\9/ Túlio & Geórgia
Esse conto começa muito antes de nossos protagonistas nascerem, e para que tudo tenha uma boa compreensão, tenho que começar a cerca de 40 anos atrás… então esse conto se inicia com um caminhão de mudanças estacionando na Rua das Magnólias.
Cássia espiava pela janela da sala, estava curiosa para saber quem estava se mudando para a casa da frente. Desde que descobriu que o imóvel havia sido comprado, fantasiou como seriam os novos vizinhos, se seriam idosos ou recém casados, se tinham um bebê ou um cãozinho, se seriam sociáveis ou antipáticos. Imaginou tantas possibilidades que agora ela tinha a necessidade de descobrir tudo que pudesse sobre os novos moradores. Até o dado momento, Cássia havia visto apenas um casal, eles conversavam e riam um para o outro, achou que eles eram simpáticos. O homem era bonito e alto, parecia um daqueles homens de negócios. A mulher, não muito mais baixa, parecia ser aquele tipo de pessoa extrovertida que sempre tenta animar as coisas.
Cássia gostou deles de imediato - formavam um bom casal - e enquanto os observava esvaziar o caminhão de mudança, imaginava uma linda história de amor, como naquelas comédias românticas que ela costumava assistir de vez em quando. Talvez, se ela conseguisse se aproximar, pudesse descobrir um pouco mais sobre eles. Quando o caminhão foi embora, Cássia pode ver saindo de dentro da residência, uma garota com uma vassoura na mão, aparentemente da sua idade. Cássia se animou na mesma hora, na Rua das Magnólias não havia meninas da sua idade, só tinha meninos, e isso era a maior tragédia da sua vida, Cássia sempre desejou ter uma amiga perto de sua casa para conversarem e trocarem segredos.
Por impulso, correu para a porta da frente e saiu na calçada, olhava fixamente para a outra garota. Em algum momento seus olhos se encontraram, Cássia deu um pequeno aceno com a mão, convidativo e amigável, a menina do outro lado da rua retribuiu com um pequeno sorriso tímido.
Isso pode até parecer irrelevante para você, leitor. Mas esse dia foi a matriz para o que está por vir. Como já deve ter imaginado, Cássia e Rita se tornaram grandes amigas - daquelas inseparáveis - elas passaram a frequentar a mesma escola, escolheram a mesma faculdade, saíram de casa e alugaram um apartamento para morarem juntas, conseguiram empregos e namorados, Cássia, romântica que só ela, casou-se primeiro, Rita não quis ficar para trás, casou-se dois anos depois, mesmo iniciando suas próprias famílias, decidiram que ainda seriam vizinhas, elas até mesmo planejaram para que engravidassem no mesmo ano, pois queriam que seus filhos crescessem juntos. E então, é aqui que entram em cena nossos protagonistas e começa a verdadeira história.
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Túlio, filho de Rita, e Geórgia, filha de Cássia, estiveram juntos desde os seus nascimentos, a amizade entre eles foi inevitável, era um o reflexo do outro. Eles estavam sempre juntos, eles comiam juntos, brincavam juntos, assistiam TV juntos, dormiam juntos, faziam tudo juntos, a ponto de parecer até estranho ver um e não ver o outro. Contudo, isso durou apenas até o começo da adolescência, quando as singularidades de cada gênero começam a ficar mais distintas. Mas não se engane, meu caro leitor, ainda que Geórgia optasse por passar a tarde se maquinando com as amigas, e Túlio jogando futebol com os garotos da escola, eles ainda se reuniam toda noite no sofá da sala e conversavam por horas, ou assistiam um filme, ou simplesmente ficavam em silêncio conferindo as redes sociais.
-Túlio, olha, você está na publicação da Lia. - Disse Geórgia.
-O que?! Deixa eu ver! - Túlio se inclinou para ver a tela do celular, praticamente deitando-se sobre a amiga. - Oh, é a partida de hoje, ela estava assistindo da arquibancada.
-O que ela estava fazendo lá? Até onde sei a Lia odeia esportes.
-Parece que ela está namorando com o Carlos - respondeu ele indiferente. - Eu quase não apareço nessa foto. E olha que eu carreguei o time nas costas e ainda marquei o gol da vitória.
-Até parece, - Geórgia o empurrou de cima dela - todo mundo sabe que você é o pior jogador da sua turma.
-Isso é uma blasfêmia! - ele disse rindo. - Mas que eu marquei o último gol que decidiu a partida é verdade. Estava lá, eu com a bola e mais quatro jogadores do outro time…
-Tá, - Geórgia tampa a boca de Túlio com a mão, - eu não quero saber.
Túlio tira a mão de Geórgia e continua narrando sua jogada entre risos, ao mesmo tempo em que Geórgia tenta fazê-lo calar a boca.
-...eu chutei direto para o gol, a bola fez uma curva e entrou raspando na trave. Todo mundo gritou gol. Vencemos de 3 a 2. Eu sou o craque do time!
-Você é convencido, isso sim. Por isso não consegue uma namorada. - Disse Geórgia num tom brincalhão.
-Eu não tenho namorada porque você não me deixa chegar perto das suas amigas, aquela ruivinha é super meu tipo. - Túlio fez uma cara maliciosa.
-Isso é porquê eu te conheço, elas merecem coisa melhor que você.
Túlio a olha com uma falsa expressão ofendida.
-Olha só quem fala. Se você é tão melhor que eu, por que você também não tem namorado? - Túlio indagou.
-Ah, isso é porque eu sou muita areia para seus caminhõezinhos. - Respondeu Geórgia prontamente. Túlio ergue uma sobrancelha.
-Depois eu é que sou o convencido!
Eles se implicaram e riram até a barriga doer. Tempos mais tarde, quando o pai de Geórgia chegou do trabalho, Túlio se despediu e foi para casa - no caso, o apartamento ao lado - como de costume. Geórgia nunca gostou de ficar sozinha em casa, ela cismava que ouvia fantasmas, por isso Túlio lhe fazia companhia até que um dos pais dela chegasse.
Como pode ver - ou melhor: ler -, nosso casal protagonista se dá muito bem um com o outro, mas como bem sabemos a vida não é só flores. Não existe nada mais transformador que a ingressão na vida adulta, eu diria até que o grande divisor de águas, é a faculdade, ao menos para esse caso foi.
Para que entendam, no último ano do ensino médio, Geórgia sabia exatamente o que queria para seu futuro, ela estudou para passar no vestibular da faculdade, onde cursaria moda, a garota estava bastante empenhada nisso. Porém, pelo outro lado, Túlio não tinha ideia nenhuma do que ser ou fazer, essa dúvida o atormentava a cada dia, ele admirava Geórgia por já ter seu futuro definido, ele sabia que ela se daria muito bem nele. Mas Túlio sentia que não era bom em nada, não havia nenhuma carreira que o fizesse querer seguir. Em meio a tantos pensamentos confusos, Túlio se viu no meio de uma pequena crise existencial. Por não ter nada que quisesse realmente fazer, decidiu que tiraria um ano sabático, por conta disso, relaxou dos estudos.
Essa decisão de Túlio gerou uma grande discussão com Geórgia, ela não concordava com o ano sabático, afinal, quando você para de estudar é muito mais difícil voltar, ainda mais sendo um preguiçoso como Túlio. A outra razão de Geórgia ter ficado tão irritada, era que ela gostaria que Túlio fizesse faculdade na mesma instituição que ela, para que eles pudessem continuar juntos por mais um tempo, mas Túlio se recusava teimosamente a mudar de ideia. Geórgia nada mais podia fazer além de aceitar a situação.
Esse foi o primeiro abalo que essa amizade, de quase 18 anos, sofreu. Depois da discussão, a relação do nosso casal ficou estranha por um tempo. Claro que eles já haviam brigado antes, faziam isso o tempo todo, porém, nas vezes anteriores logo fizeram as pazes. Contudo dessa vez, a pressão da responsabilidade de ter o futuro em suas mãos, tornava tudo muito mais sério. Geórgia focou ainda mais nos estudos, enquanto Túlio se sentia ainda mais imprestável.
O último ano passou voando, antes que se dessem conta, Geórgia já estava fazendo a prova do vestibular. Seu nível de estresse estava astronômico, Túlio torcia muito por ela, fazia o possível para acalmar os ânimos enquanto a amiga esperava pelo resultado do teste. Túlio esteve por perto, acompanhando cada etapa do progresso de Geórgia. Porém, uma pequena parcela de inveja impedia o garoto de está totalmente feliz pela garota com quem viveu a vida toda. Junto com esses pensamentos, veio também a culpa, que soube disfarçar muito bem, a última coisa que Túlio queria era causar mais uma preocupação para Geórgia.
Semanas depois, os resultados das provas finalmente saíram, Geórgia tremia de ansiedade, na noite anterior sonhou que havia tirado a nota mais baixa dentre todos os alunos.
-Eu não quero olhar. Túlio olha você. - Disse a garota levantando-se da cadeira e dando as costas para o monitor. Túlio soltou o ar pesadamente, ele sabia que todo esse medo é preocupação, eram sem fundamentos.
-Tá, mas com certeza você está sofrendo à toa. Com o tanto que você estudou eu não me surpreenderia se você tirasse a nota máxima.
-Você me superestima. Estudei muito justamente porque eu não sou tão inteligente. Agora olha logo isso!
-Tá bom, tá bom, mas não se irrite. - Túlio se inclina para o computador e clica para ver a lista de aprovados. - Vixi! Sua nota foi meio ruim… acho que você tá na lista de espera. - Disse o garoto com a voz cautelosa.
-O quê?! - Geórgia se vira já com lágrimas brotando nos olhos, Túlio está sorrindo, a garota franziu a testa e olhou para a tela, seu nome era o quarto na lista. - Túlio! Seu idiota! - ela gritou socando o peito do amigo. - Isso não é brincadeira que se faça seu… idiota!
-Aí, isso dói, para. - Ele segurou as mãos dela. - Desculpa, ok? Mas olha só. Você passou no vestibular! Em dois meses você vai ser uma universitária!
Foi então que a ficha caiu. Ela disse incontáveis "aí meu deus", deu pulinhos no lugar, abanou as mãos, abraçou Túlio e gritou. A algazarra foi tanta que os vizinhos devem ter se assustado. Geórgia não poderia estar mais feliz, Túlio comemorou com ela, ele estava contente por sua conquista, mas algum lugar de seu cérebro uma luzinha piscava, dizendo que ela estava partindo sem ele, mesmo sabendo que foi ele quem escolheu assim.
A partir daí, nossos protagonistas foram ficando cada vez mais distantes, Geórgia ficou ocupada o resto do mês fazendo compras para a faculdade, como roupas, livros e materiais acadêmicos. Túlio, apesar do convite, não quis ir às compras com ela, ele não tinha cabeça para isso no momento. Sem perspectivas futuras e com Geórgia ocupada com a faculdade, Túlio ficava em casa assistindo filmes, séries e mais filmes, em um mês ele assistiu mais filmes do que havia assistido em um ano inteiro, Túlio assistiu o que lhe apareceu na frente, evitando somente as comédias românticas, pois era o gênero que sempre assistia com Geórgia, e assisti-los sozinho era estranho e o lembrava da ausência da melhor amiga.
O ano letivo de Geórgia começou, ela estava tão animada que não falava mais em outra coisa, comentava sobre uma parte do campus, sobre os professores, os alunos, a matéria… era assunto para não acabar mais, e todas esses conversas começou a aborrecer Túlio, para ele era como se Geórgia estivesse sempre repetindo a mesma coisa. Parte de seu desinteresse era devido ao fato de que ele não estava lá com ela, pela primeira vez em suas vidas Túlio não fazia parte de um momento tão importante na vida de Geórgia.
Em pouco tempo, Geórgia tinha novos amigos na faculdade, com quem ela passava muito tempo estudando, fazendo trabalhos e pesquisa, ou seja, passando cada vez menos tempo com Túlio, que por sua vez, começou a se sentir solitário. Os dias ociosos, somados à pressão silenciosa dos pais por alguma reação do filho, tornaram-se fatigantes, tendo assim tomado a decisão de procurar um emprego, ele sabia que não poderia passar muito mais tempo sem fazer nada. Acabou aceitando o emprego de balconista numa padaria perto de onde morava.
Com cada um tomando caminhos distintos em suas vidas, acredito que você já pode imaginar o que veio a seguir, os horários de trabalho e estudo dos nossos protagonistas eram dessincronizados. Túlio saia para a padaria muito cedo, Geórgia chegava em casa muito tarde, o casal quase não se viam mais. Os momentos em que eles saiam juntos e colocavam a conversa em dia foram diminuindo, mesmo com eles trocando mensagens pelo celular todos os dias, não era a mesma coisa que sentar no sofá para falar besteira, estar presente e rirem juntos.
De pouco a pouco, o espaço que ficou um do outro foi sendo preenchido por outras ocupações, outras pessoas, outros relacionamentos… a separação foi lenta e gradual, as mensagens foram diminuindo até que, em algum momento indefinido, se extinguiram por completo. As atualizações da vida de cada um foi sendo deixadas de lado, antes que se dessem conta, ou percebesse, ou sentisse falta, eles já nem mesmo se falavam. Nas raras vezes se trombava eventualmente nos corredores do prédio ou no elevador, se limitavam a um cumprimento simples e superficial, não mais existia aquelas risadas, aquela cumplicidade de se entender pelo olhar, aquela amizade que ficou no passado.
No ano seguinte, logo no começo, Geórgia foi convencida a ir morar com duas amigas de seu curso e dividir o aluguel, esse era um passo que a garota sempre imaginou, ir para a faculdade e morar junto com suas amigas. Com menos de um mês de planejamento, ela se mudou do apartamento dos pais e foi para outro, mais próximo da sua universidade. Pois vejam meus leitores, com Geórgia morando longe, e sem nem mesmo se encontrarem nos corredores a existência um do outro foi se apagando, se tornando uma mera lembrança de infância. Mas é isso que significa amadurecer, é mudar, é perceber que as coisas que você amava já não são tão legais assim, que a camiseta que você gostava não te serve mais, que os seus ideais estavam errados; ser adulto é se decepcionar e aprender com isso.
Este pode ser considerado o fim. Mas nada no mundo é para sempre, nem mesmo os finais. Como já disse um sábio cientista "Nada se perde, tudo se transforma". Por isso essa história continuará por mais um tempo.
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Nossos amados protagonistas foram sugados por esse turbilhão que é a responsabilidade de ser adulto. Convenhamos que Geórgia estava muito melhor nisso que Túlio, afinal, ela já estava estagiando, e um emprego já quase garantindo a esperava quando terminasse a faculdade. Túlio continuou trabalhando na padaria por mais quase um ano, após algumas várias discussões com o pai acabou cedendo, e aceitou seguir os passos do pai e cursar economia, mesmo ele sabendo que essa profissão nunca lhe traria satisfação, mas pelo menos o salário era bom.
E assim quatro anos se passaram, Geórgia terminou a faculdade e já estava trabalhando em uma revista de moda, Túlio ainda tinha um ano e meio pela frente, mas conseguiu emprego na empresa de seu pai como estagiário. Levando a vida cada um a seu modo, estavam consideravelmente felizes, mesmo longe um do outro.
Eu sei que você, como bom leitor, deve achar que estou enrolado para contar o desfecho dessa história, mas por favor tenham um pouco mais de paciência, pois o reencontro de nosso casal preferido já está por vir.
Geórgia estava muito animada, há semanas ela vinha preparando uma festa de aniversário para sua mãe, Cássia iria fazer 50 anos no final do mês, e Geórgia queria dar a melhor festa em homenagem a mulher que ela mais amava no mundo. Para que isso acontecesse, Geórgia alugou um salão e contratou um buffet, a decoração ficou por sua conta, com a ajuda de suas duas amigas, e algumas dicas da Internet, fez um trabalho de dar inveja em qualquer profissional. Geórgia convidou os familiares, conhecidos e amigos de Cássia, e claro que entre os convidados estava Rita, e consequentemente Túlio também.
Sendo sincero, Túlio não queria comparecer, ele estava mentalmente esgotado com o trabalho e a faculdade, ele só queria poder descansar um pouco em vez de ir a uma festa. Contudo, Rita tanto Insistiu que ele não pode escapar. Túlio acabou cedendo quando Rita disse que ele tinha a obrigação de comparecer, já que Cássia foi quase como uma segunda mãe para ele. Túlio não suportaria o peso na consciência depois desse argumento.
Ao chegar no local da festa, Túlio ficou impressionado, era realmente uma grande produção, tudo decorado em branco e dourado. Rita foi logo dar os parabéns para Cássia e Túlio a acompanhou aproveitando para entregar o buquê de flores que havia trazido para a aniversariante. Após o comprimento, Rita e Cássia começaram a sessão de fofocas, Túlio aproveitou para escapar para a mesa dos aperitivos. Encontrou alguns conhecidos e iniciou uma conversa relaxada. Enquanto aproveitava a festa, já que já estava ali, Túlio viu Geórgia transitando de um lado para o outro. Se ele bem a conhecia - e ele conhecia - ela não devia ter parado ainda, sempre conferindo se as coisas estavam correndo bem. Geórgia já estava visivelmente cansada, afinal ela queria que tudo ocorresse como planejado e para isso ela precisava estar sempre atenta. Túlio vendo a antiga amiga tão preocupada com as coisas e não aproveitando a festa, tomou a decisão de ir falar com ela, assim, talvez, ela descansasse um pouco e aproveitava o que restava da noite.
-Oi, Geórgia. - Disse Túlio ao se aproximar.
-Ah, oi Túlio. Já faz um tempo não é? - respondeu ela se virando para encarar Túlio. - Gostei da barba.
-Obrigado, ela me deixa parecendo mais velho.
-Verdade, se eu não te conhecesse diria que tem mais de trinta. - Ela riu.
-Já você não mudou nadinha, parece a mesma pentelha de sempre. - Túlio riu, Geórgia estreitou os olhos ameaçador. - Calma, foi só brincadeira, você parecia estressada, imaginei que, para o bem de todos os presentes, eu pudesse tirar pelo menos um sorriso.
-Não deu muito certo. Eu não achei que poderia ser tão cansativo organizar uma festa. - Ela suspira, - parecia tão simples na minha cabeça.
-O problema está em não aproveitar, seu perfeccionismo está sugando toda a diversão. Olha em volta! Está tudo correndo muito bem, o salão não vai pegar fogo se você sentar por 30 minutos. - incentivou Túlio.
-Mas tem tantas coisas para supervisionar…
-Esqueça! Outras pessoas cuidaram disso. - Um garçom passou com uma bandeja de docinhos, Túlio pega dois. - Aqui experimenta esse, você vai adorar.
Geórgia comeu o doce e sua expressão suavizou no mesmo instante.
-Meu deus. Isso é maravilhoso. Que doce é esse? - Quis saber Geórgia, Túlio deu de ombros.
-Eu não sei, mas estou comendo eles a noite toda.
-Eu quero mais um. - Disse Geórgia olhando em volta procurando o garçom.
Túlio a segura pelos ombros e a guia até a mesa do buffet, onde enche um prato com vários desses docinhos de festa e vão para uma mesa desocupada. Sentados ali, comendo as guloseimas açucaradas, eles conversaram por muito tempo, como se os quatro anos sem contato nunca tivessem existido. O diálogo fluía tão bem que Geórgia nem se lembrou de ir averiguar qualquer coisa. Em 40 minutos, ambos estavam a par da vida um do outro, o trabalho, os estudos, as conquistas e os novos objetivos. E foi nessa noite que nossos protagonistas se deram conta da falta que sentiam um do outro, de ter uma pessoa que os compreendia mais do que qualquer outro.
Depois dessa noite memorável, Túlio e Geórgia mantiveram contato, com mensagens e ligações, marcavam de sair para beber sempre que dava. E assim a relação do nosso casal foi voltando ao que era antes. Quero dizer, na verdade, não era bem a mesma relação. Era mais madura, mais forte, mais… carnal. Com o tempo, perceberam que o que eles sempre acharam que era amizade, na realidade, era amor. E que foi preciso toda uma vida e amadurecimento emocional para enfim se aceitarem como amantes.
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Agora sim, caro leitor, chegamos ao fim dessa narrativa um tanto quanto longa. Mas embora eu tenha dado um ponto final aqui, Túlio e Geórgia seguiram suas vidas juntos, talvez valha a pena contar, para aqueles sempre insaciáveis, que eles se casaram uns dois anos depois e foram morar na rua das Magnólias onde começaram uma família.
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