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Os ciúmes de Saori


Duas semanas após a triste noite do bar em Rodório, sorveteria no centro de Rodório...

Saori

Faz duas semanas que eu comecei a trabalhar aqui na sorveteria, no centro de Rodório. E faz exatamente duas semanas, desde aquela fatídica noite em que vi meu ex-namorado no maior papo com aquela moça de longas madeixas esverdeadas que estou muito mal e completamente enciumada. Afinal, eu continuo amando o meu ex, mesmo que eu não deva continuar a nutrir sentimentos por ele. Porém, mesmo eu estando com o Abel, eu continuo a amar verdadeiramente o meu eterno e amado Murilo.

— Saori, será que você poderia levar esse pedido até a mesa dez? — Mino pediu docemente e de forma educada.

— Pode deixar que eu levo. — falei de forma educada, enquanto eu seguia até à mesa dez para entregar o pedido. Porém, ao chegar lá, me deparei com ele, o meu ex, junto da esverdeada daquela noite. A minha vontade era de sair correndo dali e voltar para aonde eu estava. Mas eu não podia fazer isso. — Aqui está o seu pedido. — avisei de forma seca, os fazendo cessarem sua animada conversa e olharem para mim.

— S-Saori! Você está trabalhando aqui? — Mu perguntou educadamente.

— O que você acha? — questionei num tom ríspido.

— Desde quando você está trabalhando aqui? — novamente me indagou de forma educada.

— Me desculpe, mas eu não sou paga para conversar com clientes. Aqui está o seu pedido e de sua namorada. — comentei com dor de cotovelo e contendo ciúmes.

— Espere! A Ariana não... Ah, esquece! Deixa para lá. — em seguida o mesmo cessou as palavras, e eu retornei as pressas para cozinha, sentindo uma imensa vontade de chorar.

Murilo

— É ela, não é, Mu? É ela que é a sua ex, não é?! — a esverdeada questionou num tom sério, enquanto desviava seu olhar dos meus.

— Ariana, eu posso te explicar. — comentei me sentindo sem graça.

— Está na cara que é essa moça a sua ex que você continua amando. — novamente ela soltou sem me encarar.

— Me desculpe. — pedi sério.

— Está tudo bem, Murilo. Eu vou embora, pois eu não quero ser um empecilho entre vocês. — a bela esverdeada comentou já se levantando da cadeira.

— Por favor, não vá. Fique, e me faça companhia. A Saori é um passado que eu quero e preciso esquecer completamente. — expliquei enquanto segurava seu braço.

— Está bem, eu ficarei para te fazer companhia. Afinal, eu não sou nada além de sua amiga. — soltou me olhando.

— Obrigado por me fazer companhia, Ariana. — agradeci sorrindo.

Enquanto isso, em Creta, no castelo do rei Shion...

Rei Shion

Eu estava sentado no meu trono, e a todo momento eu pensava nos meus dois filhos — tanto em Icaros que morreu precocemente, e no Murilo que eu tive com Luna quando a mesma era uma das serviçais daqui do castelo.

Estar vivendo longe de meu filho Murilo, está sendo um martírio para mim.

— Eu preciso arrumar uma maneira de ir me aproximando dele, sem causar confusões tanto com Ártemis, a minha rainha, quanto com Luna, a mãe do meu filho que tanto me odeia. — pensei comigo mesmo.

— Com licença, vossa majestade. O senhor mandou me chamar? — meu conselheiro e amigo adentrava a sala, me reverenciando enquanto me indagava com educação.

— Sim, Dokho. Eu mandei chamá-lo, pois eu preciso de seus conselhos. — comentei calmamente.

— É sobre algum problema relacionado ao reino, majestade? — questionou solícito.

— Não. É sobre uma questão particular e íntima minha, a qual você já deve saber o que é. — soltei num tom de voz baixo e sereno.

— Entendo perfeitamente quais sejam os anseios de vossa majestade. É sobre o vosso filho, o príncipe Murilo, não é, senhor?

— Isso mesmo. Eu gostaria muito de arranjar uma forma de me aproximar dele, sem revelar a ele, logo de cara, quem eu sou. — relatei minhas preocupações.

— Que tal a vossa majestade se disfarçar quando estiver junto do príncipe? — o sábio homem indagou com sabedoria.

— O problema é, como eu farei isso sem que eu seja descoberto pelo meu filho e por sua mãe. Afinal, não há muitas pessoas parecidas comigo, e eu não tenho um sócia, muito menos um irmão gêmeo. — relatei minhas aflições.

— Que tal o senhor fingir-se de camponês, todas as vezes que estiver junto do príncipe? E caso algum dia ele, ou até mesmo Luna desconfiarem de vossa semelhança, o senhor pode fingir ser seu próprio gêmeo que foi roubado e criado de forma simples e humilde. — explicou com sabedoria e perspicácia o seu plano mirabolante.

— Você, de fato, é um gênio, Dokho. Afinal, a Luna sequer sabe que eu tive um irmão, e que o mesmo morreu precocemente aos dezesseis anos. E foi só pelo fato de Ares ter morrido que eu fui nomeado a rei. — comentei me sentindo um pouco triste. Afinal, ter perdido meu irmão tão prematuramente, me faz sofrer até os dias de hoje, pois foi Ares que me ensinou tudo o que eu sei. Nós perdemos nosso pai muito cedo, e ele que mesmo sendo tão jovem cuidou da nossa mãe, de mim e de nosso reino.

Mas quando parecia que estava tudo bem, nós viemos perder a nossa adorada mãe Camélia, que foi vítima de uma armadilha vil e desprezível. Ares cuidou de mim como um pai e mãe ao mesmo tempo. Porém, ao completar seus dezesseis anos, meu irmão foi traído e morto por um amigo, a quem ele tanto confiava. E eu logo fui nomeado rei, mesmo sendo tão jovem — na época eu só tinha quatorze anos, e por sorte o avô de Dokho me ajudou e me acolheu como seu filho. Porém, após o mesmo ter falecido devido à velhice, restaram somente meu velho amigo Dokho e eu.

Depois, ao completar dezoito anos, me casei com Ártemis, e logo a mesma engravidou. Na época, por eu ser tão jovem e inexperiente, não engravidei só a minha rainha, como engravidei também a Luna, que é mãe do meu filho Murilo, fato que fez minha rainha despedir Luna, quando descobriu a minha traição. Eu fui pai muito cedo, pois meu filho Mu atualmente está com vinte anos de idade e eu tenho trinta e oito.

— Majestade, o senhor deve estar se relembrando de seu passado, não é? Me perdoe por remetê-lo a tristes acontecimentos que o senhor teve que enfrentar. — disse com pesar.

— Está tudo bem, meu caro amigo. Afinal, o passado tem que ficar aonde ele cabe. Ou seja, mesmo ele existindo, ele não pode sobrepujar nem o presente, muito menos o futuro. — relatei convicto.

— O senhor ainda deseja mais alguma coisa?

— Não, Dokho. Obrigado, e você pode se retirar e tirar a tarde livre para você. — soltei sorrindo e entusiasmado.

— Hum... É impressão minha, ou o meu rei está sabendo de alguma coisa? — me indagou displicente enquanto bagunçava os cabelos castanhos.

— Se você está se referindo a Shina, sim. Eu sei que vocês dois já andam de paqueras há um bom tempo. E se eu fosse você investia na esverdeada. — falei sorrindo.

— A vossa majestade anda muito bem informado. — comentou sorrindo de orelha a orelha.

— Dokho, vá à floricultura de Rodório e compre para ela o melhor buquê de tulipas roxas, pois essas são as flores favoritas dela. E avise ao Afrodite que serei eu que pagarei pelo buquê. — falei me sentindo imensamente feliz por ver a felicidade de meu amigo e irmão.

— Muito obrigado, senhor. Eu nem sei como expressar a minha gratidão. — soltou emocionado.

— Seja feliz e a faça feliz. Aí sim, sua dívida estará mais do que quitada, meu amigo. — eu disse próximo a ele enquanto nos abraçávamos.

Depois do nosso abraço desfeito, o mesmo com certeza seguiu atrás da sua felicidade, e eu retornei aos meus afazeres reais.

Enquanto isso, no castelo do rei Milo Seferis, aposento do rei e da rainha...

Yula

— Shina, use esse vestido aqui para você se encontrar com o Dokho. — eu falei me sentindo feliz ao lhe entregar um vestido que eu havia separado para ela.

— Mas, vossa alteza, eu não posso aceitar esse vestido. Deve ter sido muito caro! E a senhora sempre gostou muito dele, e não é certo uma criada feito eu usar um traje tão elegante desses, e o mesmo é da senhora. — ela comentou com modéstia.

— Por favor, aceite. É um presente meu para você, e se você se negar em aceitar, eu me sentirei triste. — relatei seriamente.

— Por favor, senhora. Não fique triste por minha causa, pois isso fará mal à senhora e ao bebê. — soltou com preocupação.

— Então, se você não me quer triste, para não fazer mal nem para mim, nem ao meu bebê, por favor, aceite e use o meu presente no seu encontro. — pedi, fazendo uma certa chantagem.

— Está bem, vossa alteza. Se o fato de eu aceitar e usar esse belo vestido te fizer bem e feliz, eu o aceito e o usarei. — comentou me olhando com carinho. Depois me deu um abraço em forma de agradecimento, e em seguida a mesma seguiu para o seu quarto para se arrumar. 

Quarto de Kardia...

Milo

Eu aproveitei que meu tio estava ausente do castelo, e sem ninguém saber, eu adentrei em seu quarto para procurar a adaga que me pertence e que eu havia deixado com o Camus — era a adaga que ele obrigou minha chefe da guarda lhe entregar novamente.

Eu comecei a vasculhar cada parte do seu imenso quarto, porém quando ia indo tentar decifrar a senha de seu cofre, eu fui surpreendido por Geist, a quem eu desconfio de ser uma de suas amantes.

— Majestade, o senhor está à procura de alguma coisa? — soltou calmamente depois de alguns segundos, me encarando em silêncio.

— Não, Geist. Não estou à procura de nada. E, por favor, mantenha sua descrição. — comentei num tom de voz baixo, porém sério e taxativo, antes de me retirar do quarto de meu tio.

Santorini, castelo da princesa Catarina e do rei Alexandre...

Rei Alexandre

— Pandora, você sabe onde está Catarina? — indaguei sério a minha conselheira. — Pois um velho amigo meu veio vê-la. E me parece que a mesma não se encontra nos domínios do castelo.

— Majestade, eu não faço ideia de onde a princesa esteja. Porém, se o senhor desejar, eu perguntarei a Amália, a sua dama de companhia. — a bela e enigmática arroxeada dizia num tom de voz baixo.

— Não é preciso. Afinal, Amália também não se encontra no castelo. — soltei a olhando fixadamente.

— O senhor deseja mais alguma coisa? — indagou calmamente.

— Não, você pode se retirar agora, Pandora. — respondi, dando-lhe a autorização para a mesma sair.

— Olá, Alexandre. Muito bela, sexy, atraente e enigmática é essa sua conselheira. — Kardia comentou entrando na sala.

— De fato, ela é tudo isso e muito mais. Mas mudando de assunto... Você se encontrou com minha filha, pelo castelo? Ou será que realmente Catarina não se encontra? — comentei um pouco irritado.

— Meu caro Alexandre, Catarina novamente saiu sem avisar. — ele disse sério.

— Obrigado, Kardia. E me desculpe pelo fato dela não estar para recebê-lo, pois eu faço gosto de você e minha filha virem assumirem um relacionamento sério. — eu disse naturalmente.

Em seguida, o convidei para apreciarmos um bom vinho e jogar xadrez.

Torre Oráculo, quarto de Camus...

Princesa Catarina

Após Camus e eu passar horas e horas nos amando em seu quarto, enquanto o mesmo havia pego no sono devido o dia exaustivo e o sexo intenso e selvagem que fizemos por horas a fio, depois de tomar um banho no seu chuveiro, e de me secar, eu estava me vestindo, quando o mesmo acordou, me abraçando.

— Não me diga que você já está indo, Cat? — indagou um pouco triste.

— Sim, meu amor. Logo começará a anoitecer, e eu passei o dia fora do castelo. Então, agora eu preciso ir. Afinal, já são 17:00, e eu preciso chegar antes das 18:00 em Santorini, pois com certeza meu pai deve estar inquieto e a minha procura. — comentei o olhando.

— Eu sentirei a sua falta. — ele disse após me dar um beijo no rosto.

— Eu te prometo que em breve irei retornar para vê-lo. Logo você poderá estar junto de mim todos os dias, querido. — comentei, enquanto acariciava seu belo e perfeito rosto.

— Irei aguardá-la. — soltou antes de selar seus lábios aos meus. Ao término de nosso beijo repleto de paixão e desejo, me despedi dele e segui para o meu reino. Ao pisar no interior de meu castelo, o atrevido do Demétrio, que estava a minha espera, veio em minha direção.

— Onde a vossa alteza passou o dia todo? — indagou com um olhar de empáfia.

— Onde eu estive não lhe diz respeito, Demétrio. E se eu fosse você, cuidaria da sua própria vida, seu enxerido. — soltei seriamente.

— Princesa, o vosso pai está uma fera. E o seu amante está até agora te esperando. — o atrevido chefe da guarda do meu pai, avisou com uma certa arrogância.

— Escute aqui, seu ordinário atrevido! Se eu fosse você, colocaria essa sua língua grande dentro dessa sua maldita boca. E você não perde por esperar, pois esse seu cargo que você preza tanto, será de alguém muito melhor e bem mais qualificado que você. — falei sorrindo enquanto passava por ele, lhe dando as costas.

Sala de jantar...

— Boa noite, meu pai. Que surpresa em vê-lo, Kardia. — comentei calmamente, enquanto me sentava na cadeira perto de meu pai, e de frente para Kardia.

— Catarina, onde você passou o dia? — meu pai me indagou taxativo.

— Eu passei o dia todo fazendo trabalhos filantrópicos, meu pai. — menti.

— Como sempre, a princesa ajudando a quem tanto precisa. — Kardia comentou com sarcasmos. Porém, eu acho que meu pai sequer havia prestado atenção no tom sarcástico e debochado que ele transmitia, pois ele logo me parabenizou pelo suposto trabalho ao qual eu sequer realizei.

Logo o jantar digno de nós monarcas foi servido, e após o jantar, eu segui para o meu quarto, enquanto Kardia e meu pai jogavam bilhar, poker, dentre outros jogos chatos aos quais os homens adoram.

Já eu, fiquei no meu quarto, pensado no maravilhoso dia que estive na torre Oráculo, e me relembrando dos maravilhosos e prazerosos momentos em que eu estive nos braços do belo e delicioso Camus Saint Martin.

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