Capítulo 16
Vincent
- Não acredito. - Levo as mãos a cabeça.
- Lisa é inocente papai. - Justin fala. - Brigou com ela sem necessidade alguma.
Justin acabou de me contar o que realmente aconteceu na minha ausência. O pior de tudo foi que entendi errado, e acabei a acusando injustamente.
Quando escutei meu filho falando que queria Lisa como sua mãe, fiquei cego de raiva e quando me dei conta já havia despejado sobre ela minha raiva.
Fiquei bravo porque isso já aconteceu uma vez, há alguns anos atrás. Estava saindo com uma moça, e ela colocou na cabeça do Justin que ela seria sua mãe, e que era para ele me convencer disso.
Quando descobri terminei com ela, e depois que aconteceu isso nunca mais confiei em uma mulher.
Justin sempre foi obcecado pelo fato de ter uma mãe, então decidi não lhe dar esperanças, e não namoro para evitar esse tipo de coisa.
Fico tão triste por ele, mas não posso lhe dar algo para depois tomar. Prefiro que seja somente nós dois, assim eu sei que ele não irá se decepcionar se eu começar a namorar e me casar, e no final das contas tudo acabar.
- Precisa pedir perdão para ela. - Justin fala.
- Eu?
- Sim. - Ele cruza os braços.
- Por que eu deveria? - Retruco.
- O senhor a ofendeu.
- Você tem razão. - Suspiro alto.
É bem mais provável que eu esteja mais ofendido do que Lisa. Ela despejou sobre mim toda sua irritação, e no final das contas acabei me arrependendo de abrir a boca.
Por algum motivo me senti estranho ao escutá-la afirmar que não tem nenhum interesse em mim. A culpa provavelmente é toda minha, já que faço de sua vida um inferno no trabalho.
Lisa seria louca se tivesse algum sentimento por mim, no seu lugar estaria correndo para o mais longe possível. Mas tenho que assumir que uma parte de mim gosta da ideia dela me ver como um provável pretendendo, o que não é o caso.
Se Lisa gostasse de mim pelo menos um pouco, tenho certeza que tudo se acabou com o que falei hoje.
Se não tivesse sido tão estúpido, não teria que pedir perdão mais uma vez. Lisa deve querer a minha morte, depois de ofendê-la por dois dias seguidos.
Quando enfim consegui seu perdão pelo que aconteceu antes de eu ir viajar, acabei estragando tudo novamente e estamos na estaca zero mais uma vez.
- Ela foi tão legal comigo. - Justin sorri feliz.
- Foi?
- Muito.
- Não sei por quê não é comigo.
- Seria difícil ser legal com o senhor. - Ela retruca.
Justin é tão esperto, que as vezes me esqueço que ele tem apenas nove anos.
- Mais uma vez, você tem razão.
- Sou um adulto muito inteligente. - Se gaba. - Muito mais esperto que meu pai.
- Está abusando da sorte garoto. - Jogo uma almofada no seu rosto.
- Sabe que estou certo.
- Infelizmente você tem razão. - Sorrio abertamente.
Justin olha para a janela e fica pensativo por um tempo.
- Vai deixar Lisa me visitar pai?
- Isso vai depender de você.
- Eu?
- Sim. - Confirmo com a cabeça. - Se me prometer não se iludir achando que Lisa será uma mãe para você, terá minha aprovação.
- Eu prometo. - Ele fala animado.
Não pretendo me casar, e mesmo se pretendesse Lisa jamais iria querer algo com um homem como eu, então tenho medo que Justin comece a ver coisas que não irá acontecer.
- Tem certeza? - Pergunto.
- Sim. - Fala.
- Tudo bem então. - Bagunço sua cabeleira.
- Obrigado pai. - Ele se joga sobre mim.
- Tudo isso é felicidade por poder se encontrar com uma mulher? - Pergunto rindo. - Meu filho será um garanhão?
- Não. - Ele nega com a cabeça. - Serei um perfeito cavalheiro.
Mais uma vez me surpreendo com sua atitude, e mais uma vez tomo uma na cara do meu próprio filho.
- Já te falei o quando tenho orgulho de você? - Pergunto.
- Já. - Ele fala enquanto exibe um sorriso largo nos lábios.
- Meu filho é incrível. - Falo orgulhoso. - Tive tanta sorte por ter você em minha vida.
- O mais sortudo fui eu pai. - Ele retruca. - Quando ninguém me quis, o senhor me adotou mesmo eu não sendo seu verdadeiro filho.
- Você é meu verdadeiro filho. - Digo. - E jamais deixarei que ninguém diga o contrário.
Contei para Justin que ele era adotado há algum anos atrás. Achei melhor lhe contar a verdade, pois se ele descobrisse quando estivesse mais velho, talvez não me perdoaria por ter escondido a verdade.
Ele ficou triste por alguns dias, mas logo depois aceitou que eu era seu verdadeiro pai, e não tocou nesse assunto até hoje.
- Meu bebê está ficando adulto de verdade. - Aperto sua bochecha.
- Bebê não pai. - Ele faz uma careta.
Quem me vê sério, não imagina o quanto fico idiota quando estou com meu filho. Esse garoto me faz me sentir mais humano, e amolece meu coração de uma forma que não consigo explicar.
- Estou mentindo? - Pergunto. - Para mim ainda é um bebezinho.
- Jamais me chame assim perto da Lisa. - Ele pede.
- Por que não?
- É constrangedor.
- Tudo bem. - Levanto as mãos em sinal de rendição. - Não te chamarei de bebê.
- Sério?
- Não chamarei perto de outras pessoas. - Sorrio abertamente. - Quando estivermos só nós dois terá que escutar eu te chamando de bebezinho.
Justin cruza os braços e faz um bico carrancudo.
- Isso não é justo.
Apesar de já estar quase entrando na pré-adolescência, para mim ainda é o garotinho que me apaixonei assim que o peguei no meu colo.
- Não tinha uma reunião para ir? - Ele pergunta mudando de assunto.
- Foi adiada. - Falo.
- O que aconteceu?
- A mãe do empresário que eu iria me encontrar começou a passar mal, então ele teve que ir embora.
Minha falta de sorte foi grande, pois quando recebi a notícia já estava praticamente na metade do caminho, então tive que retornar para casa.
Meu celular toca, então o pego no bolso da calça e atendo a ligação.
- Oi Jared.
- Oi Vincent. - Me responde. - Tudo bem?
- Sim. - Digo. - E com você?
- Estou bem. - Ele responde. - Liguei para avisar que a reunião com o Julius foi marcado para essa semana.
- Mande os horários para Lisa.
Nos falamos mais algum tempo, e quando finalizo a ligação, decido ligar para Lisa.
- Está ligando para Lisa? - Justin pergunta.
- Sim. - Reviro os olhos. - Só me faltava essa, meu filho me trocando por minha secretaria.
- Quero falar com ela. - Ele pede.
- Está dando ocupado.
Desisto de ligar para ela, e decido que a melhor forma de pedir perdão será pessoalmante, então deixo para fazer isso amanhã no trabalho.
Provavelmente Lisa não ficará nem um pouco feliz por ter que viajar comigo para a reunião. Talvez seja a chance que eu precise para me redimir dos meus erros.
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