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O rei e o mendigo

Atenas, Grécia, castelo do rei Milo Seferis...

Rei Milo
Eu estava no meu quarto e havia acabado de acordar, para ter que solucionar vários problemas reais, — isso me cansa um pouco. — e ao abrir meus olhos, eu me deparei com a mulher com quem eu fui obrigado a me casar. A mesma estava dormindo ao meu lado.
Camus
Eu estava em frente ao castelo do rei Milo, e em seguida entrei escondido para roubar alguma coisa.
Pov autora
O rei passava junto de seus soldados, com sua cavalaria real, através dos imensos portões de seu reino dominado pela tirania.
Camus
Eu estava escondido entre os arbustos, e nem havia percebido um guarda real se aproximar de mim.
Guarda
Avistei o ladrão entre os arbustos, e ao me aproximar perto dele, de forma sorrateira, eu o rendi, lhe puxando pelos longos cabelos e o levei até o meu rei.
Rei Milo
Após o guarda jogar o mendigo e ladrão aos meus pés, ordenei que o prendesse numa cela da masmorra sem me importar com as asneiras que resmungava pra mim.
Guarda
Seguindo as ordens do rei Milo, eu acorrentei o prisioneiro e o joguei na cela da solitária, fria e escura da masmorra, e saí em seguida.
Pov Autora
Enquanto isso, o rei se fartava de vinho e boa comida, num banquete real, em seu palácio.
Camus
Eu estava acorrentado pelos pulsos e pescoço, e sentia muita fome por estar trancafiado naquela cela imunda e totalmente mercê desse rei.
Rainha Yula
Enquanto meu esposo, o rei, se fartava de vinho e comida, eu resolvi descer até a masmorra, para saber sobre o novo prisioneiro do meu marido, e me deparei com um pobre e belo homem, totalmente acorrentado. Ao ver o pobre rapaz naquele estado, eu resolvi ajudá-lo.
Camus
Vi aquela mulher se aproximando de mim, e me encolhi querendo manter-me distante da mesma.
Rainha Yula
Me aproximei perto o bastante da cela do tal homem, na intenção de ajudá-lo.
— Calma, rapaz. Eu não desejo lhe fazer mal algum. Por favor, me diga o seu nome. — eu pedi calmamente.
Camus
Ao reparar na mulher, não pude deixar de perceber o quanto ela era bela.
— Meu nome é Camus, e o porquê de eu estar aqui, não lhe interessa. — eu disse, lhe dando as costas após lhe fitar fixadamente.
— Calma, Camus. Talvez, eu possa lhe ajudar! Você deve estar com fome, não é? — a bela ruiva de cabelos alaranjados dizia docemente.
— Eu não estou com fome. Só quero que você saia daqui e diga ao rei que quando eu me soltar dessas malditas correntes e me livrar dessa cela horrível, eu irei matá-lo! — bradei convicto.
— Eu entendo que você o odeie, mas, por favor, não o mate! — me pediu quase suplicando.
— O rei vai vir aqui ou não? — indaguei ainda estando de costas para a mesma.
— Ele virá, mas não agora, pois ele está num banquete nesse momento. — respondeu com um tom calmo. O pior, que eu sentia minha barriga roncar de fome.
Rainha Yula
Resolvi ir até a cozinha, e retornei a masmorra com pães e roscas para alimentá-lo. Nisso, o rei adentrou a masmorra, furioso, ao ver que eu alimentava o faminto rapaz. Assim, percebi o estado de medo, e certo pavor que os olhos do pobre homem transpareciam.
Rei Milo
— Como você teve o desplante de vir alimentar esse desgraçado rato de esgoto, hein, mulher?  — questionei aos berros. — Saia daqui, antes que eu não responda por mim. — berrei, fazendo a rainha se retirar dali imediatamente. Em seguida, minha fúria se voltou contra o verme, preso ali naquela cela. — Agora, você, seu maldito, merece ir pra forca. — avisei de forma convicta e transbordando em ódio.
— Eu não tenho medo de você, seu covarde! — o verme soltou tão seguro de si, na tentativa de relar suas mãos imundas em mim.
— Que petulante você é, seu maldito rato de esgoto! Agora sim, você merece a morte! Eu sou o rei, e você não é nada! — vociferei ao encará-lo.
— Grande coisa! Você pode ser o rei, mas não passa de um riquinho mimado que não respeita ninguém. — o desgraçado se dirigiu a mim de forma repugnante. Ao ouvir o que o tal petulante homem me dizia, eu sentia com muito mais raiva dele e do que o mesmo me falava.
— Você irá morrer, seu petulante desgraçado de uma figa. E tem mais! Eu ordeno que você me respeite! Afinal, eu sou o rei e você não passa de um mendigo plebeu e maltrapilho! — exclamei com raiva ao encará-lo ainda mais.
— Até que sua mulher é bem gostosinha! — o maldito falou entre as risadas. Pior que o verme parecia estar adorando me provocar. Então, gritei ao ordenar a presença dos guarda na cela, para prepararem o prisioneiro para a forca.
— Vamos! Preparem esse maldito para a sua sentença. Hoje mesmo ele vai para a forca. — vociferei cada vez mais irritado.
Camus
Após o maldito rei tirano dar suas ordens, eu me sentia amedrontado, pois o mesmo parecia estar falando sério. Seus capangas saíram me arrastando para fora de minha cela, porém, mesmo eu com os pulsos e o pescoço acorrentados, eu relutava contra o desgraçado até que consegui me livrar dele, ao lhe dar um chute e fugir o mais rápido possível.
Os demais guardas vieram atrás de mim e me capturaram novamente, me jogado em seguida nos pés do maldito.
Ele ergueu minha face, a segurando com muita força e a apartando. O mesmo apertava cada vez mais o meu rosto, e novamente o pavor já começou a tomar conta de mim.
— E agora?! — eu o olhava fixadamente, enquanto eu dizia com certa dificuldade em falar. — O que você fará comigo, seu filho da puta?! — o desgraçado do rei apertou ainda mais forte o meu rosto. Porém, eu não demonstrei reação alguma, e então resolvi provocá-lo. — Só de imaginar ela em cima de mim, eu já fico excitado. — soltei ao olhá-lo no fundo dos seus olhos.
O mesmo soltou meu rosto e ordenou seus guardas, me prender numa cela especial, fato que fez até mesmo o guarda questionar o seu rei.
Rei Milo
— Isso não é da conta de vocês! — gritei após o guarda questionar minha ordem. — Só façam o que eu estou ordenando, e depois de prenderem esse verme me entreguem a chave.
Meus guardas me atenderam prontamente ao jogar o verme numa cela especial, me entregando a chave de seu cativeiro.
Guarda
Ao ver que prenderam o rapaz numa cela especial, eu resolvi avisar a minha rainha, lhe relatando tudo. Ela me contou sobre seu plano de embebedar o rei, para assim lhe roubar a chave e soltar o prisioneiro.
Camus
Eu já estando dentro da cela especial, eu comecei a gritar, até que o rei filho da puta entrou na mesma.
Rei
Eu me vi obrigado a entrar na cela do maldito verme, pois o mesmo não parava de gritar, e seus gritos ecoavam pelos vastos corredores do meu castelo. Após eu entrar na cela, o verme ainda gritava. Então, me aproximei do mesmo e grudei minhas mãos em seu pescoço, começando a enforcá-lo. O maldito segurava em meus braços, de forma desesperada, na tentativa de se livrar de sua morte eminente. O verme se debatia todo e balbuciava suas palavras fracas na tentativa desesperada, de se livrar de mim, e eu o encarava com muito mais ódio ainda. O desgraçado ainda conseguiu arranhar meu rosto e puxar meus longos cabelos, fato que me deixou mais furioso ainda. Então, eu resolvi apertar ainda mais o seu pescoço. O mesmo lançou seu olhar, contendo lágrimas que se encontraram com os meus — além dele acariciar meus cabelos já sem força.
Cessei minha atitude impensada, e comecei a gritar por ajuda. O mesmo me olhava com a visão turva, eu deduzia. Em seguida, um dos guardas adentrou a cela, e eu lhe ordenei para chamar um médico logo.
Guarda
Não chamei pelo médico como o rei ordenara. Porém, resolvi falar para a rainha sobre o fato ocorrido. Ao entrar em seu quarto, eu lhe comecei a lhe dar a notícia.
— Rainha, o rei matou o prisioneiro. — eu avisei um tanto atônico.
— O quê? O rei matou o prisioneiro? Não pode ser. — soltou já se sentando sobre a cama.
— Sim, rainha. O rei o enforcou até a morte! — lhe relatei o fato cruel de nosso rei, percebendo assim a mesma ficando estática.
— Mas, o rei nunca deveria ter feito isso! Eu vou lá falar com ele. — avisou atordoada.
Rei Milo
Eu permaneci na cela, com o prisioneiro entre meus braços, já sentindo meus olhos marejando-se enquanto eu pensava no ato cruel que eu acabei de cometer — fato que me fez começar a chorar de forma desesperada.
Enquanto eu segurava o prisioneiro, aos poucos o mesmo ia perdendo a vida. Por sorte, o médico chegou, e enfim, eu o pedi para salvar a vida do rapaz.
Médico
Coloquei o prisioneiro no oxigênio para ajudar o mesmo a respirar. Porém, devido seu estado de desnutrição, eu fui obrigado a dizer ao rei que o mesmo morrerá logo.
O rei me pediu para fazer tudo o que fosse necessário para salvá-lo. Eu lhe disse de forma direta e taxativa que eu já havia feito tudo o que me era possível, e em seguida saí do lugar.
Camus
Acordei e olhei ao redor, dando de cara com o maldito rei.
— Olá, como você está? Está com fome? — o mesmo se dirigia a mim calmamente, com seus olhos fixos em mim.
Eu fiquei olhando para o mesmo homem, que outrora desejava me matar.
— Você não vai me matar? — o indaguei, colocando a mão em seu peito. — Vai, mata logo! 
— Não vou matá-lo mais, rapaz. — ele soltou calmamente, ao me olhar no fundo dos meus olhos...

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