- Relaxe Lisa. - Vincent fala.

- Estou super relaxada. - Minto.

Já perdi as contas de quantas vezes já entrei em um avião, mas ainda não me acostumei e morro de medo.

- Da para perceber. - Ele sorri abertamente.

O avião ainda não decolou, e eu já estou toda trêmula. Para meu desespero ficar ainda maior, acabei esquecendo o calmante que sempre tomo quando vou viajar.

- Quer um pouco de água? - Vincent pergunta.

- Sim. - Digo apenas.

Ele chama por uma das aeromoças e pede um pouco de água para mim. Algum tempo depois ela volta com uma bandeja nas mãos, com uma garrafa e um copo.

- Deseja mais alguma coisa? - Ela pergunta simpática.

- Não, obrigada. - O senhor Keller agradece.

Ele me entrega o copo com água, e eu bebo quase em um gole, mas acabo engasgando e começo a tossir.

- Beba com calma Lisa. - Ele da um tapinha nas minhas costas.

Depois de me acalmar devolvo o copo para a aeromoça e agradeço:

- Obrigada.

- Se precisar de mais alguma coisa me chame. - Ela fala.

- Ok. - Aceno com a cabeça.

Ela nos dá as costas e começa a caminhar lentamente para longe de nós.

- Está melhor?

- A água matou minha sede, mas não o meu medo. - Sorrio fraco.

Estou agradecida, mas não será um copo com água que fará meu medo desaparecer.

- Não precisa ter medo. - Ele diz. - Se precisar segurar minha mão, lhe empresto ela.

- O quê? - Arregalo os olhos.

- É... Bem... Só no caso... - Ela começa a dizer palavras desconexas. - Esqueça que eu disse algo.

- Ok. - Digo apenas.

Ele manda eu esquecer como se fosse possível. Vincent olha para o lado, então aproveito a oportunidade e começo a olhar para sua mão.

Nossas mãos se encaixariam perfeitamente? Paro de olhar no mesmo instante que percebo minha loucura.

- Está louca Lisa? - Resmungo para mim mesma.

- Disse algo? - Ele pergunta.

- Está calor aqui não está? - Começo me abanar.

- Um pouco. - Ele responde desconfiado.

Por sorte uma das aeromoças diz que o avião irá decolar, ou eu poderia ter acabado fazendo alguma bobeira.

Vincent aperta seu cinto, então vou fazer o mesmo, mas não consigo.

- Eu coloco para você. - Ele fala.

Ele pega o cinto da minha mão e se aproxima de mim lentamente. Não olho para ele, mas provavelmente está visível meu nervosismo por ele estar tão perto.

- Está nervosa? - Ele pergunta.

- Um pouquinho. - Sorrio sem graça.

- Já já passa. - Ele fala.

Para meu alívio ele pensa que meu nervosismo é pelo medo de voar, mas nesse momento é por ele estar tão próximo de mim, que até sinto o seu cheiro de morango.

Vincent se distância de mim depois de apertar meu cinto, e só então consigo respirar com mais calma.

O que está acontecendo comigo? Por que ele está me deixando tão desconfortável? Estaria eu me interessando por meu chefe?

- Nunca! - Grito.

Quando percebo o que fiz já é tarde demais. Vários olhares estão voltados para mim, e nesse momento eu queria sumir desse avião.

- Lisa...

- Estou bem. - O corto.

- Você acabou de gritar.

- Fico fora de mim quando estou com medo. - Minto.

Provavelmente ele está achando que sou louca, como todos no avião. Na verdade estou achando que estou louca, ou não estaria achando meu chefe um homem tão atraente.

Tapo o rosto com as mão quando o avião começa a decolar. Me assusto quando Vincent pega minha mão e aperta de leve, me transmitindo conforto.

O encaro de olhos arregalados enquanto ele sorri abertamente. Sinto que vou me acalmando aos poucos, mas meu coração continua batendo fortemente.

Por que seu sorriso me conforta? Não consigo tirar meus olhos do seu rosto, e a cada segundo que passa ele parece ainda mais bonito.

- Está melhor agora? - Ele pergunta. - Lisa? Você está bem?

- Ham? O quê?

- Está mais calma?

- Aham.

- Tem certeza?

- Ham? Ah sim, estou bem.

Provavelmente estou com cara de tapada, o que me deixa extremamente desconfortável.

- Então pode soltar. - Ele olha para a mão.

- Desculpe. - O solto rapidamente.

- Não tem problema. - Ele sorri novamente.

Pare de sorrir pelo amor de Deus! Ou não me responsabilizo pelo que serei capaz de fazer.

- Vocês desejam alguma coisa? - A mesma aeromoça que trouxe água pergunta.

- Um suco por favor. - Vincent pede.

- E você senhorita? - Pergunta para mim.

- O mesmo. - Digo.

A moça apareceu em uma boa hora, sinto minha garganta seca.

Ela se distancia de nós novamente, e algum tempo depois surge com uma bandeja nas mãos.

- Aqui. - Ela dá o suco para Vincent.

Ela também lhe dá um pedaço de bolo sem ele ter pedido, e em seguida entrega o meu suco e se retira novamente.

- Que delícia. - Vincent diz.

Fico o observando hipnotizada enquanto ele bebe o suco.

- Não vai beber o seu?

- Ham?

- Tem certeza que está bem Lisa? - Ele me olha desconfiado. - Você está estranha.

- Estou bem. - Desconverso. - Impressão sua.

Vincent não fala nada, e começa a beber seu suco novamente. Ele deixa derramar um pouco, e começa escorrer por seu pescoço e essa visão é muito sexy.

- Me sujei um pouco. - Ele pega um guardanapo e passa pelo pescoço. - Pareço uma criança.

Apenas lhe ofereço um sorriso forçado e começo a beber meu suco novamente.

- Quer um pedaço de bolo? - Vincent pergunta.

- Não, obrigada. - Agradeço.

Ele começa a comer o bolo, e tenho que assumir que me arrependo no mesmo instante por ter rejeitado. Parece estar delicioso, e minha boca saliva ao vê-lo comer o bolo com tanta vontade.

- Tem certeza que não quer? - Ele me pergunta.

- Está sujo. - Falo.

- Onde? - Ele passa o dedo polegar no lado que não está sujo.

- Aqui. - Limpo seu lábio inferior com meu dedo.

Vincent parece surpreso, e eu estou ainda mais ao me dar conta no que acabei de fazer.

- Desculpe. - Peço sem graça.

- Está tudo bem. - Ele pigarreia alto.

- Acho... Acho que preciso ir ao banheiro.

Me levanto e praticamente corro para longe do senhor Keller, antes que eu acabe fazendo algo que irei me arrendar amargamente.

Por sorte o banheiro está vazio, então entro e fecho a porta em seguida. Encosto minha cabeça na porta e começo a bater minha testa na porta diversas vezes.

- O que pensa que está fazendo Lisa? Ficou louca?

- Está tudo bem aí? - Alguém pergunta de fora do banheiro.

- Está sim. - Digo. - Eu tropecei, mas estou bem.

Quando me olho no espelho me assusto. Tem uma mancha vermelha na minha testa.

- Que merda. - Murmuro. - Merda, merda, merda.

Hoje não é meu dia de sorte. Está tudo saindo do meu controle, e eu não sei mais o que fazer.

Estou praticamente babando em cima do meu chefe, e espero que ele não tenha percebido minha cara de idiota.

Eu disse com convicção que não tenho nenhum interesse por ele, e aqui estou eu caindo na minha própria armadilha.

- Você está carente, é apenas isso. - Digo a mim mesma. - Eu interessada no meu chefe? - Sorrio incrédula. - É claro que não!

Alguém bate na porta do banheiro, me tirando dos meus devaneios.

- Já estou saindo! - Digo alto.

Passo a mão pela minha testa vermelha, e arrumo meus cabelos em seguida.

Quando abro a porta do banheiro dou de cara com Vincent.

- O que aconteceu com sua testa?

Vincent leva as mãos ao meu rosto, em seguida passa os dedos pela minha testa.

- Eu... Eu tropecei. - Minto.

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Bom dia meninas
Tudo bem com vocês?

Até sexta feira com o próximo capítulo ❤