Capítulo 1
1 mês antes
O meu corpo é levado para frente e procuro o farol desligado, mas infelizmente o vermelho tomou posse do poste e todo o espirito aventureiro que pairava sobre mim foi substituído pelo medo de não conseguir ultrapassar aquele movimentado espaço. Os carros estavão em fileiras, enquanto a moto de Marke está em alta velocidade, e acredito que pedir para diminuir a velocidade o faria tentar ultrapassar todos os limites da sua moto do ano.
O seu ego é tão grande, que a sua vida parece ser um pouco menos importante que isso.
Agarro o seu corpo com tanta força que me pergunto se ele está conseguindo respirar, mas percebo que sim devido o seu sorriso rouco por baixo do capacete. Marke aumenta a velocidade e fico tensa, sabendo que ele havia feito de propósito.
Já ouço a buzina de carros e fecho os olhos, rejeitando qualquer chance de ver a morte diante de mim. O desvio que ele faz é tão inclinado que encolho os dois joelhos na esperança de não tocar no asfalto. O barulho de carros, buzinas, gritos e todos os tipos possíveis de pessoas, estavam a flor da pele. Talvez com raiva por um adolescente, com fama de um delinquente, arrisca a própria vida. Não apenas a dele, mas de qualquer outra pessoa que esteja no seu caminho.
Sinto o meu corpo querer saltar da moto algumas vezes, mas entrelaço os meus dedos e afundo o meu rosto nas costas de Marke. Depois de poucos minutos, com menos gritos e desespero, ele para a moto e ouço ele me chamar. Abro os olhos e me afasto dele, desço da moto e fico furiosa por ele não ter pensado em mim e na minha falta de segurança, devido a falta de capacete.
— Você é o quê? Louco? — Inquiri com raiva.
Marke desce da moto e tira o capacete, colocando sobre ela e se virando para mim, despreocupado.
— Você não pensou em mim, Marke. Quase morremos naquele lugar. — Grito com ele.
— Não seja dramática, Ya. — A sua voz é impaciente. — Sempre atravessamos os sinais quando estão no vermelho, a ideia foi sua.
— Eu estava sem capacete, droga.
— Você não se feriu, é o que importa. — Balança os braços e segura a minha mão, puxando o meu corpo para o dele. — Não sei ainda porque a amo tanto, sendo tão teimosa.
Marke puxa o meu corpo para o dele e bate o seu peitoral no meu, devagar. Tento não abrir o sorriso, mas é impossível, e resistir a ele também se torna inevitável. Os seus olhos azuis estão cada vez mais intensos, a cada vez que me olha, sinto que sempre será a primeira vez. A mesma intensa conexão, o saber que estamos juntos depois de tudo, evitando o julgamento do mundo inteiro.
Eu deixo o sorriso dominar a minha face e sinto as suas mãos se apoiarem no meu rosto com carinho, tudo isso enquanto suspiro.
— Você sabe que eu a amo, mesmo que brigue comigo a cada três minutos. — Ele conduz a sua voz enquanto rasteja a ponta do seu dedo na minha pele, olhando para mim com intensidade, e seguro a sua nuca, sentindo as pontas dos fios do seu cabelo loiro e uma pequena tatuagem desenhada no lado direito do rosto, que desce até o seu pescoço. Parece uma águia. — Se me odiasse a cada um minuto, eu ainda a amaria mil vezes mais.
— Eu só não quero que se machuque, Marke.
— Eu não vou.
— Promete? — Perguntei provocativa.
— Eu prometo, minha rainha. — Marke beija a minha boca com carinho e retribuo da mesma forma.
Ouço o telefone tocar no bolso da calça e me afasto de Marke, sutilmente. Ele me olha enquanto seguro o aparelho na mão e observo o nome do meu pai na tela acesa. Um turbilhão de pensamentos veio na minha cabeça e procuro meios para ignorá-lo mais uma vez, sem ao menos ouvi-lo.
Suspiro. Marke parece entender o meu motivo de estar olhando a tela do telefone por mais de cinco segundos, então ele pega o aparelho da minha mão e rejeito o pensamento de não permitir, apenas espero o que ele fará a seguir.
Marke atende, e mesmo de longe, consigo ouvir a voz dele através da ligação.
— Você precisa deixá-la seguir os próprios sonhos. — Marke fala, autêntico. Ele ao menos sabe quais os meus sonhos, afinal? Nunca havia me sentado com o meu namorado e dito os meus objetivos para o futuro, por ele sempre declamar que viver o momento é muito mais importante do que planejar algo incerto. Olho para ele um pouco preocupada. — Ela está ocupada agora.
Os olhos de Marke parecem tão calmos, neutros e despreocupados.
Aceno com a cabeça e ele coloca o telefone no alto-falante, tira do ouvido e ergue o celular para frente do peitoral, entre os nossos corpos.
— Eu sei que ela está aí, Marke. — A voz de meu pai é alta, frenética e chorosa. — Deixei mensagens de voz á ela e preciso alertá-la, se a ama de verdade, sabe que ela será muito mais feliz e segura longe de você, e sabe disso mais do que ninguém.
— Eu a protegerei, você tem uma ideia errada sobre o meu povo e vou provar isso. — A voz do meu namorado parece ser tão certa que sinto uma leve pontada no peito, mesmo que aquele drama todo seja um grande exagero.
— Ela só estará protegida quando estiver longe de você, Marke. — A voz dele ainda parece rápida, e um pouco tensa. — "Amor, diga do colar." — A voz da minha mãe também está na mesma sintonia e dou um passo para frente, curiosa, mas o meu namorado ergue o telefone e me impede de pegá-lo de volta. — Se você está ouvindo, querida, saiba que sempre estive do seu lado. Independente da sua escolha, morando ou não com ele, sempre estaremos esperando por você.
O meu coração arde, e seguro o choro para que Marke não veja.
Ele abaixa o olhar para mim, como se soubesse exatamente do que estou segurando na garganta através das batidas em alta velocidade do meu coração.
— Converse com eles. — Ouço a voz de Marke, é como se ele soubesse exatamente da minha negação a isso, e me provocasse de alguma maneira. Olho para ele mostrando-o a minha tensão. — Eles nao irão nos deixar em paz, Yara. Diga adeus, ou se despeça de mim.
Olho para ele assustada, sem saber o que fazer.
— Eles tentaram me matar, Yara. — Marke continua sussurrando, longe do celular. — Quantos pais hoje em dia tenta matar alguem com uma faca de prata?
Fico triste, lembrando-me da semana anterior.
— Eu os amo. — Sussurro, sem forças. Ele se aproxima e beija o topo da minha testa.
— Eu sei. — Ele volta a dizer, depois olha para o celular. — Lara, o colar está comigo. — Ele diz para a minha mãe e o encaro confusa.
— Que colar? — Pergunto, curiosa e sem entender.
— Deixe-a em paz, Marke. Ela não merece passar por tudo isso. Fizemos de tudo para tirá-la dessa vida, não a torne mais difícil. — A voz da minha mãe soa atrás do telefone e, dessa vez, não consigo segurar as lágrimas. — Ela precisa saber, deixe-nos contar a ela.
— Não.
— Contar o quê? — Pergunto alto, Marke ergue o telefone. — Mãe, contar o quê?
— Irei falar com eles. — Marke olha para mim e tento negar. — Você fica aqui.
— "Aqui" onde? No meio do nada?
— Não se preocupe.
— Filha, iremos buscar você... — Marke desliga o telefone e puxo o celular da sua mão.
— Qual o seu problema?
— Eles tentaram me matar na sua frente. — Disse ele, segura o meu rosto e fico em silêncio. — Vou falar com eles, não irei demorar. Tudo bem?
Nego, quase soluçando.
— Tudo bem, Yara? — Ele pergunta novamente.
Olho com atenção e depois aceno com a cabeça.
— Eu a amo.
— Eu também te amo. — Beijo os seus lábios, depois ele vira o rosto e caminha na direção da moto, olha para mim uma última vez e da partida.
Depois disso, os minutos passam tão devagar que é como ver a noite desaparecendo diante de mim.
Encosto-me na parede e me sento numa lata suja ao canto, observo o beco em que entramos e suspiro, tão escuro quando o céu naquela noite. A única coisa que brilha através dos céus, é a Lua Cheia e toda a sua fortaleza ao redor.
Sinto um calafrio no corpo, como se o frio percorresse por minha pele, mesmo que estivesse calor.
Apois mais de hora esperando por Marke, sutilmente pego o meu celular no bolso e percebo que está desligado. Marke havia desligado sem que eu percebesse, fico altamente furiosa e o ligo, esperando a tela brilhar.
Caminho na direção da calçada, entre o meio-fio e a rua escura.
Assim que o celular liga, disco o número dele e cai na caixa postal. Havia várias mensagens dos meus pais, ligações perdidas e caixa postal.
Fico preocupada, disco o número dele e ligo novamente. Não havia ninguém para ligar além deles, embora fosse para Yure, mas acredito que ter um irmão que mora tão longe quanto a água salgada não seja uma opção.
O telefone toca e atendo sem ao menos ver o remetente.
— Alô? Mãe? — Já pergunto.
— Yara Luther? — Uma voz desconhecida me surpreende e olho a tela do celular, observando o número restrito. Depois coloco no ouvido novamente e ouço.
— Quem é?
— Meu nome e Russell. O seu número está no contato de emergência e... — Paro de ouvir no mesmo segundo, sinto o coração errar as batidas.
— E por que está ligando para mim, Russell? O que houve? Onde está os meus pais?
— Me desculpe, Sra. Luther, os seus pais sofreram um acidente. — A voz dele é calma, e comeco a chorar preocupada, esperando que ele termine. — Eles estão mortos.
O meu corpo inteiro se esfria, sentindo as veias secarem através da grande dor que arranca qualquer faísca de esperança.
— Onde ele está... um jovem, loiro... ele...
— Era o seu irmão? — Ouço-o perguntar.
— "Era"? Como assim "era"?
— Sra, eu...
— Por favor. É o meu namorado. — Coloco a mão na barriga, sentindo o embrulho no estômago arder de uma forma desumana. — Por favor... por favor... me diz que ele está bem?
O telefone se cala e seguro o grito, impedindo do despesero tomar conta de mim.
— Eu sinto muito, Sra. Luther. — A voz do homem é sincera, mas deixo o celular cair ao chão e rapidamente me ajoelho, agarrada com a barriga.
Sinto uma dor ensurdecedora predominar toda a região do meu corpo e luto para não cair, mas é impossível. O meu corpo se deita no meio-fio e choro, puxando fortemente a minha camiseta preta e agarrando a minha barriga.
— Marke... mãe...
Encolho os meus joelhos e suplico para mim mesma se acalmar, lutando contra tudo que pudesse machucar o meu bebê na minha barriga.
Lembro-me dos meus pais e choro, amargamente. Depois a noite toma conta dos meus olhos e não consigo mais respirar.
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