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12

Gart

Acordei com o corpo dolorido. Tinha a sensação de ter sido atropelada por um caminhão.

—Bom dia, ou devo dizer boa noite?

Levei um susto com a voz ao lado da minha cabeça. Gart estava sentado em um banquinho perto da cama, vestia uma blusa leve e calças com suspensórios, os longos fios negros do seu cabelo presos com a fita prateada. Ao redor pequenos orbes de luz flutuavam pelo quarto como lâmpadas. Já era noite e, por algum motivo, tinha a sensação de que anos haviam se passado desde a última vez que nos vimos.

—O que aconteceu?

Tentei me mover. Tudo doía.

—Você caiu em um sono profundo, um efeito colateral depois de presenciar parte da magia de Nix.

O vi fechar um livro. O barulho abafado soou como um martelo dentro da minha cabeça.

—Se lembra de alguma coisa?

—Sim — me esforcei até conseguir sentar — Foi tudo tão rápido — fiz uma pausa — Lembro das quatro mulheres, me lembro de Nix e...

Meus olhos foram até ele.

—Creio que também me viu.

Concordei em silêncio. Depois de alguns minutos tomei coragem para perguntar.

—Aquela era... sua mãe?

Gart levou os dedos até a ponte e respirou fundo. Por um breve momento achei que ele me diria para esquecer aquilo, que não era um assunto da minha conta, no entanto, depois de respirar fundo algumas vezes ele começou a falar.

—Fiz a mesma pergunta para Nix anos atrás, quando descobri o que ela realmente era.

Fiquei em silêncio, apenas esperando que ele continuasse.

—Não, aquela mulher não é minha mãe, parece que ela só me trouxe até aqui, a pedido da minha mãe verdadeira mãe.

Achei que Gart terminaria por aí, mas para minha supresa o vi levar as mãos até os fios escuros, fitar o chão por alguns segundos e dizer com a voz exasperada:

—Sempre que perguntava à Nix sobre aquela mulher a resposta era a mesma, esqueça, quanto menos saber melhor, jamais se envolva...

Conseguia sentir o amargor em sua voz. Aquela era a primeira vez que Gart me mostrava quem realmente era. Não apenas um homem sério, de poucas palavras e um tanto rabugento, mas alguém que guardava consigo uma ferida que, mesmo ao longo dos anos, continuava a doer.

—Mas você gostaria de saber, não é?

Perguntei buscando seus olhos. Não foi preciso repetir para que ele entendesse.

—Tem um buraco na minha história — seus olhos foram até mim — Me falta um passado! Eu queria saber entende, eu ...

Ele fez uma pausa, os punhos cerrados e o olhar distante.

—Eu ao menos queria saber quem era a minha mãe, o motivo de ter me dado àquela mulher...

O vi suspirar.

—Não acho que acho que você vai entender isso...

—Perdi meus pais com três anos de idade.

Minha confissão repentina pareceu pega-lo de surpresa. Como Gart ficou em silêncio decidi continuar. Era a minha vez de confessar uma parte da minha vida.

—Também não sabia muito sobre eles, quando isso aconteceu fui morar com minha avó materna, e mesmo com minhas insistentes perguntas ela nunca disse nada.

Dessa fez foi eu que respirei fundo enquanto olhava para o teto.

—Minha avó morreu três anos atrás — um nó se formou na minha garganta, mas contive a vontade de chorar — Meses depois consegui um trabalho na pequena cidade próximo ao sítio em que moravamos. Lá eu descobri que meu pai morreu em uma overdose de drogas, isso depois de ter matado minha mãe, a filha única da minha avó.

Podia sentir seu olhar atento sobre mim.

—Hoje eu entendo que minha avózinha só queria me proteger, mesmo que com isso ela tenha carregado um fardo enorme sozinha.

A primeira lagrima ameaçou cair mas antes que isso acontecesse a afastei com a mão.

—No fundo você sente raiva da Nix por ela não te contar muito, eu entendo o quão frustrante isso é, mas talvez ela também esteja carregando um fardo muito grande, tudo isso para protege-lo — com os olhos ardendo procurei as duas estrelas de prata na penumbra — Pelo pouco tempo que estou aqui, tenho certeza que Niz jamais esconderia algo de você caso não fosse realmente necessário.

Gart juntou as mãos no colo mantendo a cabeça baixa. Inconscientemente fui até ele e o acolhi em um abraço.

—Tenho certeza que algum dia você vai descobrir tudo assim como eu descobri — minhas mãos foram até os fios negros da sua cabeça — Até lá, continue sendo o filho cuidadoso e prestativo que você vêm sendo à Nix, afinal de contas, ela é a sua mãe e só quer o seu bem.

Seu calor envolvia meu corpo quando duas mãos rodearem minha cintura, sem.dizer nada Gart afundou o rosto na minha barriga.

Obrigado Sofia...

Ficamos assim por um tempo, um longo tempo. O suficiente para Gart se recompor e voltar a ser o rabugento implicante de antes.

Melhor assim.

Depois de nossa conversa sobre famílias complicadas o clima ao lado de Gart se tornou mais ameno e tranquilo.  Aproveitei para retirar outras dúvidas que tinha em relação aquele mundo. A principal delas era o motivo de Nix ter se transformado em uma bola de luz, o idioma, a escrita, sua comunicação com a fada e o porquê de ela não sair de perto da árvore. Segundo suas palavras Nix foi esgotando a mágia dentro de si com o passar das décadas e incapaz de manter uma forma física ela reuniu o que restava no que é hoje, e como uma árvore tão grande necessita de uma forte barreira para se tornar invisível ela não poderia se afastar muito, caso contrário, todos seriam capazes de encontra-la. Já com a escrita, Nix conseguia traduzir todos os textos existentes com mágia mas o idioma, bom, nem Gart conseguia entender, de acordo com relatos em outros livros que ele mesmo leu os humanos que já estiverem nesse mundo sempre conseguiam se comunicar, e isso era um mistério que perdurava até os dias de hoje.

—Mas você consegue entender a Nix? Ouvir ela falando?

—Quando ela era uma pessoa sim, depois o som das suas palavras foi enfraquecendo, hoje é preciso muita atenção para conseguir entender algo, mas como vivemos juntos a muitos anos isso não é um problema.

—Hmn, sabe, eu cresci ouvindo histórias sobre fadas...

Peguei o livro que ele estava lendo vendo as letras estranhas se moverem até que eu conseguisse entende-las.

—Será que todas as histórias são relatos de pessoas que vieram para cá?

—Talvez, ou podem ser relatos de relatos. Quem esteve aqui pode ter contado o que viu e quem escutou acabou repassando para um, depois outro e assim por diante.

—Se dois meses atrás me dissessem que fadas existem eu diria que essa pessoa é louca — acabei sorrindo — Hoje eu estou aqui, morando na casa de uma.

—A vida acaba nos surpreendendo as vezes.

—Tenho certeza que ela me surpreendeu muito mais do que qualquer outra pessoa.

—Tudo graças a um portal antigo.

—Ainda não entendi direito isso de portais, como eles funcionam? Tem mais espalhados por ai?

—Você é uma fonte inesgotável de perguntas, sabia?

—Só estou aproveitando seu bom humor, então? E os portais?

Gart esboçou um leve sorriso. Mesmo que ele reclamasse sabia que gostava de falar sobre aqueles assuntos.

—Portais são como pontes invisíveis entre reinos e, no seu caso, mundos. Existem muitos deles por aí, a maioria está protegida por guarnições dos reinos em que se encontram, já outros estão desativados, consequentemente abandonados.

—Era o caso do meu portal?

—Sim, nós os chamos de portais ancestrais, já que há mágia fluindo por eles, em suma, são apenas um amontoado de rochas.

—Bom, aquele portal não era apenas um amontoado de rochas.

—Portais para o mundo humano são raros, antigamente existiam muitos, mas com o tempo foram sendo destruídos ou se fechando sozinhos.

—Destruídos?

—Alguns relatos dizem que humanos que chegavam até aqui enlouqueciam, já outros contam sobre sequestros.

Senti um arrepio percorrer minha pele.

Sequestros?

—Nem tudo são arco-iris por aqui.

—Eu entendo — puxei meus joelhos para perto — O mundo humano não é tão diferente... se descobrissem uma fada provavelmente a capturariam para fazer estudos.

A ideia era terrível, tanto de um lado quanto do outro.

—De qualquer forma...

Sua voz me trouxe de volta.

—Creio que existiam resquícios de mágia no portal que te trouxe até aqui, e você foi a sortuda de entrar justamente no momento em que ele se abriu. O que, no caso dos portais humanos, sempre ocorria uma vez a cada ano.

—Pois é — me joguei na cama encarando o teto — Agora tenho que esperar para voltar para casa.

De canto de olho vi quando Gart se levantou. O longo cabelo balançava em suas costas conforme ia até a saída.

—Não reclame...

Sua voz chegou até meus ouvidos.

—Afinal de contas, não é você que precisa ficar ouvindo milhares de perguntas o dia todo.

Com um meio sorriso o vi sair do quarto me deixando a sós e, lá no fundo, em algum lugar dentro de mim, tinha a estranha sensação de que as coisas começariam a ser mais agradáveis entre nós dois.

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