Capítulo 12
Ela me ouvia, e isso a fazia feliz de verdade!
- Jamie McGuire
Pov Harry
Eu estou demorando muito mais para esquecer, do que levei para me apegar. Eu me sinto um completo idiota. Estou com raiva, magoado por sentir essa sensação estranha sempre que estou perto dela e mesmo com todos os motivos para manter distância, continuo aqui. Era tão mais fácil quando eu a odiava.
Já estamos quase chegando em sua casa e não trocamos mais nenhuma palavra. Eu quero fazer tantas perguntas, mas não sei se as respostas vão ser verdadeiras, eu não sei se ela está apenas me usando, ou se ela realmente está sofrendo, igual todos nós.
— O que aconteceu naquela noite, eu não entendo você. Se o amava, porque fez aquilo, porque tirou ele da gente?
— Quer saber o que aconteceu? Ele morreu por minha culpa, se eu não estivesse lá, isso nunca teria acontecido, é o que precisa saber. Eu não vim aqui para te perseguir, o que mais quero é distância de todos que me fazem lembrar dele — seus lábios começam a tremer tentando segurar as lágrimas. Sua força não é a mesma de minutos atrás, é como se falar do Henry a destruísse pouco a pouco — olhar para você, é torturante. Tocar em você me causa o mesmo arrepio que eu sentia ao tocar nele e isso me deixa péssima, é tão errado — ela já não consegue mais segurar suas lágrimas.
Abro o vidro do carro para sentir um pouco de ar fresco, tentando me acalmar um pouco. Ela está olhando pela janela chorando. Paro o carro e ela não se mexe para sair. Vejo uma lágrima deslizar em seu rosto e odeio a parte de mim por querer enxugá-la, abraçá-la e a confortá-la em meus braços. Mas se continuamos assim, nunca vamos fazer o certo, que é se distanciar.
Então sei o que preciso fazer.
— Você tem razão, a vida dele deveria valer muito mais que isso — seu choro se mistura com um arquejo que parece repleto de anos de mágoa — faça um favor a todos nós — demoro um pouco para completar a frase — pegue suas coisas e volte para Brighton.
Ela abre a porta e sai do meu carro, é tão doloroso falar isso, mas é necessário, tenho que pensar na minha família e tirar essa mulher da minha cabeça.
Cassie me olha sem saber se deve se afastar, me responder, gritar. Ela apenas me olha com seus imensos olhos azuis que agora estão vermelhos devido às suas lágrimas.
— Adeus, Harry... — a dor pungente em sua voz me faz estremecer. Não respondo, apenas dou partida do meu carro.
Sigo dirigindo enquanto penso em um milhão de coisas que deveria ter dito, tantas perguntas que busco respostas há tantos anos.
Porque não fala como aconteceu, ela simplesmente se entregou, não quis ninguém para defendê-la, só aceitou tudo. Se ela o amava, então, por que fez isso com ele? Se fosse um acidente ela não teria se entregado.
Ou é tudo uma mentira?
E, porque depois de tudo, ainda quero abraçá-la?
🏒
— Não acredito que me convenceu a ir para Eastbourne, só para ficar em uma festa — falo.
— Não é apenas uma festa. Tem várias gatinhas gostosas e universitárias — ele só pensa nisso, em mulheres. Ainda não acredito que o Jack me convenceu a vir para uma festa em outra cidade.
— Você só queria um motorista, isso sim — não costumo beber, então eles se aproveitam para beber bastante e me deixar cuidando deles a noite toda.
Depois de duas horas de viagem finalmente chegamos. Mas logo me arrependo assim que entro no lugar e vejo lotado, com um cheiro horrível de bebidas. Eu sempre odiei essas coisas, lugares lotados e principalmente gente bêbada.
Pego uma garrafa de água e vou para o lado de fora para tentar respirar um pouco.
De longe avisto uma ruiva escorada no patamar da varanda e me aproximo. Antes que eu possa falar alguma coisa, ela se vira para mim e, ou ela está me perseguindo, ou é muita coincidência.
Depois da nossa discussão ontem à noite não falei mais com ela e não pretendia, mas o destino insiste em nos colocar no mesmo lugar. Quando que isso iria acontecer, estamos em outra cidade.
— Cassie....
— Harry — ela diz também sem acreditar. Não é possível.
— O que faz aqui? — Pergunto seco.
— Eu vim com o Luke, ele conhece algumas pessoas e me convidou. Mas já arrumou uma companhia melhor e me abandonou — ela sorrir irritada.
— Que péssimo amigo — rimos. — Cassie... — eu não sei exatamente o que iria falar, só me sinto horrível por como tudo acabou ontem, mas também não quero me desculpar e muito menos brigar com ela novamente — quer dançar?
— Não sei dançar.
— Também não, mas tenho certeza que fica pulando ali igual uns idiotas, é mais fácil que ser jogada para o alto com aqueles patins.
— Não acho, mas vamos tentar.
— Vamos fazer exatamente isso — vou falando exatamente o que vou fazer. Coloco minhas mãos em seus quadris — aí você meche os quadris de um lado para o outro.
Ela usa suas mãos para colocar em meu pescoço. Apoio minhas mãos em suas costas, a puxando para perto de mim. E começamos a dançar, vejo ela confusa sem saber muito o que fazer e eu confesso que não entendo como não sabe dançar se ela sabe fazer coisas muito piores patinando.
— É só me acompanhar — digo e ela concorda sorrindo.
Deslizo as mãos delicadamente até sua cintura a guiando para onde quero que ela se mova. Ela se tranquiliza um pouco após pegar o jeito. A puxo para mais perto e seus braços relaxam. Fecho meus olhos e sinto seu perfume incrível.
Afasto ela e a forço rodar — você é incrível Cassie. Quase uma bailarina profissional.
— É a minha primeira festa — estreito os olhos, ela não pode estar falando sério — eu não era convidada para muitas festas quando era mais nova e não tinha festas na pri.... — Ela para de falar quando percebe que está estragando o clima — não vamos falar sobre isso. Quero jogar aquele jogo — ela aponta para um pessoal jogando pong de mesa.
Fazia muito tempo que não me divertia tanto assim. Nem lembro qual foi a última festa que frequentei por realmente querer ir. Se ela não estivesse aqui, estaria agora entediado esperando o meu amigo se divertir o bastante para querer ir embora. Agora nem sei como vamos, porque perdi as contas de quantos copos de cerveja já bebemos e não podemos dirigir e eu não estou nem um pouco preocupado, muito menos afim que isso terminei.
— Quer sair daqui? — Pergunto, quando vejo que já bebemos suficiente.
Seguro na mão dela e vamos caminhando até meu carro. Pelo visto nossos amigos já arrumaram outras caronas, então não preciso me preocupar.
— Foi ótimo hoje. Melhor ainda foi poder ganhar de você — ela diz vitoriosa.
Não podemos voltar para casa, bebemos e não dirijo após ter bebido, então melhor arrumar algum lugar para ficar.
Eu não pretendia beber, por isso vim de carro, mas foi bom entrar na brincadeira.
— Acho que tem um hotel a alguns quarteirões daqui, podemos ir caminhando e amanhã de manhã vamos para casa.
— Não precisa, estou bem. Pode ir eu vou ver se o Luke já quer ir — olhamos para ele que está muito bem acompanhado e tenho certeza que não pretende ir embora tão cedo.
— Acho que ele não vai não — rimos. — Vem, não vou te deixar sozinha — visto um casaco e entrego outro a ela, está frio e não sei a hora que vamos conseguir um quarto.
Essa cidade é linda, ela é pequena, tem vários pontos turísticos. Sempre quis visitar, mas nunca tive a oportunidade, lembro que meu irmão falava muito daqui. Ao contrário de mim, o Henry amava viajar, festas, curtir sua vida. Eu sempre fui, mas quieto, só pensava em estudar, ser um grande jornalista investigativo. Por alguns momentos pensei até em fazer perícia criminal para conciliar meus trabalhos e pôde escrever sobre os casos.
— Aqui tem uns lugares bem legais para visitar, podemos ir no Eastbourne Pier, é pertinho daqui.
Ela assente e me acompanha. Vamos caminhando pelas ruas movimentadas de Eastbourne até chegar na praia. A arquitetura vitoriana à beira-mar, desse lugar é incrível e ainda oferece uma vista soberba da cidade e do Canal da Mancha.
— Que lugar lindo — ela diz encantada com tudo — deve ser incrível pegar um desses barcos e sair por esse mar, sem rumo, apenas parando em vários portos por aí, se divertir em pequenas cidades e depois voltar para ele e deixar tudo aquilo para trás e ficar apenas com as belas lembranças daquele dia.
— Você tem muita vontade de viajar né, sair pelo mundo sem deixar rastros - pergunto.
— Sim, não vejo a hora de conseguir um pouco de dinheiro e sair daqui.
— Você é a primeira pessoa que conheço que não gosta de Londres.
— Mas eu gosto, é uma das cidades mais lindas desse mundo e eu vim para ela buscar meus sonhos. Mas acho que ela não gostou muito de mim não, então eu vou para Portland.
— É uma pena que tenha que ir embora, vou sentir sua falta — sorrio e ficamos um pouco sem palavras. Acho que não deveria ter falado isso, é o melhor para todos, ela longe.
De repente minha pulsação acelera e um calor se espelha pelo meu corpo, faz muito tempo que não sinto isso. Talvez a bebida tenha ajudado, porque faz muito tempo que não sinto vontade de beijar ninguém, não como tenho vontade de beijar ela.
Passo a mão em sua nuca e abaixo minha cabeça, então estamos nos encarando e suavemente em um movimento involuntário levo minha boca até a sua.
Seus lábios eram suaves, sua boca era levemente doce e seu beijo. Seu beijo era perfeito.
— Não posso, desculpa — ela se afasta de mim e só então percebo o quanto estou ferrado. Eu acabei de beijar a única garota do mundo, que eu jamais poderia ficar junto.
— Desculpa, eu não deveria — ela assente — melhor procuramos um hotel.
Vamos caminhando pelo calçadão com um silêncio constrangedor entre nós, mas não quero que fique nesse clima estranho, nem sei o que está acontecendo entre a gente, mas espero que seja apenas pela bebida.
— Cassie — chamo ela — você acredita no amor? — Eu sempre me perguntei isso, sempre achei estranho todas as pessoas da minha idade já terem se apaixonado, casado, ou algo do tipo e eu nunca ter sentindo nada tão forte por alguém ao ponto de falar um eu te amo.
— Eu acredito, mas também acredito que não seja para todos — fico esperando ela continuar — eu acho que todos merecem ser amado pelo menos uma vez na vida, nem que seja por alguns minutos. Você conhece a história do sol e da lua? — Nego. — Diz uma lenda que o Sol e a Lua sempre foram apaixonados um pelo outro, mas nunca podiam ficar juntos, pois a Lua só nascia após o pôr do Sol. Sendo assim, Deus na sua bondade infinita criou o eclipse como prova que não existe no mundo um amor impossível...
— Nossa, é incrível, mas triste.
— É a prova que o amor existe, mas nem todos podem vive-los para sempre. Tipo nós dois, mesmo se quiséssemos, jamais poderíamos ficar juntos — sua afirmação me deixa triste, mas ela tem razão, mesmo se gostássemos um do outro, seria impossível, nunca aceitariam.
— Você já pôde sentir isso? — Ela pensa um pouco.
— Não, eu não sei o que é o amor. A pessoa mais próxima que demostrou um pouco de carinho por mim foi o Henry e eu não pude aproveitar muito, pois o universo resolveu tirar isso de mim, antes que eu pudesse sentir.
— Eu sinto muito. Eu nunca amei nenhuma garota, nunca tive um relacionamento sério. Mas eu sei bem o que é o amor, conheço o amor dos meus pais, meu pai é todo bobo pela minha mãe, queria que você visse e também presenciei o amor do meu irmão, ele me ligava todas as noites para falar o quanto sua garota é incrível, linda, meiga e ele a amava muito — um pequeno sorriso se forma em seu rosto misturado com algumas lágrimas de emoção — ele te amava Cassie, e você tem muita sorte, mesmo que por tão pouco tempo, você foi amada pelo cara mais incrível que eu já conheci — ela já não consegue mais se segurar e começa a chorar, mas pela primeira vez não é de tristeza, acho que é emoção, não sei bem explicar.
Abraço ela e deixo relaxar em meu ombro.
— Eu juro que nunca quis machucá-lo. Eu não sei o que aconteceu naquele dia, por isso nunca falei nada a ninguém, eu só percebi o que tinha acontecido no dia que o juiz deu minha sentença.
— Eu acredito em você — sou sincero. Eu vou descobrir o que aconteceu naquele dia e vou provar que não foi culpa dela.
Pode ter acontecido muitas coisas, até mesmo um acidente, coisa que não acredito, os dois tinham muita experiência, não acredito que foi um descuido e é muita coincidência as câmeras estarem desligadas mesmo na hora.
Eu vou fazer isso pelo meu irmão e pela Cassie, ela não merece passar por isso sem ser culpada.
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