As vezes tudo doe, mas ter a força para seguir seus sonhos, é a parte mais importante do significado da palavra "crescer".

Quando se pensa na dor de um relacionamento rompido, você não espera que seja assim, como se faltasse um pedaço, você sente uma bola na garganta, qualquer coisa que digam te leva a pensar "eu fazia isso com ele" com uma torrente de lágrimas.

Não sente fome, sede ou vontade de qualquer coisa, a única coisa que você quer é ficar sozinha na sua cama, mas suas amigas não vão te deixar sozinha, porque ficar sozinha é muito pior.

Você não se sente bem, mas fica suportável quando uma espécie de "vazio" toma conta do seu cérebro, essa sensação torna-se um balsamo, te dá forças para continuar, pois a vida é um ciclo contínuo, nada faz ela parar, pessoas morrem, relacionamentos terminam e a hora continua passando, dando espaço para novos dias, semanas e você precisa continuar caminhando.

Assim, passaram-se duas semanas depois de minha conversa com Wagner, não liguei para ele, não fui atrás, não achei que seria certo, entendi muito bem o que sua partida significava, apesar da dor, ele fez sua escolha e eu a minha.

Chegou então o dia da partida, lá estava eu no aeroporto esperando meu voo, já me sentia conformada, pois essa é a única palavra que me parece correta.

Alice e Débora foram a cafetaria comprar um café, Taty não veio, teve que ir a um compromisso inadiável, meus pais não paravam de se alternar para me abraçar, minha avó tinha ficado na casa da minha tia, que bom, porque não me sentia inclinada a receber suas palavras ácidas. Ainda lembro o que ela disse no dia seguinte da conversa com Wagner "Bem que imaginei que aquele rapaz fosse um estrupício, nunca me enganou".

Minha avó sempre uma verdadeira imagem de limão.

Minhas condições agora eram bem simples, estava indo morar em um tipo de republica, com mais quatro garotas, estava levando uma bolsa de mão apenas, minhas malas já haviam sido despachadas.

Meus pais se afastaram para conversar com duas senhoras próximas a mim, e eu avistei um rosto conhecido na multidão, ele vinha correndo e empurrando as pessoas, Renato sempre mais alto que os outros, antes de parar na minha frente me abraçou.

— Se precisar de muamba da boa, estou na atividade – anunciou alegremente.

— Como assim?

— Estou vendendo algumas series de anime em DVD artesanal, qualidade boa! – ele me soltou sorridente.

— Você está fazendo pirataria? Isso é crime Renato! – o repreendi.

— Pirata não, que coisa mais feia de se falar – ele se fez de ofendido – Até parece que estou com um tapa-olho e um papagaio no ombro, são DVDs artesanais! Faço em casa com maior carinho, então é artesanal.

— Desisto – gargalhei.

— Mas não se preocupe, vou começar a fazer educação física esse ano – ele piscou para mim.

— Que ótimo, só espero que não fique só no bar da faculdade – alfinetei, ele apenas deu um sorriso maroto.

Ricardo apareceu do lado do Renato, e me abraçou.

— Esse imbecil saiu correndo, não ia correr também – explicou - Vê se não esquece de nós.

Ele andou meio deprimido nos últimos dias também, parece que saiu três vezes com uma garota, disse a ela que estava apaixonado, pelo que entendi logo no terceiro encontro o ele estava planejando o casamento de ambos. Bom, encurtando a história, ele tomou uma boa bota, andou perseguindo a pobre moça, chorando pelos cantos e agora parece melhor.

— Claro que não, vê se não faz nenhuma besteira por causa de outra garota, você tomou uma bica, supera! – brinquei.

Outros braços me puxaram e meu coração acelerou, ele me apertou com força e sussurrou em meu ouvido.

— Eu te amo, hoje e sempre. Vou até o fim do mundo se for preciso para ficar ao seu lado – o envolvi com meus braços e apertei.

Havia algo conflitante em meu peito, me senti atônita, feliz e querendo chutar suas bolas com força, por tudo que ele me fez passar. Mas o sentimento de "feliz" dominava e aquecia meu coração, resolvi deixar o chute para outra ocasião.

— Também te amo, Wagner...

— Me desculpe por tudo, por toda a dor. Eu também senti sua falta, doeu muito essas duas semanas, mas foi aí que eu percebi que nada disso importa, que eu preciso de você e que a ideia de não ter você é absurda.

— Você merece um bom chute no saco por tudo isso, me senti péssima, fiquei deprimida por alguns dias, odiei você! Não é justo você chegar aqui do nada e fazer isso sem mais nem menos! – desabafei.

— Não é sem mais nem menos, se você quiser ajoelho pedindo seu perdão – ele olhou em meus olhos.

— Isso seria muito vergonhoso, não quero – desviei o olhar.

— Pode me perdoar? – sua voz era de cachorrinho pidão, caí na besteira de olhar em seus olhos, e descobri que seus olhos lembravam a clássica cena do Shrek, quando o gato aparece com aquele olhar... O olhar de gato de botas.

— Tá! Eu posso, mas se você fizer...

Eu ia começar a listar tudo que ele não deveria fazer e como eu o machucaria no processo, mas ele apenas me beijou, desestruturando-me, fazendo toda minha raiva desaparecer...

— Vamos fazer isso dar certo, né? – questionou ao finalizar o beijo.

— Claro... – respondi ainda boba pelo efeito que ele fazia.

Me senti um pouco imbecil e idiota, ele me machucou, acabou comigo e eu apenas o aceitei de volta, assim sem mais nem menos, sem uma boa discussão e sem real tempo para bater nele.

Porém, me senti feliz porque ele voltou, aquele vazio e aquela sensação de que faltava algo desapareceu, voltar ao seu abraço... Ok, trouxa está escrito na minha cara, que seja então.

Ele é a pessoa mais errada e ao mesmo tempo mais certa, para mim. O sapo encantado do meu conto de fadas, que as vezes se transforma em príncipe.

O meu imbecil, meu babaca, parece um relato de uma adolescente apaixonada, eu sei, mas é exatamente o que penso sobre ele. Fazer o que? Quantas vezes não perdoamos as cagadas?

Não dizem que o amor é insano e que não o controlamos? Bom, eu o amo e tenho certeza que quase sempre lhe daria outra chance, afinal não vamos testar a paciência de uma garota, não é? Mas, merdas sempre vamos fazer, afinal ainda somos jovens, ele me dará chances e vice-versa.

Agora senti que estava diante de um novo começo, não apenas na vida acadêmica, mas ao lado do Wagner. A vida está cheia de começos e reviravoltas, sou apenas uma concha no mar da vida, me jogando na onda e deixando a correnteza me levar.

Se fosse para contar o meu conto de fadas, eu diria: Então a princesa Sarah se apaixonou pelo vilão, o bobo da corte irá fazer o que ele sempre quis, curtir a vida adoidado, vender DVD artesanal e quem sabe um dia ele se endireite?

A princesa Alice continuou casada com o Shrek, enquanto a princesa Débora permaneceu em busca do amor verdadeiro (ela rompeu com aquele cara do irmão esquisito). Lady Taty, arrumou um namorado e se afastou do reino. O príncipe encantado está atrás de sua princesa - então quem quiser conhecer o príncipe encantado, pode me avisar, eu apresento.

Assim a princesinha viveria feliz para sempre, com o vilão que ela amava, em seu castelo rustico de pedra, em um reino nada encantado, onde as arvores são de tecnologia. E eles seriam felizes, até que o divórcio os separasse, afinal nunca sabemos o que virá adiante, não é mesmo?

Fim!

The End.

El Fin 

Etc ;)

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Nota: E assim quase termina essa história, falta apenas o epilogo, e então? O que acharam?

Não se esqueçam das estrelinhas, são muito importantes!

Espero que tenham gostado, nos veremos no Epilogo!

Beijosss