Capítulo 3- Caminho errado

Tanta água em volta, o céu cinza não dá nenhuma pista de onde devo seguir, somente o pingo de luz pontuando a imensidão. A Água não tem nenhuma onda por menor que seja, uma calmaria mórbida.

Meus braços se movimentam em direção contrária ao ponto de luz no céu, abaixo a cabeça na água e bato minhas pernas o mais rápido que consigo, estranhamente eu não me canso facilmente mesmo sabendo que minha perícia em natação é limitada. Sigo por horas e horas nadando sem conseguir firmar meu pensamento em absolutamente nada. Quando perdi as horas em que já estava a nadar parei. Me coloquei de barriga para cima e comecei a boiar olhando para o céu. O ponto luminoso ainda estava no mesmo lugar. Porquê eu escolhi a posição contrária ao único ponto de referência que eu tenho nesse mar de solidão?. Fiquei por mais alguns minutos boiando e olhando para o céu. A angústia me envolve como um cobertor que coça pra caramba. Abaixo minha cabeça na água e continuo no caminho contrário a luz, pois a vontade de sair daquela água é maior, que seguir o caminho todo de volta, mesmo que aquele caminho que eu seguia fosse o errado.