Yasmin narrando

No mesmo dia as 13:00 hora

    Abro os olhos lentamente tentando não ser surpreendida com nenhum clarão. Para minha sorte tudo está escuro no quarto. Me levanto, me espreguiço e percebo que minha dor na cabeça e nos olhos passou. Ainda estou com a boca seca, mas aliviada por não estar mais sentindo todas aquelas coisas.

     Me viro rápido para abrir a janela e sinto de novo tontura.Não estou completamente curada da ressaca. Queria o que? Somente um milagre poderia tirar todas as coisas de uma vez só, mas um remédio apenas para dor de cabeça não resolve quase nada. Por enquanto eu só posso descansar e beber bastante água hoje.

    Escuto alguém batendo na porta e acabo me despertando de meus pensamentos. Eu espero que não seja os meus irmãos para tirar minha paz. Brigar com minha mãe de novo foi o suficiente e observar o sorriso de satisfação do meu irmão acabou sendo a pior coisa naquele momento.

— Está aberto e se for os queridinhos estou com muita pouca paciência. Se for um de vocês  podem me deixar em paz— eu grito lembrando rapidamente do que aconteceu quando voltei para casa.

— Sou eu dramática — uma voz rouca diz e a porta se abre. David aparece, porém fica parado segurando na maçaneta — Acha que vale expulsar o seu irmão preferido?

— Você pode entrar e tranca essa porta —  coloco a mão na cabeça e olho para cima.

— Não precisa trancar, porque vim somente  para a gente conversar — ele se senta na cama e olha para mim — Acordei a  pouco tempo e eles me contaram tudo.

— Estou com raiva do Albert — eu balanço a cabeça e sento do lado dele — Me diz o que exatamente ele te contou.

— Quem narrou os acontecimentos dessa manhã foi os repórteres chamados Albert e Alex — ele muda a voz de repente e sorrio com seu jeito — Descobri que enquanto eu dormia aconteceu muitas coisas. Todos aqui tiveram uma manhã de emoções. Cheguei a me arrepender por ter perdido, mas pelo menos tive ajuda de dois repórteres e pude entender tudo.

— Continua brincando e achando divertido, cara — eu bato nos braços dele e depois o empurro — Fica rindo da minha desgraça e aproveita para defender os queridinhos já que gostou de saber todas as emoções da nossa manhã.

— A gente não pode mais brincar também? — ele levanta os braços e fica sério — Você tinha senso de humor. O que aconteceu?

— Não vai conseguir me fazer acreditar que está arrependido, porque eu te conheço — aponto o dedo para ele — Deve ter gostado  de saber que mais uma vez eu briguei com a nossa mãe e fiquei de castigo.

— Você não é a primeira e nem a última a ficar de castigo — ele pega na minha mão e sorri — Eu não gostei de saber sobre essa briga de vocês duas. Sou o David lembra? O que te ajuda e o que sempre tenta fazer de tudo para te animar.

   Respiro fundo me controlando para não descontar minha raiva em cima dele. Eu sei que ninguém tem culpa de eu ter errado o número quando mandei mensagem para pessoa errada. Se não fosse meu erro acho que nem teríamos passado por momentos ruins mais cedo.

— Desculpa por ter descontado tudo em você — aproveito que ele está com a mão em cima da minha e digo — Prometo que vou tentar reconhecer o  esforço que faz me ajudando, me defendendo e estando comigo nos piores momentos.

— Promessa de mindinho? — agora é a vez de ele e eu sorrimos.

   David levanta o dedo mindinho e envolvo o meu com o seu. Esse é um dos juramento que fazemos desde que éramos crianças e levamos isso a sério. É difícil jurarmos algo para quebrar a promessa depois.

— Incrível como sabe sempre o que estou pensando — me deito na cama e olho para o teto — Pensei da gente fazer a promessa de mindinho e antes que eu pudesse dizer você tirou as palavras da minha boca.

— Isso se chama parceria sua dramática — ele cruza os braços — Sempre juramos e não seria diferente agora.

— Eu estou meio revoltada por causa desse castigo injusto — suspiro e ignoro ele ter me chamado de dramático de novo — Por isso esse meu jeito delicada como um coice de mula.

— Meio? Delicada? — se segura para não rir e começa a fazer cócegas em mim — Nisso eu preciso concordar. Minha querida irmã sempre foi delicada como um coice de mula. Meio revoltada não combina com ela. Seria certo dizer que está muito, bastante ou que nasceu revoltada. Isso combinaria perfeitamente.

— Deixa de ser palhaço idiota — bato nele novamente para me livrar do ataque de cócegas — Eu ainda estou mal por causa de ontem. Tenha pena de mim.

— Exagerou nas bebidas acertei? — ele vai abrir a janela e eu aperto os olhos quando vejo a claridade — Ainda bem que se livrou dessa vez e não deixou a mamãe perceber que bebeu.

— Ela iria me matar se soubesse e isso não importa mais — coloco meu travesseiro no rosto — Eles estão em casa?

— Albert foi na casa de uma amiga, o Alex saiu para jogar bola com os vizinhos e nem sinal da dona Marlene — ele me explica.

— Deixa ela escutar que o filhinho chama o nome dela e não diz senhora — digo com a voz de bebê e faço biquinho — Tenha mais respeito que não foi isso que te ensinei.

— Vai passar o resto do dia deitada ou vai aproveitar? — pega o meu celular e olha a hora — Sabia que passou do horário da senhorita almoçar?

— Só me dá um desconto, porque ainda não estou bem — resmungo e me levanto desanimada.

— Está me achando com cara de loja para dá desconto? — ele diz com divertimento.

— Adora me irritar o palhaço — finjo está rindo e abro a porta — Quer que eu faça o que para aproveitar meu lindo dia?

— A dona das ideias malucas aqui é você — dá de ombros pensativo — Ah eu quase não lembrava. Mais tarde nós teremos um jantar especial na casa de…

— David, David, David — eu grito e acabo o assustando — É um gênio mesmo. Acabou de me fazer ter uma ideia para estragar a noite dos queridinhos.

— Do que está falando? — me olha com desconfiança.

— Eu sei que temos esse jantar e  prometi  que não iria fazer nada que comprometa a nossa família — ele ainda está me olhando só que percebo que está confuso.

— Desenvolva melhor para mim entender — ele me pede e arquea as sobrancelhas.

— Eu prometi não desapontar a nossa mãe essa noite e vou cumprir — começo a explicar com calma — Só que eu não posso deixar as coisas assim depois da confusão que os filhinhos preferidos  aprontaram.

— Quer se vingar? Tem certeza disso? —pergunta como se estivesse escolhendo cuidadosamente cada palavra.

— Vou me vingar sim e vai ser muito bem merecido — saio do quarto e ele me segue — Está comigo nessa ou posso fazer tudo sozinha?

— Eu… não posso… vamos ser descobertos — diz me seguindo — Aprontaria junto se não fosse para prejudicar eles. Sabe que eu te ajudaria sempre.

— Deixa logo de besteira que aprontamos desde pequenos — entro no quarto do Alex e abro o guarda roupa — O plano é esse. Eu vou colocar pó de mico na roupa dele e você faz o mesmo com a roupa do outro.

— Isso tudo para se vingar? Acho que está exagerando — balança a cabeça — Digo isso porque não se brinca com esse tipo de coisa.

— Resolveu ser santo agora — tento deixá- lo irritado — Como se nunca aprontasse nada. Não estou mais te reconhecendo.

— É arriscado fazermos isso com aqueles protegidos — grita e eu percebo que deve estar cansado — Tudo bem, tudo bem…eu preciso me divertir um pouco. Estou nessa contigo.

    Eu e David sabemos com qual roupa eles vão. Coloco pó de mico nas roupas do Alex e ele faz o mesmo com as roupas do outro. Guardo o pó de mico e tento convencer o David que fizemos o certo. Vingança é com a minha pessoa mesmo.

    Tomo um banho demorado, visto um vestido simples, desço as escadas e decido almoçar mesmo estando tarde. David me faz companhia e ficamos conversando um pouco enquanto almoço.Mal posso esperar para chegar a hora de nos arrumarmos para o jantar.