Capítulo III
Cᥲρίtᥙᥣo 3
Na manhã seguinte ao casamento...
Assim que abriu os olhos para o dia que se iniciava, o primeiro pensamento de Ian, fora questionar-se a razão de estar a dormir em um sofá e não na sua cama, comoda e confortável, com lençóis de seda egípcia a cobrirem seu corpo, todavia após alguns minutos sua mente clareou. Ele se havia casado no dia anterior, e sua querida esposa se havia recusado a dormir consigo e como se isso já não fosse o suficiente, ela o trancara do lado de fora do quarto, impedindo-o assim de aproximar-se do cómodo. Porém depois de sua mente ficar clara e seus sentidos totalmente despertos, a questão que não se queria calar, era: Como é que Alissa iria lidar com o facto de eles não terem consumado o casamento, quando chegasse o momento de as aias levarem o lençol para pendurarem-no a vista de todos que o quisessem ver?
Uma tradição idiota e que invadia a privacidade do casal, mas que fazia parte da cultura e tradições da Família Real fazia anos, razão pela qual não seria assim tão fácil livrar-se dela como estava certo de que a sua esposa achava que seria.
Ele levantou-se do sofá e seguiu até o seu antigo quarto, onde tomou um banho rápido, tendo em conta o facto de que não se podia demorar, caso contrário, o palácio inteiro tomaria conhecimento de que eles não haviam dormido juntos, não que isso já não fosse acontecer atendendo e considerando que o casamento não havia sido consumado, assim sendo... Não haveria sangue no lençol para provar a pureza da Princesa antes do casamento e nem lençol manchado para pendurar na fachada do Palácio para que o povo visse. Ou seja... Alissa estaria em maus lençóis naquela manhã.
Depois do banho e de se ter vestido, Ian regressou aos seus aposentos pronto para desfrutar do espectáculo que estava certo, de que a sua mais nova esposa iria proporcionar-lhe logo nas primeiras horas do dia. No momento em que ele estava a fechar o último botão da sua camisa, ouviu o som de alguém a bater na porta e não era preciso perguntar para que ele soubesse que eram as serviçais que estavam a ir buscar o lençol e as restantes cuidariam de Alissa.
Ele abriu a porta, tendo as mulheres feito uma vénia antes que Ian lhes permitisse a entrada, e então elas seguiram até a porta do quarto, sendo que a primeira coisa que as mesmas notaram, fora o facto de a porta estar trancada. Um sorriso adornara os lábios de Ian e deu de ombros no momento em que elas para ele olharam intrigadas. Ele sentia-se como uma criança por estar tão ansioso e até mesmo entusiasmado por ver Alissa cair com a cara no chão depois de o ter rejeitado na noite passada. Se ele estava a ser infantil? Provavelmente, contudo, não estava habituado que o rejeitassem, ainda mais por uma mulher com tão pouca experiência na área amorosa e do prazer como Alissa. Portanto, sim. Ele queria que ela estivesse metida em sarilhos por se achar tão autossuficiente e desafiá-lo sempre que encontrava uma brecha para tal.
O som da chave a destrancar a porta soou, e a mais nova integrante da família Parrik abriu-a surgindo pela mesma com um roupão de seda a cobrir o seu corpo e os cabelos desalinhados, porém o que realmente chamara a sua atenção, fora não só o facto de uma marca arroxeada estar a espreitar pelo seu roupão, mais precisamente na sua clavícula, que dava a entender que algo tinha acontecido entre eles, na noite anterior, quando na verdade, ela sequer o deixara tocar-lhe, mas também o de, do local onde estava parado ele poder ver a cama desfeita e uma pequena mancha vermelha destacar-se em meios aos lençóis brancos. Ian virara-se para Alissa e fora então que a ficha do jovem Parrik caiu e seu sorriso desapareceu. Ela havia encontrado um modo de dar a volta por cima a situação e sair a vencer.
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P.O.V de Alissa
Palácio de Limes – Aposentos do Príncipe Ian e Princesa Alissa
Alissa acordou com raios de sol a bainhar sua pele, alias... acordar seria uma figura de estilo, pois a jovem mal conseguira dormir na noite anterior devido ao tanto que pensava e estava preocupada com sua actual situação. Sendo que em meio a ausência do seu sono, este que parecia ter decidido tirar férias, ela analisara cada canto do quarto prestando a cada detalhe do mesmo. Seu novo quarto, correcção, o novo quarto que iria partilhar com Ian possuía papéis de parede em diferentes tons de azul e branco e alguns desenhos em preto, e tal como a mobília da sala de estar, a mobília do quarto era toda ela feita em madeira maciça, porém com papel decorativo branco. Ela também descobrira que das três portas que ali havia, uma levava ao closet, outra a casa de banho, e a última a varanda, sendo que os dois primeiros cómodos citados, estavam devidamente decorados e organizados como cómodos que por um casal seria dividido, estava tudo aos pares e com cores que deixavam claro o que era de quem.
Ela piscara algumas vezes para habituar-se a claridade do comodo e então virou-se para o criado mudo, onde estava um relógio que marcava oito horas e três minutos da manhã. Mal vira as horas, Alissa levantou-se da cama e seguiu até a casa de banho, a qualquer momento iria alguém para o quarto com o intuito de ir buscar os lençóis manchados e ter a confirmação de que seu casamento havia sido consumado, algo que definitivamente não havia. Um suspiro deixara os lábios de Alissa, enquanto ela olhava para sua figura diante do espelho, ela precisava de algo credível que demonstrasse que realmente havia tido uma noite intensa de prazer com Ian e só o lençol manchado não lhe parecia suficiente quando seu corpo continuava imaculado e sua pele sem nada que remetesse a noite anterior. Seu olhar direccionara-se a cama, talvez o lençol fosse o suficiente, não?
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Flashback On:
«- Ei! Calma aí garanhão – disse Alissa. – Eu não vou dormir contigo, se é isso o que tu estás a pensar fazer.
- Como não? É suposto consumarmos o casamento – apontou Ian com a expressão ligeiramente incrédula.
- O quê? Isto? Tu chamas isto o que temos de casamento? – questionou Alissa. – Ambos sabemos que isto não passa de uma formalidade, e por quê é que eu quereria ter relações contigo?
Ian franziu o cenho e sua expressão tornara-se ainda mais surpresa.
- Eh... Quem é que não quereria?
- Ok, vamos estipular algumas regras de convivência entre nós... – começou Alissa. – Primeiro, não me compares com os teus casos passados, pois caso ainda não te tenhas dado conta disso, eu não sou que nem eles!
- Certo – concordou Ian. – Então como é que é suposto nós darmos herdeiros a coroa?
- Antes de preocupares-te em dar herdeiros a coroa, devias preocupar-te em tornar o nosso casamento em algo real, talvez?!
- Tu só podes estar a gozar.
- Não, eu não estou Príncipe Ian. Simplesmente, não me parece certo e vai contra os meus princípios, entregar-me a alguém que pretende usar-me apenas como um objecto ou uma peça de decoração.
- Então o que é que esperas? – perguntou Ian com a expressão cínica. – Que eu apareça um dia e confesse o meu amor por ti?
- Não – respondeu com firmeza. – Mas que me respeites, se não como a tua esposa, que seja como a mulher com quem irás passar um bom tempo.
- Alissa...
- Eu não te estou a pedir que me ames, Ian. Nem nunca o faria, todavia, o único que te peço é que me respeites e não me confundas com as mulheres com quem ias para cama antes.
- Alissa, por favor! – exclamou Ian. – Então ao teu ver, eu vejo-te como as mulheres com quem ia a cama antes? – inquiriu e revirou os olhos. – Achas mesmo que eu me teria casado contigo se achasse que és que nem elas?
- Essa é uma decisão que eu estou certa de que não te cabia a ti decidir, pois visto que ambos não suportamos um ao outro, por que é que quererias tu casar-te comigo?
- Em verdade, começo... – sussurrou Ian, porém ela não pôde ouvir.
- O quê?
- Tu é que sabes! – dissera Ian por fim. – A mim não me faz a mínima diferença se queres ou não consumar o casamento, se decides-te por dormir ou não comigo... Cabe a ti decidir. Resta apenas saber como é que pretendes lidar com as serviçais amanhã pela manhã, quando as mesmas virem cá ter e estarem a espera de obter um lençol manchado.
- Lençol manchado? – perguntou Alissa confusa, não entendia onde é que Ian queria chegar com aquela conversa. E sinceramente, ela só queria poder ir para a cama e dormir profundamente, tal como não fazia havia dias.
- Ah! Vê-se mesmo que não estás a par das tradições do teu país, ficaste tanto tempo fora que acabaste por esquecer as tuas raízes – afirmou Ian como se fosse uma cobra a destilar o seu veneno.
Alissa respirou fundo e passou a mão pelos fios negros, ela estava demasiado cansada para lidar com aquilo.
- Podias ir directo ao ponto?
- Os casamentos em Limerance possuem tradições diferentes da maior parte dos países do Ocidente, e os Casamentos Reais ainda mais, tradições as quais algumas caíram em desuso, e outras nem por isso e o caso de uma dessas últimas, é o "ritual" que está em volta ao casamento, a consumação e a pureza da noiva antes do casamento.
- Troca isso em quinhentas por favor... – pediu Alissa.
- Amanhã, espera-se que o lençol da nossa cama esteja manchado...
- Manchado?
- Sim, manchado.
- Espera, o que tu estás a dizer-me é que existe um ritual que entre aspas assegura-se que eu não só seja virgem antes do casamento, como também que como prova da minha "pureza" com o lençol manchado pelo meu sangue, aquando do rompimento do hímen no momento da consumação do casamento? É isso?
- Exactamente.
- O quê? – perguntou Alissa com os olhos arregalados. – Isso é um ultraje!
- Isso é a tradição – rebateu Ian e sentou-se no sofá. – E essa nem é a pior parte.
- Tem algo pior que isso?
- Eles vão expor o lençol de frente ao Palácio durante todo o dia de amanhã, para que toda a gente que o queira ver, assim o faça.
- Isso é uma loucura! – afirmou Alissa indignada.
- Talvez, mas é assim que a tradição manda que seja feito – respondeu Ian descontraído, como se levasse toda aquela situação na esportiva, e para dizer a verdade, talvez ele o fizesse.
- Isso é uma invasão a privacidade do casal... é ultrajante! E chega até mesmo a ser repugnante.
- É o que o manda tradição, Alissa – declarou Ian e levantou-se caminhando até ela. – E a menos que queiras começar com o pé esquerdo no teu primeiro dia como Princesa, sugiro-te que repenses nas tuas decisões.
- Eu. Não. Vou. Passar. A. Noite. Contigo, Ian – asseverou pausadamente, entredentes.
Um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Ian e dando de ombros, ele afastou-se de Alissa.
- Então boa sorte a tentar sobreviver ao teu primeiro dia no Palácio de Limes, pois lembra-te, não só a corte e a nobreza inteira está a espera de ver o lençol, mas também o povo inteiro de Limerance e se eles não o virem, automaticamente irão tirar conclusões e pensar que não só não eras virgem antes do casamento, como também que não estás apta para ser a Princesa e futuramente a Rainha que irá reinar do meu lado – declarou Ian. – Sê bem-vinda a realeza, Princesa Alissa Marie Parrik.
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Alissa mordeu seu lábio inferior enquanto seus pés a faziam andar de um lado para o outro no quarto que em diferentes tons de azul e branco estava decorado, sua mente divagava sobre a palavras de Ian e ela tentava encontrar uma solução para o seu dilema, que não envolvesse dormir com Ian, e nem ser alvo dos abutres que eram os nobres da corte de Limerance quando assim o desejam. Seus dedos longos correram pelos seus fios negros como o carvão, que ainda estavam presos a falsa trança grega que havia feito naquela amanhã. Se sua mente não surgisse com uma solução naquele exacto momento, ela teria imensos problemas com os quais lidar na manhã seguinte.
Colocando-se em posição de cócoras, Alissa levara as mãos a testa e enfiara as falanges em seus fios da cor do carvão desfazendo ainda mais o penteado outrora feito para o seu casamento, ela coçara o couro cabeludo e soltara um grunhido contido, seu olhar dirigira-se a casa de banho e então um objecto pareceu iluminar-se e uma ideia lhe surgira. Prontamente, a morena levantara-se e seguira até casa de banho, e pegara na lâmina de barbear que estava disposta sobre a pia ainda selada, pelo que via Ian era um homem que preferia barbear-se a moda antiga e usar uma navalha, ao invés dos meios convencionais e mais práticos que a maior parte das pessoas usavam nos dias actuais, e ela nunca pensou que descobrir tal facto a deixaria tão feliz quanto o fizera naquele momento.
A jovem pegara no objecto e cuidadosamente, abrira-o. Sentada sobre a cama de lençóis egípcios, Alissa fez um corte preciso em linha recta, no entanto pouco profundo no interior de sua coxa e de imediato, o líquido carmesim dele começou a jorrar manchando o lençol, tal como a tradição mandava, e seu hímen continuou intacto.
Flashback Off...
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Um arrepio percorreu o corpo de Alissa ao recordar-se do corte que fizera na noite passada, sua coxa ainda doía e o corte ainda estava demasiado recente para que ela sentisse sua pele fisgar sempre que uma coxa roçava na outra.
Alissa pegara na sua necessaire, dado que suas coisas haviam sido levadas para o Palácio com antecedência garantindo assim que ela tivesse ao seu encalço tudo o que precisasse depois do casamento, o que ela agradecera imensamente. De frente ao espelho, a mais nova integrante da família Parrik, pegou nos materiais necessários e começou a fazer uma pequena marca arroxeada em sua clavícula e mais tarde, outra em seu pescoço, como se tivesse sido Ian quem a marcara durante a noite. Ela nunca ficara tão grata por sua prima a ter forçado a participar de aulas de maquiagem para Halloween, quando estava em Londres como naquele momento, em circunstância alguma achara que as mesmas a dariam tanto jeito como o faziam naquela situação.
No exacto momento em que ela terminava de maquiar seu pescoço, o som de alguém a bater na porta soou e ela soube que era o momento de ver se todo o seu esforço havia valido a pena. Alissa respirou fundo, fechou seu roupão de maneira desajeitada e deixou seu cabelo desalinhado, e só então seguiu até a porta, abrindo a mesma.
O olhar confuso e o semblante espantado de Ian era uma imagem impagável, e com certeza se a jovem Jory tivesse uma câmara para registar o momento, ela sem dúvida o faria. Provavelmente, ele estava a espera de encontrar o lençol da cor branca, imaculado e sem evidência alguma de uma noite de sexo, que nunca acontecera.
Bem, pelo menos desta vez...
Ela havia vencido a batalha. Restava saber se o resultado seria igual perante a guerra.
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Olá Príncipes e Princesas!!!
Quem voltou com um capítulo novo?!
Isso mesmo! Aqui a Nai. Rsrsrs
Mas e então? O que é que acharam do capítulo? Gostaram do mesmo?
Kaboom!!!
O Ian não estava a espera desta. E isso com certeza foi um grande choque para seu ego masculino e de Príncipe-Regente de Limerance.
Pensam que a Alissa foi muito radical ou se estivessem em seu lugar, fariam exactamente o mesmo?
Comentem tanto quanto puderem, a sério, eu amo ler os vossos comentários e saber o que pensam a respeito da história, lê-los faz-me bem e melhora imenso o meu dia, sem contar que isso deixa-me a saber as vossas opiniões.
Beijos e abraços bem gostosos para vocês.
Até breve, até lá não se esqueçam de cuidarem-se e alimentarem-se como deve ser.
Atenciosamente,
Naira Tamo.
24.07.2019
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