Um mês depois

- Ainda abalada com sua perda? - Alice pergunta.

- Sim. - Suspiro alto. - Ainda tenho pesadelos com aquele dia.

- Você não precisa passar por isso sozinha. - Ela coloca sua mão sobre a minha e aperta de leve.

- Eu sei. - Sorrio fraco.

Sempre enfrentei a maioria dos obstáculos sozinha, e acabo esquecendo que tenho amigos do lado, que estão sempre dispostos a me ajudar.

- Sei que não deve ser fácil para você, mas precisa esquecer. - Alice diz. - Aquela mulher não merece uma lágrima sua.

Alice tem razão. Mas querendo ou não, tinha sentimentos por Teresa. Passei boa parte da minha vida achando que ela era minha mãe, e apesar de toda maldade que ela já me fez, ainda assim senti tristeza por sua morte.

Não sei se sou burra ou tenho um coração mole demais. Sempre tenho esperança na redenção das pessoas, e com ela não foi diferente. Apesar de saber que ela nunca mudaria, ainda assim acreditei que ela poderia se tornar alguém melhor.

- Você tem razão. - Deixo os ombros cair.

- Me desculpe pelo que vou falar, mas ela mereceu o fim que teve. - Ela diz irritada.

- Eu sei que sim. - Concordo.

Depois que Teresa acertou um dos tiros no Mark, mamãe entrou em briga corporal com ela. O terceiro tiro que ouvi, colocou fim a vida de Teresa. Em meio a briga ela atirou em si mesma e acertou seu abdômen, e quando as ambulâncias chegaram, ela já estava sem vida.

Graças a Deus minha mãe saiu ilesa, e não teve nenhuma culpa pela morte de Teresa.

Mark não teve a mesma sorte. Um dos tiros acertou seu peito, e quase o levou a óbito.

Ele perdeu muito sangue no caminho para o hospital, e chegando no nosso destino ele não já não tinha mais pulso.

Graças a Deus Enrico estava conosco e doou todo o sangue necessário para o filho.

Pouco me me importei de ficar apenas de sutiã e toda suja de sangue na frente das pessoas. A única coisa que eu queria era que meu marido fosse salvo.

Matt me ofereceu o casaco que usava, para me vestir depois que limpei todo o sangue que consegui do meu corpo.

Nunca passei tanto medo em toda minha vida. A possibilidade de perder o meu amor me deixou em choque, e eu não sabia como agir.

Estava morrendo de medo que Mark não sobrevivesse, e com com o terceiro disparo que ouvi. Estava aflita, porque não sabia se havia acertado minha mãe ou mais alguém.

Fiquei tão desesperada, que a única coisa que me importava naquele momento, era salvar Mark.

Quando Alice, vovó e Kathe chegaram ao hospital, e me disseram que minha mãe estava bem, foi como se tirasse um peso dos meus ombros.

Minha mãe e meu pai foram para a delegacia prestar seu depoimento. Enquanto esperávamos por notícias do Mark.

Depois de horas, não sei ao certo por  quando tempo. O médico apareceu e disse que ele estava bem.

Todos riam e choravam ao mesmo tempo, com a boa notícia recebida.

O tiro não acertou nenhuma órgão vital. Os médicos disseram que foi um milagre. Mas se tivéssemos chegado um minuto a mais, Mark não teria sobrevivido.

Só de imaginar, que a essa hora ele poderia estar morto, faz todo meu corpo gelar. Não estou e nunca estarei preparada para perde-lo.

- Mark está bem? - Alice pergunta.

- Ótimo graças a Deus. - Suspiro aliviada. - Já está desinquieto querendo voltar ao trabalho.

- Esse é o Mark que conhecemos. - Ela diz rindo.

- Tenho que assumir que estou amando ter ele em casa o dia todo. - Cochicho baixinho.

- Nem me lembro quando foi a última vez que tive Matt só para mim. - Alice faz uma careta. - Ou está ocupado na empresa, ou nossos filhos não nos deixam em paz nem por um minuto.

- E ainda querem mais filhos. - Gargalho alto.

Sempre quis ter filhos, mais acho que uns dois ou três já são o suficiente. Talvez eu mude de opinião quanto a isso, depois que tiver meu segundo filho.

- Não trocaria minha louca vida por nada nesse mundo. - Ele sorri feliz. - Matt e meus filhos me deixam louca, mais amo aquelas criaturas imensamente.

Hugo já dá um trabalhão enorme. Imagina eu com mais quatro filhos? Não sei se aguentaria como Kathe e Alice. Apesar de ter babás, elas sempre estão de olho, monitorando-as.

- Mudando de assunto... - Alice diz. - Philip está só sorrisos por descobrir que o bebê será um menino.

- Imagino o quando. - Sorrio abertamente. - Kathe está se aproveitando disso.

Kathe queria mais uma garotinha, mas acabou sendo um garoto. Agora Philip faz todos seus desejos, e caprichos.

- Vou lhe contar algo já que não aguento mais guardar segredo. - Alice fala. - Estou grávida.

- Sério? - Arregalo os olhos.

- Sim. - Ela dá de ombros. - Descobri antes do seu casamento, e iria contar logo, mas ocorreu tanta coisa que me mantive em silêncio.

- Estou tão feliz por você. - Lhe puxo para um abraço.

- Eu sei. - Ela retribui o abraço.

Só espero que seja mais uma menina, para pagar a língua do Matt.

- Já fez o teste? - Pergunto.

- Sim - Alice diz. - Mais um menino.

- Mais um bebê para eu paparicar. - Digo.

Percebi que Alice estava mais cheinha, mas achei que ela tinha engordado um pouco, já que ela não falou nada sobre estar grávida. Fora que ela estava sempre usando roupas largas, o que disfarçou um pouco.

- Estou esperando fazer o mesmo com o seu. - Ela revira os olhos.

- Vai demorar um pouquinho ainda. - Dou de ombros.

Quero mais filhos, mas pretendo terminar a faculdade primeiro. Ainda falta um bom tempo para eu terminar, só então colocarei a fábrica para funcionar.

- Não sei não. - Alice cruza os braços. - Algo me diz que você vai se surpreender em breve.

- Virou vidente agora é? - Pergunto.

- Só um pressentimento. - Ela pisca para mim.

🌻

- Oi. - Digo.

- Oi amor. - Mark abre os olhos lentamente.

- Já passou dá hora de acordar dorminhoco. - Passo a mão por seu rosto.

- Não estava dormindo. - Ele sorri abertamente. - Só descansando os olhos.

- Vou fingir que acredito. - Falo.

Mark e Hugo dormiram a tarde toda. Alice veio me visitar e foi embora, e eles continuaram dormindo.

- Hugo já acordou? - Ele pergunta.

- Ainda não. - Falo. - Ele abriu os olhos quando o peguei para por no berço, mas acabou dormindo novamente.

- Acho que ele puxou a mãe. - Ele sorri de canto.

- Não sou dorminhoca. - Reviro os olhos.

- É sim. - Ele me puxa para perto de si.

Tenho que admitir que sou mesmo uma dorminhoca, e ultimamente acordo assustada com os pesadelos, e acabo perdendo o sono.

- Você me ama Emília? - Mark pergunta.

- Deixa eu pensar um pouco... - Levo a mão ao queixo. - Gosto de você, isso é o bastante?

- Mentirosa. - Ele sorri com malícia.

Passo a mão por seu rosto e seus cabelos bagunçados.

- Eu te amo. - Digo. - Amo muito!

- Eu sei que sim. - Mark pega minha mão e leva aos lábios.

Levo meus lábios aos seus e o beijo lentamente. Demonstrando o quanto o amo, e o quanto me sinto aliviada por ele estar bem.

- Me abrace. - Peço ao interrompermos o beijo.

- Seu desejo é uma ordem.

Mark me abraça, enquanto deito minha cabeça no seu peito que não está machucado. Me sinto segura dentro do seu abraço, e acabo esquecendo as coisas desagradáveis que aconteceu.

- Você precisa esquecer amor. - Mark passa a mão por minhas costas.

- Eu sei. - Digo com a voz embargada. - Mas só de lembrar que...

- Estou bem aqui. - Ele me corta. - E não vou a lugar nenhum.

Por mais que eu queira, não consigo tirar dá minha mente ele todo ensangüentado e quase sem vida. Levarei um bom tempo para me livrar dessas imagens que me percegem.

- Se você morrer algum dia eu te mato me ouviu bem? - Me distancio do seu abraço e o encaro frente a frente.

- Ouvi muito bem. - Ele gargalha alto.

- Já está avisado. - Resmungo.

Mark passa a mão por meu rosto, em seguida coloca uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

- Ficaremos dois velhinhos rabugentos, com a nossa casa cheio de netos e bisnetos e o que vier depois disso. - Ele diz.

- É o que mais quero. - Sorrio feliz. - Envelhecer ao seu lado.

Mark leva seus lábios aos meus e me beija com carinho, enquanto sua mão envolve minha cintura.

- Não quero que fique remoendo na sua cabeça o que aconteceu. - Ele diz. - Estou bem e nossa família também, então não precisa se preocupar.

- Você tem razão. - Suspiro alto.

Sei que o que aconteceu foi extremamente desagradável, mas preciso deixar isso para trás e seguir em frente, e aproveitar cada segundo ao lado das pessoas que amo e são importantes para mim.

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Bom dia meninas.

Tudo bem com vocês?

Não postei o capítulo ontem, porque o livro havida sumido de novo.  😒

Desejo a todas um bom final de semana, com as bênçãos de Deus.  ❤

Até segunda feira com o último capítulo. ❤❤