51_ O beijo.
( Narrado por Luke )
- Ei! - Meu irmão bateu na porta do meu quarto. Eu ainda estava deitado na minha cama, mas já estava acordado a uns dez minutos. Eu não conseguia deixar de lembrar do dia de ontem. O modo como Anne sorria, o jeito que ela me olhava, ela nunca havia me olhado daquele jeito. - Que cara é essa?
- Han? - Olhei para meu irmão parado na porta do meu quarto.
- Essa cara de bobo. - Ela cruzou os braços. - A Anne finalmente te deu bola?
- É. - Ajeitei minha cabeça sobre minha mão e o travesseiro e sorri convencido encarando o teto. Meu irmão sabia dos meus sentimentos por Anne desde o momento que eu a conheci, mas ele também sabia que eu estava da friendzone durante todos esses anos, e me zuava por isso. Então o fato de eu finalmente poder dizer que Anne sentia o mesmo para mim era confortador.
- Que? A Anne ta afim de você? - Ele riu. - Ela ficou cega ou algo do tipo?
- Piadas logo cedo? Não pode me dar uma folha hoje, cara? É véspera de ano novo. - Fiz uma careta e ele assentiu.
- E como aconteceu?
- Eu não sei. Mas aconteceu. A Anne me ama e eu vou dar o meu melhor para fazer dela a mulher mais feliz desse mundo. - Me sentei na cama e encarei meu irmão. - Não que você saiba o que é isso... - Debochei. Meu irmão era universitário e era o típico cara que não gosta de compromissos. Éramos tão diferentes.
- Agora é você quem está fazendo piadas. - Ele balançou a cabeça e se afastou da porta do quarto.
- Ei. - Chamei o mesmo fazendo-o parar. - Você realmente nunca se apaixonou? Nunca conheceu uma garota que te fizesse sossegar?
- Hmmm... não. - Ele balançou a cabeça. - E provavelmente isso não acontecerá. - Ele falou de forma convencida e saiu dali.
Ri dele e peguei uma blusa que estava ao pé da minha cama. Me levantei da cama a vestindo e fui em direção ao banheiro.
Estava escovando os dentes enquanto, naturalmente, me lembrava da Anne. Isso não me surpreendia, ela sempre era a primeira a invadir meus pensamentos todos os dias, mas agora tudo era diferente. Agora ela também pensaria em mim.
Dei um sorriso idiota e continuei esconvando os dentes.
- Papai e mamãe estão vindo pra cidade. - Meu irmão passou na porta do meu quarto novamente.
Cuspi a água na pia e me Inclinei para fora do banheiro.
- Sério?
- Aham. Eles vão passar o ano novo com a gente. Igual todos os anos. - Ele deu de ombros.
Meus pais moravam em Whitewood, uma cidade aqui perto. Eles criaram a mim e a meu irmão, mas se mudaram depois de um tempo porque queriam viver sozinhos e aproveitar a vida de casados. Eu e meu irmão moramos sozinhos desde então. Mas eles costumavam vir em ocasiões especiais, como hoje.
Eu gostava. Em Deadwood todos passávamos a virada de ano novo juntos no centro da cidade. A cidade era pequena, todos se conheciam e compartilhavam desses momentos, assim como o natal.
Ficávamos juntos até a meia noite quando os fogos soavam.
Eu sempre passei essas datas com a Anne, ela sempre era a que mais brilhava para mim. Em todos os anos eu nunca consegui prestar atenção nos fogos porque eu ficava tão fascinado com ela que ela tinha toda a minha atenção. Mas ela nunca percebia.
Na verdade, ela nunca notou nada em ano algum. Não era culpa dela, eu realmente nunca demonstrei. Talvez quando éramos mais novos, mas até eu tinha me convencido de que não tinha mais nada.
Iludido.
Tentei apoiar o relacionamento dela com o playboy da Califórnia, achei que ele era uma boa pessoa, mas me vi com ciúmes dela. Um ciúmes horrível que desejava ser eu ao lado dela ao invés dele. Mas eu não queria atrapalhar a felicidade dela.
Graças a Deus aquele idiota foi embora e a deixou em paz. Os dias que tive que ficar longe dela foram os piores da minha vida. Era tortura. Ela estava passando por momentos difíceis e eu não podia nem abraça-la.
Por isso agora eu queria poder passar todo tempo que eu pudesse ao lado dela. Ao lado da minha Anne.
Tomei um banho naquela manhã e me vesti ansioso para vê-la. Eu havia marcado de passar o dia com ela hoje. Não via a hora.
- Eles estão lá embaixo. - Meu irmão falou me fazendo arregalar os olhos.
- Que? Já? - Larguei a toalha que eu estava secando meu cabelo e corri em direção as escadas. Ver minha mãe e meu pai na sala da minha casa sorrindo para o lugar onde eles nos criaram me transiam boas recordações. Imagino o que eles vão achar quando souberem sobre mim e Anne. - Mãe? Pai? - Sorri para eles que imediatamente me encaram.
- Oh, Luke. - Eles sorriram e eu rapidamente corri até eles para um abraço.
- Eu estava com saudades. - Me separei deles e minha mãe tocou meu rosto.
- Como está lindo, querido. - Ela sorriu.
- Está mesmo. Olha esse sorrisão! - Meu pai sorriu apontando para mim.
- Esse sorriso tem nome... - Ethan cantarolou descendo as escadas.
- Ethan, querido. - Minha mãe abriu os braços para ele que logo desceu e os comprimentou. - Vocês estão ta o crescidos, trouxemos presentes para vocês. - Minha mãe puxou as bolsas e eu e Ethan a ajudamos a levar até o sofá.
- Não precisava, mãe. - Me sentei no sofá e encarei o relógio no meu pulso. Eu havia marcado com a Anne de chegar lá nove horas, e agora eram oito e cinquenta. É claro que eu amava estar com meus pais, ainda mais depois de tanto tempo. Mas meu coração pulsava de saudade da Anne. Era uma necessidade.
- É claro que precisava. - Ela sorriu abrindo uma das milhares de bolsas ali presentes.
( Narrado por Anne )
Eu não sabia o que havia acontecido com Luke, ele nunca se atrasado. Na verdade, fiquei preocupada dele ter levado um tombo no meio do caminho e batido a cabeça.
Estava parada na frente da livraria a um tempinho. Estava encarando a rua esperando que ele aparecesse. Meu coração pulsava de saudade do Luke. Era uma necessidade.
Eu queria que ele aparecesse naquela esquina e queria correr até ele. Eu pensei nele a noite inteira e me perguntei o que estava acontecendo comigo.
Apoiei meu corpo na ombreira da porta e juntei minhas mãos na frente do meu corpo. Faziam uns dias que não nevavam e aquele dia um sol tímido resolveu aparecer. Pela primeira vez eu estava sem um daqueles casacos enormes e quentes.
Suspirei quando ergui meu olhar e vi Luke andando rápido. Ele vestia preto e seu cabelo estava molhado.
Meu coração acelerou de repente enquanto eu conseguia o ver caminhar em câmera lenta na minha direção.
Era como se a música Love Story tocasse alto naquele momento quando eu comecei a andar na direção dele. As borboletas invadiram meu estômago e eu percebi que havia me apaixonado.
Casais normais se apaixonam até o amor surgir e eles se amarem. Eu amei o Luke para depois me apaixonar.
A cada passo que eu dava em sua direção, meu coração acelerava o sorriso de Luke era tudo que eu conseguia enxergar.
- Me desculpe o atraso, estrelinhas. Meus pais aparece... - Calei o Luke com um beijo que nem ele esperava.
Segurei sua nuca e me coloquei nas pontas dos pés. O beijei como se minha vida dependesse disso e ele segurou minha cintura. Meu coração não parava de pulsar fortemente enquanto nossos lábios se encaixavam um no outro como se aquele beijo fosse algo preparado pelo destino a muito tempo.
Aquele foi o melhor beijo da minha vida.
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Continua...
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