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\7/ Lembranças de Anastácia

Em um quarto de uma casa de repouso, Anastácia se preparava para receber a visita, hoje seria sua filha caçula que viria vê-la, já fazia um tempo que não se viam e ambas estavam com saudades. Anastácia teve três filhas, dentre todas, a caçula sempre foi a mais afetuosa, mas não está tendo muito tempo para visitar a mãe na casa de repouso, porém mesmo com a correria do dia-a-dia fazia o possível para visitar Anastácia pelo menos uma vez por semana, geralmente aos domingos.

Com os cabelos bem presos em um pequeno coque cinzento, sem nem mesmo um único fio rebelde fora do lugar, Anastácia saiu de seu quarto. No corredor, uma cuidadora a ajudou a chegar na sala de visitação. Era um lugar agradável, com sofás e poltronas confortáveis, mesas e cadeiras espalhadas pelo salão, uma porta corrediça de vidro que dava para um pátio com jardim, o ar tinha cheiro de antisséptico e lavanda, na primavera o ar carregava o cheiro das flores também, era a estação preferida de Anastácia. É final de verão agora, e uma garoa insistente, prevista para o dia todo, lavava o pátio, com isso a sala de visitação estava cheia, havia poucos lugares disponíveis. Anastácia acomodou-se em uma mesa num canto e conferiu o grande relógio pendurado na parede, sua filha chegaria a qualquer momento.

Pouco mais de dez minutos se passaram e Lúcia, a caçula de Anastásia, chegou a casa de repouso acompanhada de seu marido e um menino, de talvez oito ou nove anos. Lúcia avistou de longe sua mãe e caminhou mais rápido em sua direção. Lúcia cumprimentou a mãe com um abraço e um beijo na bochecha.

-Eu estava com tanta saudade, desculpe por não ter vindo semana passada, tive alguns problemas com o trabalho. - Explicou-se Lúcia.

-Está tudo bem, você veio hoje não é mesmo? Isso que importa. Como você está minha filha? E suas irmãs?

Lúcia contou tudo o que tinha pra contar sobre as irmãs, e sobre si mesma. O marido fez alguns comentários em certos assuntos, o menino ficou sentado no canto observando em silêncio.

-Lúcia, por que está com esse menino? Quem é ele? - Perguntou Anastácia para a filha, depois de um tempo de silêncio.

No mesmo instante, o menino mudou sua feição, de uma expressão neutra para melancólica. Lúcia fez uma careta sem saber como deveria lidar com a situação. Anastácia logo se deu conta de que ela deveria conhecer o menino, mas o mal de Alzheimer a fez esquecer de quem ele era, por mais que tentasse não conseguia, de modo algum, recordar do menino à sua frente. Pelo clima que pairou no ar, o menino era alguém importante, alguém de quem Anastácia não poderia ter esquecido, esse sentimento de culpa pesava em seu coração como uma âncora.

-Ele se chama Anthony, é meu filho e seu neto, está com nove anos agora. - Disse Lúcia com a voz baixa.

-Me desculpe, eu não me lembro... - Sua voz saiu baixa e pesarosa, Anastácia se lembrava de seus outros dois netos, mas não conseguia se lembrar de Anthony.

-Tudo bem, vó, eu sei que a culpa não é sua, é culpa da doença - disse o menino - não é a primeira vez que acontece também.

Anastácia sabia que tinha o mal de Alzheimer, começou com os lapsos de memória, como esquecer onde colocou os óculos, onde estavam as chaves de casa, a bolsa e outros objetos. As perdas de memória foram piorando, começou a esquecer o caminho de casa, esquecer como se chamava o cachorro, e coisas assim. Quando Anastácia se perdeu indo ao mercado próximo de sua casa, as filhas concordaram que era perigoso para ela continuar vivendo sozinha, após conversarem bastante, decidiram que seria melhor interná-la numa clínica onde receberia o tratamento adequado para o Alzheimer.

Olhando para Anthony, Anastácia pode notar que ele realmente estava decepcionado e magoado. Ela sentiu que era responsável, mesmo não sendo exatamente sua culpa, ela havia se esquecido do próprio neto. Isso não parecia certo para a senhora, mas nada ela podia fazer. Passado algum tempo, Lúcia decidiu que era hora de partir, Levantou-se de sua cadeira e se despediu de Anastácia, o marido e o filho se levantaram e também se despediram, o homem com um aperto de mão e um aceno de cabeça, o menino com um abraço meio forçado.

-Não se preocupe, vovó. - Disse o menino baixinho, perto da orelha de Anastácia. - Na próxima visita você não vai se esquecer de mim, porque eu vou trazer de volta as suas memórias, você vai ver.

Aquelas palavras não fizeram sentido algum para a senhora, não havia como recuperar as suas memórias já perdidas, porém Anthony falou tão convicto de si, que a avó não pode contestar, ela apenas concordou com a cabeça.

No carro, voltando para casa, Anthony afundou em seus pensamentos, idealizado em silêncio como colocaria seu plano em ação. Durante toda a semana, fuçou pela casa procurando e coletando coisas. Quando Lúcia perguntou o que ele estava fazendo, Anthony se limitou a dizer que era uma surpresa. A semana passou rápido, e logo já era domingo novamente, a família iria mais uma vez visitar Anastácia na casa de repouso. O menino estava bastante entusiasmado, ele carregava uma caixa de sapato da qual não desgrudou a manhã inteira, pois, segundo o próprio, não queria esquecer dela, se recusou a mostrar o conteúdo para a mãe, que estava bastante curiosa com todo o mistério que Anthony fazia.

Anastácia aguardava sentada em um dos bancos do pátio, lamentava que não houvesse tantas flores. Anthony correu e chegou primeiro, sentou-se ao lado da avó, que o olhou confusa, o menino viu no rosto dela que não o reconhecia. Ele entendia que era efeito da doença degenerativa, mas mesmo assim não era fácil aceitar que a avó tinha se esquecido dele. Foi por esse motivo que ele trouxe a caixa de sapatos. Sem dizer nada, Anthony entregou a caixa para Anastácia, como ela pareceu confusa e sem saber o que fazer, ele gesticulou para que ela abrisse a tampa.

A essa altura Lúcia já havia se juntado a eles e esticou o pescoço para espiar o interior da caixa. Havia alguns objetos e muitas fotografias, na tampa da caixa, do lado de dentro, estava escrito em letras de forma coloridas "As Memórias da Vovó". Logo por cima, estava uma fotografia, nela estava Anastácia mais jovem segurando um bebê no colo. A senhora se reconhecia na imagem, mas não se lembrava do momento da foto, nem do bebê que segurava.

-Essa foto é do dia em que nos conhecemos, a mãe disse que foi uma semana depois que eu nasci. - Contou o menino. - Eu não me lembro disso também, mas tem a foto para ajudar a lembrar. Eu sei que não é sua culpa, mas não quero que a senhora se esqueça de mim, assim como eu não me esqueço de você.

Anastácia colocou a foto ao seu lado no banco e pegou outra na caixa, era de Anthony em cima de uma bicicleta, ele devia ter uns cinco anos na imagem.

-Ah! Essa eu me lembro! - Disse ele animado. - Foi no dia em que eu fui pra sua casa e você me ajudou a aprender andar de bicicleta. Foi muito legal.

Anastácia sentiu certa nostalgia, para cada objeto que ela pegava da caixa de sapatos Anthony dava uma descrição, o que representavam é as lembranças que continham. Muitas histórias depois, a caixa estava vazia. Anastácia não conseguia se lembrar daqueles momentos, mas sabia e sentia como aquilo era importante, era precioso para o menino e, em algum momento, foi precioso para ela também. Uma lágrima silenciosa escapa de seu olho, escorrendo pela face envelhecida, Anastácia nunca desejou esquecer de nada daquilo, e mesmo assim essas preciosas lembranças se perderam para sempre.

A senhora portadora do mal de Alzheimer olhou para o neto, gravou em sua memória cada traço daquele rosto infantil, mesmo sabendo que não duraria muito tempo. Depois olhou para a pilha de fotos e objetos que Anthony lhe dera, guardou tudo novamente na caixa de sapatos e agradeceu de todo o coração ao neto, por ter lhe devolvido todas suas preciosas lembranças das quais nunca quis esquecer.

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