o nascer da desconfiança
Castelo do rei Milo Seferi, aposentos reais...
Rainha Yula
Hoje eu acordei bem mais cedo do que de costume. E, ao abrir meus olhos, após dar várias piscadelas, percebi que meu esposo já não me fazia mais companhia em nossa imensa cama de casal. Então me levantei da cama, e logo de cara me deparei com minha dama de companhia Shina e Geist, uma de nossas servas.
Shina me olhava enquanto abria as cortinas da imensa janela de vidro que é bem transparente.
— Bom dia, vossa alteza. Vamos levantar para que Geist e eu possamos arrumá-la. — Shina falava sorrindo.
— Vossa alteza, Shina separou alguns vestidos para a senhora escolher. — a moça de longos cabelos negros e moldados em uma trança embutida falava docemente. Após eu fazer minha escolha, optando por um vestido vermelho escarlate, e após me ajudarem a me arrumar, minha dama de companhia me guiou até a penteadeira e começou a escovar meus longos fios lisos e alaranjados, fazendo um belíssimo penteado. E, durante o processo da mesma arrumando meus cabelos, ficamos conversando. Eu a perguntei pelo o rei e ela me avisou que Milo havia ido cavalgar nas planícies gregas e que o mesmo só voltaria mais tarde.
Enquanto isso, nas planícies...
Milo
Segui cavalgando com meu cavalo Ares, porém, senti que estava sendo vigiado — e, de fato, eu estava, pois o maldito prisioneiro surgiu diante de mim, me atacando de surpresa, fato que me fez cair do cavalo e o mesmo aproveitando a deixa me deu um soco.
— Sai de cima de mim, seu desgraçado! — eu gritava com o mesmo após limpar o sangue que escorria pelo canto da minha boca. Ele, vestido de guarda, me olhava com os olhos raivosos enquanto me desferia outro soco de baixo para cima do meu queixo, me fazendo sentir uma dor imensa. Mas ao me recuperar da dor que eu sentia, eu consegui tomar o controle da situação, ficando por cima do mesmo e começando a socá-lo. — Como foi que você arrumou esse uniforme e essas armas, seu filho da puta?! — o indaguei com muita raiva, e novamente lhe desferi outro soco.
Camus
Após eu levar mais um soco do miserável, eu limpei o sangue.
— Quem me arrumou o uniforme e as armas foi o Hyoga. — soltei sorrindo novamente. E no momento que o maldito ia me socar novamente, eu o puxei pelos cabelos, e devido o mesmo sentir dor, eu novamente consegui ter vantagem e me livrei do maldito. Com ele caído no chão, novamente comecei a socá-lo. Porém, o astuto rei novamente veio ganhar vantagem sobre mim.
O mesmo me socava e me chutava com toda força, enquanto ele me xingava. Eu tentava a todo custo me defender, mas no momento que ele ia me chutar novamente, eu consegui segurar sua perna e dei um chute em sua barriga, fazendo o mesmo quase aguachar no chão por completo. Mas logo o maldito se recuperou e voltou a me dar a maior surra, me fazendo perder as forças e ficar entregue. Vendo a minha situação, de repente, ele parou de me surrar e aos poucos foi se abaixando no chão e subindo por cima do meu corpo, me fazendo pensar que ele fosse me socar mais ou até mesmo me cortar. Porém, a sua atitude a seguir me deixou sem reação inicialmente, pois o mesmo me olhava fixadamente nos olhos.
— Por mais que eu te surre, na tentativa de assim convencer a mim mesmo que eu o odeio, eu só estarei enganando a mim mesmo, pois nunca o odiei; o que eu realmente sinto por você é amor. — o mesmo dizia em tom calmo e aproximando seus lábios dos meus, fato que me deixou um tanto surpreso, assustado e sem reação, pois o rei me pegou de surpresa com sua língua lasciva ansiava pela minha boca abrir e dar-lhe passagem, porém após seus lábios tomarem os meus eu logo me afastei com repulsa desse ser maldito.
— Você acha que eu acredito em você?! E você não pode ter sentimentos por mim, pois você é casado. — falei de forma direta.
— Isso não importa. Afinal, eu nunca amei minha esposa. Eu fui praticamente obrigado a me casar com ela, e é com você que eu quero ficar! E quase tudo que fiz com você, foi por pressão do meu tio. — o mesmo me olhava de forma fixa.
— Eu não consigo acreditar em você. — fui me afastando dele, devagar por causa do cansaço e da dor.
— Eu entendo... Depois do que eu fiz, é difícil de acreditar. — ele suspirou fundo. — Se quer sobreviver, vá para o oeste, em meio às montanhas. Lá tem uma cabana que pertence a mim e não é frequentado por ninguém além de mim, tão pouco outras pessoas sabem de sua existência. Fique por lá enquanto não arrumo um jeito de lhe ajudar, pois meu tio quer sua cabeça de qualquer forma e está sendo difícil fazê-lo mudar de ideia ou forjar seu assassinato. — soltou com uma voz cansada.
Será que eu posso acreditar?
— Eu não irei pra lá. Eu voltarei para a torre Oráculo. Estarei lá como guarda, e esteja ciente que eu não acredito em você. Caso queira voltar a me enfrentar, já sabe onde me achar. — avisei com meus olhos fixados em seu, vendo-o em seguida soltar um pequeno sorriso fraco e sair da minha presença.
Milo
Não dava mais pra continuar. Eu estava muito frustrado. Por um lado, eu queria deixar o Camus em paz, por eu, mesmo sem perceber, estar gostado dele, e por outro, meu tio me pressionava a todo o momento a matá-lo. Preciso salvá-lo. Não consigo mais viver nessa situação de ficar lutando com a pessoa por quem eu tenho sentimentos. Não quero mais feri-lo tão pouco matá-lo...
Enquanto isso, no castelo, quarto do rei e da rainha...
Yula
— Por Hera! Como meu marido está demorando! — eu dizia a mim mesma em pensamentos.
— Boa noite, Yula. Desculpe a demora, mas eu tive muitos compromissos externos hoje. — meu belo e amado rei dizia de forma direta. Estranhei os ferimentos em seu rosto, porém eu não queria questioná-lo.
— Eu te entendo, meu amor. Porém, eu estava morrendo de saudades de você. — falei de forma meiga, o beijando em seguida. De repente, cessamos o beijo, que nem sequer teve tempo de se aprofundar, pois meu belo marido afastou meu corpo dele e me olhou sério.
— Yula, se me der licença, eu vou tomar um banho, pois estou precisando. — o mesmo avisou, seguindo para o banheiro.
Resolvi segui-lo, pois eu tenho planos para engravidar, ainda mais que estou no meu período fértil e meu amor sonha ser pai...
— Amor, eu posso te fazer companhia? — perguntei ao entrar completamente nua na banheira, junto dele.
— Yula, eu estou cansado e eu sei muito bem qual é a intenção da rainha. — ele soltou direto.
— Amor, você anda muito ocupado ultimamente e eu me sinto carente. — comentei fazendo charme e o beijando em seguida. Continuei com meu jogo de sedução e acabamos fazendo amor como eu queria, mas ele estava bem distante.
Ao terminarmos de fazer amor, ele se retirou da banheira, enquanto eu fiquei mais um pouco. Depois de alguns minutos, eu saí e uma das serviçais me avisou que o rei nessa noite, iria dormir em um quarto de hospede e que o mesmo não desejava ser importunado por ninguém.
Enquato isso, na torre Oráculo...
Camus
Ao chegar na torre, entrei facilmente, pois todos realmente pensam que eu seja o novo guarda que foi transferido do castelo para cá. Eu precisava falar com o meu amigo sobre o que aconteceu.
Ao entrar no quarto do Hyoga, ele parecia estar morto — eu me aproximei de sua cama, podendo constatar que mesmo ele ter perdido um pouco de sangue, ele ainda estava vivo. Graças a Deus, eu achei uma maleta de primeiros socorros e pude cuidar dele como devia.
— Por favor, não me mate, majestade. Eu não tinha a intenção de traí-lo, senhor. — o loiro acordou gritando aflito.
— Calma, Hyoga. Agora está tudo bem! — falei o aparando.
— C-Camus, é você mesmo? Que bom que você voltou! Mas onde você estava?! —perguntou aflito.
— Eu estava com o rei. Lutamos e em meio à luta, ele revelou gostar de mim e disse que era seu tio o pressionava pra me matar. — expliquei calmo.
— E você acreditou naquele miserável?! Camus, cuidado, pois ele é cruel. — o loiro falava irritado.
— Claro que eu não acreditei. Estarei aqui, o esperando. Se ele falou a verdade, ok. Mas se mentiu e voltar a me enfrentar, o matarei sem pensar duas vezes. — falei naturalmente.
— V-Você está doente, né? Só pode! Se ele já sabe que você está aqui, disfarçado de guarda, você, provavelmente, será morto por ele e seus guardas. — dizia com extrema raiva.
— Hyoga, eu não tenho medo. — soltei ríspido. Eu não vou fugir daqui, tão pouco terei medo do rei ou de qualquer um que possa aparecer.
— Você que sabe... — soltou um suspiro, se dando por vencido.
Me desculpe, Hyoga, mas eu não sou covarde. Estarei aqui esperando aquele maldito. E se ele voltar a me enfrentar, como eu acho que vai, da próxima vez eu juro que ele não sairá vivo...
Dia seguinte, no castelo...
Yula
Acordei bem cedo, e após me arrumar fui ao encontro de meu esposo, na sala do trono, já entrando na mesma sem ser anunciada.
— Milo, eu preciso falar com você. — soltei brava.
— Você não vê que eu estou ocupado?! — perguntou ríspido.
— Não me interessa nem um pouco que você esteja ocupado! Eu quero falar com você e é agora! — avisei aos berros.
— Saia já da minha frente ou eu não responderei por mim! — gritou furioso; eu temendo meu marido, de querer me bater ou até mesmo querer me matar, fui obrigada a voltar para o nosso quarto...
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