Capítulo 17
- Me desculpe por ontem. - O senhor Keller pede. - Justin me contou o que realmente aconteceu.
- Hum...
- Não vai dizer nada?
- O que quer que eu diga? - Retruco. - Você me pede desculpas hoje, é bem provável que amanhã faça ou fale algo para me ofender.
É sempre assim que acontece. Vincent pede perdão por algo, mas na primeira oportunidade que tem me magoa novamente com suas atitudes idiotas.
Não sou uma pessoa que guarda rancor, mas paciência e bondade tem limites.
- Me perdoe. - Ele suspira alto. - Prometo pensar melhor antes de falar algo.
Ele nunca pensa antes de falar, e na maioria das vezes alguém sai machucado com suas palavras cruéis. Vincent se acha o senhor da razão, e é bem improvável que mude tão facilmente.
- Vamos esquecer sobre isso, mas tenha em mente uma coisa. - Digo séria. - Já te falei, mas vou repetir para não ter dúvidas alguma. Não tenho interesse algum em você, então não precisa se preocupar com sua secretária dando em cima de você ou tentando te seduzir.
- Li...
- Ainda não terminei. - O corto. - Estou aqui para trabalhar, e esse é o meu único interesse. Talvez pense que eu esteja me fazendo de difícil, mas esse não é o caso.
- Eu sei. - Ele fala.
- Vou te perdoar mais uma vez, mas se isso se repetir eu me demito, mesmo sendo dependente desse emprego.
- A culpa foi minha por ser tão cego. - Ele diz. - Isso aconteceu uma vez, então acabei me tornando um homem desconfiado.
- Aconteceu uma vez mas não quer dizer que todas mulheres são iguais.
Esse é o problema de algumas pessoas, tanto homens quanto mulheres. Por ter vivido algo desagradável, acha que qualquer pessoa que aparecer fará o mesmo.
Tenho certeza que ele não se importa se me demito ou não, e para falar a verdade acho que ele ficaria bem feliz se isso acontecesse.
- Prometo que isso não irá se repetir. - Ele sorri abertamente.
- Ótimo.
Meu celular toca pela milésima vez hoje, então o desligo para evitar dor de cabeça. Infelizmente são ligações de uma pessoa que não quero rever jamais, então espero que meu desejo se cumpra.
- Se não tiver mais nada para falar vou voltar ao trabalho.
Me levanto da poltrona, mas antes de começar a andar Vincent pergunta:
- Por que não me vê como homem? Sou tão sem graça assim?
- O quê? - Arregalo os olhos.
- Desculpe. - Ele pede. - Não deveria ter perguntado isso.
Ele deve estar louco ou eu acabei ferindo seu orgulho de macho alfa. Nunca imaginei que meu chefe me faria essa pergunta, realmente estou chocada.
- Você é um homem bonito. - Falo. - Mas suas atitudes normalmente não são agradáveis.
- Como assim? - Pergunto.
- Você é grosso com todos a sua volta, é mal humorado e desconta suas frustrações em mim. - Digo. - Como eu poderia ter interesse em um homem que faz da minha vida um inferno?
Ele fica sério, então me dou conta que acabei falando demais mais uma vez.
- Desculpe. - Peço sem graça.
- Está tudo bem. - Ele abaixa a cabeça.
- Você já me falou que não pretende se casar, mas se algum dia mudar de ideia, precisa ser mais paciente. - Vincent me escuta atento. - Você só sabe dar ordens, reclama de tudo e de todos, está sempre de cara fechada.
- Esse sou eu. - Ele sorri fraco.
- Mas nunca é tarde para mudar. - Me sento na poltrona novamente. - Todos tem medo de você e não respeito, então se uma mulher chegar em você provavelmente será por interesse.
Ele cruza os braços, e coloca a cabeça no encosto de sua cadeira.
- Talvez tenha algumas mulheres que não se importam em serem mal tratadas, mas a maioria não quer um homem ditador. - Continuo a falar. - Se você fosse o oposto do que é hoje, talvez eu me interessaria por você.
- Oposto? - Pergunta curioso.
- Você mudaria seu jeito rude para namorar alguém?
- Não. - Responde.
- Quem quer namorar um homem grosso? - Pergunto. - Um homem que não sorri, é mal humorado, e que provavelmente não sabe como ser carinhoso com uma mulher.
- Eu não sou assim.
- É claro que é. - Reviro os olhos. - Só de olhar para você eu sei que seria um péssimo namorado.
- Por que acha isso?
- Você iria ao cinema com uma namorada? - Pergunto sorrindo. - Sairia para jantar? Ou caminhar de mãos dadas pelo parque? A trataria de uma forma carinhosa? Diria todos os dias que a ama?
- São tudo coisas inúteis que atrapalharia meu trabalho. - Ele bufa alto.
Fico me perguntando pelo que esse homem passou para ser tão amargo. Nenhum relacionamento sobrevive sem carinho, afeto ou companheirismo.
- O que iria fazer então?
- Lhe daria tudo o que precisasse, assim não iria me perturbar.
- Você arrumaria uma namorada que não se importaria em ser tratada com descaso. - Falo. - Uma interesseira.
- Isso é tudo perca de tempo.
- Seria melhor namorar com um robô. - Digo. - Tenho quase certeza que entre vocês dois não teriam muita diferença.
Ele começa a rir alto, o que me pega de surpresa. Achei que ele iria arrancar minha pele, mas ainda bem que não foi o caso.
- Ainda bem que não pretendo entrar em um relacionamento. - Vincent diz enquanto ri. - Não teria paciência para essas melosidades que não leva a lugar algum, então prefiro ficar sozinho.
- Você é estranho. - Falo. - A maioria das pessoas buscam pelo amor, enquanto você foge dele.
- Você está buscando pelo amor Lisa? - Ele me pergunta.
- No momento não. - Respondo. - Mas quero encontrá-lo algum dia.
Ainda sonho em viver um grande amor, e talvez esteja me iludindo ao achar que ainda vou viver isso, mas tenho esperanças.
- Viva como eu. - Ele fala. - Assim não irá sofrer ou se decepcionar.
- E você pode me dizer se é completamente feliz assim? - Retruco.
- Eu sou feliz.
- Talvez até certo ponto, mas ninguém é realmente feliz enquanto vive uma vida solitária. - Falo. - Em algum momento da vida você acaba começando a pensar no que está perdendo. Qual o sentido de voltar para casa e não ter ninguém te esperando? Não ter ninguém para desabafar sobre seu péssimo dia, ou contar sobre alguma boa conquista, alguém que te ame e que tenha te escolhido entre tantas outras opções. Algumas pessoas escolheram viverem sem esse tipo de coisa, mas elas realmente são felizes?
Vincent fica pensativo por um tempo enquanto me observa. Depois de alguns segundos ele abre a boca para dizer algo, mas é interrompido quando alguém bate na porta do seu escritório.
- Vincent? - Jared adentra o ambiente.
- Sim?
- Preciso da sua assinatura nesses documentos.
Jared lhe entrega os documentos e se senta na poltrona ao meu lado.
- Está linda como sempre. - Ele sorri galanteador.
- Exagero seu. - Reviro os olhos.
- Quer sair para jantar comigo Lisa? - Ele pergunta de repente.
- O quê? - Arregalo os olhos.
- Ficou tão surpresa assim?
- Um pouquinho. - Sorrio sem graça.
Vincent pigarreia alto, então volto minha atenção para ele.
- Não tem mais o que fazer Jared? - Ele pergunta. - Vai tentar seduzir minha secretária?
- Não se preocupe quanto a isso. - Falo. - Não pretendo ser seduzida por ninguém.
Jared é legal, mas não tenho nenhum tipo de interesse nele, e com toda certeza sabendo que Milla gosta dele, jamais aceitaria sair para jantar com ele.
- Vai aceitar sair comigo? - Ele pergunta.
- Me desculpe. - Peço. - Mas minha resposta é não.
Ele arregala os olhos, e parece estar surpreso por ter recebido um não tão facilmente.
- Por quê? - Ele pergunta incrédulo.
- Preciso ter algum motivo para não aceitar sair com você? - Retruco.
Quando olho para Vincent percebo que ele segura o riso enquanto observa o amigo.
- Deixa para a próxima então. - Jared diz.
Me levanto da poltrona e ele também se levanta em seguida.
- Não haverá próxima. - Falo convicta. - Então não insista.
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Bom dia meninas
Tudo bem com vocês?
Desejo a todos um final de semana abençoado por Deus 🙏
Até segunda feira com o próximo capítulo ❤
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