Capítulo dois
Jeferson narrando
21 de janeiro -sábado
Eu já fui aquele garotinho tímido e que queria ser invisível. Chorava se me excluiam na escola, pois eu queria muito ser de um grupo. Sempre senti que eu precisava ter amigos e ser aceito por meus colegas. Não sabia socializar.
Eu já participei de grupos de amigos que riam de mim, quando eu aparecia e sentava com eles simplesmente era ignorado e não brincavam comigo. Fui muito influenciado por alguns amigos e só ficava perto dessas companhias por ter medo de ficar sozinho.
Hoje em dia não sou mais assim e graças a meus pais eu mudei. Eles me ajudaram a não confiar em todo mundo e me afastar de pessoas ruins. Não sou mais um garoto bobo que aceita ser ignorado por quem se diz ser amigo só por medo de ficar sozinho.
Se é para falar de mim não tem sentido eu deixar os meus pais em último lugar. Imaginem uma família feliz,com pais bem legais, uma casa aconchegante e uma ceia de natal com toda a pequena família.
Conseguiram imaginar? Pois é assim na minha família. Nós não somos parecidos com aqueles comerciais idiotas da Margarina que aparecem na TV. Esse negócio lindo e perfeito desses comerciais não chega nem perto de como são as famílias da vida real.
Meus pais são legais e eu amo muito eles. Minha mãe é nutricionista e o meu pai é um cirurgião. Não tenho nada do que reclamar e agradeço por ter uma casa para morar e uma boa família. Eu sou filho único.
Tenho uma vida boa e ainda tem quem me inveja, mas eu não acho que precisam ter inveja de mim por viver bem.Minha vida não é perfeita e eu nem quero que seja. Sou um filho carinhoso e quero que os meus pais tenham orgulho de mim um dia.
Um dos meus maiores sonhos é de ir estudar em um internato.O motivo para eu querer isso? É simples, pois eu quero focar nos meus estudos e na minha família.Eu sei que vou ganhar muito se eu tiver educação melhor, no futuro terei um bom trabalho e ainda vou fazer amizade com alguns alunos ricos.
Ano passado meu pai conversou comigo e disse que iria me matricular em uma nova escola. Eu lembro que fiquei triste, mas meu pai sorriu e me contou que se eu quisesse poderia ir para um internato. Imaginem como fiquei? Muito feliz por finalmente poder realizar meu sonho.
Em fevereiro vou para um ótimo colégio interno aqui no Rio de Janeiro e estou bem ansioso. Sinto que isso vai ser bom para mim.Deixar tudo para trás e ir realizar meu maior sonho é o primeiro passo.
Algumas pessoas já pensaram que eu sou rico, que moro em uma mansão, que tenho muitos amigos e blá, blá, blá. A verdade? Eu não sou rico e nem me acho um filhinho de papai. Não me aproveito por ter uma mãe nutricionista e um pai cirurgião. Para mim isso é normal.
Eu nunca fui popular e nem tenho várias garotas atrás de mim. Sou bonito. Isso ninguém pode negar e pareço ser um daqueles jogadores de futebol americano. Sou um pouco parecido com um deles pela minha altura, pelos meus olhos e por eu ser muito bonito.
Hoje é sábado e eu perdi o sono de novo. Ando me acordando cedo ultimamente e acho que é ansiedade por as aulas estarem perto de voltar. Bati a mão com força no meu despertador e isso o fez cair no chão.
Eu coloco o despertador para tocar as 08:00, pois tenho uma pequena ilusão de que pelo menos por uma noite eu vou ter um pouco de paz e sossego com um bom sono. Que ilusão pensar assim.
Ao cair no chão o despertador finalmente para de tocar e eu suspiro com isso. Coço meus olhos, me sento e fico olhando para o nada. Estou cansado, olhos ardendo, com dor de cabeça e ainda parece que eu passei a noite dançando em uma festa.
Odeio acordar cedo e ainda mais se for em finais de semana. Decido me levantar e pego o meu globo terrestre que está em cima da mesinha de estudos. Fico somente o girando por um tempo.
Vou até a janela e fico somente olhando para o céu. Desde quando eu era pequeno que gosto de observar o céu, cada pingo de chuva e as nuvens que parecem "andar".
Minha matéria preferida na escola sempre foi ciências, mas conforme fui crescendo e aprendendo mais coisas comecei a gostar de espanhol e inglês. Hoje em dia eu tenho orgulho de dizer que sou ótimo nas provas da escola. Gosto de aprender novos idiomas e penso em fazer faculdade de letras.
Prezo muito a minha liberdade, gosto de me sentir livre e ser quem sou de verdade. Outro sonho que tenho é de conhecer o mundo. Não sou aventureiro nem nada, não gosto de adrenalina, mas me interesso por culturas de outros países e quero um dia realizar esse meu outro sonho de viajar o mundo.
Ao pensar nisso meus pensamentos só foram direcionados a uma garota que era minha namorada. Ela tem esse sonho de viajar muito. A 5 meses atrás terminamos nosso namoro, mas se fosse por mim ainda iríamos estar namorando sem problemas.
Débora, a minha ex namorada, é muito ciumenta. Nós éramos um casal unido até demais daqueles que não brigam muito, tínhamos conexão e química. Todos dizem que formamos um belo casal até hoje. Porém, nem estamos mais juntos e mesmo assim as pessoas insistem em dizer esse tipo de coisa.
O que atrapalhou nosso namoro foi os ciúmes dela. O meu amor parecia não ser o suficiente, ela desconfiava de mim, vivia dizendo que eu era bonito e também que ela precisava mostrar para as garotas atiradas que eu tinha dona. Eu me sentia como um cachorro as vezes.
Eu a amava muito e ainda acho que a amo, mas precisei colocar um ponto final na nossa história.Os ciúmes dela estavam bem fortes ao ponto de fazer ela criar paranóias de que eu estava a traindo.
Chegava a me contar sonhos onde eu aparecia com uma garota traindo ela. Eu tentei fazer de tudo para mostrar que só amava a Débora. Presenteava ela com buquê de flores, fazia as suas vontades as vezes, dizia que a amava muito.
Ligávamos um para o outro durante o dia só com a desculpa de que estávamos com saudades. Na verdade o motivo para as ligações era de que nós dois só queríamos ouvir um oi um do outro.
Parecíamos alma gêmea e não digo isso de brincadeira. A química era forte mesmo e chegou ao fim por eu ter dito a verdade a ela. Minha ex namorada não aceitou muito bem o fim do relacionamento e para ela a gente só resolveu dar um tempo.
Débora se mudou para outra cidade e eu não quero voltar a vê-la de novo. Preciso esquecer ela, seguir minha vida, recomeçar e focar nos meus estudos. Sem pensar em namoros no momento.
Eu esqueci de dizer que acredito muito em signos. Meu signo é libra e ao ler sobre a personalidade de pessoas desse signo eu percebi que tem coisas que me descrevem. Dia 9 de outubro desse ano eu completo 18 anos de idade.
De repente os meus pensamentos interrompidos quando sinto cheiro de café. Eu sorrio pensando na merenda e como não tenho mais sono nenhum decido sair do quarto. Tomo banho, escovo os meus dentes, visto uma roupa qualquer, me olho no espelho e ajeito meu cabelo.
— Eu sou muito bonito mesmo — sorrio ao dizer isso em frente ao espelho e abro a porta do quarto.
Desço as escadas, vou a cozinha e vejo os meus pais conversando. Minha mãe está fazendo o café enquanto o meu pai ler o jornal. Ele gosta de saber das notícias do dia a dia.
— Bom dia família — digo sorrindo e logo eles me olham — Preciso de um café bem forte agora.
Como sempre eu peço a bênção a minha mãe. Minha mãe, Verônica, é católica e meu pai, Luciano, custa muito a ir a igreja por sempre está ocupado com o seu trabalho no hospital. Essas férias de final de ano foram merecidas dessa vez.
— Pelos seus olhos e aparência… —minha mãe começa me olhando — Você deve ter tido insônia novamente.
— Imaginação da senhora — me sento e pego uma xícara — Tive uma noite muito boa de sono sabe? Até babei de tanto que eu dormi.
— Sem brincadeiras, Jeferson — ela me olha preocupada — Tomou o seu chá ontem a noite?
— Não precisa se preocupar comigo — a tranquilizei — Deve ser ansiedade que logo vai passar e eu odeio chá.
— Chá acalma — meu pai finalmente diz sem tirar os olhos do jornal e ajeita o óculos — Acho que você tinha que escutar sua mãe.
— Eu estou bem — suspiro tentando os convencer — Agora preciso de um remédio para dor de cabeça e nada além disso. Está tudo bem comigo.
Depois de um tempo convenci a meus pais que era somente insônia para eles não se preocuparem tanto. Tomamos o café da manhã, tomei um remédio de dor de cabeça e resolvi sair.
As nuvens negras insistem em esconder o sol. O tempo permanece meio abafado por não estar ventando muito. Decido ir até a praça que fica perto da minha casa. Assim que me sento em um banco meu celular toca.
— Fala Augusto — digo ao atender a sua ligação.
— Que mau humor—ele diz provavelmente pelo meu tom de voz.
— Não preguei o olho essa noite — sorri para descontrair — O que você quer?
— Calma aí, Jeff — começa a rir e quase posso ver ele revirar os olhos — Você já está sabendo da festa que vai ter?
— Ainda essa história desse idiota baile de máscaras? — observo as crianças brincando no escorregador — Pensei que vocês não iriam mais.
— Está brincando, cara? — ele grita — Vai ser o baile de máscaras.Quem sabe você conhece uma gata e esquece a tua ex?
— Se você gritar de novo eu arrebento a sua cara —digo brincando, mas com a voz séria — Quando vai ser isso?
— Hoje a noite naquele salão de festas que eu te falei. Não esquece da máscara que é o principal — ele sorri e escuto o som de tiros. Augusto deve estar jogando aquele jogo que ele é viciado.
— Se eu for eu te mando mensagem está bom?E nem pense em pronunciar o nome da minha ex de novo. Não quero namorar com ninguém agora cabeção.
— Você que é um cabeça dura de querer só estudar enquanto tem que aproveitar a tua vida. Anota aí isso que é bom para você — escuto mais sons de tiros e ele grita.
— Droga — afasto o celular do ouvido e suspiro novamente — Deixa de gritar aí, Augusto.Pode deixar que vou pegar o meu caderninho para anotar o seu conselho — digo irônico.
Continuamos conversando e eu resolvi deixar ele jogar em paz. Já basta não ter dormido e ficado em claro a noite toda. Agora ir para um baile de máscaras não estava em meus planos para hoje, mas vou pensar melhor e se eu tiver com vontade de ir para esse baile eu mudo de ideia.
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