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A Dança Da Solidão

"Seu sorriso.
Seu sorriso me dá o mundo.
Você sempre sorri, ok?
É como se o céu esfregasse os cantos dos seus lábios.
Minha garota talentosa."

𝐊𝐚𝐭𝐞

Hoje era um daqueles dias em que a gente para em frente ao espelho e se pergunta quem é aquela pessoa refletida. Minhas olheiras estavam enormes, e meu rosto, inchado de tanto chorar, parecia um completo desastre. Mas, por incrível que pareça, nada podia estragar meu dia: era a apresentação do Dia das Mães na escola da Adrielly. Não tinha certeza se deveria ir, mas uma promessa é uma promessa.

Decidi começar meu ritual ligando minha playlist favorita. Normalmente, prefiro silêncio enquanto me arrumo, mas minha mente estava tão caótica que precisava de outra voz além da minha. A introdução de "Valentine" começou a tocar e fui até meu armário. Escolhi um vestido preto longo, ideal para enfrentar o inverno americano, e um casaco grande para me aquecer. No cabelo, fiz um coque despojado com alguns fios soltos, e optei por uma maquiagem simples, nada muito elaborado, apenas o suficiente para esconder as marcas do choro. Nos pés, coloquei botas de cano alto, e finalizei com um perfume de fragrância doce.

Peguei as chaves do carro e de casa e parti rumo a uma floricultura. Escolhi um belo buquê de orquídeas, algo que sei que Adrielly adoraria. Com o buquê em mãos, voltei para o carro e segui para a escola.

Ao chegar, fiquei encantada com a decoração: flores por todos os lados, frases carinhosas e até alguns bolinhos distribuídos pelas mesas. Logo avistei Sydney, a babá da Adrielly, e fui até ela.

- Oi, Sydney! - cumprimentei com um aceno.

- Oi! Adrielly me pediu para guardar um lugar para você. Sente-se - disse ela, tirando a bolsa da cadeira ao lado.

- Obrigada. Onde está a Adri? - questionei, enquanto me acomodava.

Sydney apontou para o palco, onde várias crianças estavam alinhadas, prontas para começar a apresentação. E lá estava ela, minha pequena Adrielly, com um sorriso radiante. Seus olhos brilharam ao me ver, e naquele instante, todo o cansaço, as lágrimas e as dúvidas desapareceram. Hoje era o dia dela, e eu não podia estar mais orgulhosa.

A apresentação começou com uma música sobre profissões. Quando mencionavam a profissão de uma das crianças, elas faziam uma dancinha relacionada àquela profissão. Chegou o momento em que falaram sobre "uma galeria de arte onde podemos encontrar uma artista", e Adrielly levantou a mãozinha simbolizando a profissão da mãe dela. Minhas lágrimas queriam descer; a vida tem dessas surpresas. A gente pode ser mãe mesmo sem gerar uma criança.

A primeira parte da apresentação terminou e agora era a hora de entregar os cartões para as mães. Adrielly veio correndo ao meu encontro e me entregou um cartãozinho com a mensagem: "Ser mãe é um dom que vai além da gestação; é um ato de coração." As lágrimas finalmente escorreram dos meus olhos. Adrielly voltou para o palco e começou a tocar a música "Happy". As crianças dançavam descoordenadamente, mas era algo encantador de se ver. Eu, assim como outras mães, levantei e bati palmas com entusiasmo.

Naquele momento, percebi que, apesar dos desafios e dificuldades, a alegria de ser mãe superava qualquer tristeza. Eu estava lá, presente, e isso era o que importava.

Enquanto as crianças dançavam ao som de "Happy", a energia no auditório era contagiante. Cada mãe ali presente exibia um sorriso orgulhoso, e era impossível não se emocionar com a espontaneidade e alegria das crianças.

Depois da dança, houve um breve intervalo para que todos pudessem se servir dos bolinhos e refrescos dispostos em mesas decoradas com flores e laços coloridos. Caminhei até uma das mesas e peguei um bolinho de chocolate, o favorito de Adrielly. Enquanto degustava o doce, observei ao meu redor. Era reconfortante ver tantas mães e filhos compartilhando aquele momento especial.

De repente, senti uma mãozinha puxando a barra do meu casaco. Era Adrielly, com um sorriso tímido, mas feliz.

- Kate, você gostou da apresentação? - perguntou ela, com os olhos brilhando de expectativa.

- Eu adorei, querida! Você estava incrível lá no palco - respondi, abaixando-me para ficar na altura dela e lhe dar um abraço apertado.

Ela riu e me entregou mais um presente: um pequeno porta-retrato feito de papelão e decorado com glitter e adesivos, contendo uma foto dela mesma, sorridente, segurando um desenho nosso. Era um presente simples, mas que transbordava significado e amor.

- Fiz isso para você - disse ela, com um brilho nos olhos que só uma criança pode ter.

- É lindo, Adrielly. Vou colocar na minha mesa de trabalho para olhar todos os dias - respondi, emocionada.

A segunda parte da apresentação começou logo em seguida, com as crianças recitando poesias que haviam preparado especialmente para o Dia das Mães. Cada verso era repleto de carinho e gratidão, e não havia uma só mãe na plateia que não tivesse os olhos marejados.

Adrielly também tinha a sua poesia para recitar. Quando chegou a vez dela, meu coração quase saiu pela boca. Ela subiu ao palco, segurando firme um pequeno papel, e começou a declamar:

- "Mamãe, você me ensina a ser forte,
a amar e a nunca desistir.
Com você ao meu lado, encontro norte,
e sei que juntos vamos seguir."

Sua vozinha doce ecoou pelo auditório, e eu não pude conter as lágrimas. Era um momento de pura conexão, onde todo o amor que sentíamos uma pela outra se manifestava diante de todos.

Quando a apresentação chegou ao fim, as crianças receberam uma salva de palmas calorosa. Adrielly correu de volta para mim, e eu a levantei no colo, girando-a no ar enquanto ela ria alegremente. Aquele riso era a melodia mais bonita que eu poderia ouvir.

Enquanto nos dirigíamos para o carro, com os presentes e lembranças do dia nas mãos, Adrielly segurou minha mão e olhou para mim com seriedade infantil.

- Kate, você é a melhor pessoa do mundo - disse ela, com convicção.

- E você sempre sorria, está bem? Seu sorriso ilumina meu mundo. É como se o céu tocasse suavemente os cantos dos seus lábios, minha garota talentosa - falei, dando um beijo carinhoso em sua testa.

Adrielly riu, aquela risada doce que sempre aquecia meu coração. O sol da tarde brilhava ao voltar para casa, lançando raios dourados que pareciam dançar no cabelo dela.

- Sydney, cuide da minha menina - pedi, confiando plenamente nela.

Sydney assentiu com um olhar compreensivo e colocou Adrielly no carro com cuidado. Pude ver minha pequena acenar pela janela, seu sorriso ainda presente, refletindo a alegria do dia que tivemos.

Fiquei ali, observando enquanto o carro se afastava, sentindo uma mistura de emoções. Havia a saudade que sempre me acompanhava quando não estava com Adrielly, mas também havia uma profunda gratidão por ter esses momentos preciosos com ela.

O sol continuava a brilhar, e eu sorri, sabendo que, não importa onde estivéssemos, o amor que compartilhávamos sempre nos manteria conectadas. Com essa certeza aquecendo meu coração, caminhei de volta para o meu carro.

Dirigi em direção à galeria, sentindo-me mais leve e feliz do que nunca. Cada quilômetro percorrido parecia ser iluminado por uma nova esperança, uma nova promessa. As ruas da cidade passavam como um borrão de cores e formas, mas tudo o que eu conseguia pensar era no sorriso de Adrielly e na doçura de suas palavras.

Ao chegar, a galeria estava banhada pela luz suave do fim da tarde. Entrei, sentindo aquele cheiro familiar de tinta e madeira, um aroma que sempre me trazia um conforto inexplicável. As paredes estavam adornadas com obras que contavam histórias, cada pincelada um reflexo da alma de um artista.

- Kate? - A voz familiar fez meu corpo se arrepiar. Caminhei até o escritório para confirmar, e lá estava ele. Tiago. O homem do sorriso charmoso, dos ternos sob medida, das covinhas fofas, do abraço reconfortante, dos cabelos cacheados e dos olhos castanhos. O homem que me rejeitou.

- Tiago... Eu vim deixar a chave da galeria, já estava de saída - disse, evitando olhar em seus olhos encantadores.

- Por que você iria embora? Um talento como o seu não deve ser jogado fora - respondeu ele, com um sorriso, aproximando-se até ficarmos perigosamente perto.

- Ló siento - sussurrou ele ao meu ouvido.

- Você é um idiota, sem escrúpulos, um merdinha! Você acha que vou te perdoar? Eu não... - Minhas palavras foram interrompidas por um beijo. Tentei resistir, mas quanto mais ele me beijava, mais eu queria que aquele momento durasse para sempre.

Sentia um turbilhão de emoções. Raiva, desejo, tristeza e uma pontinha de esperança se misturavam em meu coração. A rejeição passada se chocava com a intensidade daquele beijo. O que eu deveria fazer? Me afastar e seguir em frente, ou ceder e ver onde esse novo caminho poderia nos levar?

No fundo, sabia que a resposta não era simples. Como arte nas paredes da galeria, nossas vidas estavam entrelaçadas em pinceladas complexas de sentimentos e memórias. Talvez fosse a hora de recomeçar, ou talvez fosse a hora de finalmente deixar para trás.

- Por que você é assim? Eu não te entendo, você parece um jogo. Você me deixa chegar perto, mas não tão perto - disse quase chorando.

- Kate... - ele começou, mas logo o interrompi de novo.

- Eu preciso que você precise de mim também - falei em uma mistura de raiva e lágrimas. - E por que você não me liga quando está longe? - perguntei, olhando diretamente em seus olhos, que agora pareciam surpreendidos.

Tiago apenas me envolveu com seus braços. Aquele abraço dizia mais do que mil palavras, e ali, presa em seus braços, percebi o quanto o amava, a ponto de meu coração doer.

O silêncio que se seguiu foi cheio de significado. As paredes ao nosso redor desapareciam; só existíamos nós dois naquele instante. Eu queria respostas; estava exausta de viver na incerteza. No entanto, ao me segurar firmemente, ele parecia dizer que, apesar dos erros e da distância, ainda havia algo inquebrável entre nós.

Era difícil saber o que o futuro nos reservava. Talvez ele estivesse pronto para mudar, ou talvez eu precisasse aprender a viver sem ele. O que quer que estivesse por vir, eu sabia que momentos como aquele eram raros e preciosos. Eu tinha a escolha de aproveitar ou de me proteger. E, naquele momento, com seu abraço ainda quente ao meu redor, eu escolhi ser vulnerável. Porque, às vezes, um pequeno risco é a única maneira de se descobrir o verdadeiro amor.

Mas então, algo dentro de mim lembrou-se da decepção recente.

- Você é uma péssima pessoa - falei, me soltando do abraço. - Você não foi na apresentação de Adrielly hoje. Isso foi muito feio.

Tiago coçou a cabeça, visivelmente desconfortável.

- Era hoje? Eu esqueci de novo - admitiu ele, com uma mistura de arrependimento e constrangimento.

Suspirei profundamente, sentindo a frustração tomar conta. Antes que eu pudesse responder, ele tentou mudar de assunto, com um brilho de expectativa nos olhos.

- Chica, tenho uma proposta para você - começou ele, tentando criar suspense. - Que tal uma exposição na próxima semana?

A surpresa me pegou desprevenida. Era uma oferta tentadora, mas minha mágoa ainda estava ali.

- Isso seria fantástico, Tiago, mas não pense que eu perdoei você - respondi, com um sorriso fraco.

Ele assentiu, aceitando minha resposta sem protesto. Então, com um brilho de entusiasmo, ele continuou.

- Para a exposição, pensei no nome "Fênix" - disse ele, observando minha reação com expectativa.

- Fênix? - perguntei, curiosa, enquanto me sentava na poltrona do escritório.

- Sim, Fênix - respondeu ele, com um sorriso que sugeria uma admiração genuína. - Porque você renasceu das cinzas, Kate. Seu ateliê queimou, e mesmo assim, você continuou. Isso se chama renascer como uma bela Fênix.

Fiquei em silêncio por um momento, absorvendo suas palavras. A metáfora era poderosa e, de certo modo, tocava uma verdade profunda em mim. Talvez ele estivesse começando a entender a força que eu tinha dentro de mim, a resiliência que me fazia continuar mesmo diante das adversidades.

- Gosto dessa ideia - admiti, finalmente, com um pequeno sorriso. - Mas, Tiago, precisamos consertar muitas coisas entre nós. A exposição é importante, mas não vai resolver tudo.

Ele assentiu, seu olhar cheio de determinação.
- Eu sei, Kate. Mas é um começo. Vamos renascer juntos, como uma Fênix.

A conversa se voltou para o trabalho nas próximas três horas. Discutimos os convites, divulgações na internet, artistas convidados, obras que seriam apresentadas. Cada detalhe era minuciosamente pensado, como se nossa vida dependesse da perfeição daquela exposição.

Enquanto falávamos sobre as obras, uma ideia surgiu em minha mente, algo que nunca havia considerado seriamente antes.

- Eu quero pintar você - disse de repente, olhando para os papéis que ocupavam a mesa.

Tiago ergueu o olhar surpreso.
- Mas você sempre disse que nunca pintaria ninguém.

Hesitei por um momento, mas sabia que aquilo era diferente.
- Para tudo há uma exceção - falei, minha voz carregada de uma emoção inesperada.

Ele sorriu, relaxando na poltrona.
- Então estou pronto para ser sua musa.

- Amanhã à noite? - perguntei, sentindo uma leve excitação que não conseguia conter.

Ele assentiu com a cabeça, também sorrindo, e passamos o restante da noite planejando e conversando até que, exaustos, adormecemos.

Na manhã seguinte, o sol brilhava através das janelas, trazendo consigo uma sensação de renovação. Levantei-me cuidadosamente, observando Tiago dormir por um momento antes de me preparar para o novo dia. Havia algo de transformador naquela promessa de pintar seu retrato, como se fosse um símbolo do renascimento não apenas dos nossos projetos, mas também da nossa conexão.

A partir daquele momento, a exposição não era apenas sobre arte; era sobre reconstruir nossas vidas, sobre emergir das cinzas com um propósito renovado. Eu sabia que a jornada seria longa e desafiadora, mas com cada pincelada, estava determinada a transformar nossa realidade em algo ainda mais belo do que antes.

- Então, acertamos tudo sobre a exposição - falei, fechando meu notebook.

- Que bom! Deveríamos sair e brindar a novos começos - sugeriu Tiago. Estava pronta para negar o convite, mas Tiago fez um beicinho irresistível e não pude recusar.

Arrumamos a pequena confusão que fizemos na galeria e saímos em direção ao estacionamento em frente. Tiago subiu em seu carro, e eu fui até o meu. Logo, ele me enviou a localização do restaurante onde iríamos comemorar. Coloquei o cinto, abri o maps e comecei a dirigir logo atrás dele. Tinha que ligar para Rodríguez para lhe atualizar sobre as novidades.

O celular tocou duas vezes antes de ele atender. Conversamos sobre quase tudo que havia acontecido recentemente.

- Rodríguez? Amorzinho da minha vida - falei, fazendo uma voz fofinha.

- O que você fez, Katherine? - perguntou ele com um tom mais sério.

- Eu falei para o Tiago que você é um ótimo fotógrafo e que queremos duas fotografias suas para a exposição - soltei tudo de uma vez.

- Katherine... você sabe que minhas obras são muito pessoais. Eu não quero compartilhar com o mundo - ele falou de maneira compreensível, mas firme. Porém, ele esqueceu que nunca desisto facilmente.

- Te lo ruego, por favor, solo dos fotos o tres. Hazlo por mí./ Te imploro, por favor, apenas duas ou três fotos, faça isso por mim - falei com uma voz triste, tentando apelar para sua compaixão.

- Vale - Rodríguez finalmente cedeu, me deixando radiante. Mas a felicidade não durou muito.- Aceito se você posar para mimois retratos seus e duas fotos de sua escolha, vale? - ele propôs, me pegando de surpresa.

Fiquei pensativa por alguns instantes, mas acabei por aceitar.
- Vale - respondi, com um sorriso no rosto, já imaginando como seria essa nova etapa de nossa jornada.

A aceitação da proposta de Rodríguez deixou-me com sentimentos conflitantes. Por um lado, estava eufórica com a possibilidade de incluir suas fotos na exposição; por outro, a ideia de posar para ele me deixava um pouco ansiosa.

Rodríguez sempre teve um olhar artístico muito profundo e introspectivo, e sabia que ele captaria mais do que apenas minha imagem - ele captaria minha essência.

Seguimos dirigindo até o restaurante, e a música suave no rádio parecia acompanhar o ritmo dos meus pensamentos.

Chegamos ao nosso destino, e meu queixo caiu ao perceber onde Tiago havia nos levado. Não era apenas um restaurante ou bar qualquer; estávamos diante do Prudential Tower, o ponto mais alto de Boston.

A imponência do edifício e a sofisticação do local me deixaram um pouco constrangida. Jantar ali certamente custaria uma fortuna, talvez o equivalente à minha vida e à de meus futuros filhos.

Estacionei o carro, tentando disfarçar a apreensão que sentia. Tiago, por outro lado, estava radiante, claramente entusiasmado com a escolha do local. Ele me esperava na entrada, segurando duas taças de champanhe, seu sorriso iluminado pelas luzes da cidade.

- Finalmente! Vamos brindar! - exclamou ele, entregando-me uma das taças.

Entramos no restaurante e fomos conduzidos a uma mesa próxima à janela. A vista era de tirar o fôlego; as luzes de Boston brilhavam como estrelas, e a cidade parecia pulsar com vida sob nossos pés. O ambiente era sofisticado e acolhedor, perfeito para celebrarmos nossos novos começos.

Sentados, a conversa fluiu naturalmente. Discutimos os últimos detalhes da exposição, nossas expectativas e até algumas histórias engraçadas do nosso passado. A atmosfera se tornava cada vez mais leve e descontraída.

- Sabe, Kate, acho que essa exposição vai ser um marco. Não apenas para a galeria, mas para todos nós - disse Tiago, com um olhar sonhador.

Concordei com ele, sentindo uma onda de gratidão por ter amigos e colegas tão dedicados. O jantar foi simplesmente divino; cada prato era uma obra de arte, e cada gole de vinho, uma celebração. Depois de alguns brindes e muitas risadas, a noite começou a chegar ao fim.

- Me concede essa dança, chica? - perguntou Tiago, levantando-se e estendendo a mão em minha direção.

- Com certeza, mi caballero - respondi, segurando sua mão com um sorriso.

No fundo, a melodia inconfundível de "Tango to Evora" começou a tocar, preenchendo o ambiente com uma aura de nostalgia e paixão. As luzes do restaurante diminuíram, criando um clima ainda mais íntimo e mágico. Os olhares dos outros frequentadores se voltaram para nós, curiosos e encantados.

Tiago me puxou suavemente para a pista de dança, seus olhos fixos nos meus, como se estivéssemos prestes a compartilhar um segredo profundo. Nossos passos se sincronizaram imediatamente, fluindo naturalmente entre o clássico e o tango. Cada movimento era uma expressão de nossa conexão, de nossa história e de nossas emoções.

Enquanto dançávamos, senti o calor de sua mão em minha cintura, guiando-me com firmeza e delicadeza. A música parecia nos envolver em uma bolha, onde só existíamos nós dois. Os acordes melancólicos e apaixonados do violino nos conduziam, e nossos corpos se moviam como se fossem um só, em perfeita harmonia.

Rodamos pela pista, nossos pés deslizando com elegância. Tiago me girou com destreza, e eu me entreguei ao momento, sentindo a liberdade e a intensidade da dança. A cada passo, a cada giro, sentia que estávamos contando nossa própria história, uma história de desafios, superações e de uma amizade que se transformava em algo ainda mais profundo.

A música atingiu seu clímax, e Tiago me puxou para mais perto, nossos rostos quase se tocando. O mundo ao nosso redor desapareceu, e tudo o que importava era aquele momento, aquela dança, aquela conexão.

Quando a última nota da música ecoou pelo salão, paramos, ofegantes, mas com sorrisos radiantes. Os aplausos dos outros clientes nos despertaram de nosso transe, e percebemos que havíamos proporcionado um espetáculo inesperado.

- Você dança maravilhosamente, Kate - sussurrou Tiago, ainda segurando minha mão.

- E você é um parceiro incrível, Tiago - respondi, sentindo meu coração acelerar.

Voltamos para nossa mesa, ainda sob os olhares admirados dos outros. A noite tinha se tornado ainda mais especial, e a dança havia selado um momento que jamais esqueceríamos.

Sentamos à mesa novamente, os corpos ainda aquecidos pela dança, mas agora nossos corações estavam batendo em um ritmo diferente. Havia uma energia palpável entre nós, algo que a dança havia despertado e que não poderíamos ignorar.

Tiago pegou minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus. O toque dele era reconfortante, mas ao mesmo tempo, havia uma faísca, uma eletricidade que corria pela minha pele.

- Você lembra da primeira vez que dançamos juntos? - ele perguntou, com um sorriso nostálgico nos lábios.

- Claro que lembro. Foi na nossa primeira saída, a gente dançou na chuva, não foi? - respondi, rindo ao recordar a ocasião. - Você estava tão nervoso.

- Eu estava, mas você me fez sentir tão à vontade. - Tiago apertou minha mão um pouco mais forte. - Desde aquele dia, eu soube que havia algo especial entre nós.

- Especial? - questionei, levantando uma sobrancelha.

- Sim, Kate, algo que eu não pude ignorar, mesmo quando tentei. - Ele fez uma pausa, tomando um gole de vinho. - A verdade é que, desde aquele dia, eu percebi que não queria dançar com mais ninguém.

O peso das palavras de Tiago pairou no ar, e senti meu coração acelerar novamente. Havia sempre sido uma amizade tão forte, mas agora, naquele momento, parecia estar se transformando em algo mais.

- Tiago, eu... - comecei, mas ele me interrompeu suavemente.

- Não precisa dizer nada agora. Eu só queria que você soubesse o que sinto. - Ele olhou profundamente nos meus olhos, e senti a sinceridade em seu olhar.

A noite continuou, mas a atmosfera entre nós havia mudado irrevogavelmente. Conversamos sobre tudo e nada, rimos das nossas piadas internas e compartilhamos memórias que só nós dois entendíamos. Mas havia um novo entendimento, uma percepção de que algo mais estava florescendo.

Quando a noite chegou ao fim, Tiago me acompanhou até ao meu carro. O ar da noite estava fresco, e as estrelas brilhavam no céu como testemunhas silenciosas do que havia se desdobrado entre nós.

- Posso te dar um beijo de boa noite? - ele perguntou, com um sorriso tímido.

Eu sorri de volta, sentindo meu coração transbordar de emoções. - Claro que pode, caballero.

Ele se inclinou e seus lábios tocaram os meus suavemente. Foi um beijo terno, mas cheio de promessas não ditas, um começo de algo novo e maravilhoso.

Nos separamos lentamente, ambos sorrindo como adolescentes apaixonados. E enquanto ele se afastava, senti que aquela dança havia sido apenas o início de uma nova jornada, uma que estávamos prestes a explorar juntos.

𝐓𝐢𝐚𝐠𝐨
Acordei com uma sensação de irritação e cansaço, como se o mundo inteiro estivesse contra mim. Eu já estava exausto, e para piorar, Oli, meu companheiro de casa e meu melhor amigo, começou a ouvir podcasts em alto volume logo cedo.

- Existe uma coisa chamada fones de ouvido, sabia? Eles foram feitos para pessoas como você - resmunguei irritado, tomando um gole de água para acalmar os nervos.

- Bom dia para você também. E onde você estava ontem à noite? - perguntou Oli, me olhando com curiosidade.

- Estava com a Kate, discutindo assuntos de trabalho. Vamos fazer uma exposição na próxima semana - respondi, sem mostrar muito interesse.

- Você não parece muito relaxado para alguém que está atrasado - ele comentou, olhando para mim de forma incrédula.

Curioso sobre o que estava acontecendo, perguntei: - O que tem hoje?

- Talvez seja o ultrassom do seu filho - explicou Oli de maneira sarcástica, enquanto colocava os fones de ouvido.

Fiquei surpreso com suas palavras e percebi que havia perdido completamente a noção do tempo. Eu tinha esquecido do compromisso importante que tínhamos agendado.

- A consulta é por volta das 16h, ainda tenho tempo - tentei me tranquilizar, enquanto preparava uma xícara de café.

No entanto, minha tranquilidade foi interrompida quando Oli me chamou:

- Honey? São 15h, faltam menos de 20 minutos para 16h - disse ele, colocando os fones de ouvido novamente.

Levei um susto ao perceber que havia dormido por tanto tempo. Meu coração disparou e a pressa tomou conta de mim.

Corri para me arrumar, tentando me lembrar onde havia deixado minha roupa. Meus pensamentos voavam enquanto eu tentava me aprontar o mais rápido possível. Como eu pude esquecer da consulta? Eu e essa minha cabeça, me praguejei enquanto corria para o carro.

Dirigi mais rápido do que o normal, provavelmente acumulando várias multas pelo caminho. Quando finalmente cheguei ao hospital, lá estava a mãe do meu filho na porta de entrada. Estacionei e fui até ela.

- Hey, desculpa pelo atraso - falei, olhando para ela. Era difícil não admirar sua serenidade.

- Ah, sem problemas. Eu acabei de chegar também - respondeu ela de maneira pacífica.

- Então, vamos? - perguntei, pegando sua mão trêmula. Apesar de ser algo novo para mim, parecia que ela estava mais nervosa do que eu.

Juntos, entramos no hospital, conscientes de que estávamos prestes a dar um grande passo em nossas vidas.

Entramos no hospital e seguimos direto para o balcão de atendimento. A recepcionista nos cumprimentou com um sorriso educado e pediu nossos documentos. Enquanto esperávamos, pude sentir a tensão no ar, mas também uma espécie de excitação contida. Olhei para ela, tentando transmitir confiança.

- Vai dar tudo certo - sussurrei, apertando sua mão um pouco mais forte.

Ela apenas sorriu, meio nervosa, meio esperançosa. Poucos minutos depois, fomos chamados para a sala de exames. O médico nos recebeu com um aperto de mão firme e um olhar compreensivo.

- Então, prontos para ver o bebê? - perguntou ele, ajustando os equipamentos.

Nos acomodamos na sala, ela deitada na maca e eu ao lado, segurando sua mão. O médico aplicou o gel no abdômen dela e começou o exame de ultrassom. A tela piscou e, em poucos segundos, a imagem de um pequeno ser apareceu, flutuando no líquido amniótico.

- Olha só - disse o médico, apontando para a tela -, está tudo bem com o bebê. Vocês podem ver o coração batendo aqui.

Um silêncio reverente tomou conta da sala. Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela, e eu não pude evitar que meus olhos também se enchessem de lágrimas. Era uma mistura de alívio, alegria e um amor que parecia crescer a cada batida daquele pequeno coração.

- É incrível - murmurei, sem tirar os olhos da tela.

O médico continuou explicando os detalhes do exame, mas tudo o que eu conseguia pensar era na vida que estávamos criando juntos. Quando o exame terminou, ele nos deu algumas instruções e nos desejou boa sorte.

Saímos do hospital de mãos dadas, sentindo que algo havia mudado para sempre. Paramos no estacionamento por um momento, apenas para nos olhar, absorvendo a magnitude do que havíamos acabado de ver.

- Obrigada por estar aqui - ela disse, sua voz cheia de emoção.

- Sempre - respondi, sabendo que, a partir daquele momento, nossa jornada estava apenas começando.

- Você já encontrou uma casa? - perguntei, tentando puxar assunto enquanto dirigia.

Ela desviou o olhar para mim, um leve sorriso nos lábios, mas uma preocupação aparente nos olhos.

- Ah, sim. Estou ficando com a minha família por enquanto - respondeu, sua voz carregando um tom de incerteza.

Eu podia sentir a tensão no ar e queria aliviar um pouco do peso que parecia recair sobre seus ombros.

- Se você quiser, posso ir falar com eles - sugeri, tentando oferecer alguma forma de ajuda.

Ela arregalou os olhos, claramente alarmada pela minha proposta.

- Você é doido? Se você fizer isso, nosso plano vai todo por água abaixo - sussurrou, sua voz carregada de urgência e apreensão.

Percebi que tinha tocado num ponto sensível e decidi mudar de assunto para algo mais leve, tentando trazer um pouco de normalidade à situação.

- Ok. Que tal comer alguma coisa? Ou talvez fazer umas compras? - sugeri, forçando um sorriso e colocando um pouco de entusiasmo na voz.

Ela relaxou um pouco, soltando um suspiro que parecia carregar o peso do mundo.

- Comer algo parece uma boa ideia - disse, finalmente relaxando um pouco e deixando escapar um sorriso genuíno.

Dirigi até um pequeno café que conhecíamos bem, um lugar que sempre nos trazia conforto e boas lembranças. Quando nos acomodamos numa mesa ao canto, pedi dois cafés e alguns lanches. Enquanto esperávamos, comecei a falar sobre coisas triviais, histórias engraçadas e planos para o futuro, tentando manter o clima leve e descontraído.

Aos poucos, vi que ela começava a se soltar, rindo das minhas piadas e compartilhando suas próprias histórias. A tensão inicial foi substituída por um sentimento de camaradagem e parceria.

Lá fora, a vida continuava com sua rotina frenética, mas ali, naquele pequeno café, parecia que o tempo havia parado só para nós. Era um momento simples, mas carregado de significado, uma pequena trégua na batalha que estávamos enfrentando juntos.

- Obrigada por isso - ela disse de repente, os olhos fixos nos meus.

- Pelo quê? - perguntei, genuinamente curioso.

- Por me fazer esquecer, nem que seja por um momento, de tudo o que está acontecendo. - Ela sorriu, e eu soube que, de alguma forma, estava conseguindo ajudá-la a carregar o fardo.

- Sempre - respondi, sabendo que, independentemente das dificuldades que viessem, estaríamos juntos, enfrentando tudo como uma equipe.

Depois de terminarmos nossos cafés, ela se levantou primeiro, ajeitando o casaco e lançando um último olhar de agradecimento.

- Eu vou indo. Tenho algumas coisas para resolver - disse ela, tentando esconder a hesitação na voz.

- Tudo bem. Cuide-se - respondi, observando enquanto ela se afastava.

Fiquei sentado por alguns minutos, refletindo sobre a nossa conversa e o que poderia fazer para ajudar de forma mais eficaz. No fundo, eu sabia que ela precisava de tempo e espaço para lidar com seus próprios problemas.

Mais tarde naquela noite, recebi uma mensagem de Oliver. Ele estava em uma boate e me convidava para encontrá-lo. Decidi que talvez uma distração fosse exatamente o que eu precisava.

Quando cheguei à boate, o lugar estava lotado, com luzes piscando e música alta. Encontrei Oliver no bar, já com uma bebida na mão e um sorriso no rosto.

- Finalmente, cara! Achei que você não viria - disse ele, dando-me um tapa amigável nas costas.

- Precisava sair um pouco, sabe como é - respondi, pegando a bebida que ele me oferecia.

Passamos a noite conversando, rindo e tentando esquecer, pelo menos por algumas horas, as preocupações do dia a dia. Oliver sempre teve esse talento para me fazer rir e ver as coisas de uma perspectiva mais leve.

- E aí, como estão as coisas com ela? - perguntou Oliver em um momento mais calmo, enquanto observávamos a pista de dança.

- Complicadas, para dizer o mínimo. Mas vamos dando um jeito - respondi, tomando um gole da minha bebida.

- Você sabe que estou aqui para o que precisar, né? - disse ele, sério por um momento.

- Sei. E agradeço por isso, de verdade - respondi, sentindo a sinceridade nas palavras dele.

A noite continuou, e por algumas horas eu consegui esquecer os problemas e simplesmente me divertir. Oliver e eu dançamos, conversamos com outras pessoas e rimos até nossos rostos doerem. Era exatamente o que eu precisava para recarregar as energias.

Quando finalmente decidi que era hora de ir embora, me despedi de Oliver com um abraço.

- Vamos fazer isso mais vezes - sugeriu ele, com um sorriso.

- Com certeza, Oliver.

Voltamos para casa juntos, já que dividíamos um apartamento no centro da cidade. O caminho de volta foi tranquilo, com apenas o som dos nossos passos e das nossas risadas ecoando pelas ruas desertas.

Ao chegarmos, Oliver jogou as chaves na mesa da entrada e se jogou no sofá.

- Cara, que noite incrível! - ele exclamou, ainda sorrindo.

- Foi mesmo. Precisava disso - respondi, sentando-me ao lado dele.

- Sabe, morar aqui com você tem sido uma das melhores decisões que já tomei. Não sei o que faria sem sua companhia - disse Oliver, olhando para mim de forma sincera.

- O sentimento é recíproco, meu amigo. Vamos enfrentar o que vier juntos, sempre - respondi, sentindo a força daquela amizade.

E assim, com a certeza de que não estava sozinho, fui para o meu quarto, pronto para enfrentar um novo dia.

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