- Você realmente me ama Vincent?

- Que bobeira é essa agora Lisa? - Ele retruca.

- Só... - Suspiro alto. - Só responda minha pergunta.

- Ainda tem dúvida do meu amor por você? - Ele me olha incrédulo.

Não falo nada e começo olhar para o chão, porque nesse momento estou tendo dúvidas, mas não quero assumir.

- Eu te amo Lisa. - Ele fala. - Jamais tenha dúvidas disso.

- Você não sente nada pela Kathe? - Pergunto.

- Obvio que eu sinto. - Ele fala. - Eu também a amo...

- O quê?!

- Posso terminar de falar? - Vincent revira os olhos.

- Pode. - Murmuro.

- Eu amo Kathe como uma amiga, ou irmã. - Ele diz. - Então pare de imaginar coisas, você é a única mulher que me interessa.

Vincent dá um rápido beijo nos meus lábios e me abraça em seguida.

- Por que estava tão frio com Alyssa?

- Não devo satisfação da minha vida a ela, como também não tenho que ficar agradecendo por nada.

- Eu sei que ela foi uma mulher horrível, mas deveria tratá-la melhor. - Digo. - Alyssa é mãe do seu filho e está morrendo, então não seja tão duro com ela.

- Não a tratarei como uma amiga, mas farei o possível para ser mais amigável.

- Obrigada. - Agradeço.

Apesar de tudo ainda sinto pena dela. Agora que teve a chance de recomeçar  sendo uma boa pessoa e tendo o filho ao lado, seus dias de vida estão chegando ao fim.

- Agora irei lhe castigar. - Vincent sorri com malícia.

- O que vai faze...

Me calo quando ele me levanta de repente, e me joga em seu ombro e me dá um tapa no traseiro.

- Me coloque no chão Vincent. - Peço.

- Não. - Ele me dá outro tapa.

- Vincent...

- Nunca mais duvide do meu amor por você Lisa. - Ele me corta.

- O que está acontecendo? - Meu pai pergunta preocupado.

- Poderia ficar de olho em Justin e Alyssa para mim sogro? - Não confio nela plenamente, então...

- Claro. - Meu pai diz.

Vincent começa a caminhar em direção as escadarias, mas para quando Justin pergunta:

- O que está fazendo pai?

- Vou castigá-la um momento. - Ele responde.

- Vai deixar pai? - Pergunto para meu pai que ri.

- Vocês dois se resolvam sozinhos, me deixe de fora. - Ele levanta as mãos em sinal de rendição.

- Agora se me derem licença... - Vincent começa a caminhar novamente. - Lisa precisar ser punida.

- Me coloque no chão! - Peço em vão.

Algum tempo depois Vincent abre a porta do quarto e caminha em direção a cama e me deita nela com cuidado, em seguida caminha até a porta novamente e a tranca.

Estou meia tonta e enjoada por ficar muito tempo de cabeça para baixo, mas ainda reuno forças para perguntar:

- O que pensa que está fazendo? Por... por que trancou a porta?

- Advinha? - Ele sorri com malícia.

- Você é louco? - Levo as mãos aos lábios. - Estão todos lá em baixo e você está pensando naquilo?

- Naquilo? - Ele retruca.

- Sim. - Me mexo desconfortável.

- O que seria naquilo? - Vincent se faz de desentendido.

- Você sabe. - Reviro os olhos.

- Não, eu não sei. - Ele nega com a cabeça.

Ele se senta na beirada da cama, então pego um travesseiro como escudo e me distancio um pouco.

- Você sabe... - Pigarreio alto. - O que os casais fazem quando estão sozinhos em um quarto.

- Dormir? - Ele sorri de canto. - Ainda é cedo para dormir. 

- Não seja idiota Vincent, você sabe do que estou falando.

- Você achou que eu a trouxe para o quarto para...

- Claro que não. - O corto.

- Que mente suja Lisa. - Vincent sorri com malícia. - Eu não estava pensando naquilo quando a trouxe para o quarto, mas...

- Cale a boca!

Escondo o rosto no travesseiro, e Vincent começa a gargalhar do meu papel de idiota.

- Não precisa ficar com vergonha. - Ele diz.

- Eu não estou. - Minto.

Na verdade estou morrendo de vergonha, mas não assumo para deixar minha dignidade intacta.

Vincent se deita na cama, e bate a mão ao seu lado para que eu me deite ao seu lado.

- O que pretende fazer para me punir? - Pergunto ao me deitar ao seu lado.

- Nada. - Ele me puxa para mais perto de si.

- Ótimo. - Sorrio abertamente.

- Só quero ficar assim por um tempo. - Ele beija minha testa.

Me aconchego ainda mais perto do seu corpo, enquanto Vincent suspira alto.

- Realmente pensou que eu ainda amo a Kathe? - Ele pergunta.

- Sim. - Assumo.

- Não precisa se preocupar com isso, a única mulher que eu amo é você Lisa.

- Fico aliviada por saber, e me desculpe por duvidar da sua palavra.

- Não precisa se desculpar, eu no seu lugar provavelmente também teria algumas dúvidas. - Ele fala.

Acho que ainda sou um pouco insegura, pois esse é o meu primeiro   relacionamento, mas irei acreditar na palavra do Vincent, e tentarei não ser tão neurótica de agora em diante.

- O que aconteceu no passado foi doloroso para Kathe e eu, e mesmo não estando ao seu lado eu ainda a amei por muitos anos. - Vincent diz. - Mas conforme o tempo foi passando o sentimento que sentia por ela foi se acabando, até o ponto de não sobrar nada.

- Já pensou na vida que poderiam ter tido juntos? - Pergunto.

- Sim. - Ele assume. - Mas depois de um tempo eu percebi que não estávamos destinados a ficar juntos, e isso só me faz ter ainda mais certeza que não seríamos felizes se tivéssemos nos casado, então talvez eu tenha que agradecer a Alyssa. Se não fosse por sua intromissão, provavelmente eu não teria te conhecido.

Vincent sofreu muito e acabou se tornando um homem amargo, e eu o odiei no começo quando não sabia o que havia acontecido no seu passado, mas fico feliz por ser um dos motivos da sua mudança.

- Às vezes me pego me perguntando como eu estaria agora se Jared não tivesse insistido em contratá-la. - Vincent fala. - Acabei mudando aos poucos graças a você, então olhando para o passado eu fico aliviado por ter decidido me tornar um homem melhor.

- Você mudou porque viu que precisava, e eu dei apenas uma pequena ajuda. - Digo.

- Se eu não tivesse me apaixonado por você, provavelmente estaria morto.

- Por quê? - Pergunto.

- Você acarabia me matando com o tempo. - Vincent ri alto.

- Você tem toda razão. - Confesso. - A sua sorte é que sou irresistível, então acabou se apaixonando por mim, então se livrou de uma morte muito dolorosa.

- Realmente sou um homem de sorte. - Vincent beija minha testa novamente.
- Não consigo me ver sem você ao meu lado Lisa.

- Vai me fazer chorar. - Falo.

Na verdade eu acho que sou a mais sortuda nesse relacionamento. Enquanto eu não tinha certeza sobre meus sentimentos, Vincent permaneceu ao meu lado, e mesmo tendo a chance de eu não retribuir seu amor, ele não saiu do meu lado.

Por causa dele decidi deixar minha vida solitária de lado, e pela primeira vez me arrisquei em um relacionamento. Por causa desse homem descobri o que é o verdadeiro amor entre um homem e uma mulher, e enfim encontrei a felicidade que eu pensei jamais sentir.

Eu sei que para ser feliz e completa não preciso necessariamente depender de alguém, mas isso só aconteceu porque o encontrei quando já havia perdido as esperanças relacionadas ao amor.

Vincent me fez enxergar que o amor ainda existe. Então acabamos ajudando um ao outro a enfrentar os medos e decepções, e ainda é só o começo, temos uma vida inteira pela frente.

Não sei o que pode acontecer amanhã, então tenho em mente que aproveitarei ao máximo cada segundo ao seu lado.

- Eu te amo. - Falo.

- Eu também te amo futura senhora Keller.

- Futura senhora Keller?

- Claro. - Ele diz. - Não pretende se casar comigo?

- Sim. - Digo apenas.

- Ótimo, porque não pretendo deixá-la sair do meu lado.

Disse algumas vezes para Vincent que não estava preparada para me casar, mas agora que sei que estou ele não me pede em casamento.

Como eu não falo nada, talvez ele ainda pense que não estou preparada. Esse é o meu problema e de algumas mulheres, não diz nada e quer que o homem adivinhe.

- Não seria melhor descermos? - Pergunto.

- Sim. - Vincent fala. - Mas eu não quero.

- Eu também não. - Assumo.

Me levanto da cama e pego na mão do Vincent e o ajudo a se levantar.

Ele continua segurando minha mão enquanto saímos do quarto e caminhamos em direção as escadarias.

- Até que enfim. - Justin fala quando nos vê.

- Está tudo certo por aqui? - Vincent pergunta.

- Sim. - Meu pai fala.

Vincent se senta no sofá, e me puxa para me sentar ao seu lado e pega minha mão novamente.

- Tem curiosidade sobre seu pai Justin? - Alyssa pergunta de repente. - Gostaria de saber quem ele é?

- Meu pai está bem aqui. - Ele aponta para Vincent. - Não tenho nenhum interesse de conhecer esse homem.

- Tem certeza disso Justin? - Vincent pergunta. - Pense bem, porque talvez se arrependa futuramente.

- Eu tenho certeza. - Ele fala com convicção.

- Acha que ficarei magoado se quiser saber quem é seu verdadeiro pai? Porque se estiver pensando isso não precisa se preocupar, eu sempre tive em mente que isso poderia acontecer algum dia, então...

- Nem agora e nem no futuro terei curiosidade sobre esse homem.
- Justin o corta. - Você é e sempre será meu único pai.

Ele perdoou a mãe mas não quer saber sobre o verdadeiro pai, então Justin poderá se arrepender algum dia, mas nesse momento parece ter certeza sobre a escolha que fez.

Talvez Justin pense que irá magoar Vincent se ele quiser saber sobre seu pai, ou talvez ele ache que Vincent é o suficiente, mas de uma coisa ele tem certeza, Vincent o ama e jamais irá abandoná-lo.

- Todos que preciso estão aqui nessa sala. - Justin olha em volta. - Não preciso de mais nada e nem ninguém para ser feliz.