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Despedidas Não Ditas

"Não existem finais felizes, os finais são dolorosos. Se você está feliz, sua história ainda não acabou."

Kate

Após a loucura da exposição, eis que estamos novamente envoltos em outra loucura: o aniversário de Adrielly está se aproximando, e ela deseja algo espetacular, uma celebração digna de contos de fadas, com nada menos que um unicórnio! A ideia parecia descabida, absurda até. Onde, em nome das estrelas, iríamos encontrar um unicórnio? A despeito das minhas recorrentes objeções, Tiago e eu nos encontramos a bordo do carro dele, ziguezagueando por estradas que nos levavam ao interior distante, mais precisamente à fazenda do bisavô de Tiago, escondida nas dobras rurais de Boston.

"A gente realmente vai fazer isso?" Eu disse, não disfarçando minha incredulidade. "Como planeja trazer três cavalos à cidade?"

Tiago, com a calma que só ele tem, manteve os olhos na estrada, o semblante sereno. "Não se preocupe, já está tudo arrumado. Um transporte apropriado vai levar os cavalos até lá. Eles chegarão em segurança e a tempo para a festa."

Aquela conversa era surreal. Estávamos prestes a transformar cavalos comuns em criaturas mágicas de um conto de fadas, tudo para iluminar os olhos de Adrielly em seu dia especial. A dedicação de Tiago e o entusiasmo contagiante da menina me fizeram entrar de cabeça na aventura, mesmo com um pé atrás em relação à logística do plano.

Chegar à fazenda foi como entrar em um novo mundo, um recanto de magia em meio à natureza, onde o impossível pareceu, de repente, ao nosso alcance. Entre a preparação e o trajeto de volta, cada detalhe foi meticulosamente planejado. A ansiedade de ver a expressão de Adrielly ao se deparar com seus "unicórnios" fez todo o esforço valer a pena. Naquele momento, acreditei realmente que, às vezes, para fazer alguém feliz, vale a pena embarcar na mais improvável das jornadas.

Estou chocada com a dimensão de tudo isso parece muito grande tão grande quanto um campo de futebol. Tiago começou a andar e eu segui atrás dele depois de alguns minutos andando chegamos a um estábulo , uma espaçosa baia para cavalos, desenhada a pensar no conforto e bem-estar dos seus habitantes. As paredes da barraca são feitas de madeira resistente e polida, emitindo um brilho quente e convidativo graças à iluminação suave do teto. O telhado é alto, permitindo a circulação de bastante ar fresco, transportando o aroma natural do feno e o suave almíscar dos cavalos.

No interior, o chão é coberto por uma espessa camada de palha, limpa e dourada, que farfalha suavemente à medida que os cavalos se movimentam. Esta cama é meticulosamente mantida, garantindo que os cavalos tenham um local confortável para deitar e descansar.

A baia abriga vários cavalos, cada um com seus próprios padrões de pelagem, variando de cores sólidas, como castanho e preto, a marcas complexas, como pinto ou cinza manchado. Suas crinas e caudas são bem cuidadas, fluindo graciosamente enquanto se movem. Os cavalos parecem saudáveis e bem cuidados, com olhos brilhantes e pelagem elegante e brilhante.

Os cavalos interagem pacificamente entre si, alguns se aconchegam afetuosamente, enquanto outros ficam parados calmamente, aproveitando o ambiente sereno. Alguns estão mastigando feno de um alimentador preso à parede, com as orelhas balançando para frente e para trás enquanto ouvem os sons ao seu redor.

Na penumbra do entardecer, a tensão entre Tiago e eu era tão palpável quanto a brisa fresca que anunciava o crepúsculo. Com um chamado casual, mas carregado de desafio, eu o provocava, insinuando que, embora suas habilidades no boliche fossem inquestionáveis, o hipismo era um terreno onde eu não lhe concederia vitória tão facilmente.

"Chica, você pode até se esforçar, mas os obstáculos daqui vão te cansar. Vai acabar perdendo de novo," Tiago retrucou, fechando a distância entre nós com passos confiantes, um brilho competitivo em seus olhos.

"Duvido muito. Você está só com medo," eu rebati, encontrando seu olhar desafiador com um ainda mais audacioso, desencadeando um silêncio carregado de promessas de uma competição iminente.

"Que o melhor vença, chica," ele disse, com um sorriso que não sabia se era de confiança ou provocação, antes de se virar para o senhor Christian, pedindo que preparasse o hipódromo para nosso duelo inesperado.

Enquanto Tiago se ocupava com detalhes técnicos com o senhor Bryan, meus olhos vagavam pelos cavalos, buscando aquele que seria meu parceiro nesta empreitada. Por um momento, fixei-me em Star, um cavalo branco de beleza estonteante, mas logo descartei a ideia, não querendo cair no clichê de montar um cavalo que espelhasse tão fielmente a imagem de pureza e delicadeza.

Foi então que Lady, uma égua de pelagem castanha que refletia os tons terrosos de meus próprios cabelos, capturou minha atenção. Havia uma elegância sutil em sua postura, uma promessa de velocidade e agilidade que me fascinou instantaneamente.

"Era o cavalo favorito da minha mãe," Tiago disse de repente, surgindo ao meu lado e me fazendo sobressaltar com sua presença inesperada. Ele falava de Lady com um carinho evidente, revelando que, apesar das lady's serem tradicionalmente éguas brancas, sua mãe via em Lady uma qualidade única que a destacava de todos os outros cavalos.

Embora Tiago raramente falasse de sua mãe, e eu nada soubesse sobre como ela havia falecido ou mesmo seu nome, não pude deixar de oferecer palavras de encorajamento. "Onde quer que ela esteja, deve estar muito orgulhosa. Você se tornou um homem incrível," eu disse, sincera, buscando fortalecer nosso vínculo mesmo à beira de nossa competição.

Com a chegada do senhor Bryan anunciando que o hipódromo estava pronto, a animação de Tiago era evidente. Ele escolhera Fúria como seu companheiro para a corrida e me ofereceu Lady, uma escolha que, de alguma forma, selava nosso destino naquele desafio.

"Nos vemos na pista," gritei, enquanto ele se afastava para preparar Fúria, sua risada ecoando pelo ar em resposta.

"Eu serei o de preto," ele gritou de volta, antecipando o confronto com um humor que só fez aumentar minha determinação.

Comecei com o processo de preparação da lady ela era uma égua realmente muito delicada, ela se movia com vaidade e era algo lindo de olhar.

Logo em seguida eu procurei: Chicote Esporas Correia de espora para começar equipar a égua depois de alguns segundos Senhor Bryan aparece com Caneleira Luvas Sela Estribos, senhor Bryan me ajudava a equipar a égua .

Exatamente 15 minutos se passaram Tiago já estava no hipódromo e eu estava a caminho de lá, eu cheguei e Tiago estava conversando com o Fúria e depois sua atenção caiu para mim .

Você vai correr de vestido?-. Perguntou Tiago estático, - Sim eu vou, você não assiste filmes medievais?Eu tô fazendo um clichê. - falei sorrindo.

Tiago apenas olhou para mim e concordou,- Como você quiser, você está pronta para perder, Chica?

Eu estava montado na Lady, uma égua de porte nobre e olhar tão determinado quanto o meu. Tiago, com seu sorriso que poderia iluminar a noite mais escura, estava ao lado, montado no Fúria, um cavalo tão destemido quanto seu nome sugeria. A tensão entre nós era palpável, uma mistura de rivalidade e camaradagem que só os verdadeiros competidores entendem.

Foi então que o Senhor Bryan, uma figura imponente com seu traje de época, apareceu. Em sua mão, uma pistola antiga, pronta para dar início à contenda. Com um gesto teatral, ele levantou a arma e disparou no ar. O som do tiro marcou o início de nossa corrida, ecoando pelos campos como o anúncio de uma epopeia.

O início da corrida foi marcado por uma calma tensa. Tiago e Fúria assumiram a liderança, um reflexo da sintonia perfeita entre cavaleiro e montaria. No entanto, Lady e eu tínhamos nossos próprios planos, uma estratégia cuidadosamente traçada para virar o jogo a nosso favor.

O primeiro desafio a testar nossa habilidade e coragem foi o Vertical, um salto que exigia mais do que apenas força; exigia confiança inabalável. Após vencer esse obstáculo, galopamos em direção ao segundo, o Largo. Esse salto, conhecido por sua amplitude, desafiava-nos a superar nossos limites e a trabalhar em harmonia perfeita com nossas montarias.

O tempo, nosso adversário silencioso, forçou a redução do percurso, deixando-nos com apenas três obstáculos a superar. O último, o Volée, era uma prova de velocidade e precisão. Tiago, confiante na vitória, não contava com a nossa determinação e a resistência incansável de Lady.

Ao superar o último obstáculo, o fim estava à vista, mas não era hora de desacelerar. Com menos de um quilômetro para a linha de chegada, Lady e eu aumentamos nossa velocidade, ultrapassando Fúria, que já demonstrava sinais de cansaço. A reviravolta estava completa; contra todas as expectativas, cruzamos a linha de chegada em primeiro lugar.

"Para a próxima vez, deverias ir mais devagar," disse eu, descendo de Lady, um sorriso triunfante nos lábios. Tiago, incapaz de esconder sua frustração, tentou disfarçar seu desapontamento com um tom provocativo. "Isso foi sorte."

"Você é um péssimo perdedor," retruquei, acariciando Lady, compartilhando um momento de cumplicidade com a égua que havia sido minha parceira nessa vitória inesperada.

"Monta de novo," Tiago pediu, o desafio brilhando em seu olhar. Sem uma palavra, eu consenti, montando novamente em Lady. "Siga-me," disse ele, antes de galopar campo afora. Com um sorriso, aceitei o desafio, seguindo-o numa nova aventura, pronta para onde quer que a corrida nos levasse.

Enquanto cavalgávamos através da densa floresta, um sentimento de antecipação crescia dentro de mim. A brisa quente do atardecer acariciava meu rosto, trazendo consigo o aroma da terra úmida e da vegetação. Tiago estava à frente, liderando a jornada com uma certeza que só ele possuía. Eu o seguia, confiante em sua direção, mas perdida em minha própria admiração pela beleza selvagem que nos cercava.

"Você ouve isso, Kate?" Tiago chamou por cima do ombro, um sorriso brincando nos lábios.

"A água?" perguntei, inclinando a cabeça, tentando decifrar os sons misturados da floresta.

"Exatamente," ele respondeu, "uma catarata. Vamos dar uma olhada?"

Assenti, curiosa. Quando Tiago parou e amarrou Fúria, seu cavalo, a uma árvore próxima, eu ainda estava montada, hipnotizada pela magia do local. Ele me estendeu a mão, ajudando-me a descer com um gesto suave, uma brincadeira familiar entre nós.

"Você vai adorar o que vem a seguir," Tiago prometeu, guiando-me pela mão.

Caminhamos por uma passarela de madeira que serpenteava pela floresta. Eu estava completamente absorvida pela beleza ao nosso redor, quando Tiago parou de repente.

"Fecha os olhos," ele disse, um tom de mistério em sua voz.

"Por quê?" perguntei, mas a curiosidade me venceu, e eu obedeci.

Ele me conduziu gentilmente por mais alguns passos, depois parou e sussurrou: "Agora, pode abrir."

Diante de nós, a catarata revelava sua magnificência. A água caía em cascata com uma graça poderosa, um espetáculo de tirar o fôlego.

"É incrível," sussurrei, incapaz de encontrar palavras que fizessem justiça ao que meus olhos viam.

"Eu sabia que você ia gostar," Tiago respondeu, seu olhar fixo na catarata, mas eu podia ver a satisfação em seu rosto.

Ficamos em silêncio, perdidos na contemplação da natureza. Então, com um sorriso, ele disse: "A natureza sempre tem uma forma de nos surpreender, não é mesmo?"

"Sempre," concordei, sentindo uma conexão profunda não apenas com o lugar, mas com Tiago ao meu lado.

Ali, de pé diante da catarata, compartilhamos um momento de reverência silenciosa. Era uma lembrança de que, apesar de nossas aventuras e descobertas, somos apenas uma pequena parte de um mundo muito maior. A grandeza da natureza diante de nós era um lembrete da nossa pequenez, mas também da beleza da nossa conexão com ela e um com o outro.

Tiago e eu nos acomodamos em um dos bancos espalhados pelo local, cercados pela serenidade da natureza, que ele tanto amava por lembrá-lo de sua mãe. Com um olhar distante, mas adornado por um sorriso gentil, ele começou a compartilhar, "Minha mãe era um espírito tão livre e cheio de amor, exatamente como você, Kate. Ela tinha essa conexão especial com tudo ao seu redor." Seu tom era suave, mas carregado de um peso inconfundível.

"Ultimamente, Adri tem feito muitas perguntas sobre ela, e dói não ter o que dizer. A verdade, Kate, tem um peso doloroso." Seu sorriso, por mais que iluminasse seu rosto, não conseguiu esconder a dor cristalina presentes em seus olhos.

Ele continuou, a voz trêmula com a emoção de reviver as lembranças. "Três meses após Adrielly nascer, minha mãe foi diagnosticada com anemia. A princípio, parecia algo simples, e continuamos nossas vidas esperando por uma melhora. Mas a situação foi ficando séria..." Tiago fez uma pausa, seu olhar perdido em memórias dolorosas. "As transfusões de sangue se tornaram frequentes, até que um dia ela desmaiou e foi levada às pressas para o hospital."

Ele engoliu em seco, recolhendo forças. "Ela me pediu para visitá-la nessa noite. Eu nunca vou esquecer, Kate. Ela estava sofrendo tanto, tanta dor..." Sua voz falhou, e as palavras seguintes vieram entre soluços. "Naquela noite, minha mãe se tornou um anjo."

O choro de Tiago era o som de um coração se partindo, um reflexo de uma perda imensurável. Sentado ao seu lado, cada lágrima que escorria por seu rosto contava a história de um amor profundo, uma saudade eterna e a amarga realidade de seguir adiante sem uma parte de sua alma. Naquele momento, o silêncio falou mais alto, um silêncio compartilhado que, em sua quietude, oferecia um consolo tímido, um entendimento profundo da dor que Tiago carregava.

Ao ver a dor em Tiago, uma dor tão palpável que quase podia tocá-la, me aproximei dele, tentando encurtar a distância invisível que a tristeza havia criado entre nós. Havia hesitação em meus passos, uma cautela que me impelia a escolher cada gesto e palavra com cuidado, como se estivesse pisando em território desconhecido. Decidi, então, que meu silêncio falaria mais alto, oferecendo apenas a presença e o calor de um toque gentil - minha mão encontrando a dele, uma promessa silenciosa de que não o deixaria enfrentar essa escuridão sozinho.

"Sei que talvez não haja palavras capazes de aliviar essa dor," eu disse, minha voz baixa, tentando transbordar em empatia, "mas quero que saiba que você não está sozinho. Ao falar sobre sua mãe... ela parece ter sido uma pessoa incrível, alguém que, sem dúvida, deixou uma marca profunda no mundo, especialmente em você."

Ele me olhou, seus olhos buscando os meus, e naquele momento, eu soube que havia conseguido alcançá-lo, mesmo que apenas por um instante, em um lugar onde palavras nem sempre conseguem chegar. Havia uma sinceridade no olhar dele, um reconhecimento que falava de dor, mas também de uma conexão inesperada que nos envolvia.

"Você está certa," ele respondeu, a voz carregada de emoção. "Ela era incrível. E eu... eu só quero ser alguém de quem ela se orgulharia."

Apertei sua mão, reforçando minha promessa não dita. "Tiago, considere tudo o que você já realizou, a bondade que você naturalmente irradia, a paixão com que vive cada dia. Você já está honrando sua memória. Tenho certeza de que ela estaria mais do que orgulhosa."

Naquele crepúsculo, com as cores do entardecer pintando o céu, senti um vislumbre de paz entre nós. A dor ainda estava lá, é claro, mas agora acompanhada por uma sensação de gratidão pela conexão que compartilhávamos. As palavras que trocamos não apenas ofereceram conforto, mas também começaram a construir uma ponte sobre o abismo da sua tristeza, um lembrete de que, mesmo nas noites mais escuras, ainda podemos encontrar alguém disposto a compartilhar a beleza das estrelas.

Senhor Bryan nos cumprimentou com um entusiasmo contagiante, anunciando que os pôneis já estavam preparados e não demorariam a seguir para a grande celebração de amanhã. Estávamos todos ansiosos para a festa da Adri, uma ocasião que prometia ser memorável. Apesar da tensão que flutuava no ar, um leve sorriso floresceu em meu rosto quando eu e Tiago nos encaminhamos para o carro.

Sabendo que a alegria precisava ser o nosso norte, especialmente nesse dia especial, decidi tomar a iniciativa e conectar minha playlist à rádio do carro. Era uma coleção de músicas que sempre conseguia arrancar um sorriso, mesmo nos dias mais nublados. Quando os primeiros acordes de "Bésame Mucho" preencheram o espaço, nossos olhares se encontraram, repletos de um entendimento mútuo e uma faísca de cumplicidade que só nós compartilhávamos.

𝙱é𝚜𝚊𝚖𝚎, 𝚋é𝚜𝚊𝚖𝚎 𝚖𝚞𝚌𝚑𝚘
𝙲𝚘𝚖𝚘 𝚜𝚒 𝚏𝚞𝚎𝚛𝚊 𝚎𝚜𝚝𝚊 𝚕𝚊 𝚗𝚘𝚌𝚑𝚎
𝙻𝚊 ú𝚕𝚝𝚒𝚖𝚊 𝚟𝚎𝚣
𝙱é𝚜𝚊𝚖𝚎, 𝚋é𝚜𝚊𝚖𝚎 𝚖𝚞𝚌𝚑𝚘
𝚀𝚞𝚎 𝚝𝚎𝚗𝚐𝚘 𝚖𝚒𝚎𝚍𝚘 𝚊 𝚙𝚎𝚛𝚍𝚎𝚛𝚝𝚎
𝙿𝚎𝚛𝚍𝚎𝚛𝚝𝚎 𝚍𝚎𝚜𝚙𝚞é𝚜

𝙱𝚎𝚒𝚓𝚊-𝚖𝚎 𝙱𝚎𝚒𝚓𝚊-𝚖𝚎 𝚖𝚞𝚒𝚝𝚘
𝙲𝚘𝚖𝚘 𝚜𝚎 𝚏𝚘𝚜𝚜𝚎 𝚎𝚜𝚝𝚊 𝚗𝚘𝚒𝚝𝚎
𝙰 ú𝚕𝚝𝚒𝚖𝚊 𝚟𝚎𝚣
𝙱𝚎𝚒𝚓𝚊-𝚖𝚎 𝚋𝚎𝚒𝚓𝚊-𝚖𝚎 𝚖𝚞𝚒𝚝𝚘
𝚃𝚎𝚗𝚑𝚘 𝚖𝚎𝚍𝚘 𝚍𝚎 𝚙𝚎𝚛𝚍𝚎𝚛 𝚟𝚘𝚌ê,
𝙿𝚎𝚛𝚍𝚎𝚛 𝚟𝚘𝚌ê 𝚖𝚊𝚒𝚜 𝚝𝚊𝚛𝚍𝚎

Sem uma palavra, nós entramos no ritmo, nossas vozes se entrelaçando na melodia de uma maneira que só acontece quando duas almas estão perfeitamente sincronizadas. Cantávamos com uma paixão que transcendia as notas, como se cada palavra fosse uma ponte para um lugar onde só a música nos poderia levar, onde nossa amizade ganhava uma nova camada de significado.

Cantar com Tiago não era apenas uma atividade; era uma experiência. Uma que nos permitia ser completamente sinceros um com o outro, onde cada nota carregava um pedaço de nossa história. Era mais do que apenas uma canção; era um momento que nos lembrava que, não importa o que o futuro nos reservasse, a música e nossa amizade nos manteriam, dançando juntos através da vida, nota por nota.

O sol se pôs no horizonte, pintando o céu de dourado e laranja à medida que Tiago concentrava sua atenção na estrada à frente, a serenidade do momento apenas sendo levemente interrompida pelos acordes suaves das músicas que cantarolávamos juntos. Havia uma calma, quase palpável, compartilhada entre nós - uma espécie de trégua silenciosa com a vida e suas exigências infindáveis. Esses momentos de tranquilidade e alegria simples eram raros e, portanto, inestimáveis.

O tempo pareceu dobrar-se sobre si mesmo, as horas derretendo em uma mistura de risadas, conversas profundas e o ocasional silêncio contemplativo.

Finalmente, as luzes da cidade de Boston começaram a surgir à frente, sinalizando o fim de nossa jornada. "Estamos a apenas dois minutos," pensei, uma nota de despedida começando a soar em minha mente apesar de ainda estarmos juntos. Enquanto Tiago manobrava habilmente o carro pelas últimas curvas antes de minha casa, eu comecei a recolher meus pertences, desconectando meu celular da rádio do carro.

"Obrigada, Tiago. O dia de hoje foi incrível e único," eu disse com sinceridade, segurando minha bolsa perto de mim. Era um agradecimento por tudo: pela aventura, pelo silêncio compartilhado, pelas risadas, e, acima de tudo, pela companhia.

"Eu que agradeço por você ter vindo e por ter me escutado. Foi bom desabafar," Tiago respondeu, um eco dos meus próprios sentimentos refletidos em suas palavras. Ele estacionou o carro, um sinal final de nosso tempo juntos chegando ao fim.

Assenti suavemente, reconhecendo o momento. Despedindo-me com um aceno, fechei a porta do carro atrás de mim. Enquanto caminhava para minha casa, eu não pude deixar de sentir uma gratidão imensa.

Em meio a paz que eu estava comigo mesma , o estridente som do telefone fez meu coração parar. Uma ligação - apenas uma - era tudo o que precisava para desmoronar a paz que tanto cultivei. O número privado piscava na tela como um presságio, enquanto eu, ainda à porta de casa, atendia com uma mistura de hesitação e pressentimento.

- Sim?- Minha voz mal escondeu o tremor.

- Senhorita Carter? Aqui é o Dr. Camargo, do Hospital New England Baptist. Lamento informá-la, mas seus pais sofreram um grave acidente. Precisamos urgentemente de uma transfusão de sangue. Contamos com a sua ajuda.

Num vértice de emoções conflitantes, senti o peso da responsabilidade. Eles, os mesmos que me renegavam, agora precisavam de mim. Não se abandona a própria família, por mais turbulenta que seja a relação. Agarrando-me a essa crença, recolhi minhas chaves, a bolsa, e saí ao encontro do táxi, rumo ao hospital.

O trajeto até o New England Baptist se estendeu em uma nebulosa de pensamentos. Era um retorno aos laços de sangue que, apesar dos esforços, pareciam irremediavelmente atados a uma busca por aceitação.

- Senhorita Carter? - O Dr. Camargo me recebeu com um semblante que trazia tanto preocupação quanto urgência. Enquanto acompanhava suas explanações e me encaminhava para a doação de sangue, um turbilhão de emoções me assaltou.

Ali, sob as luzes frias e entre os bipes monótonos de máquinas, questionei-me sobre o valor do amor incondicional. Era humilhante, sim, estender a mão para aqueles que hesitavam em aceitar-me. E, ainda assim, eu estava lá.

A chamada de Bianca trouxe um sopro de realidade. "Está tudo sob controle," assegurei-lhe, apesar da voz rouca e do corpo que começava a sentir o peso da exaustão. Seu cuidado e preocupação ressoavam como um farol de esperança em meio à turbulência.

Desliguei, prometendo a mim mesma aguentar firme. Pois ali, naquela sala de hospital, entre tubos e agulhas, eu reencontrei uma versão de mim mesma capaz de transcender dores e ressentimentos. Naquele momento, enquanto a vida de meus pais pendia por um fio, entendi que, às vezes, a maior força reside na capacidade de amar, apesar de tudo.

Assim que a enfermeira interrompeu a transfusão, ela me estendeu um copo de suco com uma gentileza que me aqueceu o coração. Agradeci e me permiti alguns minutos para reunir forças antes de tentar me levantar. Sabia que precisava ver meus pais, garantir com meus próprios olhos que estavam seguros e se recuperando bem.

O Dr. Camargo veio com notícias reconfortantes: mamãe e papai estavam estáveis e, se tudo continuasse no caminho certo, poderiam ir para casa no dia seguinte. Eles já haviam sido acomodados em um quarto, o mesmo que eu hesitava em entrar. Mas a necessidade de vê-los bem era mais forte que qualquer receio.

Meu pai estava contemplando algo pela janela quando entrei, e minha mãe parecia dormir, mas ambos dirigiram seu olhar para mim assim que o som da porta fechando ecoou pelo quarto. "O que você está fazendo aqui?", minha mãe perguntou com sua usual autoridade. "Eu só queria ver se vocês estavam bem", consegui murmurar.

A resposta veio fria e cortante de meu pai: "Já viu, agora pode ir." E então, as palavras afiadas de minha mãe me golpearam, cada sílaba uma punhalada: "Sua presença apenas me perturba. Você me enoja porque você representa meu maior fracasso." E meu pai, sem perder o ímpeto, acrescentou: "Você é a lembrança viva do meu arrependimento. Espero que você desapareça. Pensou que doar um pouco de sangue te faria a heroína da história?"

Lágrimas enevoaram minha visão, mas a dor em meu peito era cristalina. "Eu sei que não sou perfeita, que não sou o que vocês queriam. Queria apenas ajudar... Queria apenas ser amada... Ser entendida...", consegui dizer entre soluços, antes de fugir daquele quarto, daquele hospital que parecia sufocar cada vez mais o meu ser.

Na solidão do corredor, permiti que meu coração sangrasse junto às lágrimas. Não buscava heróis em minha história, apenas um lugar onde o amor não fosse uma batalha, onde ser eu mesma não fosse um erro imperdoável. E assim, com o peso dessas verdades, eu seguia, passo a passo, em busca de refúgio nas sombras do desconhecido.

Exausta, eu deixei o hospital com passos lentos, sentindo cada grão de cansaço pesando sobre meus ombros. O ar frio da noite envolveu-me como um manto, mas pouco fez para revigorar meu espírito fatigado. Sem hesitação, chamei um táxi, ansiando pelo conforto e quietude do meu lar. Assim que o veículo chegou, adentrei com um suspiro de alívio, antecipando o momento em que poderia finalmente descansar.

Ao chegar em casa, segui o ritual que se tornou tão familiar quanto respirar. Fechei a porta atrás de mim, deixando o mundo e suas demandas do lado de fora. Minha bolsa encontrou seu lugar habitual sobre a mesa, como se também anseiasse pelo repouso. Movendo-me automaticamente, dirigi-me à cozinha em busca de um copo de água - um pequeno gesto de autocuidado em meio ao turbilhão dos meus dias.

O silêncio da casa abraçou-me enquanto eu subia as escadas para o meu quarto, um santuário de tranquilidade. Com movimentos lentos, livrei-me do vestido e das botas, peças que pareciam carregar o peso de um dia longo demais. Libertei meu cabelo do coque, sentindo os fios deslizarem entre meus dedos, um alívio simples, mas profundamente sentido.

Diante do armário, selecionei meu pijama, o tecido macio prometendo conforto. A escrivaninha foi minha próxima parada, onde um comprimido para a dor de cabeça e outro para induzir o sono aguardavam. Embora ciente das precauções, a necessidade de descanso superou as advertências. Hoje, era uma questão de sobreviver ao cansaço extremo.

Finalmente, acomodei-me na cama, o corpo aninhando-se entre os lençóis frios, buscando calor. Fechei os olhos, entregando-me à esperança de que o sono me levasse rapidamente, permitindo-me escapar, ainda que por algumas horas, da exaustão que me consumia. Naquele momento, entre o consciente e o sonhar, encontrei um vislumbre de paz.

𝐓𝐢𝐚𝐠𝐨

Naquela manhã, o caos reinava soberano. Adrielly, em um súbito capricho infantil, decidiu que detestava seu penteado bem no auge dos preparativos da festa. Meu pai, por sua vez, parecia ter descoberto que o mundo estava prestes a acabar ao saber que o bolo não seria de chocolate. E os pôneis, essenciais para a alegria da festa, pareciam estar dando um tour por Boston antes de chegar ao evento. Para completar, Kate simplesmente não atendia o telefone.

A tensão era palpável, mas eu insistia, tentando convencer Adrielly de que o penteado escolhido ressaltava sua beleza natural. "Adri, minha pequena, esse penteado valoriza seu cabelo e o seu rosto," repeti, na esperança de acalmá-la. "Eu não quero," ela rebatia, a frustração em sua voz cortando o ar.

Foi quando o ambiente carregado foi subitamente iluminado pela chegada de Kate, cujo sorriso radiante tinha o poder de dissipar nuvens tempestuosas. "Quem quer donuts?" Ela anunciou, e foi como se uma onda de alívio lavasse a sala. Adrielly, imediatamente distraindo-se de sua irritação, sorriu para Kate, que, com sua calça jeans perfeitamente ajustada e suéter bege incrivelmente macio, parecia a personificação da calma e do conforto.

"O que houve, minha alma?" Kate perguntou, dirigindo-se a Adrielly, que rapidamente expressou seu descontentamento com o penteado. A conversa desviou-se para um debate sobre o estilo de cabelo, culminando com Kate dispensando a cabeleireira e assumindo o comando da situação.

Kate, então, perguntou a Adrielly como ela gostaria de arrumar o cabelo, ao que a pequena respondeu simplesmente: "solto." Com isso, Kate decidiu fazer uma finalização no cabelo de Adrielly, garantindo que ficasse ao mesmo tempo bonito e confortável. "Escuta aqui, Adri, a maior beleza da mulher está no cabelo e a segunda, nos olhos, ok?" disse Kate, arrancando um sorriso de Adrielly.

Em meio à correria e ao caos, Adrielly, em um momento de inocência, segurou a calça de Kate e perguntou: "Se o mundo estivesse acabando, você viria, certo?" A resposta afirmativa de Kate não apenas tranquilizou a pequena, mas também me trouxe um sentimento de paz, apesar dos percalços.

Ao me abrir com Kate sobre os inúmeros problemas que enfrentávamos, ela, com a serenidade que lhe é característica, assegurou-me de que tudo ficaria bem. "Vai dar tudo certo," ela disse, apontando para a chegada da decoradora. "Se todo mundo ajudar, a decoração vai ficar pronta a tempo." E quanto ao bolo? Kate estava certa, meu pai entenderia. Afinal, o que realmente importava era estarmos juntos, celebrando com amor e alegria.

Kate tinha uma habilidade especial para acalmar tempestades, literalmente e figurativamente. Com a decoração em andamento e Adrielly finalmente feliz com seu penteado solto, a atmosfera começou a mudar. Era como se a chegada de Kate tivesse trazido um novo fôlego para a preparação da festa. Ela se movia pela casa, distribuindo donuts, fazendo piadas e garantindo que todos estivessem contribuindo para que a festa fosse um sucesso.

Então, como se atendendo a um chamado silencioso, os pôneis finalmente chegaram. Eles não estavam sozinhos; a equipe que os acompanhava trouxe consigo uma energia vibrante, complementando a atmosfera já melhorada. Os olhos de Adrielly brilharam ao ver os pôneis, e por um momento, todos os problemas pareceram desaparecer. A felicidade da pequena era contagiante, espalhando-se por todos os presentes.

A decoração tomou forma mais rápido do que esperávamos. Com todos trabalhando juntos, o jardim transformou-se em um cenário mágico, perfeito para uma festa inesquecível. Balões coloridos, mesas elegantemente arranjadas e uma pista de dança improvisada sob as estrelas. O caos daquela manhã parecia agora uma memória distante.

Quando os convidados começaram a chegar, cada um foi recebido com a mesma alegria e entusiasmo que Kate tinha trazido consigo. A festa estava repleta de risadas, danças e momentos de pura felicidade. Adrielly, correndo feliz entre os pôneis e seus amigos, parecia a personificação da alegria. Meu pai, compartilhando histórias e risadas com os outros pais, parecia ter esquecido qualquer vestígio de preocupação.

Kate, ao meu lado, olhou para a festa com uma expressão de satisfação. "Viu só? Quando nos juntamos, não há tempestade que não possamos enfrentar," ela sussurrou, seu olhar percorrendo a festa com orgulho. Eu apenas concordei, grato pela presença dela e pela lição de que, no final das contas, o amor e a união sempre prevalecem, independentemente dos desafios enfrentados.

As crianças estavam absortas na magia do karaokê. Algumas cantavam com entusiasmo, outras brincavam em volta, perdidas em suas próprias imaginações. Por outro lado, Adrielly girava pela pista de dança, sua silhueta iluminada pelas luzes coloridas, ao lado do senhor Lewis. Eu, imerso nesse cenário festivo, me deixei levar pela alegria, capturando momentos com minha câmera, auxiliando os pequenos em suas aventuras e até me transformando num improvisado pônei humano. Confesso, crianças nunca foram minha praia, mas, de alguma forma, elas parecem encontrar um elo misterioso comigo.

Chegado o momento dos parabéns, junto a meu pai, ao lado de Adrielly, uma pontada de tristeza atravessou meu coração. Lembrei-me de como minha mãe celebrava cada aniversário meu até completar 18 anos. E agora, Adrielly, privada desse amor materno, deixava um vazio no ar que palavras dificilmente preencheriam. O burburinho ao redor parecia se esvanecer, como se em respeito ao meu momento de introspecção.

"O primeiro pedaço vai para Kate," declarou Adrielly, surpreendendo a todos. Até Kate, com seus cachos dançando ao vento e um algodão doce na mão, pareceu chocada, mas a alegria logo tomou seu rosto. "Para mim? Ah, querida, obrigada!" A sinceridade em sua voz, ao expressar esse afeto por Adrielly, me fez sentir um ciúme inesperado.

Conforme o festim continuava, notei Kate absorta em pensamentos, seu olhar fixado em Adrielly. Ao me aproximar, ela compartilhou sua inquietação: temia um dia machucar Adrielly, reconhecendo uma fragilidade na menina que todos admiravam. "Escute," eu disse, "que tal deixarmos essas preocupações de lado e dançarmos?" Assim, a puxei para a pista de dança exatamente quando "No Idea" começava a tocar. Adrielly logo se juntou a nós, sua música favorita criando o cenário perfeito para um momento de conexão pura.

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