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As Cores Do Abismo

"Então as cidades ficarão entre nós e nunca nos encontraremos. Mesmo as coincidências não serão capazes de nos unir. Então talvez um de nós morra e o outro nunca saberá..."

Tiago

A manhã começou com um gosto amargo, como se o sol estivesse mais forte do que o habitual, um reflexo cruel da noite anterior. Ainda estamos nos resquícios do Natal, com luzes piscando aqui e ali, e a aura do Ano Novo já se aproximando rapidamente, trazendo consigo promessas de recomeços e novas esperanças.

Ontem à noite, eu e Oliver decidimos nos entregar à euforia de uma festa, uma tentativa de prolongar o clima festivo que o Natal sempre carrega. Rimos, dançamos, brindamos ao que passou e ao que está por vir. A música alta, as conversas animadas e os sorrisos compartilhados criaram uma atmosfera quase mágica.

No entanto, agora, enquanto a luz do dia inunda o quarto, a ressaca faz seu efeito. Minha cabeça lateja, e cada movimento parece exigir um esforço colossal. Oliver está ali, deitado ao meu lado, também sentindo o peso das escolhas da noite anterior.

- Você está vivo? - pergunto, a voz rouca e entrecortada.

Oliver solta um gemido e vira-se de lado, os olhos entreabertos, tentando focar em mim.

- Mal. E você? - ele responde, com um meio sorriso cansado.

- Sobrevivendo... Acho que exageramos nos brindes. - dou uma risada fraca, lembrando das inúmeras taças erguidas.

Oliver ri suavemente, e o som é quase uma música suave para meus ouvidos doloridos.

- Bem, pelo menos a festa foi incrível. - ele diz, esticando-se na cama. - Você viu quando o Lucas decidiu fazer aquele discurso improvisado?

- Como poderia esquecer? - respondo, rindo mais forte agora. - Ele estava tão emocionado que até chorou. Quem diria que ele tinha tanto sentimento guardado?

Oliver balança a cabeça, um sorriso nostálgico se formando em seus lábios.

- Esses são os momentos que fazem valer a pena. Mesmo com essa ressaca.

Sento-me na cama, respirando fundo, tentando reunir forças para começar o dia.

- Vamos levantar. O ano novo está batendo à porta, e não podemos recebê-lo assim. - digo, estendendo a mão para Oliver.

Ele a pega com firmeza, embora a expressão de dor em seu rosto seja evidente.

- Vamos lá, parceiro. Que o próximo ano nos traga mais risadas e menos ressacas. - ele diz, levantando-se com dificuldade.

- E que possamos criar memórias tão boas quanto as de ontem. - respondo, sentindo um renovado senso de propósito.

De repente, uma lembrança me atinge como um raio.

- Estou na merda. - digo, mostrando a tela para Oliver.

Ele olha para mim com uma expressão de desaprovação misturada com preocupação.

- Tiago, você sabe a minha opinião sobre esse assunto. Eu sou contra. - diz Oliver, cruzando os braços.

- E quando você vai contar para ela sobre a melancia? - pergunta ele, baixando o tom de voz, mas ainda assim soando sério.

- Para de chamar o bebê de melancia. - respondo, revirando os olhos enquanto tomo um gole do café, tentando me despertar.

Oliver solta um suspiro profundo, claramente preocupado.

- É sério, cara. Você precisa contar logo. Não dá pra adiar isso eternamente.

- Eu sei, eu sei. - digo, colocando a caneca de café sobre a mesa com um pouco mais de força do que o necessário. - Eu vou falar para ela, você vai ver.

- E quando vai ser isso? - ele pergunta, sem perder o olhar crítico.

- Você vai ver - digo, decidindo naquele momento. - Vou resolver isso tudo o mais rápido possível.

Esfregando os olhos, fui ao banheiro de mármore, onde uma banheira clawfoot me esperava. Após um banho relaxante com sais minerais, vesti-me com roupa de dormir de algodão fino e optei pelo meu tradicional Patek Philippe, presente de meu avô.

No closet espaçoso, escolhi um terno de lã fria feito sob medida, uma camisa de algodão egípcio e uma gravata de seda italiana, tudo escolhido com esmero.

Antes de sair, ajustei a gravata meticulosamente diante do espelho com moldura dourada e borrifei um toque de meu perfume clássico favorito. Meus sapatos oxford, polidos até brilharem, completavam o visual impecável.

- Arrivederci - disse, passando por Oliver, que me lançou um olhar de reprovação pela minha pronúncia.

Deixei a casa e segui em direção à galeria de arte, onde sabia que encontraria Kate. Aproveitei a oportunidade para levar um buquê de jasmim, uma delicada lembrança que ela certamente apreciaria.

Ignorei a reprimenda silenciosa e saí de casa, sentindo o calor suave da tarde acariciar meu rosto. Caminhei até a floricultura local e escolhi um buquê de jasmim, sabendo que Kate adorava o aroma delicado e a elegância dessas flores. Com o buquê seguro em minhas mãos, continuei meu caminho em direção à galeria de arte, onde sabia que a encontraria.

A fachada da galeria estava banhada pela luz do sol, conferindo um ar de vivacidade e sofisticação ao ambiente. Ao entrar, fui imediatamente envolvido pelo murmúrio suave das conversas e pelo brilho das obras de arte expostas. Meus olhos procuraram por Kate, e logo a encontrei, de pé diante de uma pintura, a expressão serena e concentrada.

Aproximei-me devagar, sem querer interromper seu momento de contemplação. Quando estava a poucos passos de distância, ela se virou, seus olhos encontrando os meus. Um sorriso iluminou seu rosto ao notar o buquê de jasmim em minhas mãos.

- São para você - disse, estendendo as flores.

Kate pegou o buquê com gentileza, trazendo-o ao nariz para sentir o aroma. - São lindas, obrigada! - respondeu, com um sorriso caloroso que fez meu coração acelerar.

- Você gosta dessa pintura? - perguntei, apontando para a obra que ela admirava.

- Sim, é encantadora - respondeu ela, ainda olhando para a pintura. - A maneira como o artista capturou a luz é simplesmente mágica.

Caminhamos juntos pela galeria, discutindo as diferentes obras e admirando o talento dos artistas.

- Essa me lembra de uma viagem que fiz à Toscana - falei, apontando para uma paisagem. - As colinas eram exatamente assim, verdejantes e intermináveis.

- Deve ter sido uma viagem maravilhosa - afirmou Kate.

A conversa fluiu naturalmente, repleta de risos e momentos de silêncio confortável. Era como se estivéssemos em nosso próprio mundo, cercados pela beleza da arte.

Quando a galeria começou a esvaziar, decidimos sair e continuar nossa tarde em um café próximo. Sentados em uma mesa na calçada, com o som suave da cidade ao nosso redor, falamos sobre nossos sonhos, medos e esperanças.

- Sempre quis aprender a tocar piano - confessou Kate, mexendo distraidamente na alça da sua bolsa. - Mas nunca tive tempo.

- Eu posso te ensinar, se quiser - ofereci, surpreendendo até a mim mesmo com a espontaneidade da proposta.

- Sério? Isso seria incrível! - respondeu ela, os olhos brilhando de excitação.

Notei que, por um momento, Kate parecia estar com a mente distante, como se algo a estivesse preocupando.

- Você parece perdida. Está tudo bem? - perguntei, tentando entender o que se passava em sua mente.

Ela sorriu, um pouco envergonhada, e mordeu levemente o lábio antes de responder. - Ah, sim, estou bem. Apenas estava pensando que preciso comprar um novo caderno.

- Um caderno? - perguntei curioso. - Para que você precisa de um caderno novo?

Kate se animou visivelmente, seus olhos se iluminando com entusiasmo. - Você sabia que agora estou relatando os meus dias em cadernos? - disse ela, quase sem fôlego de tanta empolgação. - É como um diário, mas com mais detalhes e reflexões. Eu comecei há alguns dias e tem sido uma experiência incrível! É terapêutico e me ajuda a organizar meus pensamentos e emoções.

- Isso soa maravilhoso. - Fiquei impressionado com a paixão em sua voz. - Deve ser uma maneira incrível de se conectar consigo mesma e refletir sobre tudo o que está acontecendo em sua vida.

Ela assentiu vigorosamente. - Sim, exatamente! E é tão gratificante olhar para trás e ver como evoluí, como cresci. Cada caderno é como uma pequena cápsula do tempo.

- Você poderia me mostrar algum dia? - perguntei, genuinamente interessado.

- Claro! Adoraria compartilhar com você. - Ela sorriu, e havia algo de reconfortante naquele sorriso, uma promessa de muitas tardes como aquela, cheias de conversas significativas e momentos partilhados.

- E você? - Kate perguntou, inclinando-se ligeiramente para frente. - Qual é o seu sonho secreto?

Pensei por um momento, considerando a pergunta. - Sempre quis viajar pelo mundo, conhecer diferentes culturas e aprender novos idiomas. Acho que tem algo de mágico em se perder em um lugar desconhecido e se encontrar de novo, de um jeito diferente.

- Isso é incrível! - Kate exclamou, os olhos brilhando. - Para onde você iria primeiro, se pudesse?

- Acho que começaria pelo Japão. - sorri, imaginando as paisagens. - Sempre fui fascinado pela cultura e pela mistura de tradição e modernidade.

- Eu adoraria ir ao Japão também! - disse ela, batendo palmas de entusiasmo. - Podemos planejar uma viagem juntos algum dia.

- Seria uma aventura e tanto. - concordei, sorrindo. - E quem sabe, eu até poderia te ensinar a tocar piano enquanto estivermos lá.

- Combinado! - Kate riu, e o som de sua risada foi como música para os meus ouvidos.

Continuamos a conversar, agora não apenas sobre nossos sonhos e medos, mas também sobre as pequenas coisas que nos faziam felizes, como a sensação de um novo caderno em branco ou o som das teclas de um piano.

Quando o sol começou a se pôr, decidi que era hora de levar Kate para casa. Ela havia decidido sair sem o carro justo naquele dia e, sem pensar duas vezes, ofereci-lhe uma carona. Entramos no carro e começamos o trajeto, que inicialmente parecia tranquilo. Porém, ao virar a esquina principal, fomos surpreendidos por um terrível engarrafamento.

- Parece que todos decidiram sair ao mesmo tempo - comentei, tentando manter o bom humor.

- Verdade, parece uma cena de filme - Kate respondeu, olhando pela janela com um sorriso resignado.

Avançamos algumas vezes, mas logo percebemos que o trânsito estava completamente parado. Não avançávamos nem recuávamos. A noite começou a cair, tingindo o céu com tons de azul e laranja, e, para completar o cenário, uma chuva súbita começou a cair, transformando o tráfego em um mar de luzes refletidas nas ruas molhadas.

- Acho que vamos ficar aqui por um bom tempo - suspirei, desligando o motor do carro momentaneamente.

- Não é o pior lugar para se estar preso - Kate disse com um sorriso, tentando me animar. - Pelo menos estamos juntos.

Rimos juntos, e a tensão do engarrafamento começou a se dissipar. Havíamos conversado sobre tudo e nada durante a tarde, mas agora, presos no carro, a conversa tomou um rumo mais introspectivo.

- Você já teve aquele momento em que tudo parece se alinhar, mesmo nas situações mais inesperadas? - perguntei, olhando para Kate.

- Sim, muitas vezes - ela respondeu, pensativa. - Acho que são nesses momentos que percebemos o valor das pequenas coisas, como uma conversa sincera ou uma risada compartilhada.

O som da chuva no teto do carro criou uma trilha sonora suave para nossa conversa. Os pingos dançavam no vidro, e a luz dos faróis ao redor criava um jogo de sombras e reflexos que parecia mágico.

- Sabe, essa chuva tem algo de poético - comentei, observando os pingos correrem pelo vidro. - Como se o universo estivesse nos dando um momento para pausar e refletir.

- Concordo - disse Kate, virando-se para mim. - Às vezes, precisamos desses momentos para realmente nos conectar, para parar e sentir.

Venha! - ela exclamou, já do lado de fora, com os braços abertos e a chuva caindo ao seu redor.

- Você está louca? Vamos nos molhar! - protestei, mas já sentido pela felicidade pura.

Saí do carro, sentindo a chuva fria tocar minha pele, e fui ao encontro dela. A música nos envolveu, e naquele momento, não havia mais trânsito, engarrafamento ou problemas. Apenas nós dois, dançando sob a chuva.

Kate se aproximou e colocou suas mãos nas minhas, guiando-me em uma dança improvisada. Nossos passos eram desajeitados, mas cheios de alegria. A chuva caía forte, encharcando nossas roupas, mas nada disso importava. O som da água misturava-se com a melodia, criando uma harmonia perfeita.

- Você sempre me surpreende - murmurei, olhando em seus olhos.

- É isso que faz a vida interessante, não é? - ela respondeu, sorrindo. - Os momentos inesperados.

Rodopiamos e rimos, nossos movimentos guiados pelo ritmo da música e pelo bater de nossos corações. A cidade ao nosso redor parecia desaparecer, deixando-nos em um mundo só nosso, onde a única coisa que importava era o presente.

Enquanto a música chegava ao seu clímax, Kate se aproximou mais, nossos corpos ainda se movendo em sintonia. Senti uma conexão profunda, como se nossas almas estivessem dançando juntas sob a chuva.

Foi então que ela olhou para mim com uma intensidade que seus olhos carregavam. Sem pensar, apenas seguindo o fluxo do momento, inclinei-me ligeiramente e, com um toque suave e hesitante, nossos lábios se encontraram.

O beijo era doce e cheio de promessas, uma fusão de todos os sentimentos que compartilhávamos. A chuva continuava a cair ao nosso redor, mas naquele instante, parecia que o tempo havia parado. Senti uma onda de calor percorrer meu corpo, misturando-se com a sensação da chuva fria, criando um contraste perfeito.

Quando nos separamos, nossos rostos ainda estavam próximos, e Kate sorriu, um sorriso que falava mais do que mil palavras.

Voltamos para o carro, encharcados e tremendo de frio, mas com um calor novo em nossos corações. Enquanto dirigia novamente, já não importava o tempo que levaríamos para chegar. Tínhamos criado uma memória que duraria para sempre, um momento perfeito em meio ao caos. E eu sabia, sem sombra de dúvida, que aquele era apenas o começo de muitas aventuras inesquecíveis ao lado de Kate.

- Obrigado por hoje - disse, finalmente, quebrando o silêncio. - Foi um dia incrível.

- Eu que agradeço - Kate respondeu, sorrindo. - Mal posso esperar pela nossa próxima aventura.

O trânsito eventualmente começou a fluir, e conseguimos retomar o caminho para a casa de Kate. Quando finalmente chegamos, a chuva havia diminuído para um leve chuvisco.

- Até mais, e boa noite - disse Kate, antes de sair do carro. - E não se esqueça do piano!

- Pode deixar - respondi, rindo. - Boa noite, Kate.

Ela fechou a porta do carro e acenou antes de entrar em casa. Enquanto eu dirigia de volta, pensei em como aquele dia havia sido especial, cheio de surpresas e momentos que certamente ficariam gravados na memória.

Decidi que era hora de visitar meu pai e aproveitar a noite para estar com minha adorável irmãzinha, Adrielly. Era sempre uma alegria reencontrar minha família, especialmente depois de um dia cheio de trabalho e responsabilidades.

Cheguei à casa de meu pai e fui recebido com um abraço caloroso. O cheiro familiar da comida caseira invadiu o ar, deixando-me com água na boca. Os sons de risadas e conversas animadas ecoavam pela casa, criando uma atmosfera acolhedora e reconfortante.

- Criança! Que bom que você veio nos visitar! Sente-se, a comida está quase pronta.

Enquanto saboreávamos a refeição, conversávamos sobre os acontecimentos do dia, compartilhando risadas e histórias engraçadas.

Adrielly estava animada para me contar sobre sua nova paixão por desenho. Ela me mostrou seus cadernos cheios de rabiscos coloridos, explicando cada detalhe de suas criações.

- Irmão, olha só o que eu desenhei hoje! É um unicórnio voando no espaço!

- Uau, Adrielly! Você está cada vez mais talentosa. Esse desenho está incrível! O unicórnio parece mágico.

- Obrigada, Ti! Eu fico imaginando como seria se os unicórnios fossem reais. Seria tão legal poder voar com eles!

Terminamos de saborear a comida e o cozinheiro senhor Pietro junto com duas outras funcionárias vieram tirar a mesa , eu decidi pegar Adrielly e irmos até ao quarto do "Sol"
ou seja onde minha mãe guardava suas coisas, seu pequeno mundo.

Parei de frente a porta é como se ela estivesse aí tocando piano ou até mesmo fazendo meditação.

Flashback on

- Mamãe, essa melodia é nova? - perguntei, adentrando o quarto "Sol".

Minha mãe, com um sorriso afetuoso, me recebeu com alguns beijinhos na testa e deixou o piano por um momento.

- Mi hijo, que saudades eu tive de você - disse ela, emocionada.

- Eu também senti saudades, mamãe. O acampamento de verão foi incrível. Mas estou feliz por estar aqui agora. O que vamos fazer hoje?

- Hoje vou te ensinar uma música francesa muito especial. É uma canção chamada "La foule", da eterna Edith Piaf. Tenho certeza de que você vai adorar.

Curioso, me sentei ao lado dela no banco do piano e esperei ansiosamente enquanto ela posicionava suas mãos sobre as teclas.

- Essa música é muito famosa na França, meu amor. Foi um grande sucesso da Edith Piaf. E quando a ouvi pela primeira vez, imediatamente me apaixonei por ela. Acho que você também vai se encantar.

Mamãe começou a tocar os primeiros acordes da melodia, e eu fiquei fascinado com a forma como suas mãos deslizavam suavemente sobre as teclas. Era como se ela estivesse conversando com o piano, transmitindo emoções através da música.

- Uau, mamãe, você toca tão bem! - exclamei, impressionado.

Ela sorriu, agradecida pelo elogio.

- Obrigada, meu querido. Eu dediquei muitos anos da minha vida ao estudo e à prática do piano. É uma paixão que compartilho com você. Agora, preste atenção nas notas e tente acompanhar comigo.

Mamãe começou a tocar a melodia novamente, dessa vez mais devagar, para que eu pudesse acompanhar. Eu me esforçava para posicionar meus dedos corretamente e acertar as notas, mas ainda estava aprendendo.

- Vamos lá, filho. Você está indo muito bem. Continue praticando e logo estará tocando essa música como um verdadeiro pianista - encorajou mamãe.

Enquanto continuávamos a praticar, papai entrou no quarto, surpreso ao nos ver tão concentrados.

- Uau, que bela surpresa! Estou ouvindo música ao vivo em casa. Vocês dois estão arrasando - disse ele, animado.

Mamãe riu e me deu um olhar cúmplice.

- Estamos ensaiando uma surpresa para você, papai. Vamos fazer um pequeno espetáculo mais tarde.

Papai se juntou a nós no piano, cantando em harmonia com a voz suave de mamãe enquanto eu tentava acompanhar com as notas no teclado.

- Vocês são incríveis juntos. É um privilégio poder ouvir vocês cantando e tocando - disse papai, com orgulho em seu olhar.

E assim, entre risadas, ensaios e momentos de pura conexão musical, nós três criamos um espetáculo particular para celebrar o amor e a paixão pela música que nos unia como família.

Esses momentos de música e harmonia eram uma parte essencial da nossa rotina familiar, uma forma de nos reconectarmos e celebrarmos o amor que nos unia.

E assim, entre acordes e melodias, criávamos memórias preciosas que nos acompanhariam pelo resto de nossas vidas, fortalecendo os laços familiares e nos lembrando da importância de compartilhar nossos talentos e paixões com aqueles que amamos.

Flashback off

- Adri, senta aqui comigo - chamei, desviando a atenção dela dos quadros.

- Por quê, irmão? - perguntou, com um olhar curioso, enquanto se acomodava ao meu lado no banco do piano.

- Vou te ensinar uma música - falei, segurando seus pequenos dedos e posicionando-os sobre as teclas, ao lado dos meus. - Está pronta?

Ela assentiu com entusiasmo, e comecei a tocar notas simples: dó, ré, mi. Queria que ela se familiarizasse com o piano antes de passar para algo mais complexo. Adri me observava atentamente, os olhos brilhando de excitação.

- Consegue repetir isso? - perguntei, tocando novamente as notas.

Adri tentou, errando algumas teclas, mas não desistiu. Depois de várias tentativas e algumas risadas, ela finalmente conseguiu tocar a sequência sem erros.

- Parabéns! - exclamei, sorrindo enquanto depositava beijinhos na testa dela. - Agora toca de novo. Vou gravar um vídeo para enviar para a Kate.

Ela respirou fundo e, ao meu sinal, começou a tocar novamente, concentrada. Gravei o vídeo e escrevi uma legenda carinhosa antes de enviá-lo para Kate. Adri terminou a música com um sorriso orgulhoso no rosto.

- Você foi incrível! - elogiei, vendo-a esfregar os olhos, lutando contra o sono. - Hora de dormir, pequena.

Fechei o piano e a peguei no colo. Como já estava de pijama, fomos direto ao banheiro para escovar os dentinhos. Ela bocejou enquanto eu passava a escova de dentes em suas pequenas mãos.

- Está cansada, não é? - perguntei, recebendo um aceno sonolento como resposta.

Foi um processo rápido e, logo em seguida, levei Adri para a cama. Assim que seu corpo tocou a maciez do colchão, ela adormeceu instantaneamente. Beijei sua testa uma última vez antes de apagar a luz.

Meu pai estava no escritório, então aproveitei a oportunidade para lhe contar meu plano. Bati na porta três vezes antes de entrar e o encontrei chorando.

- Pai? - chamei, com preocupação, aproximando-me dele. Ele não demonstrou reação.

- O senhor está bem? - perguntei, ajoelhando-me ao seu lado, sentindo um aperto no coração ao vê-lo assim.

- Aquela melodia... - começou ele, a voz embargada. - Aquela música foi a última que sua mãe ouviu. Ver Adrielly tocando hoje me trouxe todas essas lembranças...

- Desculpa, pai - falei, sentindo as lágrimas se formarem nos meus olhos. - Não foi minha intenção fazê-lo chorar. Só queria que Adrielly sentisse um pouco da mamãe.

Ele olhou para mim com olhos marejados, mas compreensivos.

- Eu entendo, minha criança - disse meu pai suavemente, segurando minha mão. - Eu entendo.

- Eu sinto tanto a falta dela - confessei, as lágrimas escorrendo pelo rosto. - Como se uma parte de mim tivesse morrido junto. Encontrá-la daquele jeito, coberta de sangue... isso não sai da minha cabeça. Por que não consigo superar? Queria tanto que ela estivesse aqui.

Meu pai me puxou para um abraço apertado, as lágrimas dele misturando-se com as minhas.

- Oh, minha criança - sussurrou ele, a voz trêmula. - A vida tem que continuar, por Adrielly e pelos nossos sonhos. O luto é o preço que pagamos por amar alguém. Eu sinto a mesma dor, mas precisamos ser fortes, um pelo outro.

- Eu sei, pai - falei, soluçando. - Só queria que ela pudesse ver como Adrielly está crescendo, como ela está aprendendo a tocar piano...

- Ela está vendo, minha criança - disse ele, beijando minha testa e limpando minhas lágrimas. - Ela está sempre conosco, em cada nota tocada, em cada risada compartilhada. E, apesar da dor, precisamos seguir em frente. Por ela. E por nós.

Abracei meu pai com força, sentindo o calor e o conforto de suas palavras. Sabia que, juntos, conseguiríamos enfrentar qualquer coisa. E, de alguma forma, minha mãe sempre estaria ali, em espírito, guiando-nos com seu amor eterno.

Depois de alguns minutos de silêncio eu finalmente me preparei para sair do seu escritório.

Finalmente ano novo emoção realizações nessa última manhã de 2023 pretendo viver e ser muito feliz a vida é cheia disso e chega ser surpreendente!Eu iria passar o ano novo em família e decidimos convidar Kate, falando em Kate a exposição é no dia 02 de janeiro, as pessoas não estão prontas para o que vai acontecer nesse dia, o meu dia hoje começa com muita tarefas primeiro eu passei numa joalharia eu precisava comprar um anel e decide marcar com o Rodríguez melhor amigo de Kate, agora pensando foi mais fácil entrar em contato com ele do que eu esperava.

— Rodriguez— falei reconhecendo a silhueta que aproximava. — Como você está?— perguntou o mesmo dando um leve aperto de mão, eu apenas assenti com a cabeça.

— Eu estava a começar escolher alguns anéis mas sou muito indeciso e existe alguém melhor que você para conhecer Kate?— perguntei brincando.

— Claro que não — respondeu o mesmo olhando as opções que eu havia escolhido.

Rodríguez examinou a bandeja de anéis com um olhar crítico. Seus dedos ágeis passavam por cada peça, até que ele parou em um anel específico. Seus olhos brilharam de reconhecimento.

— Este aqui — disse ele, apontando para um anel com uma pedra central azul-safira, rodeada por minúsculos diamantes que formavam um halo delicado. A bandana era de ouro branco, finamente trabalhada com detalhes intrincados que lembravam ondas do mar.

Eu peguei o anel e observei de perto. A safira parecia capturar a luz de uma maneira mágica, refletindo tons de azul profundo e cintilando com cada movimento.

— É lindo — murmurei, quase sem fôlego. — Você acha que ela vai gostar?

Rodríguez sorriu, confiante.

— Tenho certeza. Kate sempre falou sobre a beleza do oceano, e esse anel parece capturar essa essência. É elegante e único, assim como ela.

— Você está certo — concordei, sentindo uma onda de emoção.

— Obrigado por me ajudar a encontrar o anel perfeito. — Eu olhei para ele com gratidão.

— Desde que você a faça feliz— Rodríguez deu um tapinha no meu ombro. — Kate merece o melhor, e tenho certeza de que ela vai adorar.

Enquanto finalizávamos a compra, a joalheira, uma mulher de meia-idade com um sorriso acolhedor, envolveu o anel em uma delicada caixinha de veludo azul.

— Esta é uma ótima escolha — comentou ela, entregando a caixinha para mim. — Tenho certeza de que vai fazer alguém muito feliz.

Rodríguez e eu saímos da joalheria, sentindo o peso da responsabilidade e a alegria da realização.

— Então, quais são os planos para o resto do dia? — perguntou Rodríguez.

— Ainda tenho que terminar algumas coisas para a festa de hoje à noite — respondi. — E você? Vai estar na exposição da Kate, certo?

— Claro que vou. Não perderia isso por nada — disse ele, com um sorriso. — Mas antes disso, vou passar na floricultura para pegar algumas flores para ela. Acho que será um bom presente.

— Boa ideia. — Sorri, lembrando-me de algo. — Só não se esqueça de que os girassóis são os favoritos dela.

Rodríguez riu.

— Como eu poderia esquecer? Girassóis são tão radiantes quanto ela. Pode deixar, vou escolher os mais bonitos.

— Rodríguez, você poderia fazer um favor para mim? — perguntei, olhando para ele com um brilho de esperança nos olhos.

Rodríguez franziu a testa, claramente curioso com o meu pedido.

— Claro, o que você precisa? — disse ele, cruzando os braços e inclinando a cabeça ligeiramente para o lado.

— É possível convidar os pais da Kate para a exposição? — falei, tentando manter o entusiasmo.

— Ela não fala muito sobre eles, mas tenho certeza de que ficariam felizes em vir. Acho que seria uma surpresa agradável para ela.

O sorriso de Rodríguez vacilou por um momento, e ele engoliu seco antes de responder.

— Olha, eu entendo a sua intenção, mas Kate não tem um bom relacionamento com os pais. Na verdade, é um assunto delicado para ela. Não sei se seria uma boa ideia trazê-los para cá, especialmente sem falar com ela primeiro.

Meu entusiasmo diminuiu, e suspirei, percebendo que talvez tivesse sido precipitado.

— Ah, entendi. — Balancei a cabeça, aceitando a realidade. — Não queria causar nenhum desconforto para ela. Obrigado por me avisar, Rodríguez.

Ele deu um sorriso reconfortante e colocou a mão no meu ombro.

— Não se preocupe. Seu coração está no lugar certo. Vamos garantir que a noite seja especial para Kate de outras maneiras, ok?

Assenti, sentindo-me um pouco mais aliviado.

— Você está certo. Vamos focar em fazer desta noite um momento inesquecível para ela. Obrigado novamente, Rodríguez.

Ele piscou para mim, o sorriso voltando aos seus lábios.

— Sempre às ordens. Nos vemos mais tarde.

Mas pode um pai desistir de seu filho? Eu me recusei a aceitar essa ideia. Determinado, entrei no meu carro e dirigi diretamente para a casa dos pais de Kate.

Ao chegar, toquei a campainha com o coração acelerado. Uma mulher grávida abriu a porta, olhando-me de cima a baixo com curiosidade.

— Quem é você? — perguntou ela, a mão repousando levemente sobre a barriga.

— Meu nome é Tiago, sou amigo da Kate — respondi, tentando parecer o mais amigável e confiável possível.

Ela me avaliou por um momento antes de chamar os pais de Kate. Logo, eu estava na sala de estar, sendo observado de perto por ambos.

— Seja bem-vindo, homem de terno — disse o pai de Kate, com uma voz profunda e acolhedora.

— Senhor e senhora Carter, e senhorita... — comecei, olhando para a mulher grávida, que sorriu levemente. — Peço desculpas por aparecer sem avisar, mas preciso falar sobre sua filha, Kate.

Os três trocaram olhares rápidos, a tensão no ar era palpável. Sabia que precisava ser breve e direto.

— Kate está organizando uma exposição no dia 02 de... — comecei, mas fui interrompido pela mãe de Kate, que levantou a mão, impaciente.

— Pule a introdução — disse ela, com um olhar firme mas curioso.

Respirei fundo e continuei.

— Gostaria muito que todos vocês estivessem presentes. Aqui estão dois convites para a exposição.

Entreguei os convites e observei enquanto eles trocavam olhares novamente, desta vez mais suaves.

— Kate nunca mencionou isso — disse a mãe, com a voz mais suave, enquanto pegava os convites.

— Sei que a relação de vocês com ela é complicada — admiti, tentando mostrar empatia. — Mas acredito que sua presença pode significar muito para ela. É uma oportunidade para reconstruir pontes.

O pai de Kate suspirou, parecendo pensativo, enquanto a mulher grávida acariciava a barriga, perdida em pensamentos.

— Vamos considerar — disse ele, finalmente, o olhar se suavizando. — Obrigado por nos avisar.

Assenti, sentindo um peso ser retirado dos meus ombros.

— Agradeço a compreensão de vocês. Tenho certeza de que será um evento inesquecível.

Com um último aceno de cabeça, me despedi e saí da casa, esperançoso de que minha intervenção pudesse trazer algum consolo e, talvez, uma nova oportunidade de reconciliação para Kate e seus pais.

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