4-A Sorte em meu Favor
A única certeza absoluta que eu tinha nesse momento era o de que queria essa mulher em minha cama. Me afasto lentamente dela, ainda consigo sentir seu perfume cítrico de cereja em meus sentidos, atiçando cada um dos músculos de meu corpo, ela sabia que era desejada, e era justamente isso que me atraia ainda mais a essa mulher exótica e sexy, o fato dela saber que era linda me fascinava como nunca antes. Vejo ela tentar se afastar lentamente, com o rosto vermelho de vergonha, mas antes que eu possa falar qualquer outra coisa, ouço passos pelo corredor, vindo em nossa direção, certamente minha mãe e meu pai que se aproximavam. A mulher olha para a porta como se pensasse na possibilidade de sair de fininho antes que ambos cheguem na sala, mas sei que não dará tempo, e agradeço aos céus por isso, dou um sorrisinho de canto e cruzo os braços, aguardando os próximos acontecimentos.
-Ah, olá querida. Por favor, sente-se. - diz mamãe ao se aproximar, caminhando em direção a mulher que continua paralisada no meio da sala.
Minha mãe, uma mulher que no auge dos seus 53 anos esbanjava saúde e beleza, usando um corte de cabelo chanel que combinava totalmente com seu estilo, sempre elegante e muito bem arrumada.
-Olá, bom dia. - a mulher parece finalmente ter encontrado a voz e notar a presença de minha mãe, que nem se quisesse poderia passar despercebida, em cima de seus saltos, por ser uma mulher baixa, definidamente combinava com ela. Minha mãe era o tipo de mulher que causava inveja até em jovens como a mulher a minha frente, apesar de saber com toda a certeza que ela não se intimidaria com a presença de minha mãe, tão pouco se sentiria diminuída, não sei como, mas eu tinha certeza desse fato.
-Por favor, sente-se. Parece que meu filho se esqueceu como se trata uma verdadeira dama. -censura minha mãe ao me lançar um olhar reprovador, apenas dou de ombros, como se tivesse apenas esquecido de fazer as honras da casa, quando na verdade estava ocupado demais apreciando as belas curvas da "dama".
-Obrigada. -agradece ela, acomodando-se no sofá. Mamãe senta-se na poltrona de frente para ela.
-E então querida, como você ficou sabendo da vaga? -pergunta minha mãe, começando o que parece ser uma entrevista. E então meu pai percebendo que estava sobrando toca meu ombro em um gesto que dizia claramente "vaza daqui", acompanhando sua deixa me retiro da sala, mas não antes de lançar um olhar sedutor para a mulher que me olhava com um misto de sentimentos que eu não saberia identificar, mas que certamente um dele era raiva, e esse era mais nítido que todos os outros, agora o verdadeiro motivo desse sentimento eu não saberia dizer com precisão.
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Logo após servir meu desjejum, sentado a mesa com meu pai, me sirvo de suco de goiaba, um de meus favoritos. Meu pai me olha parecendo incomodado com alguma coisa, e se eu tivesse que adivinhar, chutaria na curiosidade que ele estava sobre a mulher que se encontrava com minha mãe nesse momento.
- E então? - começa, como se fosse obvio o fato dele querer saber tudo a respeito dela, algo que eu não poderia dizer, pois tão pouco sabia.
-Então o quê? - me faço de desentendido, vendo quando meu pai ergue uma sobrancelha, como se tivesse lidando com algum idiota. Lanço um sorrisinho sacana em sua direção.
-Vamos moleque, desembuche, eu não tenho o dia todo. -diz ele parecendo perder o pouco da paciência que tinha. Meu pai é conhecido por seu temperamento forte, e não gostava nada quando era contrariado, coisa que raramente acontecia, provavelmente apenas minha mãe conseguia o contradizer, era justamente por isso que o casamento deles durava até hoje, ela era a única que sabia lidar verdadeiramente com o seu temperamento forte.
-Não tem muito o que dizer pai... -começo, sendo sincero. - Peguei uma carona noite passada com um senhor, que trouxe minha moto até a oficina da cidade, e essa garota estava no carro, certamente pegando uma carona também, eu sei tanto quanto o senhor sobre ela, sequer seu nome eu sei.
-Entendi...Deixe essa garota em paz me ouviu? - diz meu pai como se soubesse exatamente os pensamentos podres que trespassam minha mente em relação a ela.
-O quê? Ah não, relaxa pai, eu tenho coisas melhores para fazer. -respondo displicentemente.
-Aham, e eu nasci ontem claro. Até parece que não te conheço. -responde, estalando um tapa desnecessário em minha cabeça. -Tá avisado.
-Ai pai, qual seu problema? -reclamo inutilmente. Parece ser um dos hobbies favoritos do velho; estapear minha cabeça.
Ele levanta da mesa, não sem antes me lançar um olhar reprovador, sacudo a cabeça e continuo meu café da manhã, totalmente curioso sobre o que se passa na sala nesse momento.
A senhora extremamente elegante que está sentada á poltrona a minha frente parece me avaliar dos pés a cabeça. Olhando bem minhas roupas, me sinto um pouco desconfortável, pois saberia que estava vindo para uma casa de pessoas com condições melhores, mas não imaginei encontrar uma mulher toda arrumada, até saltos altos sobre seus pés, sim, isso de fato me surpreendeu um pouco. Seu corte de cabelo era estiloso e atual, um chanel de ponta muito bonito, parecia está na casa dos 50 anos e era uma mulher que realmente chamava atenção, por sua beleza atípica, olhos claros e uma pele que parecia muito bem cuidada.
-Então, que dizer que foi a Lucia que te indicou. Ah bem, ela é uma boa amiga de fato. - diz a mulher logo após eu explicar quem me mandou.
-Sim, ela parece ser uma boa pessoa. E como eu preciso de um emprego provisório, resolvi tentar. -explico.
-E você tem alguma experiencia? -pergunta a mulher.
-Sim, mas todas informais, nunca tive minha carteira de trabalho assinada, mas tenho experiencia em auxiliar de cozinha, já trabalhei em restaurantes. Tenho experiencia com crianças e sei cozinhar muito bem também.
-Oh, mas você é uma preciosidade, porque então nunca assinou a carteira? -pergunta, parecendo curiosa.
-Como eu disse, eu quero um emprego provisório, assim como foi todos os outros. -Digo, tentando não revelar demais. -Gosto muito de viajar, e nunca passo muito tempo no mesmo lugar.
-Entendi. -responde, parecendo satisfeita com meu argumento, menos mal. - Bom, de fato eu realmente preciso de uma auxiliar de cozinha urgentemente. E se você quiser esse emprego, você terá que dormir aqui durante toda a semana, isso é um problema para você?
-Não, nenhum. -digo, rápido demais, droga!
-Pois bem, me fale mais sobre você. Vive sozinha, viajando pelo mundo? -pergunta, mais que droga.
-Na verdade sim. Meus pais tem localidade fixa em São Paulo, mas eu sempre gostei de viver intensamente, é por isso que viajo tanto. -minto, sem ter outra alternativa, sequer tenho mais pais, mas assim talvez a mulher ficasse mais tranquila.
-Certo. Pois bem, a vaga é sua. E eu faço questão de assinar sua carteira. -diz ela, me surpreendendo, pois ninguém nunca fez questão de sequer pagar meu salário direito, sorrio, confirmando com a cabeça, será que pela primeira vez em minha vida minha sorte estava mudando? Eu torcia fervorosamente para que sim.
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