3-Um Reencontro Inesperado
Assim que agradeço devidamente ao bondoso senhor, que descobri se chamar Inácio, pela carona, procuro imediatamente um hotel barato que eu possa me hospedar, até encontrar uma casa pequena que eu possa pagar pelo aluguel.
Me deparei com uma cidade pequena, mas ainda sim acolhedora, com uma pracinha localizada no meio da rua, em um enorme calçadão, com um, ou dois quiosques que vendiam sorvetes e guloseimas para crianças.
Não muito distante achei um pequeno hotel, sem luxo algum, ideal para mim e acessível ao meu bolso. Entro no ambiente, um pouco ultrapassado, com luzes antigas que deixava o lugar com luz amarelada, na recepção sou recebida por uma mulher gorda que me analisa dos pés a cabeça.
—Olá, boa noite. Gostaria de um quarto por favor. — Cumprimento educadamente, com um sorriso amarelo em meus lábios.
—Sim, muito bem...Dinheiro a vista. — Enfatiza a mulher me encarrando, como se eu não fosse digna de estar nessa pocilga.
—E qual o valor senhora?... — pergunto, indicando que gostaria de saber seu nome.
—Tanto faz. 50 reais a noite. —responde a velha como se não fizesse qualquer diferença para ela conhecer seus hospedes, e pelo visto não fazia mesmo, a velha só queria saber do dinheiro, e achei até caro para um lugar como este, mas na minha atual condição eu não estava podendo escolher.
Pego minha cadeira de dentro da bolsa, com a mulher gorda ainda me olhando como se a qualquer momento eu fosse anunciar um assalto, quem ela achava que eu era, uma traficante fugida? A segunda parte até que é verdadeira, mas ainda assim, não merecia ser julgada pela minha aparência, que considerando as boas horas na estrada, acabaram não ajudando em causar uma boa impressão, minhas roupas um pouco sujas do pó da estrada e meu cabelo que provavelmente nesse momento estava armado.
—Aqui está os 50 reais, as chaves por favor. —peço, já sem um pingo mais de paciência com essa senhora.
—Bem, bem, muito bem... Aqui está. —Ela pega uma chave embaixo do velho balcão e me entrega, ainda com uma cara de nojo em sua face, como se me ter por perto fosse repugnante, começava achar que poderia estar fedendo.
Rapidamente me afasto do balcão e olho para as chaves em minhas mãos, que mostrava exatamente o numero de meu quarto, 15, imediatamente saio andando pelo longo corredor a minha frente, em busca do quarto onde deseja ter ao menos algumas horas de sono, antes de sair em busca de um emprego.
Abro a porta do quarto número 15, que ficava mais ou menos do meio do longo corredor. Encontro uma cama de solteiro velha, com um lençol aparentemente limpo por cima, mas um furo enorme no meio.
Sento na cama, que range com meu peso, ótimo, agora também não ia poder me mexer demais com esses rangidos audíveis provavelmente iria atrapalhar meu sono.
Tiro os tênis que apertam meus pés, massageio os nós de meus dedos, tentando relaxar um pouco. Deito-me na cama, que range novamente, e antes que eu perceba já peguei no sono, sequer pude ouvir mais um rangido que fosse.
Quando já havia amanhecido o dia eu acordo, felizmente as cortinas velhas que estão sobre a cortina impedem parcialmente a estrada da luz do sol através da janela, impedindo que eu me acordasse cedo demais. Olho aí redor, sobre a mesinha de cabeceira encontro um relógio velho que marcava 7:40 da manhã, imaginei que estaria correto, não havia dormido demais. Levanto-me da cama, alongo meu corpo e vou em direção as janelas as abrindo e olhando a para a rua de frente ao hotel, uma pessoa ou outra andava pelas ruas, algumas fazendo suas caminhadas matinais, outras provavelmente a caminho do trabalho, inclusive eu faria o mesmo nesse instante, iria atrás de um trabalho também, o pouco dinheiro que eu ainda tinha não duraria muito, precisava arrumar uma grana o quanto antes.
Tomo meu banho, faço minha higiene pessoal e logo estou pronta, com a mesma calça jeans do dia anterior, dessa vez optando por uma blusa mais fria rendada com flores em sua estampa, algo confortável e ainda assim bonito. Calço meus têniss surrados e saio porta a fora em busca de informações sobre um local que esteja contratando.
Andando pela cidade logo avisto uma cafeteria bem movimentada e entro a fim de saber se estavam contratando.
—Olá, bom dia. Gostaria de saber se vocês estão contratando? —Pergunto direcionado ao jovem rapaz que estava limpando o balcão.
—Não moça, aqui é uma cafeteria da família, então todos que trabalham por aqui são mais que suficientes entende? —responde o jovem, me olhando no rosto mas logo depois descendo os olhos pela curva de minha blusa, dou um pigarro chamando a atenção do moleque que mão saiu das fraudas e já cobiça uma mulher assim, na maior cara de pau. Seguro a risada que ameaça me dominar quando eu vejo o quão sem graça ele ficou, achei até fofo.
—Tudo bem, e você não saberia dizer quem está pegando gente pra trabalhar? —Pergunto esperançosa.
—Ah não sei não, uma cidade pequena como essa. Você é nova não é? —Pergunta o jovem curioso. Confirmo com a cabeça. —Ah, eu logo vi...
—Menino, para de ficar enrolando e vai atender aquela mesa ali. —Reclama uma senhora que vem saindo de trás de um pequena porta por trás do balcão, imagino que seja a cozinha.
—Bom dia querida. Me desculpe mas não pude deixar de ouvir, você está procurando um trabalho? —Pergunta a mulher baixinha e de porte físico magro direcionando-se a mim.
—Sim, isso mesmo. A senhora por acaso sabe de algo? —Pergunto novamente.
—Sim, claro. Eu sempre sei tudo que se passa por essas bandas. E ouvi dizer que a mulher do seu Aluísio Queiroz precisa de uma ajudante na cozinha, pois a última que passou por lá foi mandada embora por andar flertando com o moço filho dele. —Diz a mulher, como se de fato soubesse todas as fofocas da pequena cidade.
—E onde fica essa casa? Irei lá agora mesmo. Poderia me passar o endereço por favor? —Peço imediatamente, tentando controlar a animação que me preenche pela simples possibilidade de conseguir um emprego, algo que nesse momento seria crucial, meu dinheiro de fato estava no fim, eu não poderia mais pagar duas noites sequer no hotel.
A senhora anota o endereço em um pedaço de papel e quando diz;
—Fica a alguns quilômetros daqui, em uma fazenda, um pouco longe, mas nada que uma boa caminhada não resolva. Boa sorte filha.—Diz a amorosa senhora me entregando o papel, e eu esperava que eu realmente tivesse sorte, estava precisando com tantos azas me cercando em quase todos os momentos.
De fato, a mulher não mentiu quando disse que seria uma longa caminhada, 30 minutos a pé da cidade até uma fazenda bem grande onde eu me encontrava agora. Toco a campanha moderna que estava logo no portão de entrada e aguardo até que uma voz grave responde pelo interfone;
—Pois não?
—Olá, bom dia. Fiquei sabendo que estão procurando uma ajudante de cozinheira. Estou aqui para a vaga. —respondo tentando soar o mais profissional que consigo.
—Claro, entre. —Responde a voz do outro lado, e o enorme portão se abre em minha frente, dando a incrível visão de um belo terreno, extremamente grande, rodeado por grama bem verdinha, umas árvores aqui e ali, e algumas rosas espalhadas pelo local.
Entro lentamente, olhando tudo a minha volta, nunca vi fazenda mais linda, sequer vi lugar mais lindo que este que estava pondo meus pés agora. Tudo era incrível demais, parecia que estava dentro de um lindo sonho e não queria acordar jamais.
Ao chegar no centro do lindo lugar me deparo com uma fonte jorrando água por todos os lados, uma bela estátua a moldura a e era a coisa mais perfeita que eu havia posto meus olhos. Mais a frente noto a casa, em tom amarelo, uma bela mansão para dizer o mínimo, subo os degraus em direção a porta e bato, até que um homem alto e de porte físico forte para um senhor, me recebe com um sorriso nos lábios.
—Bom dia. Entre, por favor fique a vontade, chamarei minha esposa. — Diz o homem me convidando a entra em sua casa, assim que passo pela porta da frente avisto em pé no final da escada da sala um homem musculoso, com cabelos molhados escorrendo pelo pescoço longo. Ele tem um de canto em seus lábios carnudos. Me encara e eu imediatamente paro, reconhecendo-o da noite passada, sim, o homem que o seu Inácio deu carona, claro, aqueles músculos eu conheceria em qualquer lugar.
—Veja só quem está aqui. Olá moça. —Cumprimenta ela, terminando de descer os degraus que ainda restavam.
—Ué, vocês se conhecem? —Pergunta o homem fechando a porta atrás de si.
—Iihh pai, uma longa história. —Responde o homem que agora sabia ser filho do dono da bela mansão.
—Tudo bem. Logo irei querer conhecer essa história. Agora deixe-me chamar sua mãe, seja cavalheiro e faça sala para a jovem. Fique a vontade viu? —Diz o senhor ao se voltar para mim, dou um sorriso amarelo, completamente desconfortável com a situação, quais as chances de ver ele novamente? E cá estou eu, de frente para o belo homem que sinto uma atração inesplicável.
Seu pai se retira da sala, e imediatamente seu filho vem em minha direção, se aproxima e da a volta onde eu estou, voltando-se para ficar de frente comigo novamente, sorri, se aproxima do mim novamente, dessa vez bem perto, consigo sentir o calor que exala de seu corpo, ele aproxima sua boa de meu ouvido e sussurra;
—Percebi que está busca de trabalho certo? Vou te dá todo apoio, inclusive vou adorar ter você nessa casa. — Enfatiza o “adorar”, um arrepio gostoso percorre minha espinha e sinto a quentura no meio de minhas pernas, me afasto dele sem conseguir dizer palavras alguma.
Ouço passos pelo corredor, e percebo que não dará mais tempo de fugir dali, algo que sei lidar muito melhor que ficar e ter que lidar com esse homem como chefe. Eu estava fodida, e considerando a situação na qual me encontrava provavelmente era desejada a ponto de me foder literalmente.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro