11_ Santa tell me.
Por mais que seus olhos me causasse a melhor sensação, eu acabei deixando de olha-lo. Era óbvio que eu estava envergonhada.
- Seu cabelo é ruivo natural? - Henry perguntou tentando me deixar avontade novamente.
- Sim. - Assenti olhando a praça. - Mas nenhum dos meus pais eram. - Ri. - Algumas pessoas da escola me zuavam falando que eu era adotada ou que minha mãe havia " pulado a cerca ". Mas eu nunca liguei pra isso. Sei que meus pais nunca me esconderam nada.
- É tão bonito o modo como fala deles. - Henry sorriu.
- É que... - Parei de falar e olhei pra ele. - Ai, Henry, me desculpa. Era para eu estar te mostrando a cidade, e não contando sobre minha vida. - Balancei minha cabeça o fazendo rir. - Bem... - Olhei de um lado para o outro. - Ali. - Apontei para atrás de nós o fazendo se virar. - Fica a papelaria mais utilizada pelos estudantes aqui em Deadwood. Imagino que será útil para você. Também tem uma outra menorzinha que fica um pouquinho mais longe.
- Eles imprimem apostilas e essas coisas ali?
- Sim sim. Eu já fui muito socorrida por eles. Eu podia ser nerd, mas tinha vezes que eu só me lembrava do trabalho no dia. - Fiz uma careta.
- Ah é mesmo? - Henry riu.
- Principalmente os que os professores passavam na sexta-feira. Acha mesmo que em plenos sábados e domingos eu me lembraria que o professor de matemática passou trabalho? - Balancei a cabeça negativamente.
- Ah, então era com matemática? - Henry assentiu rindo. - Não se esquecia dos de literatura? - Ele sorriu convencido.
- Então... - Sorri mostrando os dentes e Henry riu de novo. - Mas é que na maioria das vezes eu já tinha lido. É que tipo, os trabalhos de literatura eram ler um determinado livro literário de algum período e explicar seu ponto de vista. Mas eu já havia lido praticamente todos. - Ri de mim mesma. - Eu amava livros literários de época e essas coisas. Era legal entender o significado.
- Ah, então ta certo. - Ele assentiu.
- Aí, e ta eu falando da minha vida de novo. - Ambos rimos. - Desculpa, Henry.
- Não se desculpe, Anne. - Henry sorriu.
- Ok, voltando ao assunto " Deadwood ". - Dei ênfase no nome da cidade. - Ali tem um mercado... ali uma farmácia... ali uma ... - Estranhei. O lugar para onde apontei costumava ser uma loja de antiguidades, mas agora estava fechada e parecia estar em obras. - Costumava ser uma loja de antiguidades.
- Parece que está reformando. - Henry falou olhando na direção do local.
- Bem... - Voltei a apresenta-lo as coisas que tinham ali no centro, mas logo nós voltamos a andar. - Que tipo de coisa você gosta de pintar, Henry?
- Ah... - O mesmo sorriu olhando pro chão enquanto tinha suas mãos nos bolsos de seu casaco. - Eu pinto o que me inspira. Se eu olho para uma paisagem e aquilo me inspira, eu tenho prazer em reproduzi-la. Então não tenho um foco apenas, já pintei paisagens, pessoas... depende da energia que me passa.
- Hmm... - Assenti. - Isso é legal. Conseguir olhar para algo, sentir inspiração e conseguir reproduzi-la.
- É. Mas faz um bom tempo que nada me dá inspiração o suficiente para que eu pintasse algo realmente bom. Acho que porque agora estou estudando e focando muito nisso. Na real, as vezes tenho medo de olhar a arte como trabalho e começar a ser muito técnico. Entende?
- Sim. - Assenti. - Tem medo de que como agora está estudando arte e tem meio que a " obrigação " de fazer direito, suas pinturas acabem se tornando algo mecânico e não um modo de expressão.
- Exatamente isso. - Henry concordou. - Faz semanas que nada me inspira de verdade.
- Deadwood é uma cidade pequena, mas pode surpreende-lo Sr lin. - Sorri debochada. - Quem sabe aqui você volte a ter alguma inspiração. - Falei num tom irônico, mas parei de sorrir quando meus olhos pararam na vitrine de uma das lojas.
Eu caminhei até a frente da mesma a passos lentos e pequenos. Assim que parei, uma sensação de nostalgia misturada com saudade inundou meu peito.
Ali tinham uns manequins com roupas comuns. Vestidos, calças, blusas e etc. Mas o que chamou minha atenção foram os típicos gorros de natal.
- Lembro que nas noites de natal, meus pais sentavam comigo perto da árvore e ele sempre contava a mesma história do sonho do papai Noel. - Sorri olhando para os gorros. - Ele e mimha mãe usavam esse gorro e no final da história ele colocava um na minha cabeça.
- Não conheço essa história. - Henry falou parando ao meu lado.
- Talvez um dia eu te conte. - Sorri mais uma vez me lembrando deles. - Er... vamos continuar? - Perguntei me referindo ao tour na cidade, mas Henry pegou em meu braço e me puxou para entrar na loja.
Aquela era uma das maiores lojas que tínhamos. Tinha praticamente de tudo lá dentro.
Eu não me opus, gostava de andar naquela loja, ainda mais nessa época do ano, já que havia decoração de natal por toda parte.
Eu e Henry andamos pela loja enquanto eu me encantava com tudo. A música que tocava era Santa tell me da Ariana Grande e eu sorria a cada dois minutos para algum conhecido que era cliente da livraria.
- Você conhece todo mundo. - Henry riu.
- Além de serem clientes, a cidade é pequena, Henry. E sei que eu conheceria muito mais pessoas se saísse mais. - Ri de mim mesma e olhei para ele. Naquele momento Henry, que já usava um gorro na cabeça, colocou um na minha.
Eu parei de sorrir enquanto encarava o mesmo. Ele estava perto, seu perfume eu já podia sentir e enquanto sentia suas mãos ajeitarem o gorro em minha cabeça, comecei a sentir aquela mesma sensação.
Borboletas? São vocês?
- Injusto. - Henry cruzou os braços me encarando e se virou para frente.
- O que? - Me virei para frente também e notei ali um espelho. Nós dois usávamos gorros e só aí pude ver o quão vermelha eu estava. Cheguei até a colocar as mãos nas minhas bochechas de olhos arregalados.
- Você fica muito mais bonita usando isso do que eu. - Henry falou me fazendo rir. - Você ficou parecendo aquelas atrizes de filmes natalinos, enquanto eu to parecendo o Grinch.
Eu acabei gargalhando alto quando o escutei. Grinch era um bicho verde de um filme natalino. Eu assistia quando mais nova.
- Isso não é verdade. - Encarei o mesmo enquanto tentava segurar o riso.
- Ah é? Então olha pra mim sem rir? - Ele cruzou os braços e eu o encarei. Dois segundos depois eu estava rindo feito uma louca. - Ta vendo! Eu to ridículo. - Henry tocou o gorro para tira-lo, mas eu estiquei meu braço segurando sua mão.
- Não... - Ele parou olhando para mim e novamente senti que coraria, então rapidamente o soltei. - Olha, piscas-piscas. - Tentei disfarçar saindo de perto dele, mas acabei rindo da minha própria desculpa.
Henry veio atrás de mim ainda com o gorro na cabeça e eu fingi observar os piscas-piscas a minha frente.
- Você pretende enfeitar a frente da livraria? - Ele perguntou e só aí me toquei de que realmente não havia nem pendurado um pisca-pisca aquele ano.
- Talvez. - Toquei minha bolsa, mas só aí me lembrei de que não estava com a carteira. - Arg... talvez outro dia. Eu não trouxe nada.
- Não se preocupe com isso, Anne. Pode escolher o que gostar.
- O que? Não, Henry. Não precisa, eu... - Ele me interrompeu.
- Considere como um presente por ter saído da sua casa em uma noite fria dessas só para mostrar a cidade para mim. - Ele sorriu. Continuei olhando para ele sem dizer nada e o mesmo colocou as mãos na cintura. - Se não escolher nada, eu escolho por você. E eu sou péssimo nisso.
- Ok. - Ri. - Obrigada. - Sorri para o mesmo e olhei para os lindos e diversos piscas-piscas à minha frente.
Eu e Henry ficamos mais um tempo naquela loja, mas logo saímos pois estava ficando tarde. Ele me comprou uma caixa de biscoitos natalinos e me acompanhou até a livraria.
- Henry, você não precisava gastar tanto comigo. - Me virei para ele assim que paramos na frente da livraria.
- Relaxa, Anne. Eu gostei de ver sua animação com cada coisinha cintilante que encontrou. - Ele sorriu para mim. - Bem, agora é melhor você entrar, antes que seus amigos venham me bater por você ter demorado.
- Ta bom. Mas, obrigada de novo. A livraria vai ficar tão fofa. - Sorri empolgada. - É dessa animação que você está se referindo né?
- É. - Ele riu. - Mas eu agradeço. Eu me diverti muito com você hoje.
- Eu também. - Sorri sem jeito e destranquei a porta da livraria. Coloquei as sacolas lá dentro e voltei até a porta. - Vá com cuidado.
- Pode deixar. - Henry me deu um último sorriso e logo começou a se afastar.
Meu coração acelerou enquanto o olhava ir. Minhas pernas bambearam, mimha barriga embrulhou e eu senti um sentimento tão aquecedor.
Me lembrei de cada sorriso, de cada risada que ele me fez dar, de cada olhar que ele focou em mim.
Ai Henry...
●●●
Continua...
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