindo. — Mas uma praia tranquila não seria nada mal.
Enquanto isso, no jardim, meu pai e Kate estavam conversando em um tom mais baixo. Eu os observava de relance, tentando decifrar a expressão no rosto de Kate. Ela parecia estar desabafando, e meu pai a ouvia atentamente, ocasionalmente acenando com a cabeça.
De repente, meu pai e Kate se levantaram e caminharam em direção à saída da casa. Eu os observei com um misto de curiosidade e preocupação. Após alguns minutos, eles retornaram carregando algumas caixas. Meu pai carregava duas, enquanto Kate trazia uma. Ambos entraram na casa com uma expressão de determinação.
— O que está acontecendo? — perguntou Bianca, com um olhar intrigado.
— Não sei, meu amor. Vou lá descobrir — respondi, dando-lhe um beijo suave na testa antes de me levantar.
Caminhei em direção à casa, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Ao me aproximar do escritório, pude ouvir fragmentos da conversa. As vozes estavam abafadas, mas ainda assim consegui captar algumas palavras.
— Muito obrigado, senhor Lewis. Você realmente fez muito por mim — expressou Kate com gratidão.
— Minha filha, me chame de tio Lewis — respondeu meu pai com um sorriso caloroso na voz.
— Estou terminando o último e depois entrego para o senhor... quero dizer, para o tio — disse Kate, rindo suavemente.
Intrigado, me aproximei mais da porta entreaberta do escritório. De onde estava, consegui ver meu pai e Kate escondendo as caixas em um canto discreto do cômodo. A expressão de alívio no rosto de Kate sugeria que aquelas caixas continham algo importante para ela.
Percebi que eles estavam prestes a sair do escritório, então me afastei rapidamente, tentando não ser notado. Voltei para a sala de jantar, onde Bianca me aguardava com um olhar questionador.
— E então? — perguntou ela, ansiosa.
— Eles estavam conversando sobre algo que parece ser importante para Kate. Meu pai a está ajudando com alguma coisa, mas não consegui ouvir todos os detalhes — respondi, tentando acalmar a curiosidade de Bianca.
Enquanto isso, meu pai e Kate retornaram à mesa, ambos parecendo um pouco mais leves. A conversa voltou a fluir naturalmente, mas minha mente continuava a se perguntar sobre o conteúdo daquelas caixas e o que exatamente meu pai estava fazendo para ajudar Kate.
A noite seguiu com risadas e histórias, mas a curiosidade sobre o que estava acontecendo no escritório permaneceu. Olhei para Kate e meu pai, ambos pareciam satisfeitos e aliviados, o que me deu uma sensação de que, seja o que for, estava tudo bem. Aos poucos, decidi que as respostas viriam a seu tempo, e voltei a me concentrar na companhia agradável de minha família e amigos.
— Então, estou indo. Boa noite a todos vocês — disse Kate, levantando-se com um sorriso.
— Chica... quer dizer, Kate, posso conversar com você por alguns minutos? — perguntei, corrigindo-me rapidamente enquanto me levantava também.
Ela assentiu, e saímos juntos. Em vez de ficarmos no jardim, nos dirigimos ao estacionamento, onde o carro dela estava estacionado. O ar fresco da noite nos envolveu, trazendo uma sensação de tranquilidade.
— Estou ouvindo — disse Kate, cruzando os braços e me olhando diretamente nos olhos.
Hesitei por um momento, mas sabia que precisava ser honesto com ela.
— Você está diferente, mais magra, mais distante — falei, observando cada reação dela.
Kate desviou o olhar, e por um breve momento, vi uma sombra de dor passar por seu rosto.
— Eu estou apenas machucada — respondeu, sua voz um pouco mais baixa. — Você quer armar outro jogo com a minha família para me fazer engordar? Você vai fazer isso para mostrar aos meus pais que consegue cuidar da Bianca?
— Kate... — comecei a dizer, mas ela me interrompeu bruscamente.
— Você usou a minha declaração como votos do seu casamento, Tiago! Você não teve um déjà vu? Você falou para ela que aquela era nossa música? — perguntou, sua voz tremendo com a carga emocional.
Senti um nó na garganta. As palavras dela eram como facas afiadas, cortando fundo.
— Kate, eu...
— Você a ama tanto que me usou apenas para provar que pode amá-la, e você conseguiu — continuou ela, com lágrimas nos olhos. — E agora, o que eu sou? Um teste? Uma etapa que você precisava superar para alcançar a felicidade?
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela, e eu senti meu coração apertar. Queria abraçá-la, mas sabia que isso não resolveria nada.
— Kate, eu nunca quis te machucar. Eu estava perdido, confuso... — tentei explicar, mas as palavras pareciam insuficientes.
— Você sabe o que dói mais, Tiago? — disse ela, enxugando as lágrimas com a mão. — É que eu realmente acreditei em você. Acreditei que poderíamos ser felizes, que você me via como algo mais do que uma ponte para chegar a ela.
— Eu te via, Kate. Eu te via de verdade. Talvez não da maneira que você queria, mas eu te via — respondi, sentindo minhas próprias lágrimas ameaçando cair.
— E o que você vê agora? — perguntou ela, sua voz quase um sussurro.
Olhei para ela, tentando encontrar as palavras certas.
— Eu vejo alguém que me ensinou a amar de novo. Alguém que me mostrou que eu posso ser melhor. Mas também vejo alguém que eu machuquei profundamente, e eu não sei como consertar isso — disse, minha voz quebrando.
Kate parecia conter as lágrimas, mas não conseguiu por muito tempo. Elas começaram a escorrer por seu rosto, e sua voz tremia quando respondeu.
— Sabe o que é pior? Eu ainda te amar mesmo depois de tudo — falou, sua voz um sussurro dolorido, enquanto seus olhos refletiam a mágoa que sentia.
Meu coração apertou, mas antes que eu pudesse responder, ela continuou, sua voz crescendo em intensidade e emoção.
— Sabe o que é dez vezes pior? Você nunca quis ficar, você nunca esteve lá nos meus piores momentos — disse ela, chorando abertamente agora. — Você nunca fez questão de ficar. Eu me apaixonei pelo que inventei de você, talvez eu me apaixonei pelo fato de você ser parecido com os meus pais.
A dor em suas palavras era palpável, e eu me senti esmagado pelo peso do que ela estava dizendo.
— Eu estava sangrando no seu carro e você não notou? Até Adrielly notou — continuou Kate, sua voz se quebrando em soluços.
— Como assim? — perguntei, sentindo-me perdido e desesperado para entender.
— Eu estava sofrendo, Tiago. Eu estava ali, ao seu lado, mas você não estava realmente presente. Você estava tão focado em provar algo para si mesmo, para os outros, que não viu a dor que estava bem diante de você — disse ela, sua voz carregada de uma tristeza profunda.
Cada palavra dela era como um golpe no meu coração. Eu queria dizer algo, qualquer coisa que pudesse aliviar a dor que eu havia causado, mas as palavras simplesmente não vinham.
— Adrielly viu o que você não conseguiu ver. Ela me ajudou quando eu mais precisava, enquanto você estava ocupado demais tentando ser algo que não era — continuou Kate, sua voz agora um misto de raiva e tristeza.
— Kate, eu... — tentei começar, mas ela levantou a mão, sinalizando para eu parar.
— Não, Tiago. Não há nada que você possa dizer agora que vá mudar o que aconteceu. Eu só queria que você soubesse o quanto me machucou, e o quanto eu ainda te amo, apesar de tudo — disse, suas lágrimas caindo livremente.
Ela fez uma pausa, como se estivesse reunindo coragem para dizer algo ainda mais doloroso.
— Lembra do sem-teto? — perguntou, sua voz tremendo. — Ele me esfaqueou com uma faca. Eu cheguei a ficar internada, Tiago, e você nem notou. Você não notou minha voz trêmula, você não notou meu choro sufocado, você não notou que você é um grande filho da puta mentiroso! — gritou ela, dando tapas no meu peito com cada palavra, como se quisesse transferir a dor que sentia para mim.
Cada golpe era um lembrete de minha negligência, de minha falha em estar lá para ela quando mais precisava. Eu queria segurar suas mãos, impedir seus golpes, mas me senti paralisado pela culpa.
— Você só tem olhos para ela? Realmente valeu a pena me matar por dentro para ficar com ela? O que ela tem que eu não tenho? — perguntou Kate, sua voz um misto de desespero e dor, suas lágrimas caindo como uma torrente incontrolável.
— Quer saber o que ela tem que você não tem? Quer saber por que todo mundo prefere ela e não você? — falei, gritando com uma ferocidade que não reconhecia em mim mesmo.
Kate ficou em silêncio, seu rosto uma máscara de dor e expectativa. Eu sabia que minhas próximas palavras seriam como facas, mas algo em mim, talvez o orgulho ferido, me impulsionou a continuar.
— Ela é simpática, Kate. Ela vê a vida de uma maneira linda, enquanto você está sempre afundada em pessimismo. Ela sabe o que quer, ela é estável, enquanto você é uma montanha-russa emocional que ninguém consegue acompanhar. Ela é corajosa, enquanto você se esconde das suas próprias sombras. Ela tem um corpo lindo, uma beleza que você nunca conseguiu aceitar em si mesma.
Vi os olhos de Kate se encherem de lágrimas, mas continuei, sendo cruel porque, naquele momento, a crueldade parecia a única saída.
— Ela tem uma personalidade incrível, Kate. Ela ilumina qualquer ambiente, enquanto você traz uma nuvem negra para todos ao seu redor. Ela tem um cheiro viciante, uma presença que deixa saudade, enquanto você... você só deixa dor. Ela vive por ela, não depende de ninguém para ser feliz, enquanto você se agarra a mim como se eu fosse a sua única tábua de salvação.
Cada palavra era um golpe, cada frase uma ferida aberta. Kate tremia, suas lágrimas caindo incessantemente, mas eu não consegui parar.
— Ela é simplesmente tudo aquilo que você não consegue ser, Kate. Ela é tudo o que você nunca será — finalizei, sentindo uma estranha mistura de alívio e arrependimento.
Kate parecia desmoronar diante de mim, suas lágrimas misturando-se com a chuva que começava a cair, como se o céu estivesse chorando por ela, por nós. Ela deu um passo para trás, como se minhas palavras a tivessem empurrado para um abismo do qual não havia retorno.
— Tiago, você é o meu conto sem reciprocidade, você é o meu eterno 'e se?' — ela começou, sua voz quebrando ao final da frase. — Na vastidão implacável de Boston, você não enganou só a mim, mas a todos nós.
Cada palavra era uma lâmina afiada, cortando fundo na alma. Eu podia ver a mágoa estampada no rosto de Kate, as lágrimas que ela lutava para conter. O peso das suas palavras caía sobre mim como uma tempestade, deixando-me sem ar, sem chão.
— Eu acreditei em nós, acreditei em você, Tiago — continuou ela, com uma voz quase sussurrada, como se falar mais alto pudesse quebrar algo dentro dela. — Mas agora, tudo que me resta são fragmentos de sonhos despedaçados e a tortura de imaginar o que poderia ter sido.
Ela parou por um momento, respirando fundo, tentando recuperar o controle. Mas eu sabia que aquele era um controle frágil, prestes a desmoronar.
— E quando penso em tudo isso, não consigo evitar as lágrimas — disse ela, finalmente permitindo que uma lágrima solitária escapasse e descesse pela sua face. — Porque amar alguém que nunca retribuiu esse amor é como viver uma vida de fantasmas, de sombras que nunca se dissipam.
Cada lágrima dela era um golpe direto ao meu coração, uma lembrança dolorosa do que poderia ter sido, mas nunca foi. E naquele momento, compreendi a profundidade da sua dor, uma dor que talvez nunca pudesse ser apagada.
Kate desviou o olhar, fixando-o no horizonte distante como se procurasse respostas no vazio. O silêncio entre nós era ensurdecedor, carregado de palavras não ditas e sentimentos sufocados.
— Você lembra do dia em que nos conhecemos? — perguntou ela, a voz embargada. — Eu estava perdida naquela livraria, tentando encontrar um refúgio nos livros. E então você apareceu, com aquele sorriso fácil.
Eu me lembrava bem. Aquele dia parecia tão distante agora, envolto em uma névoa de nostalgia. Naquele momento, acreditei que tínhamos algo especial, uma conexão que transcendia o comum.
— Foi ali que tudo começou para mim — continuou Kate, um leve sorriso melancólico surgindo em seus lábios. — Eu vi em você um porto seguro, alguém que poderia me entender como ninguém jamais entendeu. Mas a realidade foi muito diferente, não foi?
Ela riu, mas era um riso amargo, cheio de ironia e tristeza. Eu queria dizer algo, qualquer coisa que pudesse aliviar a dor dela, mas as palavras me faltavam. O que poderia eu dizer que não soasse vazio diante da profundidade do seu sofrimento?
— Cada momento que passamos juntos — disse ela, com a voz quase inaudível — Eu esperava, ansiava por uma reciprocidade que nunca veio. E cada vez que você afastava, eu me perdia um pouco mais.
Ela fez uma pausa, respirando fundo como se precisasse reunir forças para continuar.
— Eu me pergunto, Tiago, se você algum dia percebeu o quanto significava para mim. Se algum dia sentiu a mesma angústia que eu sinto agora. — As lágrimas começaram a cair livremente, e ela não as impediu. — Você era a minha esperança, o meu sonho. E quando você se foi, levou consigo uma parte de mim que eu nunca mais consegui recuperar.
Eu sentia o peso das suas palavras, cada uma delas um testemunho da dor e da desilusão. Kate estava despedaçada, e eu sabia que, de alguma forma, eu era o responsável por isso.
— Eu não sei se algum dia vou conseguir perdoar você, ou a mim mesma, por acreditar tanto — disse ela, com um suspiro profundo e resignado. — Mas eu sei que preciso seguir em frente, mesmo que isso signifique carregar para sempre a sombra do que poderia ter sido.
Ela se virou para ir embora, deixando-me ali, sozinho com os meus pensamentos e a consciência do estrago que causei. E enquanto observava sua figura se afastando, senti um vazio imenso, uma dor que ecoava a dela. Porque, no fundo, eu sabia que Kate sempre seria o meu eterno 'e se?'.
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