Capítulo 34
- Deixa eu ver se entendi direito. - Minha mãe se cala por alguns segundos. - Heitor é seu meio-irmão?
- Sim. - Confirmo com a cabeça.
- Tem certeza? - Emília pergunta.
- Fiz um teste de DNA com o cabelo que arranquei dele, e como eu já suspeitava somos irmãos.
Decidi fazer o teste depois que Alex me falou que Heitor poderia estar mentindo, mas eu fiz apenas para deixá-lo despreocupado, porque já tinha certeza que éramos irmãos.
Nunca havia percebido antes, mas comecei a reparar em Heitor e ele se parece muito com meu pai.
- Uau. - Emi diz surpresa. - Nunca imaginei que vocês poderiam ser irmãos.
- Muito menos eu. - Assumo. - Mas tenho que assumir que gostei de saber disso.
Com toda certeza estou feliz por ter mais um irmão, mas não me sinto nem um pouco contente com o que meu pai fez.
Foi muita covardia dele pedir para Heitor não falar nada sobre ser seu filho. Não sei se teria a mesma calma que Heitor se caso isso acontecesse comigo, pois com toda certeza eu ficaria muito magoada.
- Não duvido nada que John não tenha mais alguns filhos perdidos pelo mundo. - Mamãe fala.
- Mãe...
- Estou falando sério Nina. - Ela me corta. - Acha mesmo que ele se manteve fiel a mim a vida toda? Nem quando dizia me amar seu pai se manteve fiel, muito menos depois do fracasso do nosso casamento, então não fique surpresa se por acaso aparecer outro irmão.
- A senhora tem razão. - Suspiro alto.
Com toda certeza teria ainda mais problemas para resolver, então descobrir apenas o Heitor já é o suficiente.
Heitor não quer, mas eu acho que seria interessante tê-lo ao meu lado na empresa. Ele é um homem perspicaz e sabe fazer negócios apesar dos seus nem sempre serem limpos, então eu acho que Heitor seria uma ajuda excelente.
Por mais que eu tenha tentado convencê-lo, infelizmente ele deixou bem claro que não está interessado em trabalhar na empresa, então não irei insistir nesse assunto por algum tempo.
Ainda não desisti de tê-lo ao meu lado, mas por enquanto ficarei em silêncio. Farei tudo que tiver ao meu alcance para trazer Heitor para o lado da luz leve o tempo que precisar.
Acho que é apenas questão de tempo até ele se dar conta que ainda pode mudar se quiser. Tenho em mente que não será nada fácil para ele, mas se eu apoiá-lo, talvez ajude de alguma forma.
- Você sabe que pode ser perigoso se envolver com ele não é mesmo? - Emília pergunta.
- Eu sei, mas estou disposta a correr esse risco.
- Pense bem querida. - Minha mãe fala.
- Mamãe tem razão, talvez seja melhor ficar longe dele. - Emília me olha preocupada.
- Não serei como meu pai. - Nego com a cabeça. - Não tenho intenção alguma de esconder o fato de sermos irmãos apenas para me proteger.
Meu pai fez isso, mas eu não pretendo fazer o mesmo que ele. Sou a única família que Heitor tem, então não quero que ele se sinta rejeitado, na verdade quero que ele saiba como é ser amado.
Apesar de sempre estar cercado por pessoas, tenho certeza que ele é uma pessoa solitária. Quero que meu irmão faça parte da minha vida de agora em diante, quero que ele esteja presente em todas as ocasiões especiais, quero que Heitor sinta como é ter uma família grande e barulhenta, e quero que saiba que apesar de saber que somos irmãos a pouco tempo, estarei ao seu lado sempre que precisar.
Sei que não posso fazer muito por ele, mas posso amá-lo, e posso incentivá-lo a ser uma pessoa melhor.
- Não pense que estou dizendo isso porque me sinto traída por seu pai, só tenho medo do que poderá acontecer com você.
- Eu sei mãe, mas não se preocupe, eu ficarei bem. - Sorrio abertamente.
- Se já escolheu mantê-lo ao seu lado, então irei lhe apoiar. - Emília aperta meu ombro.
- Obrigada. - Agradeço.
Olho para o lado quando Alex, Mark e Joseph entram na cozinha conversando com animação.
- Já começaram a fazer o almoço? - Joseph pergunta.
- Não, estávamos conversando. - Mamãe fala.
- O quê?! - Mark grita. - O churrasco já está quase pronto.
- Vocês que são muito rápidos. - Mamãe dá de ombros.
- Onde estão as crianças? - Emília pergunta para Mark.
- Estão com a babá e Harry. - Ele responde.
Alex beija o topo da minha cabeça e em seguida puxa uma cadeira e se senta ao meu lado.
Ele pega minha mão por baixa da mesa e segura com firmeza enquanto sorri lindamente para mim, e nesse momento meu coração se acelera mais uma vez.
Me sinto a pessoa mais sortuda do mundo por ter uma família incrível, um marido que amo imensamente, e há poucos dias descobri que tenho um irmão.
Tudo ficará ainda melhor se eu conseguir reerguer a empresa, e trazer Heitor para me ajudar, só então poderei dizer que minha vida está perfeita.
- Acho que é melhor fazermos o almoço se não quisermos ficar com fome. - Joseph fala.
- Que ótima ideia. - Mamãe bate palmas com animação.
- É sempre nós que fazemos o almoço, então hoje seremos servidas. - Emília coloca as mãos atrás da cabeça.
- É melhor irmos para a sala e deixá-los sozinhos para não atrapalhá-los. - Mamãe se levanta rapidamente.
Emília faz o mesmo deixando Mark e Joseph boquiabertos e quando abrem a boca para dizerem algo, as duas saem correndo não deixando os dois falarem nada.
- Acha que é melhor eu ir também? - Cochicho para Alex.
- Não se preocupe amor, pode ir fazer compainha para as duas. Eu e os rapazes ficaremos responsáveis pela comida hoje.
- Obrigada. - Lhe dou um rápido beijo nos lábios.
- Acho que acabamos de deixar essas mulheres mal acostumadas. - Joseph olha em minha direção.
- Você deu a ideia, então não pode nos culpar. - Sorrio abertamente.
Me levanto rapidamente e saio da cozinha o mais depressa possível antes que eu tenha que fazer alguma coisa.
Ficamos conversando tão entretidas, que acabamos não vendo o tempo passar, mas por um lado foi bom, não ficaremos responsáveis pelo almoço hoje.
Mamãe quer que toda a família se reúna nos finais de semana em sua casa para almoçar pois quase não estávamos nos vendo.
Assumo que sou culpada por deixar meu trabalho interferir na minha vida pessoal. Ainda estou disposta a lutar para reerguer a empresa, mas decidi que minha família é mais importante que meu trabalho, então decidi passar mais tempo com eles.
Estava perdendo os momentos bons em família, mas ainda bem que percebi isso a tempo.
- Mãe?
- Sim?
- Posso chamar Heitor no próximo final de semana? - Me sento ao seu lado.
- É claro querida. - Ela sorri.
- Obrigada. - Agradeço.
- Você já escolheu ficar próxima a ele, então o faremos ser parte da família.
- Fiquei com medo de que não aceitasse. - Assumo.
- Não aceito as escolhas que ele fez na sua vida, mas também não tenho o direito de julgá-lo, então não tenho motivo algum para deixar seu irmão não participar das nossas reuniões familiares.
Fico feliz por minha mãe estar me apoiando mesmo que esteja com medo do que poderá acontecer futuramente, mas o que me interessa é o agora.
Não quero olhar para trás com arrependimentos, e sim com orgulho de mim mesma por ter sido uma boa irmã.
Não apoio as escolhas que Heitor fez, mas ele é meu irmão, então estou disposta a deixar minhas crenças de lado por amor a ele. Eu ser uma boa irmã não quer dizer que aceito que ele seja um criminoso e que eu não vá o repreender por isso.
Como uma boa irmã lhe darei bons conselhos, tentarei te guiar por um bom caminho, e no final das contas espero que ele seja capaz de deixar o mundo da criminalidade de lado e se torne um homem limpo e decente.
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