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Capítulo 40

"Não há nada mais doloroso do que perceber que você tem medo de algo que nunca imaginou que pudesse acontecer." 

- A Menina que Roubava Livros.

Pov Cassie

O vento frio da manhã toca minha pele enquanto espero do lado de fora de casa. Ariel está ao meu lado, segurando minha mão, balançando de um lado para o outro, animada para o passeio com Emma. Sorrio ao vê-la tão feliz. Cada momento ao lado dela é um presente que faço questão de proteger.

— Mamãe, a cinderela ainda vai demorar? - Ariel desde que descobriu que Emma já fez um papel de cinderela ficou encantada, e agora só chamar ela assim. 

— Ela já deve estar chegando, meu amor — digo, apertando sua mão.

Olho para a rua deserta, esperando ver o carro de Emma dobrar a esquina a qualquer momento. Mas, ao invés disso, o som de um motor diferente invade meus ouvidos. Meu coração dispara quando reconheço o carro preto que se aproxima. Meu corpo trava. Não pode ser.

O carro para bruscamente em frente à nossa casa, e antes que eu possa reagir, as portas se abrem. Meu estômago se revira ao ver minha mãe sair do banco do passageiro, e logo atrás dela, o homem que me assombra há anos.

Minha mãe sorri, mas é um sorriso vazio, cruel. Seu olhar desliza de mim para Ariel, e sinto minha garganta fechar. Não. Não pode ser.

— Olha só, Cassie. Quanto tempo. — O homem que me atormentou por anos começou a rir

Instintivamente, dou um passo para trás, puxando Ariel para mais perto de mim. Meu coração bate tão forte que parece ecoar em meus ouvidos.

— O que vocês estão fazendo aqui? — minha voz sai mais firme do que eu esperava.

Minha mãe suspira e lança um olhar ao homem ao seu lado. Meu padrasto então abre seu casaco e puxa uma arma. Meu sangue gela.

— Sejam boazinhas e entrem no carro — ele diz, como se estivesse pedindo algo simples.

Sinto Ariel apertar minha mão com força, e sei que ela percebeu o perigo. Meu peito sobe e desce rapidamente, meu corpo inteiro grita para que eu proteja minha filha.

— Por favor, não façam isso — minha voz falha, mas meu olhar permanece fixo nos deles.

— Entre no carro agora, ou ela morre — meu padrasto levanta a arma, apontando diretamente para Ariel.

Meu mundo para. Sinto meu coração parar por um segundo, depois voltar a bater em um ritmo frenético. Minha respiração se torna irregular. Meu bebê. Minha bebê. Eu daria minha vida por ela.

Engulo em seco e levanto as mãos lentamente, mostrando que não vou resistir.

— Tudo bem. Só... não machuquem ela. — Minha voz é um sussurro trêmulo. — Vocês não precisam dela, pode me levar, mas deixe só ela entrar em casa

Ariel me olha com os olhos arregalados e cheios de medo, mas eu aperto sua mão, tentando passar uma segurança que não sinto. A única coisa que posso fazer agora é protegê-la, custe o que custar.

— Você não achou que viemos por você, ou achou? Você não vale nada, queremos ela, então entra agora no carro as duas, ou levo ela sozinha — ele aponta a arma novamente pra minha filha e não tenho escolhas.

Ele sorri novamente, satisfeito.

— Boa garota. Agora, entrem.

Seguro Ariel firme contra mim e dou o primeiro passo em direção ao carro, sabendo que estou prestes a entrar no inferno de onde passei anos tentando fugir.

O medo se espalha pelo meu corpo como veneno enquanto obedeço, segurando a mão trêmula de Ariel. Os dois nos apressam para dentro do carro, e eu tento manter a calma por ela, que está assustada demais para falar.

O carro segue por ruas escuras e conhecidas demais. Meu coração aperta quando percebo para onde estamos indo. A antiga casa. O lugar onde passei os piores momentos da minha vida. O lugar de onde jurei nunca mais voltar.

— Porque estão fazendo isso, e como souberam da Ariel?

Poucas pessoas sabem que tenho uma filha. Eu escondi ela justamente para protegê-la, mas errei em voltar para Londres, eu sabia que isso não iria dar certo, mesmo assim ainda vim,

— Da mesma forma que eu soube do seu namoradinho. Você não perdeu tempo mesmo, tentou dar o golpe do baú em um, não conseguiu foi para o outro — do que ele esta falando? — Tenho que admitir, você se saiu bem, conseguiu que sua filha fosse herdeira de uma fortuna.

Já entendi completamente o que eles estão querendo.

— Do que você está falando? O pai dela morreu há anos.

— Não tente me enganar bonitinha, eu sei que o pai dela é herdeiro daquela revista famosa. Eu sei de tudo da sua vida.

Sinto meu celular vibrando e lembro que instalei o sistema onde consigo enviar minha localização para meus contatos de emergência. Faço isso rezando para o Harry receber, ele é a única pessoa que pode nos ajudar agora.

— Pra quem você está ligando — Rick toma o celular das minhas mãos e joga na rua.

— Mamãe, o que tá acontecendo.

— Oi meu amor, não se preocupe, tá? A mamãe vai resolver.

— Ela parece com você — minha mãe finalmente fala alguma coisa. Faz tanto tempo que não a vejo, quando a vi pela última vez ela já estava com aspecto ruim, agora tá bem pior, com certeza as drogas e a bebida já fizeram um efeito bem negativo. Éramos bem parecidas, seus cabelos são ruivos, que vão até o seu quadril, mas estão ressecados e precisando de um corte, seus olhos são azuis igual aos meus.

Quando paramos na frente daquela casa, um calafrio percorre minha espinha.  Ele sai do carro primeiro, puxando Ariel à força. Meu instinto materno grita, mas minha mãe me segura pelo braço, cravando as unhas na minha pele.

— Não tente nada — ela diz entre dentes. — Se fizer qualquer besteira, a culpa será sua.

Com os olhos marejados, vejo minha bebê ser arrastada para dentro da casa, seu corpinho pequeno se contorcendo de medo. Eu me solto da minha mãe e corro atrás dela, mas antes mesmo de alcançar Ariel, sinto um golpe forte no rosto que me faz cair no chão.

— Você acha que pode fugir de nós? — Ele cospe as palavras enquanto me encara de cima. — Acha que pode nos envergonhar e depois seguir com sua vida perfeita?

Minha mãe cruza os braços, com aquele olhar de superioridade que me dava calafrios na infância.

— Você nos deve muito, Cassie. Depois de tudo o que fizemos por você... E olha só como nos retribui. Fugindo, levando nossa neta e fingindo que somos monstros.

— Porque vocês são! — minha voz sai mais forte do que eu esperava. — Vocês me machucaram, me humilharam, me trataram pior do que um animal! Eu nunca vou deixar Ariel perto de vocês, nunca!

Outro golpe. Rick me puxa pelos cabelos, me fazendo gritar. Ariel chora no canto da sala, encolhida, os olhos arregalados de pavor. Meu coração se parte em mil pedaços. Não posso deixar ela ver isso, não posso deixar ela passar pelo que passei.

— Por favor... — minha voz sai fraca, os olhos marejados. — Não machuquem ela... Eu faço o que vocês quiserem, mas não toquem nela.

Ele sorri, satisfeito com minha súplica. Ele se aproxima e segura meu rosto com força.

— Finalmente entendeu o seu lugar. Você não vale nada sem nós. Você não passa de uma garota ingrata e egoísta.

Eu respiro fundo, ignorando a dor, ignorando tudo. Preciso pensar em um jeito de tirar Ariel daqui. Preciso ser forte por ela. Mas, naquele momento, quando vejo o olhar aterrorizado da minha filha, percebo que talvez essa seja a luta mais difícil da minha vida.

Alguém abre a porta atrás de mim, por alguns segundos tive um pouco de esperança ao ver o homem familiar a minha frente, mas logo ela some, quando percebo que ele não é o que pensei.

— Tony o que..... - paro de falar quando ele se joga no sofá. Espera, eles estão trabalhando juntos? Então foi ele que contou da Ariel pra eles?

Eu conheço o Tony desde que fui para Londres pela primeira vez, eu levava café pra ele me deixar treinar mais cedo, como ele teve coragem de fazer isso comigo.

— Como você pode? — digo indignada.

— Desculpa Cassie, não é nada contra você, mas eu preciso de uma grana, não aguento mais aqueles idiotas.

— Eu não tenho dinheiro — digo.

— Mas o papai dessa garota tem — Rick grita vindo pra cima de mim.

— Tudo bem, eu arrumo o dinheiro, só deixa a gente ir embora e prometo que mando tudo que vocês quiserem.

— Você não acha que sou idiota, ou acha? — ele grita e a Ariel começa a chorar — faz essa pirralha calar a boca ou eu faço — ele vem pra cima da gente novamente, mas fico no meio.

— Eu juro que te mato se tocar nela — eu não sei de onde tirei forças para enfrenta-lo, mas não vou deixar eles a machucarem.

— Melhor acreditar nela viu, não tem como confiar em uma assassina — eles começam a rir e mais lembranças começam a surgir daquela noite, eles estavam lá. — ela sabe bem como enviar uma faca na cabeça de alguém.

Eu achei que aquelas lembranças eram da hora que Henry e eu os vimos antes de ir para o treino, mas não, eles estavam na pista, agora eu tenho certeza.

— Espera, como você sabe disso? — o questiono.

— Eu vi os vídeos várias vezes, confesso que você me surpreendeu, não sabia que seria tão feio — do que ele está falando, no dia as câmeras estavam desligadas.

Olho para o Tony e tudo começou fazer sentindo, as câmeras nunca estiveram quebradas, foi ele que apagou as gravações naquele dia.

— Foram vocês.... — digo ainda sem acreditar, minha própria mãe ajudou a me incriminar — isso tudo a troco de que? Só queriam me prejudicar — lágrimas escorrem em meus olhos.

— Você não achou mesmo que aquele acidente foi um azar do destino, não é? Nós cuidamos para que aquele ringue estivesse frágil o suficiente. Queríamos que você perdesse, que ficasse em dívida, que voltasse rastejando para nós. Claro que não esperávamos que o garoto — ele faz um sinal como se tivesse atirando em sua cabeça com uma arma — você sabe — sua risada me ânsia — mas o destino foi melhor do que esperávamos.

Minha respiração trava. A verdade bate em mim com força, como uma onda devastadora.

— Vocês mataram Henry. — Minha voz falha enquanto a compreensão me atinge.

Rick revira os olhos.

— Uma pena que aquele garoto se meteu onde não devia. Mas sinceramente? Você também devia ter morrido.

O nojo, a dor e a raiva me dominam. Salto para cima dele, socando seu peito com toda a força que tenho, mas sou jogada para trás com um tapa forte no rosto. Meu corpo bate contra a parede e eu sinto o gosto do sangue na boca.

Ariel grita. Seu choro corta a sala como uma lâmina.

— Você mereceu, abandonou sua mãe, você é uma ingrata, demos tudo pra você e você fez o que? Foi embora, estava bem de vida com seu namoradinho rico.

— Me deram tudo? Eu passava fome, era agredida diariamente por vocês, você tentou me violenta diversas vezes e ela nunca fez NADA — grito a última parte.

Ele vem pra cima de mim e segura meu rosto com força.

— Isso é mentira, você que ficava me provocando sua vadia — ele me empurrar forte na parede me fazendo cair no chão.

— Mamãe — Ariel vem até mim chorando — eu estou com medo — abraço ela forte tentando tranquiliza-la.

— Tire elas daqui, antes que eu faça essa pirralha calar essa boca — ele grita e minha mãe nos leva até um dos quartos.

— Mãe, por favor, me ajuda. Pelo menos uma vez na vida, fica do meu lado — me ajoelho segurando sua mão — podem fazer o que quiser comigo, só ajuda a minha filha — começo a chorar.

Minha mãe me observa por um longo momento, seus olhos escurecendo com algo parecido com dúvida.

— Mãe... — Minha voz falha. — Por favor, eu nunca pedi nada para você. Eu não implorei quando você me deixou sozinha neste mundo. Eu não chorei quando você escolheu ele em vez de mim. Mas agora... agora eu estou implorando. Não faça isso com a Ariel.

Minha mãe hesita. Seu olhar oscila entre mim e Ariel, que soluça sem parar. Por um segundo, eu vejo algo diferente em seus olhos. Talvez um resquício de humanidade, um reflexo da mãe que poderia ter sido.

— Mãe, você ainda pode escolher. Ainda pode fazer algo certo. Me deixe aqui, mas leve Ariel para longe daqui.

— Eu não posso fazer nada, ele vai matar a nós três se fizemos alguma coisa. Ele vai soltar vocês, só precisam nós da dinheiro e vamos embora.

— Eu não tenho dinheiro, mãe. Nunca vão me ajudar, eles me odeiam.

— Eles odeiam a pessoa errada, você não fez nada, filha — olho pra ela esperando continuar — foi el.... — antes que ela possa falar, Rick invade o quarto e vai pra cima dela.

— O que você tá falando hein, você quer morrer junto com ela.

— Aí cara, tenha calma — Tony segura ele.

— Não se mete, eu sabia que não deveria confiar em você, que iria ficar do lado dela como sempre — ele joga minha mãe no chão, mas antes que consiga bater nela eu entro no meio dos dois e acabo levando um soco bem no meu olho.

Rick franze o cenho.

E antes que ele consiga me acertar novamente alguém puxa forte seu braço e começa a bater nele. Estou enxergando tudo embaçado.

Alguém me levanta, ainda estou tentando assimilar tudo, foi tão rápido.

— Vem comigo — Emma, é ela — vem princesa.

Harry está em cima do Rick, tem muito sangue. Minha cabeça continua girando, enquanto tentamos sair daquele lugar.

— Espera — digo — eu tenho que fazer uma coisa, leva a Ariel — peço a Emma e ela faz o que estou pedindo. Christian está segurando o Tony, enquanto o Harry ainda bate no Rick.

Eu preciso encontrar as gravações.

— Cadê — pergunto a minha mãe que está olhando para os dois assustada — me diz cada as gravações, por favor. Eu preciso ver.

Ela aponta para uma caixa de sapatos velha encima de um armário onde tem várias coisas dentro.

Christian consegue tirar o Harry de cima do Rick que está desacordado no chão. Tem vários carros de polícia chegando.

Estou sentada na ambulância, envolta em um lençol branco. Meus olhos estão cansados, mas cheios de alívio. Seguro minha filha firmemente em meus braços, sentindo a pequena cabeça dela repousando em meu ombro. Enquanto os paramédicos me examinam, mantenho o olhar fixo à distância. Vejo os três sendo algemados e levados pela polícia. A cena é caótica, com luzes vermelhas e azuis piscando e o som de sirenes ao fundo, mas, pela primeira vez em muito tempo, sinto-me segura.

Mesmo longe eu tinha pesadelos todos os dias com eles. Com o Rick tentando invadir meu quarto à noite. Sempre que estava longe da minha filha sentia medo deles a encontrarem e a levarem. Agora finalmente acabou, espero que eles fiquem lá por muito tempo.

— Aquela senhora pediu para te entregar isso — ela aponta para minha mãe que está entrando no carro da polícia.

É a caixa que estava tentando pegar, eu deixei cai e não consegui mais pegar com minha cabeça doendo. Abro a caixa e vejo algumas coisas minhas quando eu era bebê. Tem fotos da minha família antes do papai nós deixar, algumas minhas sozinha, um sapatinho, e alguns brinquedos. Mas no fundo tem um pen drive, é as gravações da noite do acidente do Henry.

— Oi — uma voz familiar diz ao se aproximar. É tão bom escutar ele — vocês estão bem? — olho pra ele que está todo ensanguentado — não é meu — ele entende minha pergunta só pelo olhar.

Ele tira sua camisa e veste o casaco no Christian. Ele segura ela nos braços e com o outro me abraça forte e me leva para o carro.

Emma e Christian já estão dentro, entramos atrás e ele fica nos abraçando forte o caminho todo. Era como se estivesse com medo de soltar e a gente fosse embora.

— Sua mãe ligou — Emma diz e meu coração dispara — ela está nos esperando em casa.

— Não, eu não vou — digo.

— Ei, calma. Não vai acontecer nada. Eu estou aqui, prometo que nada mais vai acontecer com vocês — ele beija minha testa, sinto uma lágrima escorrer em meu rosto.

Chegamos na casa dos pais dele. Esta igual a anos atrás quando vim aqui pela primeira vez com o Henry. Um lindo jardim na frente, com um balanço em uma árvore, a casa é grande e aconchegante. A porta abre e vejo eles saindo. Meu corpo paralisa, o Harry percebe e segura mais forte a minha mão.

A mulher elegante a minha frente se aproxima e abraça o filho, ela sorrir para Ariel e vem até mim. Se isso durar mais um pouco tenho certeza que meu coração vai explodir.

— Olá, você está bem? — ela toca levemente meu rosto e seu olhar é de tristeza, assinto pra ela e ela nos convida pra entrar. Ariel já fez amizade com o pai do Harry, ele falou que a Maya estava aqui, então ela correu com ele. Ela é apaixonada pela Maya.

— Mãe, precisamos tomar um banho, poderia ficar com a minha filha — quando ele diz isso os olhos dela brilharam e um pequeno sorriso se formou em seu rosto. Estamos passando pelo corredor quando avisto o quarto do Henry, ele é bem de frente a porta do Harry, lembro bem quando brinquei com ele, as portas ainda tem plaquinhas com os nomes dos dois e marcações da alturas de cada um nas portas. Passo a mão na porta dele lembrando daquele dia, eu estava tão nervosa quanto hoje, mas ele me acalmou e fez aquele dia ser um dos melhores da minha vida.

— Tudo bem? — assinto e entramos em seu quarto. Ele está impecável, tem uma cama bem no centro, uma mesa com alguns equipamentos eletrônicos, como máquina de escrever e algumas câmeras antigas. Vou passando pela grande prateleira e vejo vários troféus, medalhas, ele é tão incrível — vem comigo, precisamos tomar um banho — ele segura em minha mão e me leva até seu banheiro, ele me ajuda tirar minha roupa e faz a mesma com e dele. Olho no espelho e só então percebo que tenho alguns machucados no braço, na costela e no meu rosto.

Sentamos na banheira e ficamos relaxando por um longo tempo, eu precisava tanto disso.

— Eu tive tanto medo de perder vocês — Harry diz com a voz calma — nunca mais deixo vocês saírem de perto de mim — ele me abraça mais forte e beija minha cabeça.

— O que vai acontecer agora?

— Eu não sei, só sei que nunca mais você vai sair dos meus braços. — meus olhos lacrimejam.

— Mamãe... Mamaeeie - me assusto quando escuro batidas na porta, mas é apenas a Ariel — vamos comer, a vovó comprou sorvete — começamos a rir.

— Ela tá chamando a minha mãe de vovó — ele diz todo feliz.

— Já estamos indo, meu amor. — levantamos e visto uma calça e uma camisa moletom do Harry.

Ela já tomou banho e está usando um lindo pijama de sereia. Em alguns minutos eles já conseguiram mima minha filha. Jantamos e foi muito engraçado, por alguns momentos parecíamos apenas uma família normal jantando a noite. Minha filha está tendo o que sempre quis, uma família enorme.

— Ela acabou de dormir — digo ao retornar para sala. Sento ao lado do Harry e pelo silêncio constrangedor, a hora mais temida é agora.

— Precisamos conversar — Pedro, o pai dele diz sério — eu sei que estão cansados e não vamos prolongar, primeiro queremos pedir desculpas pelo o que aconteceu, foi errado ter mandado você embora daquele jeito, não fazíamos ideia que estava grávida.

— Tecnicamente não estava — Harry cochichar e dou uma cotovelada em seu braço.

— Mas de toda forma foi errado, não podemos se meter na vida de vocês assim, só queríamos proteger nosso filho — dessa vez quem diz é a mãe dele — eu sinto muito que tenha passado por tudo sozinha.

— E agora pelo bem da nossa Ariel, vamos conviver em paz e deixar o passado para trás, ela já passou por muita coisa, vocês duas — sorrio aliviada, era tudo que sempre quis.

— Poderia me emprestar seu computador? — peço e ele vai até sua bancada e me entrega. Conecto o pen drive nele e tem vários vídeos com a data do acidente.

— O que é isso? — ele pergunta.

— Não era apenas coisa da minha cabeça, eles estavam lá. Foi o Tony que apagou a gravação.

Aperto o play no primeiro vídeo e é da gente ensaiando, logo depois a gente sai e espera. O que eles estão fazendo aí, o Rick tá colocando alguma coisa na pista, bem no local onde caímos.

— Eu deveria ter matado ele — Harry está aos prantos.

Coloco o último vídeo e é exatamente o momento da nossa queda — a porta se abre e os pais deles entram para saber o que está acontecendo — na nossa terceira pirueta passamos pelo local onde eles derramaram alguma coisa e o Henry desequilibra e me derruba, caiu no chão batendo forte minha cabeça, já o Henry bateu a cabeça na lateral da máquina de limpar o gelo, não é meu patins, eu estou desacordada longe dele, começo a chorar mais ainda, não por esta feliz de ter sido na máquina, mas de alívio por saber que não matei ele, não foi eu.

— Não fui eu — digo baixinho — não foi — sussurro segurando forte minha cabeça. Tantos anos me culpando, por achar que matei o homem que eu amava. Minha cabeça tá rodando, minha respiração tá falhando, não, agora não, de novo não.

Levanto cambaleando, preciso de ar. A última vez que tive um ataque de pânico foi quando descobri que estava grávida. Eu fiquei completamente desesperada, eu morava em uma casa velha, não tinha nada e ninguém para me ajudar. Então tive uma crise de pânico, mas tinha uma pessoa lá, o meu chefe ele viu minha situação e me ajudou, contei tudo pra ele que estava acontecendo na minha vida e ele não me julgou, não criticou, apenas me abraçou, as pessoas não fazem ideia, do quanto um abraço pode ajudar o outro, em algumas situações. Eu consegui me acalmar, eu consegui respirar novamente.

— Cassie — alguém grita ao meu lado e só então percebo que os três estão tentando me acalmar.

Pov Harry

Eu a vejo encarar a tela do computador, o rosto completamente imóvel, como se o mundo ao redor tivesse congelado. O vídeo continua, e eu percebo, no exato momento em que ela entende, que tudo vai mudar. A respiração dela começa a acelerar, os dedos apertam o aparelho com tanta força que seus dedos ficam brancos. Ela engasga, tentando puxar o ar, mas parece que não consegue.

— Ei...— Aproximo-me devagar, tentando alcançá-la, mas antes que eu consiga tocá-la, ela deixa o computador cair, as mãos tremendo, o olhar completamente perdido. Ela recua, como se estivesse fugindo de alguma coisa, os olhos arregalados, o peito subindo e descendo num ritmo frenético, e eu percebo que ela está entrando em pânico.

— Não... — Sua voz sai em um sussurro, quase um gemido. Ela coloca as mãos na cabeça, como se estivesse tentando bloquear o que acabou de ver, as lágrimas começam a escorrer pelo rosto, mas é como se ela nem se desse conta.

— Estou aqui. Respira, por favor, olha pra mim. — Tento me aproximar, minha voz baixa, tentando ancorá-la no presente, mas ela parece se afundar cada vez mais fundo. Sua respiração é tão curta e rápida que sinto o desespero crescer dentro de mim. Ela está se debatendo contra uma dor que parece querer sufocá-la, como se estivesse se afogando em algo que não consigo alcançar.

Finalmente, arrisco e seguro suas mãos, apertando-as firme. — Ei, estou aqui, tá bom? Você não está sozinha. Respira comigo. — Olho em seus olhos, mas é como se ela estivesse muito distante, perdida em um abismo de medo e dor.

— Foi... ela. Ela matou ele... — Sua voz sai trêmula, e eu vejo a incredulidade misturada ao horror nos olhos dela, uma expressão que me faz querer protegê-la de tudo, mesmo sabendo que não posso desfazer o que ela viu.

A cada segundo, eu a seguro com mais força, tentando transmitir alguma sensação de segurança. Sinto que tudo está desmoronando ao nosso redor, mas me recuso a soltar. Porque, mesmo em meio a essa devastação, não vou deixá-la sozinha.

— Cassie... Querida, olhe pra mim — minha mãe segura as mãos dela e olhe em seus olhos — conta até dez, respirando fundo.

Ela conseguiu se acalmar, ela chorar desesperadamente, finalmente conseguimos entender o que aconteceu, a verdade, a que foi escondida por tantos anos e destruiu a vida dela. Suas marcas, seus traumas nunca vão ser recuperados. Mas vou fazer de tudo pra tentar dá uma vida perfeita pra ela e nossa filha.

Entregamos as gravações para polícia e tanto eles dois quando o Tony, vão ser presos e julgados, por sequestro e assassinato. A justiça vai pagar uma indenização milionária para Cassie, por terem a prendido sem provas e sem a mínima chance de se defender.

Depois do acidente os três voltaram para o pista e viram a merda que tinham feito, então forjaram provas contra ela, afastaram eles do local, e colocou o patins dela perto da cabeça dele, para mostrar que foi isso, e não pela máquina que estava no local indivíduo. E eles apagaram as filmagens justamente para não sentem incriminados pelo assassinato de Henry Montgomery.

Cassie deita ao meu lado, o corpo ainda trêmulo pelo cansaço e pelos traumas da noite. Eu não conseguia soltar sua mão, como se, se eu a soltasse, ela pudesse desaparecer de novo. Passei os últimos dias em um desespero absoluto, sentindo que meu coração estava sendo esmagado pela incerteza, pelo medo de nunca mais vê-la, pelo terror de que algo pudesse acontecer com ela ou com Ariel.

Agora, tê-la aqui, em segurança, era como respirar depois de tanto tempo submerso. Deslizei minha mão suavemente pelo seu rosto, afastando um fio de cabelo sujo e sentindo a pele quente sob meus dedos. Ela virou o rosto, os olhos vermelhos e inchados encontrando os meus. Eu vi ali tudo o que sempre soube: Cassie era minha vida.

— Eu achei que tinha te perdido — minha voz saiu embargada, um sussurro doloroso. — Eu nunca senti tanto medo em toda a minha vida.

Ela fechou os olhos e fungou, segurando minha mão contra seu rosto.

— Eu pensei que não ia conseguir voltar para você... Achei que... — a voz dela falhou, e eu a puxei para mais perto, abraçando seu corpo contra o meu.

— Eu nunca mais quero passar por isso. Nunca mais, Cassie. Eu não sei o que faria se algo acontecesse com vocês — minha garganta apertou e senti as lágrimas queimando meus olhos. Eu não me importei em segurá-las. — Eu te amo. Eu te amo mais do que qualquer coisa nesse mundo. E eu preciso que você saiba disso, que nunca mais duvide, nunca mais ache que está sozinha.

Cassie engasgou em um soluço e me abraçou forte, os dedos se agarrando ao tecido da minha camisa como se temesse que eu fosse desaparecer.

— Eu também te amo — ela sussurrou contra meu peito. — Eu sempre amei, Harry. Eu tentei lutar contra isso, tentei fingir que não sentia... Mas eu não consigo. Você é tudo para mim.

Eu fechei os olhos, deixando que o alívio e a emoção me consumissem.

— Eu prometo que nunca mais vou deixar nada nem ninguém te machucar. Eu prometo que vamos ser felizes, Cassie. Eu e você... e a nossa filha. Vamos construir a vida que você sempre mereceu ter.

Ela levantou o rosto para me encarar, e nos seus olhos havia uma esperança misturada com medo.

— Você acha que a gente consegue? Depois de tudo o que aconteceu?

Eu segurei seu rosto com as duas mãos, os polegares acariciando suas bochechas.

— Eu não só acho. Eu sei. Porque eu vou lutar por você todos os dias. E nunca mais vamos nos perder.

Ela sorriu, um sorriso trêmulo, cheio de lágrimas, mas verdadeiro. E então, naquele momento, soube que nada mais importava. O amor que sentíamos um pelo outro sempre nos traria de volta para casa.

Ela suspira e se aconchega ainda mais em mim. Pela primeira vez em muito tempo, sinto que estamos exatamente onde deveríamos estar. E, com nossos corações batendo em sintonia, adormecemos juntos, envolvidos na certeza do nosso amor.

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