28_ Pai?
- Ah Henry... - Dei um sorriso para ele e Henry colocou a bandeja sobre a mesinha.
- Eu ia deixar na mesa, mas Julia disse que eu tinha que ficar segurando. - Ele falou rindo e eu acabei rindo também.
- Isso é a cara dela. - Me sentei junto a ele e olhei a bandeja. - Você não precisava fazer isso.
- Você estava muito preocupada ontem, parecia tensa. - Henry olhou nos meus olhos. - Eu achei que algo assim poderia te animar. Sei que não tira toda sua preocupação, mas eu achei que talvez melhorasse o seu humor.
- Você acertou. - Sorri para ele. - Obrigada, Henry.
- Não agradeça.
Nós dois tomamos café juntos enquanto ele falava sobre as aulas que menos gostava na faculdade. Vê-lo falando do curso de artes me fez criar uma curiosidade imensa. Eu gostava de artes. Amava na verdade, e apesar de não saber pintar ou desenhar, isso não era tecnicamente necessário para cursar aquilo, mas como eu já disse antes, eu não tenho tempo pra fazer faculdade e muito menos dinheiro. Principalmente agora.
Depois de tomarmos café, todos arrumamos as coisas e estávamos prontos para sair de lá, todos menos Henry e Luke que não fazíamos ideia de onde estavam.
- Cadê eles?? - Júlia perguntou impaciente.
- Eu não sei. Luke disse que ia no quarto pegar as coisas dele. - Meredith respondeu.
- Eu vou lá procurar por eles. - Deixei minhas coisas com Júlia e entrei a procura de Henry e Luke.
Depois de andar pelo corredor que estava em silêncio, eu cheguei até a porta do quarto deles que estava entre aberta. Estava prestes a bater quando ouvi a voz de Luke.
- Eu não quero que entenda errado, Henry. Eu não sou super protetor nem nada disso, mas a Anne é como uma irmã mais nova para mim. Eu cresci junto com ela, vi o quanto ela sofreu com a morte dos pais e não suportaria que magoasse ela. - Era Luke.
- Não se preocupe, Luke. Eu seria incapaz de magoar a Anne. Eu... eu jamais seria capaz de tirar aquele sorriso tão lindo que ela tem de seu rosto. - Henry respondeu.
- Eu espero que faça isso. A Anne é uma das pessoas mais especiais da minha vida e eu não quero ver ela sofrer.
Eu sorri naquele momento. Luke era o melhor amigo que alguém poderia ter.
[...]
- Bom dia! - Sorri para o primeiro cliente do dia na livraria.
Em um piscar de olhos tudo havia voltado ao seu lugar. Henry foi para a faculdade assim como Meredith, Luke para sua cafeteria, Júlia para seu treino, Jojo disse que viria mais tarde e Thor à minha frente no balcão.
Acariciei o pelo do mesmo com um pequeno sorriso no rosto. Eu poderia estar preocupada com a falta de movimento na livraria, mas tinha que permanecer com um sorriso.
- E ae? Me atrasei um pouco, mas estou aqui. - Luke entrou na livraria segurando uma caixa ao invés de seu pacote diário.
- Ué, o que é isso? - Perguntei confusa e ele colocou a caixa sobre o meu balcão.
- Eu sei que você ama croissants, mas hoje eu resolvi testar um recheio diferente para donuts. Você vai ser a primeira a provar. - Ele abriu a caixa e virou o donuts para mim. Sua cobertura era de chocolate com confeitos.
- Que tipo de sabor diferente? Está me usando de cobaia, Luke? - Encarei ele rindo.
- Não é difereeeente! É só algo que EU nunca fiz. Mas já existe. É que eu não sou muito bom com receitas que tem esse ingrediente, mas resolvi arriscar. - Ele sorriu apoiando o rosto na bancada.
- Ai Luke... - Peguei o donut desconfiaram.
- Vai, estrelinha. Come. - Luke olhou para mim com expectativas nos olhos enquanto eu mordia o donut. Não foi difícil de reconhecer o sabor, era de manteiga de amendoim. E, sinceramente, estava muito bom. Mas mesmo assim eu fiz uma careta. - O que?? Está ruim?? O que foi?? Ta muito doce? Faltou açúcar? Não combinou? - Eu acabei dando uma risada.
- Eu estou brincando. - Apertei a bochecha dele. - Está muito bom. Muito mesmo. Se for fazer mais, trás outro desse amanhã.
- Poxa, Anne. Isso não se faz. - Ele suspirou aliviado com a mão no peito. - Ficou bom mesmo? Estou confiando na sua palavra para passar a vender isso na cafeteria.
- Ficou ótimo, Luke. - Sorri para ele. - Mas sabe o que deixaria perfeito?
- O que?
- Em vez de confeitos por cima, você poderia colocar amendoins picados. - Dei de ombros e Luke ficou com um olhar pensativo por um tempo. Segundos depois estalou os dedos.
- Ótima ideia! - Ele sorriu. - Eu vou voltar para lá e ajudar o Steven nas próximas fornadas. - Luke se inclinou por cima do balcão de forma rápida e me deu um beijo na bochecha. - Obrigado! - E assim correu na direção da porta.
- Espera! Eu não paguei... - Ergui a nota em minha mão.
- Eu te usei de cobaia, não precisa pagar! - Ele falou da porta, deu um sorriso e correu para longe.
Ri dele balançando a cabeça e voltei a comer o donut.
[...]
- Ficou legal? - Perguntei para Thor depois de pendurar o quadro que Henry havia pintado na parede. Não havia ninguém além de mim e ele ali. - Será que está torto? - Fiz uma careta analisando-o. - Ficou bonito?
- Como algo que contém o seu rosto pode não ficar bonito? - Meu sorriso se abriu assim que ouvi a voz de Henry.
Me virei para trás e ali estava ele.
- Não se importa de eu pendurar o quadro aqui, né? - Sorri convencida me aproximando dele.
- Claro que não. - Ele sorriu dando um passo a frente e me dando um beijo na cabeça. - Vim te chamar para almoçar. Eu tenho algo... algo muito importante para te perguntar.
- Ah, ok. Só vou fechar a livraria.
- Ta.
Dei comida para Thor, fechei a livraria e saí junto de Henry. Não vou mentir, eu estava curiosa para o que ele queria me dizer, mas preferi guardar minhas perguntas para mim mesma.
Estávamos passando em frente da loja do pai dele quando eu notei todo o movimento que minha livraria não havia tido naquele dia. Também não foi difícil de reconhecer alguns dos meus clientes ali dentro.
Suspirei vendo aquilo até que Henry parou de andar. Olhei para ele confusa e notei que ele encarava alguém, esse alguém era um homem de meia idade, bem vestido e parado na frente da loja.
- Henry... - O homem, que eu acreditava ser seu pai, falou olhando para Henry.
- Pai... - Henry comentou com decepção na voz.
Eles se encararam em silêncio por alguns segundos até que o homem me notou. Sua expressão não foi muito agradável.
- O que está fazendo com essa garota? Quem é ela? - Ele questionou.
- Essa garota tem nome e se chama Anne, pai. Eu estou levando ela para almoçar. - Henry pegou em minha mão.
- O que? Você veio para estudar, não ficar de vadiagens! - Ele falou de forma grossa.
- PAI!
- Você sabe o que eu penso sobre ficar se metendo com garotas assim! Você não pode...
- Para pai! Você não manda na minha vida desse jeito! Eu te respeito, mas a vida é minha e se eu gosto de artes, ou se gosto da Anne, sou eu quem decido. E não fala desse jeito que pode ofende-la.
- Respeita? Você me respeita?
- Eu preciso ir, pai. - Henry puxou minha mão para que saíssemos dali.
- Henry, volta aqui! - O homem gritou com ira, mas foi totalmente ignorado.
●●●
Continua...
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